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Pe. Antonio Miranda S. D. N
Editora “O Lutador”, 1948
RESUMO
GERAL
Sempre que
lemos e ouvimos algo sobre a Maçonaria, a
primeira impressão de que se ressente o
nosso espírito é de insuficiência do que
ouvimos e lemos para satisfazer aos
múltiplos problemas que a nós mesmos nos
propomos a este respeito. Espontaneamente,
multidão de perguntas nos ocorrem. Que é, na
verdade, a Maçonaria? Qual a sua origem?
Qual o seu fim? Quais seus planos? E agora,
sobretudo, quando quase não se fala mais de
Maçonaria, para as nossas mentes que só a
custo se arrancam à preocupação com as
ideologias do momento, paira no horizonte,
cheio de tantas apreensões, mais esta
interrogação: Existirá ainda o perigo
maçônico?
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Pois bem, a
estas questões buscarei dar resposta no
rápido bosquejo que vos apresento.
QUE É NA
VERDADE A MAÇONARIA, E QUAL A SUA ORIGEM?
A Maçonaria,
em concreto, é mais do que pensamos. Porque
o que pensamos é que ela é uma seita
secreta; e, na Verdade, ela não é uma
seita, mas uma superposição de
seitas (1), controladas, governadas,
manejadas, escravizadas por um grupo
invisível de homens ardilosos,por
um pugilo de judeus, que,
valendo-se de magnífica organização secreta,
dominam o mundo, exploram a economia
internacional, dirigem a política, fomentam
a crise de civilização que nos atormenta.
Eis o que é, em concreto, a Maçonaria. É
uma superposição de seitas secretas sob o
controle judaico. É uma associação de
associações, com um governo ignorado.
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E quais são
estas associações, que a integram?
Muitas.Entre outras, o Iluminismo, O
Teosofismo, a Cabala, e as
grandes lojas dos vários países, que,
constituindo associações separadas, com
estatutos próprios, estão, contudo, sem o
saberem, subjugadas à direção de um só
grupo, que e a Maçonaria suprema.
Donde veio, e
como se formou a Maçonaria?
O traço
característico da Maçonaria através da
história é que ela é um produto da forja do
tempo. Justamente porque é uma corporação de
todas as forças secretas, ela, em essência,
veio-se formando através dos séculos com o
aparecimento sucessivo das sociedades
diversas que hoje a constituem. O seu ideal
foi se reafirmando; os seus planos foram se
consolidando; a sua organização, fixando-se
a pouco e pouco, até que recebesse forma
definitiva, em 1723, pelas Constituições
oficiais redigidas por Anderson ( da Grande
Loja da Inglaterra).
Se remontarmos
ao mais longínquo da história para
investigar todo o mistério dos seus
segredos, o primeiro instituto que
acharemos, e que parece ter contribuído à
sua organização e finalidade perversa,
veremos que foi a Ordem extinta dos
Templários. E, então — coisa curiosa —
averiguaremos que a origem da Maçonaria é
quiçá diabólica. Esta Ordem, que tanta
estima e riqueza lograra no Oriente e no
Ocidente, perverteu-se e entregou-se às
maiores abominações. O orgulho desmedido de
seus membros levou-os ao desejo de dominar o
mundo pela fundação de um governo
universal. E o demônio, pai do orgulho e da
impureza que os perdera, parece-nos,
serviu-se deles como de pedra angular dum
edifício que desde muito planejava
construir. Conta-nos ilustrado autor que os
Templários adoravam um gato que lhes
aparecia quando estavam reunidos. (Pe. T.
Dutra — As seitas secretas, pág. 63) E
sabemos, afinal, como terminou a história
da Ordem dos Templários. Felipe o Belo e o
Papa Clemente V extinguiram-na por seus
decretos, em 1310.
Apenas
destruída a sua corporação, os Templários,
cavaleiros ilustres e nobres, que eram,
buscaram outra de ilustres e nobres como
eles, em que pudessem incutir suas idéias,
após terem jurado — ultima provocação do
decreto pontifício e real — ódio eterno e
guerra ao papado e à monarquia.
Pelo mesmo
tempo, existia, florescente e prestigiosa, a
Sociedade dos Livres Pedreiros, a
que muitos nobres davam seu nome, porque
então era honra pertencer à associação mais
espalhada no mundo e que, de associação de
pedreiros, ia se tornando associação de
filósofos. Foi a este grêmio ilustre, amante
do segredo e do ocultismo,
que os Templários se filiaram,
provavelmente, para ali insinuar os seus
planos, e vir a formar, no decorrer dos
séculos, de concerto com outras sociedades
secretas, e escravizadas todas ao judaísmo,
a Ordem Maçônica, ou Franco-Maçonaria, constituída
oficialmente em 1723.
