Um
hipotético homem da rua ficaria
surpreendido se lhe dissessem
que o ataque terrorrista de 11
de Setembro de 2001 nos Estados
Unidos e o escândalo sexual que
agora desmorona a Igreja
Católica são acontecimentos que
se relacionam muito de perto.
Mas, efectivamente,
relacionam-se mesmo muito de
perto. Tal relacionamento acaba
por se tornar evidente quando
ambos os factos são observados
através do prisma da Mensagem de
Fátima.
Muitas vezes se diz que tal
como vai a Igreja, assim vai o
Mundo. E foi isso, precisamente,
o que a Mãe de Deus veio
confirmar quando apareceu em
Fátima (Portugal) há 86 anos,
numa série de aparições
autenticadas por um milagre
público e sem precedentes na
história do Mundo. Até este
momento, as advertências
proféticas da Mensagem de Fátima
foram, todas elas, cumpridas à
letra - excepto uma: o
aniquilamento de várias nações,
que a Virgem de Fátima avisou
serem as últimas consequências
da falta de cumprimento em
honrar os Seus pedidos.
As
aparições de Fátima foram
declaradas autênticas por uma
série de Papas e são agora
comemoradas no Missal Romano
por um decreto do Papa João
Paulo II. Pois mesmo assim -
verdadeiro mistério de
iniquidade! -, os simples
pedidos da Santíssima Virgem
continuam sem cumprimento,
devido a decisões calculadas de
alguns dos mais altos prelados
da Igreja Católica. O resultado,
tal como a Senhora o predisse, é
uma crise cada vez mais funda na
Igreja e no Mundo, acompanhada
por um sentimento crescente,
mesmo entre os não-Católicos, de
que estamos a assistir ao começo
de um apocalipse.
Este livro foi inicialmente
idealizado como uma compilação
de alguns dos escritos ou
prédicas mais importantes sobre
Fátima nos anos mais recentes1.
Ao reunir essas obras em volume,
havia o desejo de lhes dar não
só uma mais ampla divulgação
como uma maior vitalidade nas
livrarias. Mas essa ideia foi em
breve suplantada por outra
melhor: reeditar artigos e
prédicas como livro sob um único
tema, o que lhes daria uma
coesão global. Assim, e com a
permissão dos respectivos
autores, o Padre Paul Kramer e o
grupo redactorial da “The
Missionary Association”
modelaram esses artigos e
prédicas (a que acrescentaram
bastante informação) de modo a
formarem uma obra diferente de
qualquer outra jamais publicada
sobre Fátima.
E
foi durante o processo de
ponderação e complementação
destes materiais que algo
notável aconteceu: houve um tema
que emergiu e se impôs por si
só, como se tivesse sido
indicado pela Providência. Ao
abordar o tema da Mensagem de
Fátima sob diferentes ângulos,
os vários oradores e escritores
convergiam todos no sentido de
uma conclusão: os eventos
ocorridos em Fátima representam
um ponto-foco, marcado pelo Céu,
no combate que agora devasta
furiosamente a Igreja e o Mundo.
Ambas as crises - tanto a da
Igreja como a do Mundo - se
concentram em torno das Verdades
divinas que se encontram
reunidas, com uma concisão
celeste, nas aparições de
Fátima. No cumprimento da
Mensagem de Fátima reside o
términus destas crises gémeas.
Na negação dessa Mensagem
reside, em grande medida, a
origem e o aumento de ambas.
Os
acontecimentos surpreendentes
ocorridos em Fátima não foram um
qualquer espectáculo inútil,
pois Deus não toma parte em
espectáculos inúteis. A Mãe de
Deus desceu à terra conhecendo
bem as nossas circunstâncias
presentes e, com a solicitude de
uma mãe, Ela veio oferecer-nos
uma solução - a solução
escolhida pelo próprio Deus para
o nosso tempo. Assim sendo, não
se pode compreender o actual
estado da Igreja e do Mundo sem
se compreender o que aconteceu
em Fátima.
Do
mesmo modo é preciso compreender
o estranho e sistemático esforço
de certos membros da Igreja
Católica para obstruirem o
cumprimento dos imperativos
celestes da Mensagem de Fátima -
incluindo a Consagração da
Rússia ao Imaculado Coração de
Maria, a miraculosa conversão da
Rússia ao Catolicismo e o
consequente Triunfo do Seu
Imaculado Coração que trará ao
Mundo um período de Paz. Para
demonstrar a importância central
de Fátima no paradigma do
decurso actual dos
acontecimentos mundiais, basta
apenas evocar os recentes (e
quase frenéticos) esforços de
certos funcionários do Vaticano
para “desconstruirem” e
“desmitificarem” Fátima, de modo
a não melindrarem diversos
elementos exteriores à Igreja -
em especial os Ortodoxos Russos
cuja implacável oposição a Roma
é mais intensa do que nunca,
depois de quarenta anos de um
inútil “diálogo ecuménico” com
representantes do Vaticano. As
páginas que se seguem apresentam
provas evidentes que incriminam
alguns dos mais proeminentes
membros da Igreja que estão
envolvidos nesta campanha contra
Fátima, lançando-lhes aos pés o
grande peso de culpa que lhes
cabe na crise eclesial e na
crise mundial que todos temos de
enfrentar.
A
quem nos disser que é
escandaloso o nosso
empreendimento de tornar pública
a campanha destes indivíduos
contra Fátima, só podemos
responder com as próprias
palavras da Santíssima Virgem:
«Se atenderem a Meus pedidos, a
Rússia se converterá e terão
Paz; se não, espalhará os seus
erros pelo Mundo, causando
guerras e perseguições à Igreja.
Os bons serão martirizados; o
Santo Padre terá muito que
sofrer; várias nações serão
aniquiladas.» Ora a Rússia não
se converteu. Os erros da Rússia
- onde se inclui o holocausto do
aborto “legalizado” - têm-se
espalhado pelo Mundo inteiro.
Não há Paz. E até mesmo os
não-Católicos e aqueles que não
acreditam vivem hoje no temor de
um aniquilamento de nações.
Assim, fazendo-nos eco das
palavras do Papa São Gregório
Magno, é melhor que surja este
escândalo do que a verdade
permaneça escondida -
especialmente quando, como é o
caso, a verdade pode impedir uma
catástrofe à escala mundial.
Submetemos a presente obra
ao julgamento do Papa e também
ao julgamento dos nossos
leitores. Fazemo-lo
publicamente, porque os inúmeros
e veementes pedidos apresentados
a título particular e durante
mais de cinco anos às altas
autoridades da Igreja foram,
todos eles, inúteis. Entretanto,
aqueles que rodeiam o Papa - de
saúde cada vez mais frágil -
tornam-no efectivamente incapaz
de corresponder às petições de
toda uma legião de membros do
Clero e de leigos. Neste preciso
momento, há uma vigília ansiosa
junto do leito de um Papa
moribundo, com possíveis
sucessores ao trono pontifício
manobrando, na sombra, para
obterem uma posição de vantagem
no próximo conclave. Como fica
demonstrado pelo encobrimento de
longas décadas de escândalos
sexuais entre os membros do
Clero, nas circunstâncias
presentes o foro público é o
único foro, aberto aos
Católicos, que procura a
reparação pelas justas queixas
que afectam toda a Igreja.
Ao
apresentar este livro, a nossa
motivação é a de fiéis filhos e
filhas da Igreja, que conhecem e
amam a Fé e que, em consciência,
acreditam que o caminho tomado
por certos líderes da Igreja é
um caminho gravemente errado -
como os acontecimentos recentes
deveriam mostrar, à evidência, a
qualquer observador objectivo.
Se acaso errámos em alguns dos
factos, na lógica de raciocínio
ou nas conclusões que
apresentamos, ou se cometemos
qualquer injustiça, o dever de
toda e qualquer pessoa que ler
este livro será, pois, não
dirigir-nos invectivas ou fazer
denúncias sem fundamento, mas
sim fornecer-nos correcções
legítimas e baseadas nos
factos - para nosso bem, e
para o Bem da Santa Igreja. Mas
se aquilo que relatamos,
revelamos e demonstramos é
verdadeiro e conforme à Justiça,
há então um outro dever que se
impõe a cada indivíduo: é o
dever de agir de acordo
com as evidências que aqui
apresentamos - agora, enquanto
ainda é tempo.
Padre
Paul Kramer e a equipa de
redacção de The Missionary
Association
8 de
Dezembro de 2002
Festa da Imaculada Conceição
Nota:
1.Entre as principais fontes
deste livro considerem-se: “Are
There Two Original Manuscripts
on the Third Secret?” (“Há dois
manuscritos originais do
Terceiro Segredo?” publicado no
site www.fatima.org), Andrew M.
Cesanek (The Fatima Crusader,
nº 64, Primavera de 2000);
“Cardinal Ratzinger’s Third
Secret”, Padre Gregor Hesse (The
Fatima Crusader, nº 66,
Inverno de 2001); “Chronology of
a Cover-up” (“Cronologia de um
encobrimento” publicado no site
www.fatima.org), Padre Paul
Kramer; “Freemasonry and the
Subversion of the Church (The
Alta Vendita)”, John
Vennari (Transcrição de
comunicação in: Conferência
sobre Fátima, em Roma, Outubro
de 2001); “It Doesn’t Add Up”
John Vennari (The Fatima
Crusader, nº 70, Primavera
de 2002); “Let us Hear the
Witness, for Heaven’s Sake”
(“-Deixem-nos ouvir a
testemunha, pelo amor de Deus!”
publicado no site
www.fatima.org), Dr. Christopher
Ferrara (The Fatima Crusader,
nº 70, Primavera de 2002); “Lucy
and the Pirates”, Mark Fellows (The
Fatima Crusader, nº 70,
Primavera de 2002); “The Lying
Press Conference of June 26,
2000”, Padre Paul Kramer
(Transcrição de comunicação in:
Conferência sobre Fátima, em
Roma, Outubro de 2001); “Our
Lady of Fatima vs. the Desire to
Destroy our Catholic Heritage”,
John Vennari (Transcrição de
comunicação in: Conferência
intitulada: Fátima polariza
forças contra o Terrorismo,
New York, Nov. de 2001); “The
‘Party Line’ and its
Relationship to Fatima”, Padre
Paul Kramer (Transcrição de
comunicação in: Conferência
sobre Fátima, em Roma, Outubro
de 2001); “Pope John Paul II
Gives Us the Key to the Real
Third Secret” (“O Papa João
Paulo II dá-nos a chave do
autêntico Terceiro Segredo”
publicado no site
www.fatima.org), Padre Nicholas
Gruner (Série de três partes,
The Fatima Crusader,
nºs 67-69); “The Stalinization
of the Catholic Church”
(Transcrição de comunicação in:
Conferência sobre Fátima, em
Roma, Outubro de 2001); “The
Third Secret”, Padre Nicholas
Gruner (Transcrição de
comunicação in: Conferência
sobre Fátima, em Roma, Outubro
de 2001).
O Derradeiro
Combate
do Demonio
Introdução |
Um grande
crime tem vindo
a ser cometido
contra a Igreja
Católica e
contra o Mundo
inteiro. Os
perpetradores
deste crime são
homens que detêm
altos cargos na
Hierarquia
eclesiástica
católica; os
seus nomes serão
revelados no
decurso deste
volume.
As vítimas
deste crime
incluem-no a si,
leitor, e aos
seus entes
queridos. As
consequências
deste crime já
foram
catastróficas;
e, se os
responsáveis não
forem desviados
rapidamente do
seu actual
percurso, o
resultado final
atingirá nada
mais nada menos
do que dimensões
apocalípticas.
Com efeito,
mesmo os
não-Católicos e
os não-crentes
têm a sensação
de que hoje o
Mundo se
precipita na
direcção de um
apocalipse. E o
facto de não
deixar de se
cometer tal
crime é uma das
principais
razões para que
isto seja assim.
O assunto
submetido ao
crime que tanto
nos preocupa é
comummente
conhecido como
“a Mensagem de
Fátima”. Em
1917, a Mãe de
Deus escolheu
três crianças de
Fátima
(Portugal), de
vida muito
santa, para lhes
confiar uma
mensagem da
maior urgência
para a Igreja e
para a
Humanidade; uma
mensagem
autenticada por
um milagre
público sem
precedentes,
anunciado três
meses antes e
testemunhado por
70.000 pessoas;
uma mensagem
cujas profecias
de
acontecimentos
futuros mundiais
se têm, até
agora, cumprido
à letra; uma
mensagem que as
mais altas
autoridades da
Igreja Católica
pronunciaram ser
digna de todo o
crédito; uma
mensagem cuja
autenticidade é
atestada por
toda uma
sucessão de
Papas —
incluindo o
actual Papa
reinante que,
repetidamente,
tem aludido aos
elementos
apocalípticos
que ela contém.
A natureza
deste crime é a
tentativa
sistemática, que
vem já desde o
ano de 1960, de
abafar,
apresentar
erroneamente e
negar a
autenticidade
dessa mensagem,
embora as suas
alarmantes
profecias se
estejam a
concretizar
mesmo diante dos
nossos olhos.
Como iremos
demonstrar, esta
tentativa de
‘assassinar’ a
Mensagem de
Fátima tem sido
perpetrada
precisamente por
altos
dignitários da
Igreja,
pertencentes às
cúpulas da
Hierarquia
católica —
homens que
pertencem ao
aparelho de
estado do
Vaticano e que
rodeiam um Papa
doente e cada
vez mais
debilitado.
Todo o
crime tem um
motivo, a menos
que o criminoso
sofra de
insanidade
mental. Ora os
homens
envolvidos neste
crime não sofrem
de qualquer
insanidade, e
estamos
convictos de que
têm,
efectivamente,
um motivo. Se
bem que o motivo
possa ser, por
vezes, difícil
de provar, as
evidências do
motivo são,
neste caso,
abundantes.
Sem
presumir que os
perpetradores
são inimigos
conscientes da
Igreja (embora
alguns deles o
possam bem ser),
com base em
provas evidentes
surge, como
motivo provável
para o crime, o
seguinte: Esses
indivíduos
reconhecem que o
conteúdo da
Mensagem de
Fátima, tal como
é compreendido
no sentido
católico
tradicional, não
se coaduna com
decisões tomadas
a partir do
Concílio
Vaticano Segundo
(1962-65) —
decisões essas
que eles
continuam com
determinação a
pôr em prática,
para mudarem
totalmente a
orientação da
Igreja Católica.
Tal mudança de
orientação
transformaria a
Igreja Católica
(se tal fosse
possível), de
Instituição
Divina que
orienta a sua
actuação na
terra no sentido
da salvação
eterna das
almas, numa
simples
co-participante
— ao lado das
organizações
humanas — na
construção de um
utópico mundo de
“fraternidade”
entre os homens
de todas as
religiões ou sem
religião
nenhuma.
Esta nova
orientação da
Igreja não só
vai atrás de uma
visão ilusória
do Mundo, como é
contrária à
missão dada por
Deus à Sua
Igreja: fazer
discípulos em
todas as nações,
baptizando-os em
Nome do Pai, do
Filho e do
Espírito Santo.
Esta nova
orientação é, de
facto, o
acarinhado
objectivo das
forças
organizadas que
têm vindo a
conspirar contra
a Igreja desde
há cerca de 300
anos, e cujas
actividades
foram expostas e
condenadas em
pronunciamentos
papais em número
muito maior do
que os que foram
exarados sobre
qualquer outro
assunto na
História da
Igreja.
Isto não
quer dizer que a
própria Igreja
alguma vez
renunciasse de
modo oficial à
Sua missão
divina, porque
isso é
impossível,
segundo a
promessa de
Nosso Senhor
sobre a
sobrevivência da
Igreja Católica
na terra até ao
fim dos tempos.
Mas é inegável
que, a partir do
Concílio
Vaticano II,
muitos dos
elementos
humanos da
Igreja deixaram
efectivamente de
seguir aquela
missão, devido a
uma aproximação
ao Mundo mais
politicamente
correcta e
moderna. Em
vista das
promessas de
Nosso Senhor e
de Nossa Senhora
de Fátima, o fim
desta
experiência e a
restauração da
Igreja Católica
são
incontornáveis;
mas até que isso
aconteça, muitas
almas serão
eternamente
perdidas e
continuaremos a
testemunhar a
pior crise de
toda a história
da Igreja — uma
crise
vaticinada, como
demonstraremos,
pela própria
Virgem de
Fátima.
As provas,
tanto directas
como
circunstanciais,
indiciam que o
crime inclui a
deliberada
ocultação
daquela parte da
Mensagem de
Fátima que
prediz,
precisamente,
essa tentativa
de mudar a
orientação da
Igreja, e as
ruinosas
consequências de
uma tal
actuação. Essa
parte da
Mensagem que
permanece oculta
e é comummente
conhecida como o
Terceiro Segredo
de Fátima seria,
pois, uma
acusação formal
vinda do Céu
contra as
decisões tomadas
e as acções
realizadas pelos
mesmos homens
que levaram a
cabo tal crime.
Prova a
evidência que o
crime de que
falamos inclui
ainda
interferir,
fraudulenta e
activamente,
junto da última
testemunha viva
da Mensagem de
Fátima, a Irmã
Lúcia dos
Santos. A Irmã
Lúcia foi
submetida a
“entrevistas”
sigilosas e a
outras formas de
pressão, na
tentativa de a
fazer alterar o
seu invariável
testemunho sobre
o verdadeiro
conteúdo da
Mensagem, que
barra o caminho
aos
perpetradores no
seu desejo de
impor essa nova
orientação na
Igreja.
É este o
crime; e aqui
está o motivo.
Cabe-nos a nós,
agora, a
responsabilidade
de provar um e
outro. É o que
vamos tentar
fazer nas
páginas que se
seguem, usando
as próprias
palavras dos
acusados, o
depoimento de
outras
testemunhas e
uma grande
quantidade de
outras provas em
que se baseie a
evidência da sua
culpa. E então,
quando tivermos
acabado de
apresentar essas
provas,
pedir-lhe-emos a
si, leitor, que
pronuncie o
veredicto. Não
um veredicto no
sentido legal —
porque não temos
o direito de nos
constituirmos
como um tribunal
eclesiástico —
mas, antes, um
veredicto que
represente que,
em plena
consciência, há
entre os Fiéis
quem acredite
haver sólidos
fundamentos para
que se faça uma
investigação
sobre o crime
que aqui
alegamos e se
inicie o seu
procedimento
criminal pela
mais alta
autoridade da
Igreja: o Sumo
Pontífice, João
Paulo II — ou o
seu sucessor, se
tal for o caso.
Pedir-lhe-emos,
então, que o seu
veredicto possa
ser somado a uma
espécie de
denúncia contra
os acusados do
alegado crime.
Pediremos também
a sua ajuda para
fazer chegar ao
Papa essa
denúncia e para,
apoiando o
direito dado por
Deus aos Fiéis —
infalivelmente
definido pelo
Concílio
Vaticano
Primeiro e de
cuja
inalterabilidade
é garante o
Direito Canónico
-, dirigir
directa e
imediatamente
uma petição ao
Sumo Pontífice
para rectificar
estes
verdadeiros
agravos. Ao
fazer estes
pedidos temos em
mente não apenas
os ensinamentos
de São Tomás de
Aquino, mas
ainda a voz
unânime dos
Teólogos e dos
Doutores da
Igreja, de que
«se a Fé estiver
em perigo, um
súbdito [leigo,
ou membro menor
do Clero] deve
repreender o seu
prelado, ainda
que seja
publicamente.»
Ao
considerar as
evidências que
de seguida vamos
apresentar,
pedimos-lhe que
tenha sempre bem
presente no seu
espírito um
princípio
basilar: como
São Tomás
ensina,
contra factum
non argumentum
est — ‘contra
factos não há
argumentos’.
Se uma afirmação
for contrária a
um facto,
nenhuma
autoridade no
Mundo pode
esperar que se
acredite nela.
Por exemplo: se
um alto prelado
do Vaticano
emitisse um
decreto pelo
qual os
Católicos tinham
de acreditar que
a Torre Eiffel
está na Praça de
São Pedro, tal
afirmação não
faria que assim
acontecesse — e
seríamos
obrigados a
rejeitar tal
decreto. Porque
o facto
é que a Torre
Eiffel está
situada em
Paris, e não há
argumento algum
contra tal facto.
Deste modo,
pessoa alguma,
seja qual for a
sua autoridade,
pode exigir que
acreditemos numa
coisa que é
manifestamente
contrária ao
facto.
Mas, como o
leitor pode
verificar, o
crime que
envolve Fátima
é, a uma larga
escala, a
tentativa de
certos
indivíduos (que
gozam da
influência dos
altos cargos que
ocupam dentro da
Igreja) de impor
aos Católicos
uma
interpretação da
Mensagem de
Fátima
claramente
contrária aos
factos — como,
por exemplo,
afirmar que a
Consagração da
Rússia ao
Imaculado
Coração de Maria
pôde ser
concretizada com
a Consagração do
Mundo, sem ter
havido,
deliberadamente,
qualquer menção
à Rússia.
Como a
própria Igreja
ensina (cf.
Vaticano I, e a
encíclica
Fides et Ratio,
de João Paulo
II), a Fé não
entra em
conflito com a
razão. Não é
necessário que
os Católicos
deixem de
raciocinar ou de
usar o seu senso
comum só por
serem Católicos.
Isso não seria
Fé, mas cegueira
— a cegueira dos
Fariseus. E é o
que acontece com
a Mensagem de
Fátima. Não
interessa o que
alguns
indivíduos no
Vaticano
gostariam que
ela fosse; a
Igreja não
quer que
acreditemos em
disparates
quando se trata
do verdadeiro
significado da
Mensagem.
Por isso
lhe pedimos,
leitor, que use
o seu senso
comum, que
tenha um
espírito aberto,
que considere as
evidências
desapaixonadamente
e, então,
decida. Com
efeito, deve
tomar uma
decisão. Porque,
se o
empreendimento
que levámos a
cabo é verdade,
então o que está
em risco neste
caso é nada
menos do que a
salvação de
milhões de almas
(incluindo,
possivelmente, a
sua), a sanidade
da Igreja e a
sobrevivência da
própria
civilização,
nesta era da
humanidade. Não
foi por outra
razão que a Mãe
de Deus confiou
a Mensagem de
Fátima ao nosso
Mundo, cada vez
mais
crescentemente
exposto ao
perigo. |
|
A
Mensagem e o Milagre
Deus não desperdiça
milagres. Através de toda a
história da salvação - de Josué
até Moisés, até aos Doze
Apóstolos e aos Santos da Igreja
Católica ao longo dos séculos -
Deus concedeu milagres com um
único propósito: o de servirem
como credencial divina, em prol
de uma testemunha que invoca o
milagre em Seu Nome. Quando Deus
escolhe uma Sua testemunha e
depois associa um milagre
autêntico ao depoimento daquela
testemunha, é para que nós
saibamos, sem qualquer dúvida,
que essa testemunha é digna de
todo o crédito. Deus não concede
milagres para confirmar
testemunhas que não são
fidedignas; Deus não escolhe
testemunhas que não sejam
fidedignas.