Foi assim,
mais possivelmente, que se originou a
Maçonaria.
COMO ESTÁ ELA
ORGANIZADA?
Subindo à
ribalta das aparições sociais com as
constituições públicas redigidas por James
Anderson, entrou a Maçonaria numa segunda
fase: a de uma organização externa.
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Esta
organização, camuflagem da organização
secreta, outra não é que a de qualquer
sociedade filantrópica, com esta
particularidade: abrange todo o mundo. Nas
lojas municipais, ela tem um Presidente,
chamado Venerável, um Secretário,
um Tesoureiro, e dois Conselheiros, ditos
Irmãos Vigilantes.
As lojas
municipais elegem membros para um conselho
nacional, denominado Convenção do
Grande Oriente. Os Grandes Orientes
reúnem-se de tempos em tempos em Convenções
internacionais. Todos os membros
destes vários governos são eleitos
temporariamente.
Tal é a
organização externa da Maçonaria.
Interiormente,
porém, é outra a organização, como outras
são as finalidades, que não filantrópicas,
que a norteiam.
Há uma
graduação, com títulos sonoros e poéticos,
com insígnias e ritos de recepção, em que,
segundo a idoneidade dos comparsas que a
vão galgando, revelam-se paulatinamente os
segredos e planos ocultos.
Estes títulos
são em número de 33, dos quais os três
primeiros são de domínio público: Aprendiz,
Companheiro e Mestre — e os três últimos,
quase completamente desconhecidos, até dos
próprios maçons: Príncipe Adepto,
Patriarca das Cruzadas, Cavaleiro Kadosch.
O Aspirante
vai subindo por estes graus, elevado pelos
que estão nos graus superiores, e
comprometendo-se, cada vez, com juramentos
os mais terríveis, a guardar os segredos
que lhe forem revelados, e a obedecer, sob
pena de morte atrocíssima, a quanto lhe
mandarem os chefes da seita. E daí o que
observa Poncins: “o número dos graduados
diminui proporcionalmente à elevação, e os
altos graus tornam-se cada vez mais
secretos”. (Op. cit., p. 22)
Esta
graduação, que existe entre os membros,
existe também entre as lojas do mundo
inteiro, de tal modo que, conforme nos expõe
ainda L. de Poncins, a Maçonaria
assemelha-se a uma grande pirâmide, em cujo
vértice invisível posta-se um grupo
misterioso a fazer descer todas as ordens às
graduações inferiores, impossibilitadas de
saber quais os seus verdadeiros mandantes.
(Idem, p. 23)
Tal a
organização ímpar das seitas secretas, que
tem feito surdir na história os maiores
eventos, tramados na sombra, muitas vezes
com requintes de maldade.
QUAL A
FINALIDADE DA MAÇONARIA?
O recurso que
fizemos às suas origens no-la evidencia, sem
que seja preciso citar documentos maçônicos
que a comprovem.
Há que
distinguir o fim simplesmente humano, e o
fim demoníaco, entendido pelo fundador real
da seita.
O fim
simplesmente humano é a destruição de toda
a autoridade tanto temporal como espiritual.
Ódio eterno à Monarquia e ao Papado foi o
1.° juramento dos Templários.
Destruir a
autoridade espiritual, combater o Papado, o
clero, a Igreja — tal a finalidade
demoníaca. Não me darei ao trabalho de
provar o que todos conheceis à luz da
história.
Acabar com a
autoridade temporal — eis aqui um ponto
sobre que, talvez, andais enganados;
permiti-me que vo-lo esclareça.
Ouvimos
constantemente que é finalidade da seita
secreta minar os tronos, acabar com a
Monarquia, implantar a República. É verdade
tudo isto. Mais verdade é ainda, porém, que
o abater os tronos e esmagar dinastias não
é senão um fim intermédio da Maçonaria; é,
antes, posso afirmar, um plano, que um fim
desta associação O seu fim concreto e
principal, na ordem política, é abolir toda
e qualquer autoridade, é tender à anarquia
total. Destruir a Monarquia era vencer o 1.°
óbice. O seu mais secreto intento é acabar
com a mesma democracia. Os documentos
maçônicos são absolutamente afirmativos a
este respeito. E, entre outros autores, eu
poderia citar-vos Weishaupt, fundador da
seita dos Iluminados na Alemanha e João
Witt, maçon, nas suas Memórias secretas. A
exiguidade do tempo não o permitiria,
entretanto.