Não, Deus não desperdiça
milagres. Muito menos
desperdiçaria Deus um milagre
público - testemunhado por
70.000 pessoas, tanto crentes
como descrentes - como o que
aconteceu naquele preciso
momento vaticinado três meses
antes por três testemunhas de
cujo depoimento se tem duvidado:
Lúcia dos Santos (conhecida em
todo o Mundo como Lúcia) e seus
primos, Francisco e Jacinta
Marto1.
É
13 de Outubro de 1917. Num campo
humilde conhecido como a Cova da
Iria, em Fátima, reuniram-se
cerca de 70.000 pessoas à espera
que acontecesse um milagre.
Isto, em si mesmo, é
surpreendente. Ora, nunca antes
na história da salvação algum
vidente vaticinou, meses antes,
que um milagre público
aconteceria, num tempo e lugar
bem precisos. Nunca antes se
reuniu uma vasta multidão, para
testemunhar um milagre público
que alguém tivesse previsto. E,
apesar disso, foi exactamente o
que aconteceu naquele dia.
Porquê nesse dia? Porque a
Lúcia dos Santos e os primos,
Francisco e Jacinta, tinham
vindo a receber aparições d'“a
Senhora” no dia 13 de cada mês,
a partir de Maio desse ano. A
Senhora tinha-lhes aparecido
sobre uma azinheira na Cova da
Iria e, a cada aparição, as
multidões iam crescendo. Mas
também iam crescendo as dúvidas
sobre a veracidade dos videntes,
tal como a troça e a perseguição
dos “três pastorinhos” e das
suas famílias, num tempo em que
Portugal estava sob o domínio de
um regime político ateu e
maçónico.
Foi então que, em 13 de
Julho de 1917, a Senhora lhes
mostrou algo que os iria
aterrorizar e modificar para
sempre, fazendo deles santos que
consumiam as suas vidas (no caso
de Francisco e Jacinta, vidas
bem breves) rezando e fazendo
sacrifícios pelos pecadores.
Como Lúcia reconta num
depoimento que a Igreja Católica
julgou digno de todo o crédito,
a Senhora mostrou-lhes o
Inferno:
Abriu de novo as mãos,
como nos dois meses
passados. O reflexo pareceu
penetrar a terra e vimos
como que um mar de fogo.
Mergulhados nesse fogo, os
demónios e as almas, como se
fossem brasas transparentes
e negras, ou bronzeadas, com
forma humana, que flutuavam
no incêndio, levadas pelas
chamas que delas mesmas
saíam juntamente com nuvens
de fumo, caindo para todos
os lados, semelhantes ao
cair das faúlhas nos grandes
incêndios, sem peso nem
equilíbrio, entre gritos e
gemidos de dor e desespero,
que horrorizavam e faziam
estremecer de pavor (devia
ser ao deparar-me com esta
vista que dei esse ai! que
dizem ter-me ouvido). Os
demónios distinguiam-se por
formas horríveis e
asquerosas de animais
espantosos e desconhecidos,
mas transparentes como
negros carvões em brasa2.
Esta vista foi um momento. E
graças à nossa boa Mãe do
Céu, que antes nos tinha
prevenido com a promessa de
nos levar para o Céu (na
primeira aparição). Se assim
não fosse, creio que
teríamos morrido de susto e
pavor3.
Tendo mostrado às crianças
o destino dos condenados - no
que é considerada a primeira
parte do Grande Segredo de
Fátima -, a Senhora confiou-lhes
depois a segunda parte. Todos -
inclusive aqueles membros do
aparelho de poder do Vaticano
que são visados nesta obra -
estão de acordo em como a
segunda parte do Segredo,
recontada assim nas memórias da
Irmã Lúcia, é o seguinte:
Vistes o Inferno, para
onde vão as almas dos pobres
pecadores. Para as salvar,
Deus quer estabelecer no
Mundo a devoção ao Meu
Imaculado Coração. Se
fizerem o que Eu vos disser,
salvar-se-ão muitas almas e
terão paz. A guerra vai
acabar. Mas, se não deixarem
de ofender a Deus, no
reinado de Pio XI começará
outra pior. Quando virdes
uma noite alumiada por uma
luz desconhecida, sabei que
é o grande sinal que Deus
vos dá de que vai a punir o
Mundo de seus crimes, por
meio da guerra, da fome e de
perseguições à Igreja e ao
Santo Padre.
Para a impedir, virei
pedir a consagração da
Rússia a Meu Imaculado
Coração e a Comunhão
reparadora nos Primeiros
Sábados. Se atenderem a Meus
pedidos, a Rússia se
converterá a terão paz; se
não, espalhará seus erros
pelo Mundo, promovendo
guerras e perseguições à
Igreja. Os bons serão
martirizados, o Santo Padre
terá muito que sofrer,
várias nações serão
aniquiladas. Por fim, o Meu
Imaculado Coração triunfará.
O Santo Padre consagrar-Me-á
a Rússia que se converterá e
será concedido ao Mundo
algum tempo de paz. Em
Portugal se conservará
sempre o dogma da Fé etc.
Isto não o digais a ninguém.
Ao Francisco, sim, podeis
dizê-lo4.
Os
elementos basilares desta
Mensagem surpreendente são os
seguintes:
-
Muitas almas vão para o
Inferno por causa dos
pecados que cometem.
-
Para as salvar, Deus quer
estabelecer no Mundo a
devoção, única e plenamente
católica, ao Imaculado
Coração de Maria.
-
Isto será efectuado pela
Consagração da nação da
Rússia ao Imaculado Coração
de Maria (em conjunto com as
Comunhões de Reparação dos
Primeiros Sábados de cada
mês), depois do que a Rússia
converter-se-á à Fé
Católica.
-
Se
isto for feito, salvar-se-ão
muitas almas e haverá Paz.
-
Se
isto não for feito,
a Rússia espalhará os seus
erros pelo Mundo. Haverá
guerras, fome, perseguições
à Igreja e os bons serão
martirizados. O Santo Padre
terá muito que sofrer. E se
os pedidos de Nossa Senhora
continuarem sem serem
cumpridos, então, várias
nações serão aniquiladas.
-
Mesmo assim, «Por fim, o Meu
Imaculado Coração triunfará.
O Santo Padre consagrar-Me-á
a Rússia que se converterá e
será concedido ao Mundo
algum tempo de paz.»
A
isto acrescentou a Senhora um
pedido urgente: que os Católicos
incluam na sua recitação do
Terço, no fim de cada dezena, a
oração seguinte: «Ó meu Jesus,
perdoai-nos, livrai-nos do fogo
do Inferno. Levai as almas todas
para o Céu, principalmente as
que mais precisarem.» Em
obediência ao pedido da Senhora
- espécie de testemunho, também,
da autenticidade das Suas
aparições em Fátima - a Igreja
incluiu esta oração no Terço, e
os Católicos rezam-na até hoje.
A
Igreja também adoptou a devoção
das Comunhões de Reparação dos
Primeiros Sábados, que a Senhora
explicou deste modo:
Todos aqueles que
durante 5 meses, ao Primeiro
Sábado, se confessarem,
recebendo a Sagrada
Comunhão, rezarem um Terço e
Me fizerem 15 minutos de
companhia, meditando nos 15
mistérios do Rosário, com o
fim de Me desagravar, Eu
prometo assistir-lhes, na
hora da morte, com todas as
graças necessárias para a
salvação dessas almas.
Fazemos aqui uma pausa para
notar de passagem (mais tarde
será alvo de discussão mais
pormenorizada) a curiosa frase
do final das primeiras duas
partes do Segredo: «Em Portugal
se conservará sempre o dogma da
Fé etc.» A frase incompleta que
acaba com este “etc.” aparece na
quarta memória das aparições, da
Irmã Lúcia. É, claramente, uma
introdução a uma predição do Céu
contendo outras palavras de
Nossa Senhora (que aqui não
estão) sobre o grau de adesão ao
Dogma da Fé Católica na Igreja,
considerada na Sua globalidade -
e considerada à parte em relação
a Portugal, onde o dogma da Fé
se conservará sempre.
Ora, por si só, esta
observação sobre a adesão ao
Dogma Católico em Portugal
aparece gratuitamente e assaz
sem sentido, porque a frase não
segue, de modo algum, a lógica
das primeiras duas partes do
Segredo. Daqui, todos e cada um
dos conceituados estudiosos de
Fátima concluíram que a frase
representa o começar de uma
terceira parte do Segredo - que
veio a ser conhecida,
simplesmente, como o Terceiro
Segredo de Fátima. Como veremos,
a Lúcia estava tão aterrorizada
pelo seu conteúdo que, ainda
depois de lho terem mandado pôr
por escrito, em Outubro de 1943,
viu-se incapaz de o fazer até à
Aparição seguinte, a 2 de
Janeiro de 1944, na qual Nossa
Senhora lhe assegurou que o
deveria fazer. Pois apesar disso
e até hoje, o Vaticano ainda não
revelou as palavras da
Santíssima Virgem que, sem
qualquer dúvida, vêm a seguir a:
«Em Portugal se conservará
sempre o dogma da Fé, etc.» O
“etc.” permanece ainda em
sigilo. Esta ocultação contínua
é um elemento-chave do crime que
é o tema deste livro.
Tendo recebido do próprio
Céu uma mensagem de uma
importância evidentemente
profunda para a Igreja e para
toda a humanidade, Lúcia bem
sabia que tanto ela como os
primitos precisariam de uma
credencial divina para serem
acreditados. Durante a Aparição
de 13 de Julho, Lúcia - a futura
Irmã Lúcia - dirigiu-se à
Senhora: «- Queria pedir-Lhe
para nos dizer Quem é; para
fazer um milagre com que todos
acreditem que Vossemecê nos
aparece.» E a Senhora respondeu:
«Continuem a vir aqui, todos os
meses. Em Outubro direi Quem
sou, o que quero, e farei um
milagre que todos hão-de ver
para acreditar5.» A
Senhora repetiu esta promessa em
aparições posteriores à Lúcia e
aos outros videntes (em 19 de
Agosto e, de novo na Cova da
Iria, em 13 de Setembro).
E
foi assim que uma grande
multidão de pessoas se reuniu na
Cova da Iria a 13 de Outubro. E,
precisamente na hora vaticinada
em Julho - às 12h., meio-dia
solar; e às 13h30 pelo relógio
em Portugal -, algo de espantoso
começa. Inesperadamente - porque
uma chuva torrencial enchera de
lama a Cova da Iria -, a Lúcia
diz à multidão para as pessoas
fecharem os guarda-chuvas. Então
ela fica num êxtase, e a
Senhora, aparecendo de novo,
diz-lhe primeiro Quem é e o que
quer, tal como tinha prometido:
«Quero dizer-te que façam aqui
uma capela em Minha honra, que
sou a Senhora do Rosário.» A
Senhora é a Mãe de Deus, a
Santíssima Virgem Maria, que
desde então será conhecida
também sob o título de Nossa
Senhora de Fátima, um dos muitos
conferidos pela Igreja à
Santíssima Virgem. A capela,
evidentemente, foi construída;
tal como foi construída outra
vez depois de, em 6 de Março de
1922, ter sido arrasada por uma
bomba, aí colocada pelos amigos
do “latoeiro” - alcunha do
autarca maçónico do município de
Ourém6.
E
nessa altura o Milagre começou.
Recontamos aqui o depoimento de
um jornalista que não pode,
definitivamente, ser acusado de
parcialidade neste assunto - e
por um bom motivo! Referimo-nos
ao Senhor Avelino de Almeida,
editor-chefe de O Século,
o grande jornal diário,
“liberal”, anticlerical e
maçónico de Lisboa. Escrevia
ele:
(…) Do cimo da estrada
onde se aglomeram os carros
e se conservam muitas
centenas de pessoas, a quem
escasseou valor para se
meterem à terra barrenta,
vê-se toda a imensa multidão
voltar-se para o sol, que se
mostra liberto de nuvens, no
zénite. O astro lembra uma
placa de prata fosca e é
possível fitar-lhe o disco
sem o mínimo esforço. Não
queima, não cega. Dir-se-ia
estar-se realizando um
eclipse. Mas eis que um
alarido colossal se levanta,
e aos espectadores que se
encontram mais perto se ouve
gritar: - Milagre, milagre!
Maravilha, maravilha! Aos
olhos deslumbrados daquele
povo, cuja atitude nos
transporta aos tempos
bíblicos e que, pálido de
assombro, com a cabeça
descoberta, encara o azul, o
sol tremeu, o sol teve nunca
vistos movimentos bruscos,
fora de todas as leis
cósmicas, - o sol bailou,
segundo a típica expressão
dos camponeses (…)7.
Atacado com violência por
toda a imprensa anticlerical, o
Senhor Avelino de Almeida
renovava o mesmo testemunho,
quinze dias depois, na sua
revista Ilustração
Portuguesa. Dessa vez
ilustrava o seu reconto com uma
dúzia de fotos da grande
multidão extática, e ia
repetindo, como um refrão, do
princípio ao fim do seu artigo:
«Vi... Vi...Vi.» E concluía,
como que ao acaso: «Milagre,
como gritava o povo; fenómeno
natural, como dizem sábios? Não
curo agora de sabê-lo, mas
apenas de te afirmar o que
vi ... O resto é com a
Ciência e com a Igreja (…)»8
Naquele Sábado, 13 de
Outubro, começa um caminho de
penitência para os peregrinos,
porque tinha chovido toda a
noite anterior - «sem que os
importunasse, os demovesse, os
desesperasse, a mudança quase
repentina do tempo, quando as
bátegas de água transformaram as
estradas poeirentas em fundos
lamaçais e às doçuras do Outono
sucederam por um dia, os
aspérrimos rigores do Inverno
(…)»9
Ao
fazer uma comparação dos
numerosos depoimentos das
testemunhas, podemos distinguir
os aspectos diversos e o
resultado dos fenómenos
surpreendentes visto por todos.
Para cada um dos fenómenos,
seria possível escrever umas dez
páginas de testemunhos que, por
si só, constituiriam um livro
impressionante.
Aqui está o primeiro facto
maravilhoso descrito pelo Senhor
Dr. Almeida Garrett:
Devia ser uma e meia
(treze e trinta) quando se
ergueu, no local preciso
onde estavam as crianças,
uma coluna de fumo, delgada,
ténue e azulada, que subiu
direita até dois metros,
talvez, acima das cabeças
para nesta altura se esvair.
Durou este fenómeno,
perfeitamente visível a olho
nú, alguns segundos. Não
tendo marcado o tempo da
duração, não posso afirmar
se foi mais ou menos de um
minuto. Dissipou-se
bruscamente o fumo e passado
algum tempo voltou a
repetir-se o fenómeno uma
segunda e uma terceira vez
(…)10.
Enquanto «O céu baço e
pesado tinha uma cor pardacenta
prenhe de água, prenúncio de
chuva abundante e de longa
duração», durante o tempo da
aparição, a chuva parou
totalmente. Abruptamente, o céu
clareou: «O sol momentos antes
tinha rompido ovante a densa
camada de nuvens que o tiveram
escondido, para brilhar clara e
intensamente.» (Dr. Almeida
Garrett) Esta abrupta mudança de
tempo apanhou a gente de
surpresa: «Era um dia de chuva
miudinha e incessante, mas
minutos antes do Milagre, deixou
de chover.» (Alfredo da Silva
Santos)
E
este testemunho de um médico, de
um homem de ciência, quanto ao
inexplicável prateado do sol que
lhe permitia ser visto
directamente, sem qualquer dano
para os olhos:
(…) Ouvi o bruhahá de
milhares de vozes e vi
aquela multidão espraiada
pelo largo campo que se
estendia a meus pés (…)
voltar as costas ao ponto
para o qual até então
convergiram os desejos e
ânsias, e olhar o céu do
lado oposto (…) Voltei-me
para este íman que atraía
todos os olhares e pude
vê-lo semelhante a um disco
de bordo nítido, de aresta
viva, luminosa e luzente,
mas sem magoar (…) [que] se
não confundia com o sol
encarado através do nevoeiro
(que aliás não havia àquele
tempo), porque não era
opaco, difuso e velado. Em
Fátima tinha luz e calor e
desenhava-se nítido e com a
borda cortada em aresta,
como uma tábua de jogo.
Maravilhoso é que, durante
longo tempo, se pudesse
fixar o astro, labareda de
luz e brasa de calor, sem
uma dor nos olhos e sem um
deslumbramento na retina
(Dr. Almeida Garrett)11.
Da
mesma veia, este testemunho pelo
editor chefe de O Século:
E
assiste-se então a um
espectáculo único e
inacreditável para quem não
foi testemunha dele. Do cimo
da estrada (…) vê-se toda a
imensa multidão voltar-se
para o sol que se mostra
liberto de nuvens no Zénite.
O astro lembra uma placa de
prata fosca e é possível
fitar-lhe o disco sem o
mínimo esforço. Não queima,
não cega. Dir-se-ia estar-se
realizando um eclipse.
(Artigo de 15 de Outubro de
1917)
E,
do mesmo modo, outros afirmavam:
«A gente podia olhar para o sol
tal qual como faz à lua» (Maria
do Carmo)12.
Poder-se-iam multiplicar
sem fim os testemunhos sobre o
seguinte fenómeno solar -
visível até mesmo pelo
editor-chefe leigo de um jornal
anticlerical. Vejam-se ainda
alguns outros:
«Tremia, tremia tanto;
parecia uma roda de fogo»
(Maria da Capelinha)13.
«(…) ele [o Sol]
desandava como uma roda de
fogo, tornava tudo das cores
do Arco-íris (…)» (Maria do
Carmo)14.
«Era como um globo de
neve a rodar sobre si mesmo»
(Padre Lourenço)15.
«Este disco tinha a
vertigem do movimento. Não
era a cintilação de um astro
em plena vida. Girava sobre
si mesmo numa velocidade
arrebatada.» (Dr. Almeida
Garrett)16.
«A certa altura, o sol
parou e depois começou a
dançar, a bailar; parou
outra vez e outra vez
começou a dançar» (Ti Marto)17.
«(…) vi o sol a
desandar como uma roda de
fogo, tornando aquela
multidão das cores do
Arco-íris. Até a própria
terra ficou como as
pessoas!» (Maria do Carmo)18.
«Uma luz, cujas cores
mudaram dum momento para o
outro, reflectiu-se nas
pessoas e nas coisas» (Dr.
Pereira Gens)19.
O
que aconteceu depois constitui o
aspecto mais estarrecedor do
Milagre, e com implicações
profundas para a nossa era em
que a humanidade tem
aperfeiçoado a capacidade de
destruir o Mundo inteiro com
fogo vindo do céu: o Sol pareceu
desprender-se do céu e lançar-se
sobre a terra.
«De repente ouve-se um
clamor, como que um grito de
angústia de todo aquele
povo. O sol, conservando a
celeridade da sua rotação,
destaca-se do firmamento e
sanguíneo avança sobre a
terra, ameaçando esmagar-nos
com o peso da sua ígnea e
ingente mó. São segundos de
impressão terrífica.» (Dr.
Almeida Garrett)20
«Vi o sol a rolar e
parecia que estava a descer.
Era como uma roda de
bicicleta.» (João Carreira)21
«O sol começou a bailar
e a certa altura pareceu
deslocar-se do firmamento e,
em rodas de fogo,
precipitar-se sobre nós.
(Alfredo da Silva Santos )22
«Vi-o, perfeitamente,
descer. Parecia que se
despegava do Céu, correndo
para nós. E a pequena altura
das nossas cabeças se
manteve por algum tempo. Mas
foi de muito curta duração
este arremesso que fez. (…)
Parecia que estava muito
perto das pessoas, mas
voltava logo para trás.»
(Maria do Carmo)23
«(…) Imediatamente
aparece o sol com a
circunferência bem definida.
Aproxima-se como a altura
das nuvens e começa girando
sobre si mesmo
vertiginosamente como uma
roda de fogo preso, com
algumas intermitências,
durante mais de oito
minutos.» (Padre Pereira da
Silva)24
«(…) De repente,
pareceu que baixava em
zig-zag, ameaçando cair
sobre a terra.» (Padre
Lourenço)25
«(…) vi o sol a rodar a
grande velocidade e muito
perto de mim (…)» (Padre
João Gomes Menitra)26
«Por fim, o sol parou e
todos deram um suspiro de
alívio.» (Maria da
Capelinha)27
«Dessas centenas de
bocas ouvi brados de fé e
amor à Santíssima Virgem. E
então acreditei. Tinha a
certeza de não ter sido
vítima de sugestão. Vi
aquele sol como nunca mais o
tornei a ver.» (Mário
Godinho, Engenheiro)28
Outro facto surpreendente:
toda essa gente, que na sua
grande maioria tinha ficado
molhada até aos ossos, verificou
com alegria e assombro que
estava seca. O facto é
testemunhado no processo
canónico dos pastorinhos Jacinta
e Francisco, beatificados a 13
de Maio de 2000.
«Quando menos
esperávamos, demos com a
farpela enxutinha!» (Maria
do Carmo)29
«Foi um rápido enquanto
o fato se enxugou.» (João
Carreira)30
O
académico Marques da Cruz
testemunhou o seguinte:
A
imensa multidão, como é
fácil de compreender,
sentia-se molhada, pois que
a chuva, desde madrugada até
aquela hora, foi incessante.
Passado o milagre, porém,
(embora pareça
inacreditável) todos se
sentiram bem, com a roupa
enxuta, o que lhes causou
grande admiração. Dezenas e
dezenas de pessoas, com quem
privámos desde menino, de
absoluta probidade, ainda
vivas, e indivíduos de
várias províncias que lá
estiveram, nos asseveraram
isto com a máxima franqueza
e sinceridade31.
Precisamente num certo
aspecto, este é o efeito mais
surpreendente do milagre e a sua
melhor prova: é que a quantidade
de energia necessária para
efectuar este processo de
secagem de um modo natural e tão
rápido teria reduzido a cinzas
todos os presentes. Como este
aspecto do milagre contradiz
radicalmente as leis da
natureza, um demónio nunca o
poderia ter realizado.
E
finalmente, houve também
milagres morais: a conversão de
muita gente. No seu livro,
Encontro de Testemunhas,
John Haffert escreve:
O
comandante do destacamento
postado na serra naquele
dia, com ordens de evitar o
ajuntamento do povo, foi
instantaneamente convertido.
Aparentemente, também se
converteram centos de outros
descrentes, de cujo
testemunho este livro dá uma
amostra32.
(…) Havia lá um
descrente que tinha passado
a manhã a troçar dos
simplórios que iam a Fátima
ver uma rapariga qualquer.
Agora parecia paralisado,
com os olhos fixos no sol.
Então começou a tremer dos
pés à cabeça e, erguendo os
braços, caiu de joelhos na
lama, invocando a Deus.»
(Padre Lourenço)33
Residia a 25
quilómetros de Fátima. E em
Maio de 1917 falaram-me
acerca das aparições
extraordinárias; mas a
notícia chegou-nos de
mistura com a fantasia do
povo. Naturalmente não
acreditámos. Eu sinceramente
supus que era obra da
imaginação de alguém. (…) A
pedido de minha mãe voltei à
Cova da Iria em Agosto, à
hora das aparições, mas mais
uma vez voltei a casa
desanimado e desapontado.