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Passemos a
considerar o fim diabólico da Maçonaria. A
Maçonaria não tem somente um fim humano.
Fundação demoníaca, “Sinagoga de Satanás”
como a cognominou Pio IX, tem ela um fim
diabólico, que é o culto de
Lúcifer.
Parece
incrível. Mas comprova-o a autoridade dos
fatos. Existe nas lojas mais altas e
secretas da Maçonaria, as chamadas Lojas
Paládicas ou
de Retaguarda, o culto verdadeiro de
Satanás. Sobre esta matéria, escreveu um
grosso livro um maçon convertido, que delas
fêz parte. Intitula-se o livro: “Le
Palladisme” e é de Romênico Margiotta.
Mais. Tempos
houve em que nações catolicíssimas, como a
Itália e a França, bafejadas do espírito
maçônico, chegaram à adoração pública de
Satanás! Procissões hediondas, levando à
frente um estandarte em que se via pintada a
inimaginável cara do demônio, percorreram
ruas de metrópoles afamadas, como Paris,
Roma e Palermo, por entre hinos que a
história guardou, aos gritos infames de
“Viva Satã!” e “Morra Deus!”.
Reporto
quantos me lêem aos dois seguintes livros
em português: “As seitas secretas” do Pe.
T. Dutra e “A autoridade e as forças
secretas” do Pe. Everardo Guilherme.
Fazendo uma
reminiscência numa síntese, concluo
repetindo. Dois são os fins da Maçonaria: O
entendido pelos homens — fim próximo — a
destruição de toda a autoridade.
O entendido
pelo demônio, — fim último — o Satanismo.
O substituir
os tronos pelas repúblicas cabe antes na
categoria dos planos gerais da
Maçonaria, que ora passamos a ilustrar.
QUAIS OS
PLANOS DA MAÇONARIA?
É distintivo
do agente dotado de razão prosseguir um fim
com os planos mais viáveis. E a Maçonaria
que trabalha, não somente dirigida pela
razão, mas orientada pelo espírito do mal,
tem planos incomparáveis, ardilosos,
viabilíssimos.
Para cada país
traçam as Federações maçônicas planosparticulares que
não seria fácil discriminar aqui, porque
variam com as épocas e com as vicissitudes
políticas e religiosas. O que vamos expor é
quase os planos universais da
Ordem.
Como planos
para alcançar o seu duplo fim humano e
diabólico, posso salientar, reduzindo :
1) A república
e pseudo-religião universais, cujo centro
será Roma.
2) A subversão
da moral social e familiar.
A conquista
destas duas áreas visadas pelos nossos
inimigos maçons é fadada a elaborar,
necessariamente, uma nova civilização,
ateia e amoral, por não dizer imoral.
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A república
universal é um sonho desde muito
praticamente realizado, porque afinal, a
República, já espalhada em quase todo o
mundo, como o afirmaram e provaram Léon de
Poncins e outros (2) é hoje inteiramente
controlada pela Maçonaria, aliás a sua
legítima fundadora e propulsora.
Que tenham
querido, e queiram os maçons fazer da
Cidade Eterna o centro da República
Religiosa Maçônica Universal — é o que nem
todos sabem, mas está sobejamente destilado
nos escritos de Mazzini (3), o maior
apóstolo desta causa. Eis aqui um de seus
trechos, não secreto, mas, público:
“Roma não é
uma cidade. Roma é uma ideia. Roma é a
sepultura de duas religiões que inspiraram o
mundo passado e o santuário de uma terceira
que falta e que dará ao mundo a vida do
futuro. Roma é a missão da Itália entre as
nações; a palavra e o verbo do nosso povo;
o evangelho eterno da Unificação das
nações…”
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E de Mazzini
temos ainda bastas citações que vindicam o
cerebrino plano: “A ideia tem o apoio da
maçonaria britânica e americana, e
geralmente de todos os núcleos maçons do
globo” — afirma-nos o autor de quem tomei
emprestada a citação acima. (Pe. Ev.
Guilherme — Solidarismo, vol. IV, pág. 57)
Quanto à
subversão da moral, que é o 2.° plano,
afirma-nos positivamente este mesmo autor,
que o disse conhecer através de maçons
idôneos, serem de total orientação maçônica
os esportes mistos, as escolas mistas, a
fundação de cassinos e cabarés, etc. e
sobretudo a bolorenta campanha do divórcio.