Mas dessa vez alguma coisa
de extraordinário
acontecera. Minha mãe que
tinha, havia muitos anos, um
grande tumor num dos olhos,
voltou curada. Os médicos
que a tinham tratado diziam
não poderem explicar uma tal
cura. Todavia, eu não
acreditava nas aparições.
Finalmente, e mais uma vez a
pedido de minha mãe, voltei
à Cova da Iria no dia 13 de
Outubro. (…) A despeito do
que tinha acontecido a minha
mãe, continuei desapontado,
sem acreditar nas aparições.
Novamente fiquei dentro do
carro (…) Então, de repente,
reparei que toda a gente
olhava para o céu. A
curiosidade despertou-me a
atenção. Saí do carro e
olhei também. (…) Dessas
centenas de bocas ouvi
brados de fé à Santíssima
Virgem. E então acreditei.»
(Mário Godinho, Engenheiro)34
Um
número considerável de outros
casos de curas e conversões
estão documentados, de entre
outras fontes, nos seguintes
livros: Documentação Crítica
de Fátima e Era uma Senhora mais
brilhante que o sol35.
Àqueles que pudessem dizer
que o milagre era fruto de uma
“histeria colectiva” provocada
in loco, o próprio Deus
arranjou uma pronta refutação: o
fenómeno pôde ser admirado muito
para além de Fátima. Testemunhas
perfeitamente credíveis, que
estiveram muito longe da Cova da
Iria, contaram terem visto o
espectáculo sem precedentes do
“Baile do Sol”, exactamente como
o viram os 70.000 peregrinos
reunidos em redor da azinheira
onde a Santíssima Virgem
apareceu36.
Na
pequena aldeia de Alburitel, que
fica a cerca de 13 quilómetros
de Fátima, todo o povo podia
apreciar a visão do prodígio
solar. O testemunho mais
frequentemente citado é o do
Padre Inácio Lourenço, por ser o
mais pormenorizado. Mas aquilo
que ele narra ter visto, todos
os aldeãos, interrogados pelos
investigadores, confirmaram
terem visto exactamente do mesmo
modo.
As
testemunhas do acontecimento
foram com efeito inúmeras, os
depoimentos concordantes, e
fomos inundados com os
documentos que nos forneceram37.
Em
primeiro lugar, numerosos
relatos apareceram de imediato
na imprensa portuguesa. E é
digno de nota que os primeiros
que vieram dar o seu testemunho
foram os jornalistas
anticlericais. Os três artigos
do Senhor Avelino de Almeida - o
de 13 de Outubro, imediatamente
antes do acontecimento; outro
com data de 15 de Outubro, mas
editado em Vila Nova de Ourém na
tarde desse dia 13, e um
terceiro artigo de 29 de Outubro
- merecem menção especial.
Apesar do tom zombeteiro e da
ironia voltairiana que em parte
inspiraram o primeiro artigo,
apesar do tom anticlerical - que
já era de esperar - que ainda
aparece no artigo do dia 15,
estes textos de um jornalista
talentoso que é, aliás, honesto
e consciencioso, são documentos
históricos de importância
capital38. Mas não
foi ele a única pessoa a relatar
estes factos, porque outros
jornalistas estiveram presentes
na Cova da Iria.
Depois, houve as
investigações oficiais. Em
Novembro de 1917, a pedido do
Sr. Bispo D. João Evangelista de
Lima Vidal, que estava nessa
altura à frente da diocese de
Lisboa, o pároco de Fátima
conduziu a sua investigação e
interrogou várias testemunhas da
freguesia. Desafortunadamente,
transcreveu apenas quatro
depoimentos!
Mas afortunadamente as
pesquisas dos historiadores
compensaram a negligência dos
investigadores oficiais. O
relato do Padre Formigão, que
obteve do Sr. Dr. José Maria de
Almeida Garrett, professor da
Faculdade de Ciências de
Coimbra, um depoimento muito
extensivo, é o relato mais
científico que temos em nossa
posse39. Temos ainda
os relatos do Padre Fonseca
(cuja obra foi feita para
verificar os pontos discutidos
pelo Padre Dhanis40
que, apesar disso, se recusou a
examinar as evidências), o Padre
de Marchi, o Cónego Barthas, o
Padre Dias Coelho e o Padre
Richard.
Em
1977, para comemorar o
sexagésimo aniversário da última
aparição, ainda foi possível
reunir em Fátima mais de trinta
pessoas que tinham estado
presentes aquando do prodígio
solar e que podiam relatar as
suas memórias. Graças àqueles
numerosos testemunhos, é
possível reconstruir um
comentário fluente e preciso,
permitindo-nos reviver, hora a
hora e minuto a minuto, este dia
decisivo, indubitavelmente um
dos dias mais importantes na
História do Mundo. Com efeito,
as provas do Milagre do Sol de
13 de Outubro de 1917 foram tão
convincentes que até Hollywood,
em 1952, quis corroborar a sua
autenticidade produzindo um
filme clássico (com o actor
Gilbert Roland) intitulado “The
Miracle of Our Lady of Fatima”,
que ainda hoje se vende em
formato vídeo.
Porque foi tão importante
este dia? Porque foi o dia em
que uma Mensagem do Céu, da Mãe
de Deus e por Ela trazida, foi
autenticada para além de toda e
qualquer dúvida razoável; uma
mensagem que, passados hoje mais
de 85 anos, se situa no coração
da grave situação que a Igreja e
o Mundo atravessam neste preciso
momento da História humana -
para nos oferecer uma solução.
Notas
1. Este capítulo na sua maioria
é transcrito textualmente da
obra Fatima: The Astonishing
Truth, I Tomo de
Fatima: Intimate Joy World Event,
de Frère François de Marie des
Anges (Edição inglesa,
Immaculate Heart Publications,
Buffalo, New York, 1993),
Capítulo III, pp. 163-198.
2. Da Quarta memória da Irmã
Lúcia, Documentos de Fátima
(editado pelo Padre António
Maria Martins, S.J., Porto,
1976) pp. 339-341.
3. Da Terceira memória da Irmã
Lúcia, Documentos de Fátima,
p. 219.
4. Da Terceira memória da Irmã
Lúcia, Documentos de Fátima,
p. 341. Veja-se também
Memórias e Cartas da Irmã Lúcia
(Centro de Postulação,
Fatima, Portugal, 1976); do
próprio punho e letra da Irmã
Lúcia não há uma elipse depois
do “etc.”. Veja-se também Frère
Michel de la Sainte Trinité,
The Whole Truth About Fatima -
Volume I: Science and
the Facts, p. 182.
5. Frère Michel de la Sainte
Trinité, The Whole Truth
About Fatima - Vol. I, pp.
180-181.
6. Frère Michel de la Sainte
Trinité, The Whole Truth
About Fatima - Vol. II
: The Secret and the Church
(Edição inglesa, Immaculate
Heart Publications, Buffalo, New
York, E.U.A. 1989), pp. 357-358.
7. O Século do dia 15
de Outubro de 1917.
8. Artigo do dia 29 de Outubro
de 1917, com adições feitas para
os propósitos deste livro, o que
inclui continuidade e mais
explicações.
9. Ilustração Portuguesa,
29 de Outubro de 1917.
10. Serviço de Estudos e Difusão
(SESDI) - Santuário de Fátima,
Documentação Crítica de
Fátima, II - Processo
Canónico Diocesano (1922-1930),
p. 232.
11. Padre João M. de Marchi,
Era uma Senhora mais brilhante
que o Sol, pp. 172-173.
12. Alfredo de Matos, 8 dias
com os videntes da Cova da Iria,
Gráfica de Leiria, 1968, p. 19.
13. Padre João M. de Marchi,
Era uma Senhora mais brilhante
que o Sol, p. 169.
14. Alfredo de Matos, 8 dias
com os videntes da Cova da Iria,
p. 19.
15. Padre João M. de Marchi,
Era uma Senhora mais brilhante
que o Sol, p. 177.
16. Ibid., p. 173.
17. Ibid., p. 169.
18. Alfredo de Matos, 8 dias
com os videntes da Cova da Iria,
p. 18.
19. Frère François de Marie des
Anges, Fatima: The
Astonishing Truth, p. 178.
20. Padre João de Marchi,
Era uma Senhora mais brilhante
que o Sol, p. 173.
21. John M. Haffert,
Encontro de Testemunhas,
Edição Portuguesa, Sede
Internacional do Exército Azul,
Fátima, Portugal, 1961, p. 91.
Este livro foi publicado com um
Imprimatur do Senhor
Bispo de Leiria, e fornece-nos
depoimentos directos e credíveis
de numerosas testemunhas do
Milagre do Sol.
22. Padre João de Marchi,
Era uma Senhora mais brilhante
que o Sol, p. 175.
23. Alfredo de Matos, 8 dias
com os videntes da Cova da Iria,
pp. 19-20.
24. Padre João de Marchi,
Era uma Senhora mais brilhante
que o Sol, p. 174.
25. Ibid., p. 177.
26. John M. Haffert,
Encontro de testemunhas, p.
128.
27. Padre João de Marchi,
Era uma Senhora mais brilhante
que o Sol, p. 170.
28. John M. Haffert,
Encontro de testemunhas, p.
85.
29. Alfredo de Matos, 8 dias
com os videntes da Cova da Iria,
p. 18.
30. John M. Haffert,
Encontro de testemunhas, p.
91.
31. José Marques da Cruz, A
Virgem de Fátima, Comp.
Melhoramentos de São Paulo,
1937, p. 29.
32. John M. Haffert,
Encontro de testemunhas, p.
61.
33. Ibid., p. 64.
34. Ibid., pp. 83-85.
35. Documentação Crítica de
Fátima, Volume II,
(Santuário de Fátima, 1999), 17
casos documentados nas pp.
277-372; e Padre João de Marchi,
I.M.C., Era uma Senhora mais
brilhante que o Sol.
36. Padre João M. de Marchi,
I.M.C., Era uma Senhora mais
brilhante que o Sol, página
176. Veja-se também
Documentação Critica de Fátima,
Vol. I, (Santuário de Fátima,
1992) p. 408. Veja-se também
Frère Michel de la Sainte
Trinité, The Whole Truth
About Fatima - Vol. I, pp.
330-331.
37. Entre as muitas obras de
referência, veja-se: Frère
Michel de la Sainte Trinité,
The Whole Truth About Fatima
- Vol. I: Science and
the Facts; John M. Haffert,
Encontro de Testemunhas;
Padre João de Marchi, I.M.C.,
Era uma Senhora mais
brilhante que o Sol.
38. Encontramos a reprodução
fotográfica destes três artigos
em Fátima 50, do dia 13
de Outubro de 1967, pp. 6-10;
14-15.
39. Novos Documentos de
Fátima, Livraria Apostolado
da Imprensa, Porto, 1984, pp.
60-63.
40. O Sr. Padre Dhanis - um
sacerdote Jesuita progressista
que mais tarde tentaria insinuar
a dúvida sobre a visão do
inferno e os elementos
profeticos da Mensagem,
incluindo a Consagração e
posterior conversão da Russia -
recusou o convite da própria
Irmã Lúcia para vir a Fátima e
estudar os arquivos de Fátima. O
Padre Dhanis será ocasionalmente
mencionado por membros-chave do
aparelho de Estado do Vaticano,
na sua tentativa de “moldar” a
Mensagem de Fátima segundo um
“comentário” que o Vaticano deu
a público em 26 de Junho de
2000.
Uma longa oposição começa
Mesmo uma leitura
superficial das duas primeiras
partes do Grande Segredo da
Mensagem de Fátima revela que se
trata de um desafio do Céu aos
poderes do Mundo, cujo domínio,
até sobre o Portugal Católico,
tinha vindo a crescer desde o
início do século XX.
Recordando o texto do
Segredo, de que tratámos no
primeiro capítulo, é óbvio que
aquilo que o Céu nele propõe
seria anátema para o regime
maçónico em Portugal - como, de
resto, para todas as forças
organizadas contra a Igreja,
que, no começo do século
passado, estavam a preparar (o
que elas próprias admitiram,
como veremos) um ataque decisivo
à cidadela católica. Os
elementos básicos da Mensagem
constituem uma autêntica “carta
estratégica” de oposição a essas
forças: livrar as almas do
Inferno; estabelecer por todo o
Mundo uma devoção católica ao
Imaculado Coração de Maria;
consagrar a Rússia a esse
Imaculado Coração, com a
subsequente Conversão da Rússia
ao Catolicismo; alcançar a Paz
para o Mundo como o fruto do
Triunfo do Imaculado Coração de
Maria.
A
Mensagem de Fátima é importante
para a salvação das almas; isto,
pelo menos, é por demais
evidente. Mas, o que já não o é
tanto - e é isso que enfurece os
inimigos externos e internos da
Igreja - é que quer a Mensagem
quer a Aparição de Nossa Senhora
são também muito importantes
para o ordenamento correcto da
sociedade humana. Se a
Humanidade obedecer à Mensagem
da Santíssima Virgem, alcançará
a Paz - entre indivíduos, entre
famílias, cidades e países, e,
de facto, por todo o Mundo - na
forma de uma ordem social
católica. (No capítulo
seguinte veremos que esta ordem
social não é um sonho utópico,
mas algo que já foi conseguido
no século XX - em Portugal,
através da sua Consagração ao
Imaculado Coração de Maria em
1931). É certo que o Pecado
Original continuaria a existir;
mas veríamos, na história
humana, um período semelhante ao
que profetizou Isaías que, por
inspiração divina, teve a visão
de uma era em que os homens não
fariam mais guerras nem
aprenderiam as artes bélicas,
mas transformariam as suas
espadas em arados1. A
tendência do homem para o pecado
seria amplamente contida, e
controlada pela influência
benéfica da Igreja e dos Seus
Sacramentos. E, ao ver o Mundo
como ele está hoje, quem poderia
pôr em causa com seriedade que
até os piores “excessos” dos
homens, dentro da ordem social
católica existente na Europa
antes da “Reforma”, não são
nada, comparados com o mal e a
violência que praticamente se
institucionalizaram em todos os
países do nosso tempo - a
começar pelo holocausto sem fim
do aborto “legalizado”?
As
implicações decorrentes apenas
do texto do Grande Segredo de
Fátima são suficientemente
claras para qualquer pessoa com
um mínimo de inteligência: um
tal plano de paz mundial só pode
ser levado a cabo se um número
significativo de indivíduos, em
todos os níveis da sociedade,
cooperarem livremente. (Claro
que não nos referimos aqui a
alguma ditadura religiosa
imposta pela força, como existe
em certos estados islâmicos, mas
sim a uma ordem social que brota
naturalmente da comum Fé
Católica do povo.) E mesmo
assim, o plano só poderia
resultar se se baseasse nos
desígnios do Criador da
humanidade, Que ungiu Jesus
Cristo, Redentor da humanidade,
como Rei dos reis e Senhor dos
senhores (Apoc. 19:16). Jesus é
Rei: não só dos indivíduos, mas
também das sociedades e de todo
o Mundo. Por isso, para que este
plano da Bem-Aventurada Sempre
Virgem Maria, Rainha do Céu e da
terra, resulte, é preciso que
toda a humanidade reconheça a
Soberania de Cristo sobre ela -
tal como é exercida através da
Sua Igreja Católica. Que haja,
na verdade, homens em número
suficiente persuadidos a fazê-lo
- primeiro na Rússia e depois em
toda a parte - é esse,
precisamente, o milagre
prometido pela Santíssima Virgem
se os Seus pedidos forem
atendidos.
Pode compreender-se que o
príncipe deste Mundo, como Jesus
Cristo chamava ao Demónio, não
aceite facilmente a eventual
destruição do seu reino, tão
florescente aqui na terra. Do
mesmo modo, este plano celestial
de Paz não será aceite por
aqueles homens, associações e
sociedades secretas cujo poder e
riquezas (conseguidos com o Mal)
se perderiam, caso tal plano
fosse posto em acção e se lhe
seguisse a conversão da Rússia e
o Triunfo do Imaculado Coração
de Maria - e, portanto, o
triunfo da Fé Católica.
Se
considerarmos estes
antecedentes, compreenderemos
melhor como surgiu - ainda ao
tempo das Aparições - uma
oposição feroz à Mensagem de
Fátima, e por que razão continua
até aos nossos dias, obtendo
mesmo o apoio de homens que,
dentro da Igreja, se opõem aos
pedidos da Virgem.
Por
altura das aparições de Fátima,
o autarca de Ourém, a sede do
Concelho a que pertenciam Fátima
e Aljustrel (a aldeia onde
viviam os pastorinhos), era
Artur de Oliveira Santos, de
quem se sabia não ter Fé em
Deus. Latoeiro de profissão, era
popularmente conhecido pela sua
alcunha, “o Latoeiro”. De
instrução formal reduzida, as
suas ambições eram, porém,
grandes. Artur Santos era um
jovem autodidacta e intrépido
que se fez editor do
Ouriense, um jornal local
em que exprimia as suas opiniões
anti-monárquicas e
anti-religiosas com zelo mordaz
e algum talento. Aos 26 anos
aderiu à loja maçónica de
Leiria, filiada no Grande
Oriente.
Como sublinhou William
Thomas Walsh, grande historiador
católico, Artur Santos adoptara
as doutrinas esotéricas de uma
religião sincretista e
naturalista que tinha sido a
principal inimiga da Igreja
Católica nos tempos modernos, e
que já se gabara de ter dado um
grande passo para a eliminação
do Cristianismo na Península
Ibérica, ao planear e executar a
revolução republicana de 1910.
Como Walsh nos informa,
Magalhães Lima, Grão-Mestre do
Grande Oriente, predissera em
1911 que, dentro de alguns anos,
não haveria em Portugal quem
quisesse estudar para o
Sacerdócio; e o ilustre maçom
português Afonso Costa assegurou
aos seus irmãos e a alguns
delegados das lojas francesas
que, dentro de uma geração,
acabaria o Catolicismo, «a causa
principal da triste situação a
que chegou o nosso País». De
facto, havia muitos indícios a
apoiar este prognóstico - embora
não apoiassem uma tal acusação.
O
Professor Walsh acrescenta que,
em 1911, os novos donos de
Portugal se tinham apoderado dos
bens imóveis da Igreja, bem como
dispersado, prendido e exilado
centenas de Padres e Freiras,
dando ao Cardeal Patriarca de
Lisboa cinco dias para deixar a
cidade e não voltar. Padres e
Religiosos refugiaram-se em
França e noutros países. Alguns
deles foram a Lourdes pedir à
Mãe de Deus que ajudasse o seu
pobre País, que já se chamara,
com orgulho, “Terra de Santa
Maria” e que estava reduzido a
um cenário de impiedade e
anarquia, com uma revolução
todos os meses.
Artur Santos fundou uma
nova loja maçónica em Vila Nova
de Ourém, para onde mudara a sua
oficina de latoeiro, e em 1917
tinha ascendido ao cargo
maçónico de Venerável. Graças
aos amigos que arranjara na
Maçonaria, fez-se eleger
Presidente da Câmara de Ourém,
cargo que lhe punha nas mãos a
administração do Concelho e lhe
dava poderes de Juiz suplente do
Comércio. Com todas estas honras
e a autoridade que lhes
pertencia, o Senhor Santos era o
homem mais temido e influente no
seu recanto de Portugal.
Durante o seu mandato,
cada vez menos pessoas iam à
Missa e recebiam os Sacramentos,
havia mais divórcios e a
natalidade diminuiu. Quando
mandou prender seis Padres e os
manteve oito dias
incomunicáveis, os principais
Católicos do Concelho e da
Câmara estavam tão preocupados
em criar para si compromissos
que lhes fossem vantajosos que
nem encontraram tempo para
erguerem a sua voz em protesto,
não admirando, portanto, que não
tivessem sido ouvidos. Para ‘o
Latoeiro’ e os seus amigos, a
luta em prol do “progresso e
ilustração” - como insistiam em
descrever o seu conflito com a
Igreja Católica - estava quase
ganha2.
Em
Agosto de 1917, já todo o País
sabia da história das Aparições
de Fátima, embora segundo
diferentes versões: os
jornalistas da imprensa
anti-religiosa, por exemplo,
compraziam-se em escrever
notícias cómicas. Como recordou
o Padre De Marchi ao referir-se
a esta imprensa: diziam eles que
«estas crianças eram manobradas
pelos Jesuítas. Não o eram pelos
Jesuítas? Então, pelo Clero em
geral, ou pelo Papa em
particular - atraindo gente
ignorante e incauta à Cova da
Iria, para lhes ficar com o
dinheiro. Não tinham dinheiro?
Então era para lhes mudarem as
ideias políticas, de modo a que
o tecido humano da República
ilustrada pudesse ser sabotado,
para benefício de Roma e da
Reacção. A imprensa gostava
destes alegres passeios. Os
maçons estavam deliciados»3.
Todos os leais apoiantes da nova
ordem vigente achavam a situação
cada vez mais divertida.
Mas
Artur Santos, o autarca de
Ourém, não lhe achava assim
tanta graça, porque via uma
manifestação aberta de religião
surgir no seu próprio
território. Alguns dos seus
constituintes já acreditavam que
Nossa Senhora aparecia em
Fátima, e ele não sabia o que
havia de dizer aos seus colegas
da política se esta manifestação
religiosa do Catolicismo,
contrária às suas esperanças de
criação de uma República ateia,
continuasse a florescer no seu
Concelho. E assim, decidiu fazer
baixar o forte braço da Lei
sobre os três pastorinhos.
Em
11 de Agosto de 1917, o
Administrador de Vila Nova de
Ourém mandou aos pais das
crianças que as entregassem na
Câmara Municipal, para serem
julgadas. Mas o Ti Marto, pai da
Jacinta e do Francisco, disse:
«“Que vão lá fazer umas crianças
daquela idade?!” (…) “Demais,
(…) são três léguas (…) e os
pequenos a pé não aguentam o
caminho e a cavalo não se
seguram na burra, porque não
estão habituados.” “Ná… Vou eu e
respondo por elas!”»4.
A sua mulher, a Ti Olímpia,
concordou. Mas, por outro lado,
tanto o Ti António, pai da
Lúcia, como a mulher, a Ti Maria
Rosa, concordavam que, se a
Lúcia estivesse a mentir, era
bom que lhe dessem uma lição; e
se estivesse a dizer a verdade -
do que eles duvidavam - então
Nossa Senhora protegê-la-ia. O
Ti António sentou a filha em
cima da burra (caiu três vezes
pelo caminho) e partiu de
jornada para verem o
Administrador. O Ti Marto deixou
os filhos em casa e foi sozinho,
para explicar as suas razões.
Antes da partida, a Jacinta
disse à Lúcia: «Se eles te
matarem diz-lhes que eu mais o
Francisco somos como tu e também
queremos morrer5. E
agora vou ao poço com o
Francisco, para rezar muito por
ti».
O
Administrador perguntou a Lúcia
se tinha visto uma Senhora na
Cova da Iria, e quem pensava ela
que era. Exigiu-lhe que lhe
contasse o segredo que Nossa
Senhora confiara aos
pastorinhos, e que lhe
prometesse que não tornava a
voltar à Cova da Iria. A Lúcia
recusou-se a contar-lhe o
segredo e a fazer tal promessa.
(Nossa Senhora pedira aos
pastorinhos que voltassem à Cova
da Iria no dia 13 de cada mês, e
eles prometeram lá ir, no dia e
na hora marcados, durante as
próximas três visitas). Por fim,
o Administrador perguntou ao Ti
António se o povo de Fátima
acreditava naquela história, ao
que ele respondeu: «Não, senhor,
tudo isso são histórias de
mulheres».
«E
tu, o que dizes?», perguntou o
Administrador ao Ti Marto. «Aqui
estou ao seu dispor» - respondeu
ele - «e os meus filhos dizem as
mesmas coisas que eu». «Acha
então que é verdade?» «Sim,
senhor, acredito no que eles
dizem!»6.
Os
presentes riram-se. O
Administrador fez um gesto de
quem terminou a conversa, e um
dos seus homens disse-lhes que
se fossem embora. O autarca
acompanhou-os à porta e «foi
sempre ameaçando a Lúcia que lhe
havia de apanhar o segredo, nem
que tivesse de a mandar matar»7.
Depois disto, a Lúcia, o pai e o
Ti Marto regressaram a
Aljustrel.
Ao
fim da tarde de 12 de Agosto,
três guardas chamaram os
pastorinhos a casa do Ti Marto,
onde o Administrador os esperava
em pessoa. Disse-lhes ele que
poderiam ser condenados a
morrer, se não contassem o
Grande Segredo que tinham
recebido a 13 de Julho. Os
pastorinhos recusaram-se a
fazê-lo, dizendo que não podiam
desobedecer a Nossa Senhora.
«Não interessa.» - sussurrou a
Jacinta aos outros - «Se nos
matarem, é o mesmo, vamos
direitinhos para o Céu. Que
bom!»8.
Na
manhã de 13 de Agosto, estava o
Ti Marto a trabalhar no campo e
veio a casa lavar as mãos. À
volta da casa estava uma
multidão, que tinha vindo para
assistir à aparição que naquele
dia devia acontecer na Cova da
Iria. A Ti Olímpia, arreliada,
apontou para a sala de estar. Ti
Marto entrou e, como lemos no
relato que fez ao Padre De
Marchi: «(…) entrei na sala e
dou com os olhos no
Administrador. Até nessa ocasião
me portei mal por um certo
motivo, porque estava lá um Sr.
Padre e eu, em vez de
cumprimentar este primeiro,
cumprimentei o outro.» Depois,
disse ao Administrador: «Então
por cá, Sr. Administrador?»9.
Então ele disse que vinha
para levar os pequenos à Cova da
Iria na sua carroça, e
acrescentou que assim teriam
tempo de falar com o Pároco de
Fátima que, segundo disse, os
queria interrogar. Tanto os
pastorinhos como os pais
desconfiavam daquela ideia de
irem com ele na carroça, mas
obedeceram. O autarca levou-os
primeiro ao Pároco de Fátima, e
depois, em vez de os levar à
Cova da Iria, viram-no chicotear
o cavalo e fazer virar a carroça
na direcção oposta. Levou-os
para a casa que tinha em Ourém,
e fechou-os numa sala.
Havia cerca de quinze mil
pessoas na Cova da Iria, e todos
queriam saber onde estavam os
pastorinhos. Na altura em que
Nossa Senhora havia de aparecer,
deram-se várias manifestações
sobrenaturais que as multidões
já tinham notado durante as
aparições anteriores em Fátima,
o que convenceu muita gente,
mesmo descrentes, de que a
Senhora tinha chegado. Mas os
pastorinhos não estavam lá para
receberem a Sua mensagem. Chegou
então gente com a notícia de que
o Administrador de Vila Nova de
Ourém tinha raptado as crianças
e as tinha levado - primeiro, ao
Pároco de Fátima; e depois, para
a sua própria casa em Ourém. A
multidão concluiu
(apressadamente) que os dois
tinham conspirado para levar a
cabo o rapto que, segundo
entendiam, tinha “estragado a
aparição e desapontado a Mãe de
Deus”. Levantaram-se vozes
iradas contra o Administrador e
o Pároco. Mas o Ti Marto
convenceu a multidão a não se
vingar: «Sossegai, rapazes, não
se faça mal a ninguém. Quem
merece o castigo receberá. Tudo
isto é pelo poder do Alto!»10.
Na
manhã seguinte, o Administrador
de Ourém interrogou de novo os
pastorinhos, que voltaram a
dizer que tinham visto uma linda
Senhora e que se recusaram de
novo a contar-lhe o Segredo,
apesar de ele os ter ameaçado
com prisão perpétua, tortura e
morte. O Administrador estava
decidido a obter das crianças
qualquer tipo de confissão que
pudesse acabar com a
manifestação religiosa que se
desenrolava no seu Concelho. E
assim, mandou-os para a cadeia
da vila, encerrando-os numa cela
escura e fétida, com grades de
ferro: era a cela comum, onde se
encontrava a maior parte dos
presos. Os pastorinhos estavam
assustados e tristes, em
especial a Jacinta, que tinha
apenas sete anos e que pensava
que não voltaria a ver os pais.
Mas eles animavam-se uns aos
outros, lembrando-se do que
Nossa Senhora lhes tinha dito
acerca do Céu, e ofereceram os
seus sofrimentos pela conversão
dos pecadores. Os pastorinhos
rezaram o Terço na cadeia, e os
presos associaram-se às suas
orações.
Dali a algum tempo, o
Administrador mandou um guarda
trazê-los à sua presença, e
exigiu-lhes pela última vez que
lhe contassem o Segredo. Então,
como eles continuassem a recusar
revelá-lo, o Administrador
disse-lhes que os ia fritar
vivos em azeite. Gritou uma
ordem, e um guarda abriu a
porta. Perguntou ao guarda se o
azeite já estava quente, ao que
ele respondeu que sim. Então,
ordenou ao guarda que atirasse
primeiro a mais pequenina - a
Jacinta - para dentro do azeite
a ferver. O guarda agarrou na
pequenita e levou-a. Um outro
guarda, que viu o Francisco
mexer os lábios em silêncio,
perguntou-lhe: «Que estás tu a
dizer?» «Estou a rezar uma Ave
Maria» - respondeu o Francisco -
«para que a Jacinta não tenha
medo»11. Tanto a
Lúcia como o Francisco estavam
convencidos de que o guarda
voltaria depressa para os matar
também. E disse o Francisco à
Lúcia: «Se nos matarem, como
dizem, daqui a nada estamos no
Céu. Oh! que felicidade! Não
importa mais coisa nenhuma!…»12.
Mais tarde, o guarda
voltou à sala onde os
pastorinhos estavam a ser
interrogados pelo Administrador,
e informou a Lúcia e o Francisco
de que a Jacinta já tinha sido
frita em azeite por não querer
revelar o Segredo. O
Administrador ainda tentou
persuadi-los a revelarem o
Segredo - senão,
acontecer-lhes-ia a mesma coisa.
Como não o quisessem fazer, o
Francisco foi levado para sofrer
o mesmo destino. Algum tempo
depois, o guarda voltou para
buscar a Lúcia. Apesar de ela
acreditar que o Francisco e a
Jacinta tinham sido mortos por
não revelarem o Segredo, também
ela preferia morrer a revelar o
Segredo que a Santíssima Virgem
lhe tinha confiado. Por isso,
foi também levada pelo guarda -
para o que ela pensava ser a
morte certa.
O
que na realidade acontecera foi
ter a Jacinta sido levada para
outra sala e, ao chegar a sua
vez de serem “fritos em azeite”,
o Francisco e a Lúcia foram
levados para a mesma sala, onde
ficaram os três juntos de novo.
Afinal, tudo não passara de um
truque para os assustar, de modo
a revelarem o Segredo. Ao
recordar este incidente nas suas
Memórias, conta-nos Lúcia que
tanto ela como os primos estavam
convencidos de que iam ser
martirizados às mãos do
Administrador.
Na
manhã seguinte, e apesar de novo
interrogatório, o Administrador
continuava sem conseguir
levá-los a revelar o Segredo.
Por fim, convenceu-se de que não
valia a pena continuar, e deu
ordem para os levarem a Fátima.
Era o dia 15 de Agosto, a Festa
da Assunção de Nossa Senhora.
Este facto - de o
Administrador maçónico de Ourém
ter chegado ao ponto de ameaçar
três criancinhas com uma morte
horrível, para impedir que o
povo acreditasse e manifestasse
abertamente a sua Fé em Deus, na
Sua Mãe Santíssima e na Igreja
Católica - dá-nos uma ideia dos
métodos extremos que a Maçonaria
estava pronta a usar para
destruir, de uma vez por todas,
a Igreja e para estabelecer em
seu lugar uma República sem Deus
- não só em Portugal, mas em
todo o Mundo.
Notas
1. «E Ele julgará as nações, e
convencerá do erro a muitos
povos; os quais das suas espadas
forjarão relhas de arados, e das
suas lanças foices; uma nação
não levantará a espada contra
outra nação, nem daí por diante
se adestrarão mais para a
guerra» (Is. 2:4). E também: «e
eles converterão as suas espadas
em relhas de arados, e as suas
lanças em enxadões; um povo não
tirará mais a espada contra um
povo; e não aprenderão mais a
pelejar» (Miqueias 4:3).
2. William Thomas Walsh, Our
Lady of Fatima (Image-Doubleday,
New York, Imprimatur 1947), pp.
95-97.
3. Padre João M. de Marchi,
I.M.C., Era uma Senhora mais
brilhante que o Sol, p. 98.
4. Ibid.
5. Ibid., p. 99.
6. Ibid., p. 104.
7. Ibid., p. 102.
8. Ibid., p. 106.
9. Ibid., p. 112.
10. Ibid.
11. Ibid.
12. Ibid.
O
plano de paz do Céu em
microcosmo
As mentes “iluminadas” do
“Mundo moderno” troçam da ideia
de que uma simples cerimónia
pública de Consagração da Rússia
ao Imaculado Coração de Maria
pode levar à conversão daquele
país, com enormes benefícios
para todo o Mundo, incluindo a
Paz entre as nações. Essa
atitude não é para admirar,
porque o “Mundo moderno” troça
dos milagres em geral, assim
como da Inspiração Divina da
Igreja, cujos santos fizeram
milagres em abundância.
Mas
a Consagração da Rússia foi
precisamente o que Deus ordenou,
na mensagem que Ele autenticou
com o Milagre do Sol de 13 de
Outubro de 1917 - uma mensagem
que, tornamos a sublinhar, teve
a aprovação das maiores
autoridades da Igreja Católica
incluindo uma série de Papas,
desde a época das aparições em
Fátima. Como veremos, em 2002 o
Papa actualmente reinante chegou
a decretar que a Festa de Nossa
Senhora de Fátima fosse incluída
no calendário universal
eclesiástico das festividades
litúrgicas, para inclusão na
Terceira Edição Típica do Missal
Romano. Assim, o Magistério
validou formalmente a
autenticidade das aparições.
Recorde-se que, na
Mensagem de 13 de Julho de 1917,
Nossa Senhora prometeu a Lúcia:
«Virei pedir a Consagração da
Rússia ao Meu Imaculado Coração
e a Comunhão reparadora nos
Primeiros Sábados». Fiel à Sua
palavra, a Santíssima Virgem
apareceu de novo a Lúcia em 13
de Junho de 1929 em Tuy
(Espanha), onde Lúcia - agora
Irmã Lúcia dos Santos, Freira
Doroteia (só foi Carmelita a
partir de 1948) - estava em
oração na capela conventual
durante a Hora Santa de Adoração
e Reparação. Mesmo nos anais das
aparições celestes autenticadas
aos santos da Igreja Católica,
esta foi extraordinária.
Deixemos que a Irmã Lúcia
nos conte a aparição, nas suas
palavras simples mas bem vívidas
- e recordemos que estamos
perante uma aparição que a
Igreja, incluindo o Papa
actualmente reinante, declarou
ser digna de crédito:
Eu tinha pedido e
obtido licença das minhas
Superioras e Confessor para
fazer a Hora Santa das 11 à
meia-noite, de quintas para
sextas-feiras. Estando uma
noite só, ajoelhei-me entre
a balaustrada, no meio da
capela, a rezar, prostrada,
as Orações do Anjo.
Sentindo-me cansada,
ergui-me e continuei a
rezá-las com os braços em
cruz.
A única luz era a da
lâmpada. De repente
iluminou-se toda a Capela
com uma luz sobrenatural e
sobre o Altar apareceu uma
Cruz de luz que chegava até
ao tecto. Em uma luz mais
clara via-se, na parte
superior da Cruz, uma face
de Homem com corpo até à
cinta, sobre o peito uma
pomba também de luz e,
pregado na Cruz, o corpo de
outro Homem.
Um pouco abaixo da
cinta, suspenso no ar,
via-se um Cálix e uma Hóstia
grande, sobre a Qual caíam
algumas gotas de sangue que
corriam pelas faces do
Crucificado e de uma ferida
do peito. Escorregando pela
Hóstia, essas gotas caíam
dentro do Cálix. Sob o braço
direito da Cruz estava Nossa
Senhora (era Nossa Senhora
de Fátima com o Seu
Imaculado Coração na mão)
(…) Sob o braço esquerdo [da
Cruz], umas letras grandes,
como se fossem de água
cristalina que corresse para
cima do Altar, formavam
estas palavras: «Graça e
Misericórdia».
Compreendi que me era
mostrado o mistério da
Santíssima Trindade e recebi
luzes sobre este mistério
que não me é permitido
revelar1.
Frère Michel chamou
correctamente a esta aparição “a
Teofania Trinitária”. Tal como o
Milagre do Sol, não há nada
semelhante na história do Mundo.
Deus mostrou assim a importância
singular do que Nossa Senhora ia
dizer à Irmã Lúcia:
É chegado o momento
em que Deus pede
para o Santo Padre fazer, em
união com todos os Bispos do
Mundo, a Consagração da
Rússia ao Meu Imaculado
Coração, prometendo salvá-la
por este meio.
Era
um pedido do próprio Deus.
A Irmã Lúcia estivera na
presença, não apenas da Mãe de
Deus, mas da Santíssima
Trindade. Como era natural, a
Irmã Lúcia transmitiu
imediatamente o pedido divino ao
seu confessor, o Padre
Gonçalves, como se vê pela
correspondência entre os dois já
publicada2.
E
durante, pelo menos, os setenta
anos que se seguiram, a Irmã
Lúcia - a mesma Lúcia que não
quis negar a verdade, embora
fosse ameaçada com uma morte
horrível pelo Administrador
maçónico de Ourém - deu o mesmo
testemunho: Nossa Senhora, como
mensageira de Deus, pediu a
Consagração pública da Rússia,
numa cerimónia a ser feita
conjuntamente pelo Papa e por
todos os Bispos do Mundo. Como
referimos no Prefácio e na
Introdução, o esforço
persistente de certas pessoas
para alterar o seu testemunho,
por respeito humano (para evitar
ofender os russos) e para servir
uma nova orientação da Igreja, é
o ponto crucial da grande
controvérsia de Fátima que
persiste até aos nossos dias e
que motivou este livro.
Voltaremos a este assunto na
devida altura.
Como para demonstrar a
eficácia da Consagração que a
Santíssima Virgem pedira, Deus
houve por bem permitir a
realização em Portugal do que se
pode dizer que era um projecto
esclarecedor. No aniversário da
primeira aparição em Fátima, em
13 de Maio de 1931, e na
presença de 300.000 fiéis que se
deslocaram propositadamente a
Fátima, os Bispos portugueses
consagraram solenemente a sua
nação ao Imaculado Coração de
Maria. Estes bons Prelados
colocaram Portugal sob a
protecção de Nossa Senhora, para
que Ela protegesse esta nação do
contágio das ideias comunistas
que estavam a espalhar-se por
toda a Europa, e especialmente
na vizinha Espanha. De facto, a
profecia da Santíssima Virgem de
que a Rússia espalharia os seus
erros pelo Mundo já estava a
cumprir-se com inexorável
exactidão. E quem, em Julho de
1917, poderia ter previsto o
aparecimento do comunismo
mundial a partir da Rússia -
meses antes da revolução
bolchevista e da subida ao poder
de Lénin? Só o Céu podia tê-lo
previsto; só a Mãe de Deus,
informada pelo Seu Divino Filho.
Em
resultado desta Consagração de
1931, Portugal experimentou um
tríplice milagre, de que aqui
daremos apenas os pormenores
essenciais.
Em
primeiro lugar, houve uma
magnífica Renascença Católica,
uma grande renovação da vida
católica, tão espantosa que
todos os que a viveram
atribuíram-na sem hesitar à
intervenção de Deus. Durante
este período, Portugal gozou de
um aumento drástico de vocações
sacerdotais. O número de
Religiosos quase quadruplicou em
10 anos. As comunidades
religiosas prosperaram também.
Houve uma vasta renovação da
vida cristã que se fez notar em
diversas áreas, incluindo o
desenvolvimento de uma imprensa
católica, rádio católica,
peregrinações, retiros
espirituais, e um robusto
movimento da Acção Católica que
foi integrado nas estruturas da
vida diocesana e paroquial.
Esta Renascença Católica
foi de tal amplitude que, em
1942, os Bispos portugueses
declararam numa Carta Pastoral
Colectiva: “Se alguem tivesse
fechado os olhos há vinte e
cinco anos e os abrisse agora,
já não reconheceria Portugal,
tão vasta foi a transformação
feita pelo factor modesto e
invisível da aparição da
Santíssima Virgem em Fátima.
Nossa Senhora quer realmente
salvar Portugal”3.
Houve também um milagre
de reforma política e social,
segundo os princípios sociais
católicos. A seguir à
Consagração de 1931, subiu à
Presidência do Conselho em
Portugal um líder católico,
António de Oliveira Salazar, que
pôs em acção um programa
católico e
contra-revolucionário.
Esforçou-se por criar, tanto
quanto possível, uma ordem
social católica em que as leis
da governação e as instituições
sociais se harmonizassem com a
lei de Cristo, do Seu Evangelho
e da Sua Igreja4.
Adversário convicto do
socialismo e do liberalismo,
Salazar opunha-se a “tudo quanto
diminui ou dissolve a família”5.
Salazar, o Presidente do
Conselho, não se limitava a
falar bem; legislou no sentido
de proteger a família, incluindo
leis que desaprovavam o
divórcio. Citamos o Artigo 24 de
uma delas: “De harmonia com as
propriedades essenciais do
matrimónio católico,
subentende-se que, pelo próprio
facto de se celebrar um
matrimónio canónico, os cônjuges
renunciam ao direito legal de
requerer divórcio”6.
O efeito desta lei foi que os
casamentos católicos não
diminuíram em número; antes pelo
contrário. Assim, em 1960 - um
ano muito crítico, como veremos
- quase 91% dos casamentos
realizados no país eram
canónicos.
Além destas espantosas
mudanças religiosas e políticas,
deu-se um duplo milagre de Paz:
Portugal foi poupado ao terror
comunista, especialmente durante
a Guerra Civil que crucificava a
Espanha. Portugal foi também
poupado às devastações da 2ª
Guerra Mundial.
A
respeito da Guerra Civil de
Espanha, os Bispos portugueses
fizeram voto, em 1936, de
exprimirem a sua gratidão a
Nossa Senhora, se esta
protegesse Portugal, renovando a
Consagração Nacional ao
Imaculado Coração de Maria.
Cumprindo o seu voto, renovaram
a Consagração em 13 de Maio de
1938, em acção de graças pela
protecção de Nossa Senhora. Como
o Cardeal Cerejeira reconheceu
publicamente: «Desde que Nossa
Senhora de Fátima apareceu em
1917 (…) desceu sobre a terra de
Portugal uma bênção especial de
Deus (…) se nos recordarmos dos
dois anos que passaram desde a
nossa promessa, não podemos
deixar de reconhecer que a mão
invisível de Deus protegeu
Portugal, poupando-o ao flagelo
da guerra e à lepra do comunismo
ateu».
Até
o Papa Pio XII exprimiu o seu
espanto por Portugal ter sido
poupado aos horrores da Guerra
Civil Espanhola e à ameaça
comunista. Numa alocução ao povo
português, o Papa falou do
«perigo vermelho, tão ameaçador
e tão próximo de vós, e apesar
disso evitado de maneira tão
inesperada»7.
Os
portugueses passaram incólumes
este primeiro perigo, mas logo a
seguir viram-se de caras com
outro: a Segunda Guerra Mundial
estava a começar. Em cumprimento
de mais outra profecia da
Santíssima Virgem a 13 de Julho
de 1917, a guerra começaria «no
reinado de Pio XI», anunciada
por «uma noite alumiada por uma
luz desconhecida (…)»
Em
6 de Fevereiro de 1939, sete
meses antes da declaração de
guerra, a Irmã Lúcia escreveu ao
seu Bispo, D. José Correia da
Silva, avisando-o de que a
guerra estava iminente - mas
acrescentando em seguida uma
promessa maravilhosa. Escreveu
ela que «nesta guerra horrível,
Portugal seria poupado devido à
consagração nacional ao
Imaculado Coração de Maria feita
pelos Bispos»8.
E
Portugal foi, de facto,
poupado aos horrores da guerra,
cujos pormenores são demasiado
numerosos para aqui serem
relembrados9. E - o
que ainda é mais notável - a
Irmã Lúcia escreveu ao Papa Pio
XII em 2 de Dezembro de 1940,
para lhe dizer que Portugal
estava a receber uma protecção
especial durante a guerra - e
que outros países a teriam
igualmente recebido, se os seus
Bispos os tivessem consagrado ao
Imaculado Coração de Maria.
Escreveu ela: «Santíssimo Padre,
(...) Nosso Senhor promete, em
atenção à consagração que os Ex.mos
Prelados portugueses fizeram da
nação ao Imaculado Coração de
Maria, uma protecção especial à
nossa Pátria, durante esta
guerra; e que esta protecção
será a prova das graças que
concederia às outras nações, se,
como ela Lhe tivessem sido
consagradas»10.
Do
mesmo modo, o Cardeal D. Manuel
Gonçalves Cerejeira não teve a
menor dúvida em atribuir a Nossa
Senhora de Fátima as grandes
graças que Ela obtivera para
Portugal durante esses tempos. E
declarou, em 13 de Maio de 1942:
«Para exprimir o que se tem
passado aqui nos últimos vinte e
cinco anos, o vocabulário
português só tem uma palavra:
milagre. Sim, estamos
convencidos de que devemos a
maravilhosa transformação de
Portugal à protecção da
Santíssima Virgem»11.
O
Cardeal Cerejeira afirmava
aquilo que nós afirmamos nesta
obra: que as bênçãos miraculosas
que Nossa Senhora obteve para
Portugal como recompensa do Céu
pela Consagração do País, em
1931, eram apenas uma amostra do
que Ela fará por todo o Mundo,
logo que a Rússia seja também
devidamente Consagrada ao Seu
Imaculado Coração12.
Nas palavras do Cardeal
Cerejeira:
O que se tem passado
em Portugal proclama o
milagre. E prefigura o que o
Imaculado Coração de Maria
preparou para o Mundo13.
Não
é difícil compreender a razão
para Portugal ser chamado nesta
altura a “Demonstração de Nossa
Senhora”. E o triplo milagre de
Portugal é só uma amostra de
como ficarão a Rússia e o Mundo
depois da Consagração Colegial
daquele país. O exemplo
miraculoso de Portugal também
nos ajuda a compreender o
presente. Se contrastarmos o
tríplice milagre de Portugal com
a situação actual da Rússia e do
Mundo, torna-se evidente que a
Consagração da Rússia ainda está
por fazer. (Voltaremos a este
assunto noutro capítulo).