E não será
para menos, porque a Maçonaria, nas lojas
de Retaguarda, assim como pratica
Luciferismo, apregoa e pratica também o dito
culto fálico, que consiste na mais
degradante bestialidade (G. Barroso, op,
cit. — Pe. T. Dutra, op. cit.; — Jac Van
Term, em sua obra em holandês sobre a
Maçonaria.)
E cerro-me com
esta sucinta exposição, para apressar-me com
uma resposta que servirá de conclusão final.
EXISTIRÁ AINDA
O PERIGO MAÇÔNICO?
Sim. Não nos
iludamos. O perigo maçônico não passou. Não
é um anacronismo uItramontano. E eu
estou em dizer que, nos dias de hoje, em que
menos nos ocupamos dele, é que ele mais nos
solapa.
A Maçonaria
ainda existe. Ninguém o nega. Logo, se
existe, e porque existe, continua a ser
fiel a seu programa de trabalhar no oculto e
na sombra. É, pois, cosa das mais palpáveis
que ela constitui grande perigo, ainda
agora. Sobretudo para a nova construção que
se projeta de um Mundo Novo, erguido sobre
bases solidamente cristã, onde a visão do
sobrenatural sobrepuje a visão da técnica. E
isto justamente porque este Mundo Novo que
queremos é um antagonismo ao Mundo Novo
ateu que a Maçonaria imaginou e jurou
construir na sombra, muito antes de nós.
E, se este
perigo existe em toda a parte, existe
grandemente no Brasil, onde a Maçonaria tem
um plano especial, o de marcar-se do timbre
da “indefinição”. Quem o diz é Tristão de
Ataíde: “Definir aqui a Maçonaria é
impossível — diz êle — pois ela é, em nosso
caso, a própria indefinição (Contra-.
Rev. Esp. pág. 86).
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Grande Verdade
sobre a Maçonaria no Brasil. Ela é aqui a
própria indefinição. Isto é, seus membros,
seus chefes, aqui, não se definem, não
dizem, nem mesmo sabem o que querem. São
indefinidos e são indefiníveis. E por quê? É
que são iludidos pelos Grandes Orientes de
Paris e de Londres. Não sabem, na quase
totalidade, o que é Maçonaria. E os Grandes
Orientes não lho revelam. Querem que o modo
de ação maçônica seja, aqui em nosso meio, por
indefinição.
E nós, que
sabemos bem, que tanto falamos, do perigo
dos “homens sem marca”, dos “caracteres sem
personalidade”, dos “sujeitos indefinidos”,
não cremos, por vezes, no perigo maçônico
no Brasil.
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Também a
França, antes de 1889, não o creu! Também o
México não o creu! (Alusão aos Cristeiros?)
Também a Espanha não o creu! Em 1865,
Lafargue, no Congresso Maçônico de Liège,
afirmava: “Há 4 séculos que minamos o
catolicismo, esta máquina formidável que o
espiritualismo inventou…” Palavra
semelhante, quem sabe, repetem os maçons
com respeito à nossa cara Pátria, em todas
as suas convenções. “Há mais de 2 séculos
que minamos o catolicismo brasileiro, o
mais decantado catolicismo, que os padres
elogiam com ênfase do alto de seus púlpitos,
e que é a nossa melhor arma de ação!”
Até quando
continuaremos de olhos escamados?
Contra a
Maçonaria só existe um remédio — advertia
Barruel. É desmascarar-lhe os planos e ficar
de sobreaviso às suas investidas contra o
patrimônio das ideias cristãs. (Memoires
pour servir a l’histoire du Jacobinisme)
A nossa
imprensa, porém, e mesmo o nosso púlpito,
que não raro se prestaram a hediondas
campanhas políticas, esqueceram-se de
flagelar a hipocrisia maçônica, como impôs
aos padres S.S. Leão XIII (Ene. de 30 abril
1884) (É, padre, não só a esqueceram como
até a promovem, inclusive bispos, como Dom
Demétrio Valentini, e a
conivência da CNBB.) Um dia, e talvez, não
vem longe, colheremos o fruto desta inércia.
O tribunal irrevogável dos fatos sancionará
o aresto que a experiência do passado nos
deve levar a pronunciar.
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Que ao menos a
geração nova de agora se aperceba da
história com proveito para soerguer no
futuro o que até ao presente se veio
destruindo.
1 Este resumo é uma
palestra pronunciada pelo autor em 1942
e constitui a síntese de quanto se disse
precedentemente,
2 Léon de Poncins – As
forças secretas da Revolução, p. 22.
3 Opere di Giuseppe
Mazzini, vol. XIV sobretudo.
http://www.padremarcelotenorio.com/