A
actuação de homens com posições
de chefia na Igreja no sentido
de impedirem a Consagração da
Rússia - negando assim à Igreja
e ao Mundo a recompensa
celestial que a intercessão da
Virgem Maria obteve para
Portugal - não é só uma loucura
monumental; é também um crime
incalculável. E é este crime que
motivou a publicação deste
livro.
Notas
1. Frère Michel de la Sainte
Trinité, The Whole Truth
About Fatima, Vol. II, pp.
463-464.
2. As palavras da Irmã Lúcia
foram citadas por Frère Michel
de la Sainte Trinité, Ibid.,
Vol. II: The Secret and the
Church, pp. 462-465. Cf.
também as Memórias e cartas
da Irmã Lúcia, editadas
pelo Padre António Maria Martins
(Porto, 1973), pp. 463-465.
3. Carta Pastoral Colectiva
para o Jubileu das Aparições em
1942, Merv. XX's, p. 338;
cit. por Frère Michel de la
Sainte Trinité, Ibid.,
Vol. II, p. 410. (Tradução
nossa.)
4. A influência de Salazar no
Governo português tinha
aumentado desde 1928. Ascendeu a
Presidente do Conselho em 1933.
Mais tarde, Salazar recebeu, em
homenagem à sua actuação, um
louvor e a bênção do Papa Pio
XII, que disse: «Abençoo-o de
todo o meu coração, e acalento o
desejo ardentíssimo de que possa
completar com sucesso o seu
trabalho de restauração
nacional, tanto espiritual como
material» (cit. por Frère Michel
de la Sainte Trinité, Ibid.,
Vol. II, p. 412).
5. Ibid., p. 415 (as próprias
palavras de Salazar).
6. Ibid., p. 421.
7. Ibid., p. 422.
8. Ibid., p. 428.
9. Cf. Frère Michel de la Sainte
Trinité, Ibid., Vol.
II, pp. 369-439.
10. Ibid., p. 428. Cf. Novos
Documentos de Fátima
(editado pelo Padre António
Maria Martins, S.J., Livraria
A.I., Porto 1984) p. 248.
11. Ibid., p. 405. O Cardeal
Cerejeira disse estas palavras
durante a celebração do jubileu
das aparições de Fátima,
ocorrida em 1942.
12. Acreditamos na palavra de um
crente em Fátima, como o Cardeal
Cerejeira, de preferência a um
céptico como o Cardeal Ratzinger
(cf. mais adiante).
13. Cardeal Cerejeira, prefácio
a Jacinta (1942),
Obras pastorais, Vol. II,
p. 333. Cf. também a sua homilia
de 13 de Maio de 1942, Merv.
XX's, p. 339. Citado a
partir de Frère Michel de la
Sainte Trinité, Ibid.,
Vol. II, p. 437.
Capítulo 4
O
Terceiro Segredo
Precisamente como a
Virgem Maria predisse em 1917, a
2ª Guerra Mundial começou no
pontificado de Pio XI, na altura
em que Josef Stálin estava a
liquidar os Católicos e a
exportar o comunismo mundial a
partir da Rússia Soviética. Em
Junho de 1943, a Irmã Lúcia, já
com 36 anos de idade, adoeceu
com pleurisia. Este facto
alarmou muito o Bispo de Leiria,
D. José Alves Correia da Silva,
e o seu grande amigo e
conselheiro Cónego Galamba.
Ambos receavam que a Irmã Lúcia
morresse sem escrever o Terceiro
Segredo.
Tão terrível que
nem conseguia escrevê-lo
Assim, sugeriram-lhe em
Setembro de 1943 que o
escrevesse, mas ela escusou-se a
fazê-lo porque não queria
assumir por si própria a
responsabilidade de uma tal
iniciativa. Disse, porém, que
obedeceria a uma ordem expressa
do Bispo de Leiria. A Irmã Lúcia
estava extremamente preocupada
com o facto de, sem esta
autorização, não ter ainda
licença de Nosso Senhor para
revelar o Terceiro Segredo.
Em
meados de Outubro de 1943,
durante uma visita à Irmã Lúcia
no Convento de Tuy, em Espanha
(a cerca de 400 quilómetros de
Fátima e não longe da fronteira
portuguesa), D. José Alves
Correia da Silva deu-lhe uma
ordem formal para escrever o
Segredo. A Irmã Lúcia tentou
então obedecer à ordem do Bispo,
mas foi incapaz de o fazer nos
dois meses e meio que se
seguiram.
A própria Virgem
Santíssima autoriza
a Irmã Lúcia a revelar o Segredo
Finalmente, a Santíssima
Virgem Maria apareceu de novo a
Lúcia em 2 de Janeiro de 1944,
para lhe dar forças e lhe
confirmar que era realmente da
vontade de Deus que ela
revelasse a parte final do
Segredo. Só então conseguiu a
Irmã Lúcia superar a sua
perturbação e escrever o
Terceiro Segredo de Fátima1.
Mas, mesmo assim, só em 9 de
Janeiro de 1944 escreveu a
seguinte nota ao Bispo D. José
Alves Correia da Silva,
informando-o de que o Segredo
tinha sido finalmente escrito:
Já escrevi o que me
mandou; Deus quis provar-me
um pouco [,] mas afinal era
essa a sua vontade: Está
lacrada [a parte que me
falta do segredo] dentro dum
envelope e este dentro dos
cadernos (…)2.
Uma só folha de papel
Depreende-se
imediatamente que o Segredo
implicava dois documentos: um,
fechado num envelope; e o outro,
contido num caderno de
apontamentos da Irmã Lúcia (não
sendo assim, por que razão teria
ela entregado o caderno, além do
envelope?). Para já,
concentremo-nos no que estava
contido no envelope fechado.
Lúcia estava ainda tão
perturbada com o conteúdo do
Segredo que não confiava a
ninguém o envelope fechado
(juntamente com o caderno de
apontamentos), a não ser a um
Bispo que o levasse a D. José
Alves Correia da Silva. Em 17 de
Junho de 1944, a Irmã Lúcia
deixou Tuy, atravessou o Rio
Minho e chegou ao Asilo Fonseca,
onde entregou ao Arcebispo
titular de Gurza, D. Manuel
Maria Ferreira da Silva, o
caderno em que tinha inserido o
envelope com o Terceiro Segredo.
No mesmo dia, o Arcebispo
entregou o Segredo ao Bispo de
Leiria na sua casa de campo, não
longe de Braga; e este levou-o
para o Paço Episcopal em Leiria.
Estes pormenores são muito
importantes, em vista do que se
lê no comentário ao Terceiro
Segredo que o Vaticano publicou
em 26 de Junho de 2000.
Desde o início que o
testemunho unânime era que o
Terceiro Segredo estava escrito
em forma de carta, numa só folha
de papel. O Padre Joaquín
Alonso, arquivista oficial da
documentação sobre as aparições
de Fátima, relata que tanto a
Irmã Lúcia como o Cardeal
Ottaviani afirmaram que o
Segredo estava escrito numa só
folha de papel:
A Lúcia diz-nos que o
escreveu numa folha de
papel. O Cardeal Ottaviani,
que o leu, diz-nos a mesma
coisa: “Ela escreveu-o numa
folha de papel” (…)3.
O
Cardeal Ottaviani, então
Prefeito da Congregação para a
Doutrina da Fé, declarou que
lera o Terceiro Segredo e que
este estava escrito numa só
folha de papel. Testemunhou este
facto em 11 de Fevereiro de
1967, numa conferência de
imprensa por ocasião de uma
reunião da Academia Pontifícia
Mariana em Roma. Disse o
Cardeal:
E então, o que fez
ela [a Lúcia] para obedecer
à Santíssima Virgem?
Escreveu numa folha de
papel, em português, o que a
Santa Virgem lhe pedira que
dissesse (…)4.
O
Cardeal Ottaviani é testemunha
deste facto. Na mesma
conferência de imprensa, disse:
Eu, que tive a graça
e o dom de ler o texto do
Segredo - embora também
esteja obrigado a mantê-lo
secreto, por tal me ser
imposto pelo Segredo (...)5.
Temos igualmente o
testemunho de D. João Venâncio,
na altura Bispo Auxiliar de
Leiria-Fátima, que, em meados de
Março de 1957, tinha ordens do
Bispo D. José Alves Correia da
Silva para entregar cópias de
todos os escritos da Irmã Lúcia
- incluindo o original do
Terceiro Segredo - ao Núncio
Apostólico em Lisboa, para este
os transferir para Roma. Antes
de entregar os escritos da Irmã
Lúcia ao Núncio, D. João
Venâncio pegou no envelope com o
Terceiro Segredo, olhou para ele
a contra-luz e reparou que o
Segredo estava «escrito numa
pequena folha de papel»6.
Frère Michel identifica em
primeiro lugar a natureza deste
testemunho:
Todavia, graças às
revelações do Bispo [D.
João] Venâncio, na altura
Bispo Auxiliar de Leiria e
intimamente envolvido nestes
acontecimentos, estamos hoje
na posse de muitos factos
fidedignos que nós teremos
cuidado em não esquecer. Eu
próprio os recebi da boca do
Bispo [D. João] Venâncio em
13 de Fevereiro de 1984, em
Fátima. A este propósito, o
antigo Bispo de Fátima
repetiu-me, quase palavra
por palavra, o que já
dissera antes ao Padre
Caillon, que disso deu um
relato muito pormenorizado
nas suas conferências7.
Aqui está o testemunho de
D. João Venâncio, segundo Frère
Michel:
O Bispo [D. João]
Venâncio contou que, logo
que se viu sòzinho, pegou no
envelope grande do Segredo e
tentou ver o seu conteúdo à
transparência. Dentro do
envelope grande do Bispo
vislumbrou um envelope mais
pequeno, o da Lúcia, e
dentro deste envelope
uma folha de papel vulgar,
com margens, de cada lado,
de uns 7,5 milímetros. Teve
o cuidado de anotar o
tamanho de tudo. Logo, o
último Segredo de Fátima foi
escrito numa pequena folha
de papel8.
[ênfase acrescentada].
Os
indícios mostram ainda que esta
folha de papel tinha de 20 a 25
linhas de texto. Os testemunhos
da Irmã Lúcia, do Cardeal
Ottaviani, do Bispo D. João
Venâncio, do Padre Alonso, de
Frère Michel e de Frère François
concordam todos sobre este
ponto:
(…) temos a mesma
certeza de que as vinte ou
trinta linhas do Terceiro
Segredo (…)9.
O último Segredo de
Fátima, escrito numa pequena
folha de papel, não é,
portanto, muito longo.
Provavelmente vinte ou vinte
e cinco linhas (…)10.
D. João Venâncio
olhou “para o envelope
[contendo o Terceiro
Segredo] que segurava contra
a luz. Pôde ver dentro dele
uma pequena folha, cujo
tamanho exacto mediu.
Sabemos, assim, que o
Terceiro Segredo não é muito
longo, provavelmente 20 a 25
linhas (…)”11.
Escrito em forma
de carta
É
igualmente claro que o Terceiro
Segredo foi escrito em forma de
uma carta ao Bispo D. José Alves
Correia da Silva. A própria Irmã
Lúcia diz-nos que o Terceiro
Segredo foi escrito como uma
carta. Temos, sobre este ponto,
o depoimento escrito do Padre
Jongen, que interrogou a Irmã
Lúcia em 3 e 4 de Fevereiro de
1946 desta maneira:
‘Já revelou duas
partes do Segredo. Quando
chegará a altura da terceira
parte?’ ‘Comuniquei a
terceira parte numa
carta ao Bispo de
Leiria’, respondeu ela12.
[ênfase acrescentada]
Temos em seguida as
palavras decisivas do Cónego
Galamba:
Quando o Bispo se
recusou a abrir a carta,
Lúcia fê-lo prometer que
esta seria definitivamente
aberta e lida ao Mundo ou
por altura da sua morte, ou
em 1960, conforme o que
sucedesse primeiro13.
[ênfase acrescentada]
Para ser revelado
ao Mundo em 1960
Porquê 1960? Em 1955, o
Cardeal Ottaviani perguntou à
Irmã Lúcia por que razão a carta
não devia ser aberta antes de
1960. Respondeu-lhe ela: «porque
então parecerá mais claro».
Tinha feito com que o Bispo de
Leiria prometesse que o Segredo
seria lido ao Mundo aquando da
sua morte, mas nunca mais tarde
que 1960, «porque a Santíssima
Virgem assim o quer»14.
E escreveu o Cónego Barthas:
«Além disso, [o Terceiro
Segredo] não tardará a ser
conhecido, porque a Irmã Lúcia
afirma que é o desejo de Nossa
Senhora que ele seja publicado a
partir de 1960».
Este depoimento introduz
um terceiro facto crucial a
respeito do Segredo: que devia
ser revelado em 1960. De facto,
o Cardeal Patriarca de Lisboa
declarou em Fevereiro de 1960:
O Bispo D. José Alves
Correia da Silva meteu [o
envelope fechado por Lúcia]
noutro envelope, no qual
escreveu que a carta
devia ser aberta em
1960 por ele, D. José Alves
Correia da Silva, se ainda
fosse vivo, ou, em caso
contrário, pelo Cardeal
Patriarca de Lisboa15.
[ênfase acrescentada]
Diz-nos o Padre Alonso:
Outros Bispos também
falaram - e com autoridade -
sobre o ano de 1960 como
sendo a data indicada para
abrir a famosa carta.
Assim, quando o então Bispo
titular de Tiava e Bispo
Auxiliar de Lisboa perguntou
a Lúcia quando deveria ser
aberto o Segredo, recebeu
sempre a mesma resposta: em
196016. [ênfase
acrescentada]
E
em 1959, D. João Venâncio, novo
Bispo de Leiria, declarou:
Penso que a carta
não será aberta antes
de 1960. A Irmã Lúcia pediu
que não fosse aberta antes
da sua morte, ou antes de
1960. Estamos agora em 1959
e a Irmã Lúcia está de boa
saúde17. [ênfase
acrescentada]
Finalmente, temos a
declaração do Vaticano, de 8 de
Fevereiro de 1960 (divulgada num
comunicado da agência noticiosa
portuguesa ANI), sobre a decisão
de suprimir o Segredo -
documento a que nos voltaremos a
referir no Capítulo 6. Lê-se na
declaração do Vaticano:
(…) é muito possível
que nunca venha a ser aberta
a carta em que a
Irmã Lúcia escreveu as
palavras que Nossa Senhora
confiou aos três
pastorinhos, como segredo,
na Cova da Iria18.
[ênfase acrescentada]
Assim, todos os
depoimentos indicam que o
Segredo foi escrito como uma
carta, numa só folha de papel
com 20 a 25 linhas de texto
manuscrito e margens de 7,5
milímetros de cada lado -
Segredo esse que devia ser
revelado em 1960 e não mais
tarde; e particularmente nesse
ano porque, então, “seria muito
mais claro”.
Foi
este documento que o Bispo D.
João Venâncio transferiu para o
Núncio Papal que, por sua vez, o
transferiu para o Santo Ofício
(hoje chamado Congregação para a
Doutrina da Fé) em 1957:
Chegado ao Vaticano
em 16 de Abril de 1957, o
Segredo foi certamente
colocado pelo Papa Pio XII
na sua secretária pessoal,
numa caixinha de madeira com
a inscrição Secretum
Sancti Officii (Segredo
do Santo Ofício)19.
É
importante notar que o Papa
estava à frente do Santo Ofício
antes da reorganização do
Vaticano, feita pelo Papa Paulo
VI em 1967. Por isso, era
apropriado que o Papa ficasse
com o Terceiro Segredo na sua
posse e que a caixa em que o
colocara fosse rotulada como
“Segredo do Santo Ofício”.
Estando o Papa à frente do Santo
Ofício, esta caixa ficou a fazer
parte do respectivo arquivo. Não
esqueça estes factos, leitor,
pois são cruciais para quando
nos referirmos a eles mais
adiante.
Uma predição de
apostasia na Igreja
E
com respeito ao conteúdo do
Segredo? Voltamos agora à frase
reveladora «Em Portugal se
conservará sempre o dogma da Fé
etc.», que, como indicámos num
capítulo anterior, aparece no
fim do texto integral das duas
primeiras partes do Grande
Segredo na Quarta Memória de
Lúcia.
Sobre este ponto, devemos
recordar o depoimento crucial do
Padre Joseph Schweigl, a quem o
Papa Pio XII confiou uma missão
secreta: interrogar a Irmã Lúcia
sobre o Terceiro Segredo. E foi
o que ele fez no Carmelo de
Coimbra, em 2 de Setembro de
1952. Ao regressar a Roma, o
Padre Schweigl dirigiu-se à sua
residência no Russicum e disse a
um colega no dia seguinte:
Não posso revelar
nada do que ouvi sobre
Fátima no que respeita ao
Terceiro Segredo, mas posso
dizer que tem duas partes:
uma fala do Papa. A outra,
logicamente (embora eu não
deva dizer nada) teria de
ser a continuação das
palavras: ‘Em Portugal se
conservará sempre o dogma da
Fé’20.
Confirma-se assim o que
concluímos: que uma parte do
Segredo é, de facto, a
continuação da frase cuja
conclusão o Vaticano tem ainda
por revelar: «Em Portugal se
conservará sempre o dogma da Fé
etc.»
Esta conclusão é
corroborada por muitas outras
testemunhas, incluindo as
seguintes:
O Padre Agustín
Fuentes
Em
26 de Dezembro de 1957, o Padre
Fuentes entrevistou a Irmã
Lúcia. A entrevista foi
publicada em 1958 com um
imprimatur do seu Prelado,
o Arcebispo Sánchez, de
Veracruz, México. Entre outras
coisas, a Irmã Lúcia disse o
seguinte ao Padre Fuentes:
Padre, a Santíssima
Virgem está muito triste,
por ninguém fazer caso da
Sua Mensagem, nem os bons
nem os maus: os bons, porque
continuam no seu caminho de
bondade, mas sem fazer caso
desta Mensagem; os maus,
porque, não vendo que o
castigo de Deus já paira
sobre eles por causa dos
seus pecados, continuam
também no seu caminho de
maldade, sem fazer caso
desta Mensagem. Mas -
creia-me, Senhor Padre -
Deus vai castigar o Mundo, e
vai castigá-lo de uma
maneira tremenda. O castigo
do Céu está iminente.
Senhor Padre, o que
falta para 1960? E o que
sucederá então? Será uma
coisa muito triste para
todos, não uma coisa alegre,
se, antes, o Mundo não fizer
oração e penitência. Não
posso detalhar mais, uma vez
que é ainda um segredo. (…)
Esta é a Terceira
parte da Mensagem de Nossa
Senhora que ficará em
segredo até 1960.
Diga-lhes, Senhor
Padre, que a Santíssima
Virgem repetidas vezes -
tanto aos meus primos
Francisco e Jacinta como a
mim - nos disse que ‘muitas
nações desaparecerão da face
da terra, que a Rússia seria
o instrumento do castigo do
Céu para todo o Mundo, se
antes não alcançássemos a
conversão dessa pobre
nação’.
Senhor Padre, o
demónio está travando uma
batalha decisiva contra a
Virgem Maria. E como sabe
que é o que mais ofende a
Deus e o que, em menos
tempo, lhe fará ganhar um
maior número de almas,
trata de ganhar para si as
almas consagradas a Deus,
pois que desta maneira deixa
também o campo das almas
desamparado e mais
facilmente se apodera delas.
O que aflige o
Imaculado Coração de Maria e
o Sagrado Coração de Jesus é
a queda das almas dos
Religiosos e dos Sacerdotes.
O demónio sabe que os
Religiosos e os Sacerdotes
que caem na sua bela
vocação, arrastam numerosas
almas para o inferno.
(…) O demónio quer tomar
posse das almas consagradas.
Tenta corrompê-las para
adormecer as almas dos
leigos e levá-las deste modo
à impenitência final21.
O Padre Alonso
Antes de falecer em 1981,
o Padre Joaquín Alonso, que foi
o arquivista oficial de Fátima
durante dezasseis anos,
testemunhou o seguinte:
Seria, então, de toda
a probabilidade que (…) o
texto faça referências
concretas à crise da Fé na
Igreja e à negligência dos
Seus próprios Pastores [e
às] lutas intestinas no seio
da própria Igreja e de
graves negligências
pastorais por parte das
altas Hierarquias22.
No período que
precede o grande triunfo do
Imaculado Coração de Maria,
sucederão coisas tremendas
que são objecto da terceira
parte do Segredo. Que coisas
serão essas? Se “em
Portugal, se conservará
sempre o dogma da Fé”, (…)
pode claramente
deduzir-se destas palavras
que, em outros lugares da
Igreja, estes dogmas vão
tornar-se obscuros ou
chegarão mesmo a perder-se23.
Falaria o texto original
(e inédito) de circunstâncias
concretas? É muito possível que
não só fale de uma verdadeira
‘crise de fé’ na Igreja durante
este período intermédio, mas
ainda, como acontece com o
segredo de La Salette, por
exemplo, que haja referências
mais concretas às lutas internas
dos Católicos ou às deficiências
de Sacerdotes e Religiosos.
Talvez se refira,
inclusivamente, às próprias
deficiências da alta Hierarquia
da Igreja. Por isso, nada
disto é alheio a outros
comunicados que a Irmã Lúcia
tenha feito sobre este assunto24.
O Cardeal
Ratzinger
Em
11 de Novembro de 1984, o
Cardeal Ratzinger, chefe da
Congregação para a Doutrina da
Fé, deu uma entrevista à revista
Jesus, uma publicação
das Irmãs Paulinas.
Intitulava-se “Aqui está o
motivo de a Fé estar em crise”,
e foi publicada com a
autorização explícita do
Cardeal. Nesta entrevista, o
Cardeal Ratzinger admite que uma
crise da Fé está a afectar a
Igreja em todo o Mundo. Neste
contexto, revela que leu o
Terceiro Segredo, e que este se
refere a «perigos que ameaçam a
Fé e a vida do Cristão, e,
consequentemente, do Mundo».
O
Cardeal confirma assim a tese do
Padre Alonso, segundo a qual o
Segredo se refere a uma
apostasia generalizada na
Igreja. Na mesma entrevista, o
Cardeal Ratzinger diz que o
Segredo também se refere à
«importância dos Novissimi
[os últimos tempos / as
últimas coisas]», e que, «se não
foi tornado público, pelo menos
por agora, foi para impedir que
a profecia religiosa viesse a
descambar no sensacionalismo
(…)» O Cardeal mais revela que
«o conteúdo deste ‘Terceiro
Segredo’ corresponde ao que é
anunciado nas Sagradas
Escrituras e que tem sido dito,
muitas e muitas vezes, em várias
outras aparições de Nossa
Senhora, a começar por esta, de
Fátima, no seu conteúdo já
conhecido»25.
D. Alberto Cosme
do Amaral
Completamente de acordo
com o Cardeal Ratzinger está D.
Alberto Cosme do Amaral,
terceiro Bispo de Fátima. Num
discurso em Viena de Áustria, em
10 de Setembro de 1984, disse o
seguinte:
O
conteúdo [do Terceiro Segredo]
diz respeito, unicamente, à
nossa Fé. (…) Identificar o
[Terceiro] Segredo com anúncios
catastróficos ou com um
holocausto nuclear é deformar o
sentido da mensagem. A perda
de Fé de um continente é pior do
que o aniquilar de uma nação;
e a verdade é que a Fé está
continuamente a diminuir na
Europa26. [ênfase
acrescentada]
O
Cardeal Oddi
Em
17 de Março de 1990, o Cardeal
Oddi fez a seguinte declaração
ao jornalista italiano Lucio
Brunelli, publicada no jornal
Il Sabato:
Ele [o Terceiro
Segredo] não tem nada a ver
com Gorbachev. A Santíssima
Virgem estava a avisar-nos
contra a apostasia na
Igreja.
O
Cardeal Ciappi
A
estas testemunhas devemos
acrescentar as palavras do
Cardeal Mario Luigi Ciappi, que
era, precisamente, o Teólogo
pessoal do Papa João Paulo II.
Numa comunicação particular com
um certo Professor Baumgartner,
em Salzburgo, o Cardeal Ciappi
revelou que:
No Terceiro Segredo
prediz-se, entre outras
coisas, que a grande
apostasia na Igreja começará
pelo cimo27.
Todos estes testemunhos
concordam com o que a própria
Irmã Lúcia disse repetidas vezes
- não só ao Padre Fuentes, acima
citado, mas a muitas outras
testemunhas fidedignas. Embora
esteja limitada pelo seu
compromisso de não divulgar o
conteúdo preciso do Terceiro
Segredo, os seus comentários,
feitos a testemunhas de crédito,
estão cheios de referências a
homens da Igreja ...
«engana[dos] por falsas
doutrinas»; a uma «desorientação
diabólica» que afecta «tantas
pessoas que ocupam lugares de
responsabilidade» na Igreja; a
«Sacerdotes e (...) almas
consagradas» que «andam tão
iludidas e tão transviadas»
porque o demónio «tem conseguido
infiltrar o mal com capa de bem
(...) tem consegiudo iludir e
enganar almas cheias de
responsabilidade, pelo lugar que
ocupam! (...) São cegos a guiar
outros cegos!»28.
Pio XII confirma
que o Segredo prevê a apostasia
na Igreja
Mas
o testemunho talvez mais notável
de todos, quanto a este assunto,
embora de uma relevância
indirecta, é o do Cardeal
Eugenio Pacelli - antes de se
tornar o Papa Pio XII - quando
ainda era Secretário de Estado
do Vaticano durante o reinado de
Pio XI. Falando ainda antes de a
Irmã Lúcia ter escrito o
Terceiro Segredo, o futuro Pio
XII fez uma profecia espantosa
sobre uma futura convulsão na
Igreja:
As mensagens da
Santíssima Virgem a Lúcia de
Fátima preocupam-me. Esta
persistência de Maria sobre
os perigos que ameaçam a
Igreja é um aviso do Céu
contra o suicídio de alterar
a Fé na Sua liturgia, na Sua
teologia e na Sua alma. (…)
Ouço à minha volta
inovadores que querem
desmantelar a Capela-Mor,
destruir a chama universal
da Igreja, rejeitar os Seus
ornamentos e fazê-lA ter
remorsos do Seu passado
histórico.
O
biógrafo do Papa Pio XII,
Monsenhor Roche, anotou que
neste momento da conversa, Pio
XII disse então (em reposta a
uma objecção):
Chegará um dia em que
o Mundo civilizado negará o
seu Deus, em que a Igreja
duvidará como Pedro duvidou.
Ela será tentada a acreditar
que o homem se tornou Deus.
Nas nossas igrejas, os
Cristãos procurarão em vão a
lamparina vermelha onde Deus
os espera. Como Maria
Madalena, chorando perante o
túmulo vazio, perguntarão:
“Para onde O levaram?”29.
É
realmente espantoso notar que o
futuro Papa relacionava esta
intuição aparentemente
sobrenatural da devastação que
se aproximava da Igreja
especificamente com «as
mensagens da Santíssima Virgem a
Lúcia de Fátima» e com «esta
persistência de Maria sobre os
perigos que ameaçam a Igreja».
Uma tal predição não teria
qualquer sentido se se baseasse
nas primeiras duas partes do
Grande Segredo, que não
mencionam coisas como «o
suicídio de alterar a Fé na Sua
liturgia, na Sua teologia e na
Sua alma», ou «inovadores que
querem desmantelar a Capela-Mor,
destruir a chama universal da
Igreja, rejeitar os Seus
ornamentos e fazê-lA ter
remorsos do Seu passado
histórico.» E também não há
qualquer indicação, nas duas
primeiras partes, de que «Nas
nossas igrejas, os Cristãos
procurarão em vão a lamparina
vermelha onde Deus os espera».
Como é que o futuro Papa
Pio XII sabia estas coisas? É
evidente que lhe foi concedido
um vislumbre sobrenatural, ou
que tinha conhecimento directo
de que uma parte das «mensagens
da Santíssima Virgem a Lúcia de
Fátima», que até então não tinha
sido revelada, previa estes
acontecimentos futuros na
Igreja.
Em
resumo, todos os testemunhos
acerca do conteúdo do Terceiro
Segredo, desde 1944 até pelo
menos 1984 (a data da entrevista
de Ratzinger), confirmam que
este se refere a uma perda
catastrófica da Fé e da
disciplina na Igreja, abrindo
uma brecha às forças há tanto
tempo alinhadas contra Ela - os
“inovadores” que o futuro Papa
Pio XII ouvia “à minha volta”,
clamando pelo desmantelamento da
Capela-Mor e por mudanças na
liturgia e na teologia
católicas.
Como demonstraremos, esta
brecha começou a ter lugar em
1960, precisamente no ano em
que, como a Irmã Lúcia tinha
insistido, a terceira parte do
Segredo devia ser revelada. Mas,
antes de voltarmos àquele ano
decisivo - quando começou a
dar-se o grande crime de que
falamos -, temos de discutir
primeiro o motivo que precedeu o
crime. É o que iremos agora
fazer.
Capítulo 5
Descobre-se um motivo
Como sublinhámos na
Introdução, o crime contra a
Igreja e o Mundo que nos
propusemos provar neste livro
envolve «a tentativa
sistemática, que vem já desde o
ano de 1960, de abafar,
apresentar erroneamente e negar
a autenticidade dessa mensagem,
embora as suas alarmantes
profecias se estejam a
concretizar mesmo diante dos
nossos olhos.»
Mas por que razão homens
que ocupam os mais altos cargos
de autoridade na Igreja
cometeriam um tal crime? Como
observou Aristóteles, para se
compreender uma acção deve-se
procurar o motivo. É o que
faremos neste capítulo.
Admitimos que é sempre
difícil provar um motivo, porque
não podemos ler a mente de uma
pessoa, e muito menos avaliar o
estado da sua alma. Ao
concluirmos qual seria o motivo,
podemos apenas - tal como
membros de um júri num processo
meramente civil - basear a nossa
decisão nas acções exteriores do
acusado, à luz das
circunstâncias circunjacentes.
Quando um júri conclui que um
homem assassinou a mulher para
obter o dinheiro do seguro, por
exemplo, baseia-se quanto ao
motivo numa inferência razoável
a partir das circunstâncias
circunjacentes. Seria de
estranhar que um assassino, em
tal caso, admitisse “Matei-a
para receber o seguro”. Pelo
contrário, o motivo teria de ser
inferido a partir de coisas como
a compra recente, por parte do
marido, de uma apólice de seguro
de valor substancial para a
mulher.
Ninguém pensaria acusar um
júri de “juízo temerário” se
inferisse a partir das
circunstâncias que o marido, no
nosso caso hipotético, tinha
intenção de assassinar a mulher
por causa do dinheiro. Da mesma
maneira, pode deduzir-se um
motivo no caso de Fátima a
partir das circunstâncias; não é
um “juízo temerário” chegar a
uma conclusão razoável, quanto
ao motivo, com base no que os
próprios acusados disseram e
fizeram. Além do mais, como
iremos demonstrar, temos neste
caso o equivalente a uma
confissão sobre o motivo. Os
acusados foram bastante
explícitos sobre o que aprovam e
o que tencionam fazer a respeito
do crime de que tratamos.
Uma nova e ruinosa orientação da
Igreja
Tal como acusámos na
Introdução, neste caso o motivo
deriva do reconhecimento, por
parte dos acusados, de que a
Mensagem de Fátima, compreendida
num sentido católico
tradicional, não pode
conciliar-se com decisões que
eles têm vindo a tomar desde o
Concílio Vaticano II para mudar
toda a orientação da Igreja
Católica. Ou seja, a Mensagem
atrapalha os seus esforços para
fazerem precisamente aquilo que
o futuro Papa Pio XII previu,
num momento de clarividência
sobrenatural: transformar a
Igreja numa instituição
orientada para o Mundo. O actual
escândalo devastador no seio do
Clero católico não é senão um
sintoma da ruinosa tentativa de
“modernizar” a Igreja Católica.
Ou, dito de outra maneira: o
estado actual da Igreja Católica
é o resultado da invasão,
sem precedentes, da Igreja
pelo liberalismo.
Recordemos, mais uma vez, as
palavras proféticas de Monsenhor
Pacelli (o futuro Papa Pio XII),
ditas à luz da Mensagem de
Fátima:
As mensagens da
Santíssima Virgem a Lúcia de
Fátima preocupam-me. Esta
persistência de Maria sobre
os perigos que ameaçam a
Igreja é um aviso do Céu
contra o suicídio de alterar
a Fé na Sua liturgia, na Sua
teologia e na Sua alma (…)
Ouço à minha volta
inovadores que querem
desmantelar a Capela-Mor,
destruir a chama universal
da Igreja, rejeitar os Seus
ornamentos e fazê-lA ter
remorsos do Seu passado
histórico.
Chegará um dia em que o
Mundo civilizado negará o
seu Deus, em que a Igreja
duvidará como Pedro duvidou.
Ela será tentada a acreditar
que o homem se tornou Deus.
Nas nossas igrejas, os
Cristãos procurarão em vão a
lamparina vermelha onde Deus
os espera. Como Maria
Madalena, chorando perante o
túmulo vazio, perguntarão:
“Para onde O levaram?”
Sublinhámos também, na
Introdução, que esta grande
mudança de orientação na Igreja
- “na Sua liturgia, na Sua
teologia e na Sua alma”, como o
futuro Papa Pio XII especificou
- era o objectivo, há tanto
tempo acarinhado, das forças
organizadas que, desde há
séculos, têm vindo a conspirar
contra a Igreja; as mesmas
forças que estavam no poder em
Portugal em 1917 e que foram
repelidas pela Consagração deste
País ao Imaculado Coração de
Maria em 1931. E foi
precisamente para rechaçar essas
forças em todo o Mundo que o Céu
enviou a Fátima a Mãe de Deus
para pedir a Consagração da
Rússia. Essas forças
tornar-se-iam cedo a principal
arma na longa guerra de Satanás
contra a Igreja. E, na verdade,
esta guerra decidir-se-á no
nosso tempo conforme seja o
vencedor da batalha para se
cumprir a Mensagem de Fátima.
A
nossa apresentação das provas do
motivo neste caso - ou seja, o
desejo de impor à Igreja uma
nova orientação que exclui a
Mensagem de Fátima - obriga-nos
a expor os respectivos
antecedentes históricos, o que
passaremos a fazer. Conhecer
esse ‘pano de fundo’ interessa
não só aos Católicos, mas também
aos não-Católicos que queiram
compreender o que vem a
acontecer à Igreja Católica
depois do Vaticano II.
O
objectivo da Maçonaria
organizada:
Neutralizar e “instrumentalizar”
a Igreja Católica
Como vimos quanto ao
exemplo de Portugal em 1917, as
forças da Maçonaria (e os seus
aliados comunistas) conspiraram
para impedir que a Mensagem de
Fátima acabasse de se cumprir em
Portugal. Insinuou-se que a
Mensagem era uma fraude ou uma
ilusão infantil; os próprios
videntes foram perseguidos e até
ameaçados de morte. Tal era o
ódio destas forças contra a
Igreja Católica e a Virgem Mãe
de Deus.
O
mesmo sucede com estas forças
que hoje estão à solta por todo
o Mundo. Não é preciso descer
aos devaneios das teorias de
conspiração para saber que, até
1960, os Papas escreveram mais
condenações e avisos sobre os
manejos dos Maçons e dos
Comunistas contra a Igreja do
que sobre qualquer outro tema na
História da Igreja.
Sobre este ponto, não
podemos deixar de considerar a
infame Permanent Instruction
of the Alta Vendita, um
documento maçónico que delineava
todo um plano para infiltrar e
corromper a Igreja Católica no
século XX1. Apesar de
estar na moda, desde o Concílio
Vaticano II, ridicularizar a
existência de uma tal
conspiração, deve notar-se que
os papéis secretos da Alta
Vendita (uma sociedade secreta
italiana), entre os quais a
Permanent Instruction,
caíram nas mãos do Papa Gregório
XVI. A Permanent Instruction
foi publicada a pedido do
Bem-Aventurado Papa Pio IX pelo
Cardeal Crétineau-Joly no seu
livro The Roman Church and
Revolution2.
Pelo seu Breve de aprovação,
datado de 25 de Fevereiro de
1861 e endereçado ao autor, o
Papa Pio IX garantiu a
autenticidade da Permanent
Instruction e dos outros
documentos maçónicos, mas não
permitiu que se divulgassem os
nomes verdadeiros dos membros da
Alta Vendita mencionados nos
documentos. O Papa Leão XIII
também pediu a sua publicação.
Ambos os Papas actuaram,
certamente, para evitar que se
concretizasse uma tal tragédia,
que estes grandes Pontífices
sabiam que estava longe de ser
impossível. (O Papa Pio XII
também o sabia, como podemos
inferir dos comentários
proféticos que fez quando ainda
era Secretário de Estado do
Vaticano).
O
texto completo da Permanent
Instruction também se
encontra no livro de Monsenhor
George E. Dillon Grand
Orient Freemasonry Unmasked3.
Quando deram um exemplar do
livro de Monsenhor Dillon ao
Papa Leão XIII, este ficou tão
impressionado que encomendou que
se fizesse uma edição italiana,
paga por sua conta4.
A
Alta Vendita era a loja mais
categorizada dos Carbonários,
uma sociedade secreta italiana
ligada à Maçonaria e que,
juntamente com esta, foi
condenada pela Igreja Católica5.
O respeitável historiador
católico Padre E. Cahill, S.J.,
que não pode ser considerado
como um “maníaco das
conspirações”, escreveu no seu
livro Freemasonry and the
Anti-Christian Movement,
que a Alta Vendita «era
geralmente considerada na altura
como o centro governativo da
Maçonaria europeia»6.
Os Carbonários estiveram
especialmente activos na Itália
e na França [e em Portugal,
sobretudo de 1910 a 1926]6a.
No
seu livro Athanasius and the
Church of Our Time (1974),
o Bispo Rudolph Graber,
autoridade objectiva e
irrepreensível que escreveu
depois do Concílio Vaticano II,
citou um Maçon ilustre que
declarou que «o objectivo (da
Maçonaria) já não é a destruição
da Igreja, mas utilizá-la
através da infiltração»7.
Por outras palavras, como a
Maçonaria não pode obliterar
completamente a Igreja de
Cristo, tenciona não só extirpar
a influência do Catolicismo na
sociedade, como também usar a
estrutura da Igreja como
instrumento de “renovação”,
“progresso” e “iluminação” -
isto é, como um meio de levar a
cabo muitos dos princípios e
objectivos maçónicos.
Ao
discutir a visão maçónica da
sociedade e do Mundo, o Bispo
Graber introduz o conceito de
sinarquia: «O que agora
enfrentamos é a súmula das
forças secretas de todas as
‘ordens’ e escolas, que se
uniram para formar um governo
mundial invisível. Num sentido
político, a sinarquia pretende
integrar todas as forças da
finança e da sociedade que o
governo mundial, naturalmente
sob chefia socialista, tem que
apoiar e promover. O
Catolicismo, como todas as
religiões, seria
consequentemente absorvido num
sincretismo universal. Não só
não seria suprimido como, pelo
contrário, seria integrado, uma
táctica que já está em andamento
segundo o princípio da
fraternidade entre clerigos (das
várias religiões)».
A
estratégia delineada pela
Permanent Instruction para
atingir este objectivo é
espantosa pela sua audácia e
astúcia. O documento refere-se,
desde o princípio, a um processo
que levará décadas a cumprir. Os
autores do documento sabiam que
não viveriam para assistir ao
seu triunfo. Estavam, sim, a
inaugurar uma obra que seria
retomada por gerações sucessivas
de iniciados. Como diz a
Permanent Instruction: «Nas
nossas fileiras o soldado morre
mas a luta continua».
A
Instruction propunha a
disseminação das ideias e
axiomas liberais pela sociedade
e dentro das instituições da
Igreja Católica, de tal modo que
os leigos, seminaristas,
clerigos e prelados seriam
gradualmente, e ao longo dos
anos, imbuídos de princípios
progressistas. Esta nova
mentalidade viria eventualmente
a ser tão difusa que seriam
ordenados Padres, sagrados
Bispos e nomeados Cardeais
indivíduos cujo pensamento
estaria em harmonia com as
ideias modernas baseadas nos
“Princípios de 1789” (isto é, os
princípios da Maçonaria, que
inspirou a Revolução Francesa) -
ou seja: o pluralismo, a
igualdade de todas as religiões,
a separação da Igreja e do
Estado, a liberdade de expressão
sem restrições, e assim por
diante.
Chegar-se-ia por fim a
eleger um Papa vindo destes
meios, que levaria a Igreja pelo
caminho da “iluminação e
renovação”. Note-se, desde já,
que não estava nos seus planos
colocar um Maçon na Cadeira de
S. Pedro. O seu objectivo era
criar as condições que acabariam
por produzir um Papa e uma
Hierarquia conquistados pelas
ideias do Catolicismo liberal,
ao mesmo tempo que se
consideravam Católicos fiéis.
Estes dirigentes católicos
liberalizados deixariam de se
opor às ideias modernas da
Revolução (ao contrário dos
Papas de 1789 a 1958, que
condenaram de forma unânime
estes princípios liberais), mas,
pelo contrário, amalgamá-los-iam
à Igreja ou “baptizá-los-iam”
para os colocarem dentro da
Igreja. O resultado final seria
um Clero e um laicado católicos
que marchariam sob a bandeira da
“iluminação”, pensando ao mesmo
tempo estarem a marchar sob a
bandeira das Chaves Apostólicas.
Certamente com a
Permanent Instruction no
pensamento, o Papa Leão XIII em
Humanum Genus exortou
os dirigentes católicos
«arrancai à Maçonaria a máscara
com que ela se cobre, e fazei-a
ver tal qual é»8. A
publicação destes documentos da
Alta Vendita era um meio de
“arrancar a máscara”.
Para que não se diga que
nós interpretámos mal a
Permanent Instruction,
vamos agora citá-la
extensamente. O que se segue não
é a Instruction
completa, mas a secção mais
relevante como prova. Lê-se no
documento:
O
Papa, qualquer que ele seja,
não virá às sociedades
secretas; compete às
sociedades secretas dar o
primeiro passo em direcção à
Igreja, para conquistar a
ambos.
A
tarefa que vamos empreender
não é trabalho de um dia, ou
de um mês, ou de um ano;
pode durar vários anos,
talvez um século; mas nas
nossas fileiras o soldado
morre e a luta continua.
Não tencionamos atrair
os Papas à nossa causa,
fazê-los neófitos dos nossos
princípios, propagadores das
nossas ideias. Isso seria um
sonho ridículo; e se
acontecesse que Cardeais ou
prelados, por exemplo, quer
por sua livre vontade ou de
surpresa, entrassem em parte
dos nossos segredos, isso
não seria de modo nenhum um
incentivo para desejar a sua
elevação à Cadeira de Pedro.
Essa elevação
arruinar-nos-ia. Só a sua
ambição levá-los-ia à
apostasia, e as necessidades
do poder forçá-los-iam a
sacrificar-nos. O que
devemos desejar, o que
devemos procurar e esperar,
tal como os judeus esperam
pelo Messias, é um Papa
conforme às nossas
necessidades (...)
Com isto marcharemos
com mais segurança para o
assalto à Igreja do que com
os panfletos dos nossos
irmãos em França e até do
que com o ouro da
Inglaterra. Quereis saber a
razão? É que com isto, para
despedaçar a grande rocha em
que Deus erigiu a Sua
Igreja, já não precisamos de
vinagre anibaliano, ou de
pólvora, ou mesmo das nossas
armas. Temos o dedo mínimo
do sucessor de Pedro
comprometido nesta empresa,
e este dedinho vale tanto,
para esta cruzada, como
todos os Urbanos II e todos
os São Bernardos da
Cristandade.
Não temos dúvidas de
que chegaremos a este fim
supremo dos nossos esforços.
Mas quando? Mas como? O
desconhecido ainda não foi
revelado. Contudo, visto que
nada nos irá desviar do
plano estabelecido e, pelo
contrário, tudo tenderá para
ele, como se já amanhã o
trabalho que mal foi
esboçado fosse coroado de
sucesso, desejamos, nesta
Instrução, que se manterá
secreta para os simples
iniciados, dar aos
dignitários na chefia da
Suprema Vendita alguns
conselhos em forma de
instrução ou memorando,
conselhos esses que eles
deverão imbuir em todos os
irmãos (…)
Ora bem, para
assegurarmos um Papa com as
características desejadas, é
preciso, em primeiro lugar,
modelá-lo (…)[e,] para este
Papa, uma geração digna do
reinado que sonhamos. Ponde
de parte os velhos e os de
idade madura; dedicai-vos
aos jovens e, sendo
possível, até às crianças
(…) Conseguireis sem grande
custo uma reputação de bons
Católicos e de puros
patriotas.
Esta reputação dará
acesso à nossa doutrina
entre os jovens Clerigos,
assim como entrará
profundamente nos mosteiros.
Em poucos anos, pela força
das coisas, este jovem Clero
terá ascendido a todas as
funções; formará o conselho
do Sumo Pontífice, será
chamado a escolher o novo
Pontífice que há-de reinar.
E este Pontífice, tal como a
maioria dos seus
contemporâneos, estará
necessariamente mais ou
menos imbuído dos princípios
italianos e humanitários que
vamos começar a pôr em
circulação. É um grãozinho
de mostarda preta que vamos
confiar à terra; mas o sol
da justiça desenvolvê-lo-á
ao mais alto poder, e vereis
um dia que rica colheita
esta sementezinha produzirá.
No caminho que estamos
a traçar para os nossos
irmãos, há muitos grandes
obstáculos a conquistar,
dificuldades de mais do que
um género para dominar. Eles
triunfarão sobre aqueles
pela experiência e pela
clarividência; mas o
objectivo é de tal esplendor
que é importante abrir todas
as velas ao vento para o
alcançar. Se quereis
revolucionar a Itália,
procurai o Papa cujo retrato
acabámos de esboçar. Se
quereis estabelecer o reino
dos escolhidos no trono da
prostituta da Babilónia,
fazei com que o Clero marche
sob a vossa bandeira,
enquanto acredita que está a
marchar sob a bandeira das
chaves apostólicas. Se
quereis fazer desaparecer o
último vestígio dos tiranos
e opressores, deitai as
vossas redes como Simão
Bar-Jona; deitai-as nas
sacristias, nos seminários e
nos mosteiros em vez de as
deitardes no fundo do mar;
e, se não vos apressardes,
prometemo-vos uma pescaria
mais miraculosa que a dele.
O pescador de peixes
tornou-se pescador de
homens; colocareis amigos à
volta da Cadeira apostólica.
Tereis pregado uma revolução
de tiara e de capa,
marchando com a cruz e o
estandarte; uma revolução
que só precisará de ser um
pouco instigada para
incendiar os quatro cantos
do Mundo9.
O aparecimento do
Catolicismo liberal
Como já notámos, o
objectivo da Maçonaria não era
destruir a Igreja, o que os
Maçons sabiam ser impossível,
mas antes neutralizar e
instrumentalizar a Igreja -
isto é, transformar o elemento
humano da Igreja num instrumento
de promoção dos objectivos
maçónicos, induzindo os membros
da Igreja a abraçar as ideias
liberais. Uma Hierarquia
liberalizada prestar-se-ia
facilmente a colaborar no
estabelecimento do ideal
maçónico de uma nova ordem
mundial (novus ordo seclorum)
- uma falsa “fraternidade”
pan-religiosa na qual a Igreja
abandona o Seu título de ser a
única arca de salvação e cessa a
Sua oposição às forças do Mundo.
A primeira fase deste processo
manifestou-se no século XIX,
altura em que a sociedade estava
cada vez mais permeada com os
princípios liberais da Revolução
Francesa. Este programa já
causava grande detrimento à Fé
católica e ao Estado católico em
meados daquele século. As
supostamente “mais amáveis e
mais suaves” noções de
pluralismo, de indiferentismo
religioso, de uma democracia que
acredita que toda a autoridade
vem do povo, de falsas noções de
liberdade, de reuniões
inter-religiosas, da separação
entre a Igreja e o Estado, e de
outras novidades estavam a
apertar as mentalidades da
Europa do pós-Iluminismo,
infectando tanto estadistas como
eclesiásticos.
A
condenação do Catolicismo
liberal
Os
Papas do século XIX e do início
do século XX fizeram guerra
aberta contra estas tendências
perigosas. Com uma presença de
espírito assente na certeza sem
compromissos da Fé, estes Papas
não se deixaram arrastar. Sabiam
que os maus princípios, por mais
honrosos que possam parecer, não
podem dar bom fruto; e que
estavam perante maus princípios
na sua forma pior, porque não
estavam assentes só na heresia,
mas na apostasia. Como generais
que reconhecem o dever de
defenderem a sua praça a todo o
custo, estes Papas assestaram
uma poderosa artilharia contra
os erros do Mundo moderno e
fizeram fogo incessantemente: as
encíclicas eram as suas
munições, e nunca erraram o
alvo.
O
ataque mais devastador veio sob
a forma do monumental
Syllabus de Erros do
Bem-Aventurado Papa Pio IX, por
ele acrescentado à sua encíclica
Quanta Cura (1864).
Quando o fumo se dissipou, não
restavam dúvidas a nenhum dos
implicados na batalha sobre quem
estava de cada lado. A linha de
demarcação fora traçada
claramente. No Syllabus,
o Bem-Aventurado Pio IX condenou
os principais erros do Mundo
moderno, não por serem modernos,
mas porque estas novas ideias se
baseavam num naturalismo
panteísta e, por isso, eram
incompatíveis com a Doutrina
Católica, além de serem
destrutivas para a sociedade.
Os
ensinamentos do Syllabus
opunham-se ao liberalismo,
assim como os princípios do
liberalismo se opunham ao
Syllabus. Isto era
claramente reconhecido por ambas
as partes. O Padre Denis Fahey
referiu-se a esta revelação de
princípios como “Pio IX contra a
deificação panteísta do homem”10.
Falando pelo lado oposto, o
maçon francês Ferdinand Buissont
declarou que «Uma escola não
pode continuar neutra entre o
Syllabus e a
Declaração dos Direitos do Homem»11.
E,
apesar disto, apareceu no século
XIX um novo género de Católicos
que buscaram um compromisso
utópico entre os dois. Estes
homens procuraram o que eles
acreditavam ser “bom” nos
princípios de 1789, e tentaram
introduzi-los na Igreja. Muitos
Clerigos, infectados pelo
espírito da época, foram
apanhados numa rede que fora
“lançada nas sacristias e nos
seminários” pela Maçonaria.
Foram todos estes que vieram a
ser conhecidos pela designação
de Católicos liberais. O
Bem-Aventurado Papa Pio IX
tinha-lhes um horror absoluto.
Afirmou que estes “Católicos
liberais” eram os “piores
inimigos da Igreja”. Numa carta
à deputação francesa chefiada
pelo Bispo de Nevers, com data
de 18 de Junho de 1871, o
Bem-Aventurado Pio IX declarou:
O
que eu mais receio não é a
Comuna de Paris - Não! - o
que eu receio é o
Catolicismo liberal (…) Já o
disse mais de quarenta
vezes, e repito-o agora para
vós, pelo amor que vos
tenho. O autêntico flagelo
da França é o Catolicismo
liberal, que se esforça por
unir dois princípios tão
repulsivos um em relação ao
outro como o fogo e a água12.
O aparecimento do
Modernismo
Todavia, apesar disto, o
número dos Católicos liberais
continuou a aumentar. A crise
atingiu o cúmulo pelo final do
século XIX, altura em que o
liberalismo de 1789 que
“circulava com o vento” se
converteu no tornado do
modernismo. O Padre Vincent
Miceli identificou esta heresia
como tal, ao descrever a
“trindade de antepassados” do
modernismo: “O seu antepassado
religioso é a Reforma
protestante (…) o seu progenitor
filosófico é o Iluminismo (…) a
sua linhagem política vem da
Revolução Francesa”13.
A
que chamamos nós “modernismo”? O
modernismo não é, nem mais nem
menos, do que uma síntese ou
combinação de todos os erros do
Catolicismo liberal num sistema
filosófico e teológico completo,
cujo efeito é enfraquecer
insidiosamente a integridade de
toda a Fé Católica. Um exame
pormenorizado do vasto sistema
modernista de pensamento
ultrapassa de longe o âmbito
deste livro; basta dizermos que,
através de vários erros subtis,
o modernista nega ou enfraquece
a divindade e a revelação divina
de Cristo, a Sua fundação da
única Igreja verdadeira, e a
imutabilidade absoluta da
Doutrina Católica (que o
modernista diz poder “evoluir”
conforme mudam as
circunstâncias). O modernista
também adopta e promove as
noções liberais de “livre
expressão” e “liberdade de
consciência”, e o erro do
indiferentismo religioso,
segundo o qual todas as
religiões seriam mais ou menos
boas e dignas de louvor, por
virem de um chamado “sentido
religioso” inato ao homem - um
erro que, como é bom de ver,
nega implicitamente a realidade
do Pecado Original, ao sugerir
que todos os homens podem ser
verdadeiramente religiosos e que
podem salvar-se nas diversas
religiões que inventam, sem ser
necessário o Baptismo, a Fé e os
Sacramentos da Igreja Católica.
São Pio X sufoca
a rebelião modernista
O
Papa S. Pio X, que ascendeu ao
Sólio Pontifício em 1903,
reconheceu no modernismo uma
praga altamente mortífera que
devia ser detida. S. Pio X
combateu o modernismo, isolando,
definindo e condenando
sistematicamente as suas muitas
proposições erróneas. Em
particular, S. Pio X lançou uma
encíclica monumental contra o
modernismo (Pascendi
Dominici Gregis) e um
Syllabus dos erros
modernistas (Lamentabili).
Na Sua encíclica Pascendi,
este grande Papa escreveu:
«(...) continuam a derramar o
vírus por tôda a árvore, de
sorte que coisa alguma poupam da
verdade católica, nenhuma
verdade há que não intentem
contaminar». Na mesma encíclica
chamava ao modernismo “o
distilado de todos os erros”,
declarando que a obrigação mais
importante do Papa era assegurar
a pureza e a integridade da
Doutrina Católica, e que, se
nada fizesse, faltaria ao Seu
dever essencial14.
Mas S. Pio X não se deteve
aqui. Alguns anos depois da
Pascendi, reconhecendo que
os Modernistas deviam ser
esmagados antes que se erguessem
e causassem uma devastação na
Igreja, este santo Papa
apresentou a sua carta
Sacrorum antistitum, que
ordenava que todos os sacerdotes
e professores fizessem o
Juramento Anti-Modernista.
Supervisou o afastamento dos
modernistas de Seminários e
Universidades, e excomungou os
obstinados e os impenitentes. S.
Pio X sabia que os modernistas
atacavam a própria natureza da
Igreja e que, na sua audácia,
estavam já a tentar destruir o
Dogma e a Tradição da Igreja:
[A] gravidade do mal
cresce de dia para dia, e
deve conter-se a todo o
custo. Já não nos
defrontamos, como no
princípio, com adversários
“em pele de cordeiro”, mas
com inimigos aberta e
desavergonhadamente
assumidos na nossa própria
casa, os quais, tendo feito
um pacto com os maiores
inimigos da Igreja [isto é,
os maçons, liberais,
protestantes, judeus,
muçulmanos, etc.], estão
decididos a arrasar a Fé (…)
Querem renová-la como se
estivesse consumida pela
velhice, expandi-la e
adaptá-la ao gosto do Mundo
e aos seus progressos e
confortos, como se ela
se opusesse, não apenas à
frivolidade de alguns, mas
ao bem da sociedade. (…)
Nunca haverá demasiada
vigilância e firmeza da
parte daqueles a quem foi
confiada a guarda fiel do
sagrado depósito da doutrina
evangélica e da tradição
eclesiástica, para se
poderem opor aos ataques que
lhe fazem15.
S.
Pio X conseguiu efectivamente
deter o avanço do modernismo na
sua época. Diz-se, todavia, que,
quando o felicitaram por ter
erradicado este grave erro, o
Papa S. Pio X respondeu
imediatamente que, apesar de
todos os seus esforços, não
conseguira matar a fera - mas
apenas forçá-lo a esconder-se. E
avisou ainda que, se os
responsáveis da Igreja não se
mantivessem vigilantes, a fera
voltaria no futuro, mais
virulento do que nunca16.
Como veremos, a predição de S.
Pio X realizou-se - e com
violência.
O Modernismo
regressa mais uma vez
Um
drama quase desconhecido que se
desenvolveu no reinado do Papa
Pio XI demonstra que a facção
clandestina do pensamento
modernista estava viva e sã no
período imediatamente a seguir
ao de S. Pio X.
O
Padre Raymond Dulac relata que,
no consistório secreto de 23 de
Maio de 1923, o Papa Pio XI
consultou os trinta Cardeais da
Cúria sobre se seria oportuno
convocar um concílio ecuménico.
Estavam presentes prelados
ilustres, como Merry del Val, De
Lai, Gasparri, Boggiani e
Billot. Os Cardeais eram da
opinião que não devia
convocar-se. Como avisou o
Cardeal Billot, «A existência de
profundas divergências no
próprio seio do episcopado não
podia ser ocultada (…) [Há] o
risco de se entrar em discussões
que se prolongariam
indefinidamente».
Boggiani recordou as
teorias modernistas, das quais,
afirmou, parte do Clero e dos
Bispos não estava isenta. «Esta
mentalidade pode inclinar certos
Padres a apresentar moções, a
introduzir métodos incompatíveis
com as tradições católicas».
Billot foi ainda mais
preciso: exprimiu o seu receio
de ver o Concílio “manobrado”
pelos «piores inimigos da
Igreja, os Modernistas, que
estão já a aprontar-se, como
certos indícios demonstram, para
realizarem na Igreja a
revolução, um novo 1789»17.
As predições da
Maçonaria sobre uma
ruptura modernista num Concílio
Ecuménico
Ao
desencorajar a ideia de um
Concílio por tais razões, estes
Cardeais mostraram estar mais
aptos a reconhecerem os “sinais
dos tempos” do que todos os
teólogos pós-Vaticano II juntos.
Mas a sua apreensão poderia
estar baseada em algo mais
profundo. Talvez estivessem
também preocupados com os
escritos do iluminado notório, o
excomungado Cónego Roca
(1830-1893), que pregou a
revolução e a “reforma” da
Igreja, e que predisse, em
pormenores espantosamente
precisos, a subversão da Igreja
que seria ocasionada por um
Concílio.
Em
Athanasius and the Church of
Our Time, o Bispo Graber
refere-se à predição feita por
Roca de uma “Igreja iluminada de
novo”, que seria influenciada
pelo “socialismo de Jesus”18.
Em meados do século XIX, Roca
predisse que «A nova igreja, que
talvez não consiga reter nada da
Doutrina Escolástica e da forma
original da antiga Igreja,
receberá, mesmo assim, a sua
consagração e jurisdição
canónica de Roma».
Surpreendentemente, Roca também
predisse a “reforma” litúrgica
do pós-Vaticano II: «[O] culto
divino, na forma dirigida pela
liturgia, cerimonial, ritual e
regulamentos da Igreja Romana,
sofrerá em breve uma
transformação num concílio
ecuménico, que restaurará a
venerável simplicidade da idade
de ouro dos Apóstolos, de acordo
com as exigências da consciência
e da civilização moderna».
Roca vaticinou que, através
desse concílio, surgiria «um
acordo perfeito entre os ideais
da civilização moderna e o ideal
de Cristo e do Seu Evangelho.
Isto será a consagração da Nova
Ordem Social e o baptismo solene
da civilização moderna». Por
outras palavras, este concílio
abriria caminho ao triunfo do
plano maçónico para a subversão
da Igreja. Roca também se
referiu ao futuro do Papado.
Escreveu o seguinte: «Há um
sacrifício iminente que
representa um acto solene de
expiação (…) O Papado cairá;
morrerá sob a faca santificada
que os Padres do último
concílio fabricarão. O
César papal é uma vítima coroada
para o sacrifício». Roca
predisse entusiasticamente nada
menos que uma «nova religião,
novo dogma, novo ritual, novo
sacerdócio». Chamou aos novos
Padres “progressistas”, e
referiu-se à “supressão” da
sotaina e ao “casamento dos
Padres”19.
Citando os escritos do
heresiarca francês Abbé Melinge
(que usou o pseudónimo de Dr.
Alta), o Bispo Graber avisou que
havia um programa revolucionário
para «substituir a Fé romana por
um pontificado
“pluriconfessional”, capaz de se
adaptar a um ecumenismo
polivalente, tal como vemos hoje
ser estabelecido na
intercelebração de Sacerdotes e
pastores protestantes». (Melinge
referiu-se a certos Padres
renegados; mas hoje é o próprio
Papa que preside a cerimónias
mistas, incluindo Vésperas, com
“bispos” protestantes)20.
Encontramos ecos
arrepiantes de Roca, de Melinge
e da Alta Vendita nas palavras
do Rosacruz Dr. Rudolph Steiner,
que declarou em 1910:
«Precisamos de um concílio e de
um Papa que o proclame»21.
A aliança entre a
Maçonaria e o Comunismo
Note-se que, ao combater
por estes objectivos, os maçons
eram camaradas de luta dos
comunistas, que conspiravam com
eles para derrubar a Igreja e o
Estado. Como o Papa Leão XIII
observou na Humanum Genus
(1884), a sua encíclica
monumental sobre a ameaça que
representavam as sociedades
maçónicas:
«Sim, esta mudança,
esta subversão, é planeada
deliberadamente e
apresentada por muitas
associações de comunistas e
socialistas; e a estas
manobras a seita dos maçons
não é hostil, mas, pelo
contrário, favorece muito os
seus desígnios, e partilha
com elas as suas opiniões
principais».
Como viemos a saber de
numerosas testemunhas
independentes, a infiltração
comunista da Igreja22
começou cedo, na década de 1930.
O próprio Lénin (fundador do
Comunismo russo) declarou nos
anos 20 que infiltraria a Igreja
Católica, particularmente o
Vaticano. A evidência histórica
quanto a isto foi recentemente
sumarizada no venerável
periódico Christian Order:
Douglas Hyde,
ex-comunista e célebre
convertido, revelou há muito
tempo que nos anos 30 as
chefias comunistas enviaram
uma directiva à escala
mundial sobre a infiltração
da Igreja Católica. E no
início da década de 50, a
Srª Bella Dodd também deu
informações pormenorizadas
sobre a subversão comunista
da Igreja. Falando como
antiga funcionária de
destaque do Partido
Comunista Americano, a Srª
Dodd disse: “Nos anos 30
pusemos mil e cem homens no
sacerdócio para destruir a
Igreja a partir do seu
interior”. A ideia era
que estes homens se
ordenassem e subissem até
ocupar posições de
influência e autoridade como
Monsenhores e Bispos. Uma
dúzia de anos antes do
Vaticano II, ela declarou o
seguinte: “Neste momento
estão nos cargos mais altos
da Igreja” - onde
estavam a trabalhar para
conseguir mudanças que
enfraquecessem a eficácia da
Igreja na sua luta contra o
Comunismo. Acrescentou que
estas mudanças seriam tão
drásticas que “não
reconhecerão a Igreja
Católica”23.
Como sublinhou a
Christian Order, a
existência de uma conspiração
comunista para infiltrar a
Igreja foi abundantemente
confirmada, não só pelos antigos
comunistas Bella Dodd e Douglas
Hyde, mas também por desertores
soviéticos:
O
antigo oficial do KGB
Anatoliy Golitsyn, que
desertou em 1961 e em 1984
previu com 94% de precisão
todos os espantosos
acontecimentos ocorridos no
Bloco Comunista desde aquela
altura, confirmou há vários
anos que esta «penetração da
Igreja Católica, assim como
de outras igrejas, faz parte
da “linha geral” [isto é, da
política imutável] do
Partido na luta
anti-religiosa». De facto,
centenas de documentos
passados para o Ocidente
pelo antigo arquivista do
KGB Vassili Mitrokhin, e
publicados em 1999, dizem o
mesmo sobre o facto de o KGB
cultivar as relações mais
cordiais com os Católicos
‘progressistas’ e financiar
as suas actividades. Um dos
órgãos esquerdistas
identificados foi a pequena
agência de imprensa católica
italiana Adista
que, ao longo de décadas,
promoveu todas as causas ou
“reformas” post-conciliares
imagináveis, e cujo Director
foi nomeado no Arquivo
Mitrokhin como um
agente assalariado do KGB.
A
Srª Dodd, que se converteu à Fé
pouco antes de morrer, era
assessora jurídica do Partido
Comunista dos Estados Unidos.
Prestou um depoimento volumoso
sobre a infiltração comunista na
Igreja e no Estado perante a
Comissão Parlamentar de
Actividades Anti-Americanas nos
anos 50. Como se quisesse
penitenciar-se pelo seu papel na
subversão da Igreja, a Srª Dodd
fez uma série de conferências na
Universidade Fordham e noutros
locais durante os anos que
precederam o Vaticano II. A
Christian Order recorda o
testemunho de um frade que
assistiu a uma dessas
conferências no início da década
de 50:
Ouvi aquela mulher
durante quatro horas e ela
pôs-me os cabelos em pé.
Tudo o que ela disse
cumpriu-se à letra.
Pensar-se-ia que ela era a
maior profetisa do Mundo,
mas ela não era profetisa.
Estava apenas a expor, passo
a passo, o plano de combate
da subversão comunista da
Igreja Católica. Ela
explicou que, de todas as
religiões do Mundo, a Igreja
Católica era a única temida
pelos Comunistas, porque era
o seu único adversário
eficaz. A ideia geral
era destruir, não a Igreja
como instituição, mas antes
a Fé do povo, e usar mesmo a
instituição da Igreja, se
possível, para destruir a Fé
por meio da promoção de uma
pseudo-religião, qualquer
coisa parecida com o
Catolicismo mas que não era
a autêntica doutrina.
Logo que a Fé fosse
destruída - explicou ela -
introduzir-se-ia na
Igreja um complexo de culpa.
(…) para classificar a
‘Igreja do passado’ como
opressiva, autoritária,
cheia de preconceitos,
arrogante ao afirmar-se como
única possuidora da verdade,
e responsável pelas divisões
das comunidades religiosas
através dos séculos. Isto
seria necessário para que os
responsáveis da Igreja,
envergonhados, adoptassem
uma ‘abertura ao Mundo’
e uma atitude mais
flexível para com todas as
religiões e filosofias.
Os comunistas explorariam
então esta abertura para
enfraquecer insidiosamente a
Igreja24.
Ora, se os inimigos da
Igreja conseguissem ser bem
sucedidos nos seus planos - que
acabámos de delinear -, veríamos
acontecer as seguintes coisas na
Igreja:
-
Em primeiro lugar,
como Roca predisse, haveria
num concílio ecuménico
uma convulsão de tal
grandeza que todo o Mundo
compreenderia que a Igreja
Católica tinha sofrido uma
revolução que a alinharia
com as ideias modernas.
Seria evidente para todos
que se tinha dado uma
“modernização” da Igreja.
-
Em terceiro lugar, os
próprios Maçons e Comunistas
cantariam a sua vitória,
acreditando que a Igreja
Católica tinha finalmente
“visto a luz” em assuntos
como o pluralismo, o estado
secular, a igualdade das
religiões, e quaisquer
outros compromissos que
tivessem sido atingidos.
-
Em quarto lugar, como
resultado desta subversão, a
nova orientação da Igreja
acabaria por se sobrepor aos
próprios dogmas e tradições
da Igreja nos Seus
ensinamentos e práticas -
incluindo a Mensagem de
Fátima, que teria que ser
“revista” ou enterrada para
se acomodar à nova
orientação.
Resta-nos agora demonstrar
até que ponto este plano de
subversão da Igreja foi posto em
prática, e como deu motivo ao
grave crime que foi cometido: a
tentativa de neutralizar a
autêntica Mensagem de Fátima. Ao
cometerem este crime, os
acusados deixaram a Igreja e o
Mundo expostos aos maiores
perigos, incluindo o
aniquilamento de várias nações e
a perda de milhões de almas. E
um tal crime é, com efeito, não
só contra a Igreja mas contra a
humanidade.
Notas
1. Para mais dados sobre a
ligação entre a Alta Vendita e a
nova orientação da Igreja desde
o Concílio, leia-se o opúsculo
de John Vennari, The
Permanent Instruction of the
Alta Vendita (TAN Books and
Publishers, Rockford, Illinois,
1999).
2. Cardeal Crétineau-Joly,
The Roman Church and Revolution,
2º vol., ed. original, 1859,
reimpressa pelo Círculo da
Renascença Francesa, Paris,
1976; Monsenhor Delassus
apresentou de novo estes
documentos no seu trabalho
The Anti-Christian Conspiracy
(A Conspiração
Anti-Cristã), DDB, 1910, Tom.
III, pp. 1035-1092.
3. Monsenhor Dillon, Grand
Orient Freemasonry Unmasked,
pp. 51-56, o texto completo da
Alta Vendita -
Christian Book Club, Palmdale,
Califórnia.
4. Michael Davies, Pope
John's Council (Angelus
Press, Kansas City, Missouri,
1992), p. 166.
5. The Catholic Encyclopedia,
Vol. 3 (New York Encyclopedia
Press, 1913), pp. 330-331.
6. Rev. E. Cahill, S.J.,
Freemasonry and the
Anti-Christian Movement
(Dublin, Gill, 1959), p. 101.
6a. Anotação acrescentada pelo
Tradutor.
7. Bispo Rudolph Graber,
Athanasius and the Church of Our
Time (Christian Book Club,
Palmdale, Califórnia, 1974), p.
39.
8. Papa Leão XIII, Humanum
Genus, parágr. 31.
9. Monsenhor Dillon, Grand
Orient Freemasonry Unmasked,
pp. 51-56, o texto completo da
Alta Vendita (Christian
Book Club, Palmdale,
Califórnia). Este excerto da
Permanent Instruction of the
Alta Vendita foi traduzido
para Português a partir da
versão inglesa do mesmo passo.
10. Padre Denis Fahey,
Mystical Body of Christ in the
Modern World (Regina
Publications, Dublin, Irlanda,
1939), Cap. VII.
11. Ibid., p. 116.
12. Citado em The Catholic
Doctrine, Padre Michael
Muller (Benzinger, 1888), p.
282.
13. Padre Vincent Miceli,
The Antichrist (Roman
Catholic Books, Harrison, Nova
York, 1981), p. 133.
14. Papa Pio X, Pascendi
Dominici Gregis (Sobre a
doutrina dos Modernistas),
8 de Setembro de 1907.
15. Papa Pio X, Sacrorum
antistitum (Tradução nossa.)
16. Padre Vincent Miceli,
The Antichrist, conferência
em cassete, Keep the Faith,
Inc., Ramsey, Nova Jersey.
17. Raymond Dulac, Episcopal
Collegiality at the Second
Council of the Vatican
(Paris, Cèdre, 1979), pp. 9-10.
18. Athanasius and the
Church of Our Time, p. 34.
19. O leitor encontrará uma
relação completa de todas as
citações de Roca que aqui
incluímos em Athanasius and
the Church of Our Time, pp.
31-40.
20. “Vésperas comuns de
Católicos e Luteranos no
Vaticano”, CWNews.com, 13 de
Novembro de 1999: “Os Arcebispos
G.H. Hammar e Jukka Paarma -
respectivamente, os Primazes
luteranos da Suécia e da
Finlândia - e os Bispos Anders
Arborelius de Estocolmo e
Czeslaw Kozon de Copenhague
uniram-se ao Santo Padre para o
serviço de Vésperas. Estavam
presentes à cerimónia vários
outros bispos luteranos dos
países escandinavos, incluindo
duas bispas”.
21. Athanasius and the
Church of Our Time, p. 36.
22. Veja-se “O plano secreto dos
Vermelhos para dominar a Igreja
Católica”, publicado na China
Comunista em 1959. Publicado em
inglês in The Fatima
Crusader, Nº 19,
Fevereiro-Abril 1986, p. 6. Cf.
também “A profecia de Bella Dodd”,
uma coluna da Internet - a
Fatima Perspective - [em Inglês]
pelo Dr. Christopher Ferrara
(www.fatima.org/perspective235.htm);
esta profecia também se encontra
a pp. 47-48 deste livro. Veja-se
ainda o artigo do Padre Paul
Kramer, “The ‘Party Line’ in
Relation to Fatima” (A ‘Linha do
Partido’ em relação a Fátima),
in The Fatima Crusader,
Nº 69, Inverno de 2002, pp. 10
et seq.
23. “The Greatest Conspiracy”,
em Christian Order de
Novembro de 2000.
24. Outro ex-comunista, o Sr.
Manning Johnson, prestou
declarações semelhantes. Em
1953, declarou o seguinte
perante a Comissão Parlamentar
de Actividades Anti-Americanas:
“Uma vez assente a táctica de
infiltração das organizações
religiosas pelo Kremlin (…) Os
comunistas descobriram que a
destruição da religião podia ser
muitíssimo acelerada recorrendo
à infiltração da Igreja por
Comunistas que actuariam no
próprio seio da Igreja” - e
acrescentou - “Esta política de
infiltrar seminários teve um
sucesso que até ultrapassou as
próprias esperanças dos
comunistas”. Referindo-se à
infiltração das instituições
religiosas em geral, Manning
Johnson veio a explicar: “(…) a
conspiração principal para tomar
conta das organizações
religiosas foi efectivamente
concebida durante este período
(1935), e o facto de os
Comunistas poderem gabar-se, nos
cabeçalhos do Daily Worker,
de terem 2.300 ministros
protestantes a apoiá-los é o
resultado desta táctica, que
começou nos anos 30 quando eu
era membro do Partido
Comunista.” - testemunho de
Manning Johnson, Investigação
das actividades comunistas na
área urbana de Nova York - Parte
7, Audiência da Comissão das
Actividades Anti-Americanas,
Câmara dos Representantes, 83º
Congresso, Primeira Sessão, 8 de
Julho de 1953 (publicado pela
Imprensa do Governo, Washington,
D.C. 1953), p. 2214. Pode
encontrar-se uma colecção de
citações de ex-comunistas sobre
a infiltração da Igreja, no
artigo de John Vennari “Heaven's
Request for Reparation to the
Holy Face of Jesus” (O pedido do
Céu para uma Reparação à Sagrada
Face de Jesus), Parte III,
Catholic Family News,
Agosto de 2001.
Capítulo 6
O
motivo consolida-se
Por volta de 1948, o Papa
Pio XII, por sugestão do Cardeal
Ruffini, que era solidamente
fiel à tradição, pensou em
convocar um Concílio Geral, e
chegou mesmo a dedicar alguns
anos aos preparativos
necessários. Há indícios de que
os elementos progressistas em
Roma acabaram por dissuadir o
Papa Pio XII de concretizar o
seu projecto, porque este
Concílio mostrava uma tendência
bem definida de seguir a
orientação da Humani Generis
na sua condenação dos erros
modernistas. Tal como esta
grande encíclica de 1950, o
futuro Concílio iria combater
«as falsas opiniões que ameaçam
enfraquecer insidiosamente os
fundamentos da doutrina
católica»1.
Ao
mesmo tempo, os “erros da
Rússia” a que a Virgem de Fátima
se referira estavam a penetrar
na própria Igreja. Várias Ordens
religiosas católicas estavam a
ser infiltradas. Por exemplo, o
chamado movimento dos “Padres
Operários Católicos” estava tão
claramente infiltrado pelos
comunistas que o Papa Pio XII
decidiu acabar com ele na década
de 1950.
Tragicamente, Pio XII
convenceu-se de que estava
demasiado idoso para meter
ombros à tarefa grandiosa de um
Concílio que combatesse as
fileiras cada vez mais numerosas
dos inimigos da Igreja, e
resignou-se à decisão de que
«isto ficará para o meu
sucessor»2. O Papa
Pio XII morreu em 9 de Outubro
de 1958.
E
chegamos agora ao ano crítico do
nosso caso. Chegámos a 1958,
dois anos antes de 1960 - o ano
em que devia revelar-se o
Terceiro Segredo, de acordo com
o desejo de Nossa Senhora de
Fátima, como declarou a Irmã
Lúcia. Durante o pontificado do
Papa Pio XII, o Santo Ofício,
sob a competente direcção do
Cardeal Ottaviani, manteve o
Catolicismo em terreno seguro,
mantendo sob freio os cavalos
selvagens do modernismo. Muitos
dos teólogos modernistas de hoje
contam desdenhosamente como eles
e os seus amigos estiveram
“amordaçados” durante este
período.
Todavia, nem o Cardeal
Ottaviani pôde prever o que ia
acontecer em 1958. Iria subir à
Cadeira Pontifícia um novo
género de Papa «que, segundo os
progressistas acreditavam, iria
favorecer-lhes a causa»3,
e este Papa forçaria um
relutante Ottaviani a destrancar
e a abrir o curral, forçando-se
a si próprio a aguentar a
debandada. E nem se podia dizer
que esta situação não tivesse
sido prevista. Ao receber a
notícia da morte do Papa Pio
XII, o velho D. Lambert
Beauduin, amigo de Roncalli (o
futuro Papa João XXIII),
confessou ao Padre Bouyer: «Se
elegerem Roncalli, é a salvação:
ele seria capaz de convocar um
concílio e de consagrar o
ecumenismo»4.
Neste ponto da nossa
exposição, e especialmente para
o leitor não-Católico, deve
realçar-se que as mudanças na
orientação básica da Igreja (que
iremos discutir) não têm
qualquer antecedente na História
da Igreja Católica e
constituem-se, talvez, como a
Sua pior crise. Um estudo atento
daquilo que se lhe segue
evidenciará porque é que a
Mensagem de Fátima, com o seu
apelo à consagração e
conversão da Rússia como
arauto da Paz no mundo, se
tornou inaceitável para aqueles
homens da Igreja, liberais e
politicamente correctos, dos
passados 50 anos. Estas mudanças
- sem paralelo - não foram um
benefício, antes um grande
prejuízo, para os não-Católicos:
o resultado da “modernização” da
Igreja incluía não apenas os
escândalos que hoje vemos entre
o Clero, como também a
incapacidade, por parte do
elemento humano da Igreja, de
realizar um acto - a solene
Consagração da Rússia - que
traria benefícios a toda a
Humanidade.
Um Concílio é
convocado e a
Mensagem de Fátima começa a ser
atacada
E
aconteceu tal como D. Lambert
vaticinou. Roncalli foi eleito,
tomou o nome de João XXIII,
convocou um Concílio e consagrou
o ecumenismo. A “revolução de
tiara e capa”, prevista pela
Alta Vendita, estava em marcha.
Um
dos primeiros actos da revolução
foi pôr de lado o Terceiro
Segredo de Fátima. Contrariando
as expectativas do mundo
inteiro, a 8 de Fevereiro de
1960 (pouco mais de um ano após
a convocação do Concílio), o
Vaticano divulgava a seguinte
notícia anónima, através da
agência noticiosa A.N.I.:
Cidade do Vaticano, 8
de Fevereiro de 1960
(A.N.I.) -«Acaba de ser
declarado em círculos
altamente fidedignos do
Vaticano que é muito
possível que nunca venha a
ser aberta a carta em que a
Irmã Lúcia escreveu as
palavras que Nossa Senhora
confiou aos três
pastorinhos, como segredo,
na Cova da Iria (...) É
muito provável que o
“Segredo de Fátima” fique
para sempre sob absoluto
sigilo.»
E
encontramos, na mesma
comunicação, o primeiro ataque
directo de fontes do Vaticano à
credibilidade da Mensagem de
Fátima, no seu todo:
Embora a Igreja
reconheça as aparições de
Fátima, Ela não se
compromete a Si própria
garantindo a veracidade das
palavras que os três
pastorinhos dizem ter ouvido
de Nossa Senhora.
Dizem
ter ouvido? Poderia haver
alguma dúvida sobre a veracidade
do seu testemunho, depois do
Milagre do Sol? Poderia alguém
questionar terem eles recebido
do Céu uma profecia autêntica,
sabendo-se que, até então, se
tinham cumprido todas as
predições da Mensagem - desde o
fim iminente da I Guerra Mundial
até ao facto de se espalharem os
erros da Rússia, desde a II
Guerra Mundial até à eleição do
Papa Pio XI?
Este primeiro ataque
declarado contra a Mensagem de
Fátima vindo do interior do
aparelho de Estado do Vaticano
surge em 1960, à medida que o
Vaticano começa a seguir uma
nova orientação da Igreja, que
(como veremos em seguida)
desabrochará com o Concílio
Vaticano II. Consideremos estes
factos, relacionando-os com o
comunicado de 8 de Fevereiro de
1960:
-
Os
documentos do arquivo
oficial de Fátima, que o
Padre Alonso iria compilar
entre 1965 e 1976 (mais de
5.000 documentos, em 24
volumes), serão impedidos de
ser publicados - embora tais
documentos confirmem que as
profecias de Fátima, nas
duas primeiras partes do
Segredo (a eleição do Papa
Pio XI, o desencadear da II
Guerra Mundial, a expansão
do Comunismo pelo mundo,
etc.), tinham sido reveladas
em privado pela Irmã Lúcia
muito antes de se terem
cumprido, e que o seu
testemunho era completamente
correcto e fiável.
O
crime tinha começado. E
agora o motivo para o crime - o
desejo de mudar a orientação da
Igreja, afastando-A das certezas
católicas da Mensagem de Fátima
e aproximando-A de uma
“iluminada” acomodação da Igreja
ao mundo - começaria
resolutamente com o início do
Concílio Vaticano II em 11 de
Outubro de 1962. Recordamos mais
uma vez as palavras da Irmã
Lúcia: que Nossa Senhora
desejava que o Terceiro Segredo
fosse revelado em 1960, porque
seria então “mais claro”. Agora
tornar-se-ia, realmente, muito
claro.
Os “erros da
Rússia” infiltram-se na Igreja
Primeiro, e ainda antes
da abertura do Concílio, houve
mais uma traição à Mensagem de
Fátima - sinal de muitas coisas
sem precedentes que iriam
acontecer. Na primavera de 1962,
em Metz, França, o Cardeal
Eugène Tisserant encontrou-se,
nada mais nada menos, com o
Metropolita Nikodim, da Igreja
Ortodoxa Russa - um agente do
KGB, tal como o eram os outros
prelados ortodoxos. Nesse
encontro, Tisserant e Nikodim
negociaram o que viria a ser
conhecido como o Pacto de Metz,
ou, mais popularmente, o Acordo
Vaticano-Moscovo6. A
existência deste Acordo
Vaticano-Moscovo é um facto
histórico irrefutável, atestado
em todos os seus pormenores por
Monsenhor Roche, secretário
particular do Cardeal Tisserant.
O acordo era
substancialmente o seguinte: o
Papa João XXIII, de acordo com o
seu ardente desejo, seria
“favorecido” com a presença de
dois observadores ortodoxos
russos no Concílio; em troca, a
Igreja Católica concordava que o
Concílio Vaticano II não
condenaria o Comunismo soviético
nem a Rússia soviética.
Significava isto, em essência,
que o Concílio iria comprometer
a liberdade moral da Igreja
Católica ao fingir que aquela
forma mais sistemática do Mal
humano na História da Humanidade
(o Comunismo) não existia -
apesar de, na mesma altura em
que o Concílio iniciava os seus
trabalhos, os Soviéticos
perseguirem, prenderem e
assassinarem milhões de
Católicos.
Restringida assim a
liberdade da Igreja num acordo
com os Comunistas, o Concílio
não fez a menor menção ao
Comunismo. Com tal procedimento,
o Concílio afastou-se dos
ensinamentos do Papa Leão XIII,
do Bem-Aventurado Pio IX, de S.
Pio X e ainda do Papa Pio XI,
que recordaram à Igreja que não
podia deixar de se condenar este
Mal incomparável. Como este
último escreveu na Divini
Redemptoris.
Perigo tão ameaçador,
vós já o compreendestes,
Veneráveis Irmãos, é o
comunismo bolchevista e
ateu, que visa subverter a
ordem social e abalar os
próprios fundamentos da
civilização cristã. Diante
de tal ameaça, não podia
a Igreja Católica silenciar,
e não silenciou.
Não silenciou principalmente
esta Sé Apostólica, que
tem consciência de ser
missão sua especialíssima a
defesa da verdade e da
justiça e de todos os bens
eternos que o comunismo
menospreza e combate7.
E,
contudo, o Concílio não diria
uma única palavra sobre o
Comunismo soviético; pelo
contrário, começaria a época do
“diálogo” com as mesmas forças
às quais a Igreja anteriormente
se tinha oposto.
Porque é que isto
aconteceu? Certamente não foi
por “coincidência” que o
silêncio do Concílio sobre o
Comunismo se sincronizou
perfeitamente com a infiltração
comunista da Igreja Católica -
que, como vimos num capítulo
anterior, fora revelada pouco
antes do Concílio Vaticano II
por testemunhas-chave que não
tinham motivo algum para mentir
(Dodd, Hyde, Golitsyn, Mitrokhin
e outros). Mesmo sem estes
testemunhos, o nosso senso comum
dir-nos-ia que era inevitável
que as forças do Comunismo
(actuando ao lado das da
Maçonaria) tentassem destruir a
Igreja Católica a partir do Seu
interior. Satanás é
suficientemente inteligente para
saber que a Igreja Católica é,
por excelência, a Cidadela que
ele deve tomar de assalto no seu
esforço de conquistar todo o
mundo para o reino das trevas.
Era
esta, pois, a situação da Igreja
no preciso momento em que o
Concílio Vaticano II foi
erradamente forçado a observar
um silêncio vergonhoso quanto ao
Mal do Comunismo. E escusado
será dizer que, sob esse Acordo
Vaticano-Moscovo, a Consagração
da Rússia soviética ao Imaculado
Coração de Maria pelos Padres
conciliares, como meio de
alcançar a sua conversão, estava
absolutamente fora de questão.
Ora este início de viragem para
uma nova orientação da Igreja -
que o Concílio iria acelerar de
forma muito dramática - estava
já em conflito com a Mensagem de
Fátima.
E
assim tem continuado a ser desde
o encontro de Metz, que aumentou
a procura da Ostpolitik,
a política implementada pelo
Secretário de Estado do
Vaticano, sob a qual a Igreja
cessou toda e qualquer
condenação e oposição aos
regimes comunistas,
substituindo-as por “diálogo” e
“diplomacia serena” - uma
política que até hoje tem
silenciado o Vaticano sobre a
violenta perseguição da Igreja
na China comunista.
Assim, em 12 de Outubro
de 1962, dois Padres
representantes da Igreja
Ortodoxa desembarcaram de um
avião no Aeroporto de Fiumicino
para estarem presentes no
Concílio Vaticano II. E o
Concílio começou, tendo
observadores ortodoxos a seguir
as várias sessões,
certificando-se de que o Acordo
Vaticano-Moscovo estava a ser
cumprido. A intervenção escrita
de 450 Padres Conciliares contra
o Comunismo “perdeu-se”
misteriosamente, depois de ter
sido entregue ao Secretariado do
Concílio, e os Padres
Conciliares que se ergueram para
denunciar o Comunismo foram
delicadamente aconselhados a
permanecerem sentados e calados8.
Os
próprios chefes da Igreja tinham
“descido a ponte levadiça” para
os Comunistas entrarem e,
entretanto, Comunistas e Maçons
faziam tudo por tudo para
destruirem a Igreja a partir do
Seu interior (recordem-se as
predições de Bella Dodd):
-
acusando «a ‘Igreja do
passado’ de ser opressiva,
autoritária, cheia de
preconceitos, arrogante ao
afirmar que era a única
possuidora da Verdade, e
responsável pelas divisões
das comunidades religiosas
através dos séculos»;
E
finalmente - como Dodd predisse
- «Os Comunistas explorariam
então esta abertura para
subverterem a Igreja».
Este esforço imenso de
subversão implicaria, em
primeiríssimo lugar, a
implantação da “teologia”
modernista num concílio
ecuménico - tal como o Cónego
Roca e os outros iluminados da
Maçonaria já se tinham gabado de
vir a suceder.
Os
neo-modernistas triunfam no
Vaticano II
A
13 de Outubro de 1962, no dia
seguinte à chegada dos dois
observadores comunistas ao
Concílio - também dia
aniversário do Milagre do Sol em
Fátima -, a História da Igreja e
do mundo foi profundamente
alterada por um acontecimento
aparentemente de importância
menor. Num incidente que ficou
famoso, o Cardeal Liénart, de
França, pegou no microfone para
exigir que fossem postos de lado
os candidatos propostos pela
Cúria Romana para secretariarem
as comissões preparatórias do
Concílio, e que se fizesse uma
nova escala de candidatos. A
exigência foi aceite e a eleição
adiada. E quando, finalmente, se
fez a eleição, quem foi eleito
pelas maiorias ou quase maiorias
para as comissões conciliares
foram os liberais - muitos dos
quais se contavam entre aqueles
“inovadores” contra quem
protestara o Papa Pio XII. Os
esquemas preparatórios
tradicionalmente formulados para
o Concílio foram rejeitados,
pelo que o Concílio começou
literalmente sem qualquer agenda
escrita, deixando o caminho
aberto a documentos inteiramente
novos - escritos, agora, pelos
liberais.
É
bem conhecido, e foi já
impecavelmente documentado9,
que um grupo de periti
(especialistas) e Bispos
liberais se encarregou então de
liderar o Concílio Vaticano II
com uma agenda de trabalhos que
“re-fazia” a Igreja à imagem e
semelhança deles, através da
implementação de uma “nova
teologia”. Quanto a este ponto,
unanimemente concordam tanto
defensores como críticos do
Vaticano II. No seu livro
Vatican II Revisited, o
Bispo Aloysius J. Wycislo (um
defensor rapsódico da revolução
conciliar) declara, com um
entusiasmo atordoado, que
«teólogos e eruditos bíblicos
que estavam ‘mal vistos’ desde
há vários anos reapareceram como
periti (especialistas
em Teologia e conselheiros dos
Bispos no Concílio), e os seus
livros e comentários
post-Vaticano II tornaram-se uma
leitura popularizada»10.
Notou ainda Aloysius
Wycislo que «a encíclica
Humani Generis do Papa Pio
XII teve (…) um efeito
devastador no trabalho de um
número considerável de teólogos
pré-conciliares»11,
explicando: «Durante os
trabalhos preparatórios iniciais
do Concílio, aqueles teólogos
(na maioria franceses, mas
também alguns alemães), cujas
actividades tinham sido
limitadas pelo Papa Pio XII,
ainda continuavam mal vistos. O
Papa João levantou discretamente
a proibição que afectava alguns
dos mais influentes. Todavia,
outros continuaram a ser
suspeitos aos olhos dos
responsáveis do Santo Ofício»12.
Neste ponto, o testemunho
directo de Monsenhor Rudolf
Bandas, ele próprio um
peritus conciliar, é de
importância decisiva para o
nosso caso:
Certamente o bom Papa
João pensava que estes
teólogos suspeitos viriam a
rectificar as suas ideias e
a prestar um autêntico
serviço à Igreja. Mas
aconteceu exactamente o
contrário. Apoiados por
certos Padres Conciliares
renanos e comportando-se,
muitas vezes, de forma
abertamente grosseira, eles
viravam-se e exclamavam:
«-Olhai, fomos nomeados
peritos, as nossas ideias
foram aprovadas» (…) Quando,
no primeiro dia da quarta
sessão, entrei na minha
tribuna no Concílio, a
primeira declaração, emanada
do Secretário de Estado, era
a seguinte: «Não serão
nomeados mais periti».
Mas já era tarde
demais. Já tinha começado a
grande confusão. Já se via
claramente que eles não
permitiriam que nem
Trento, nem o Vaticano I,
nem qualquer encíclica lhes
impedisse o avanço13.
De
facto, o próprio Papa João XXIII
sentia-se contente ao anunciar
que, a partir deste Concílio, a
Igreja - coisa inexplicável -
deixaria de condenar o erro e de
se preocupar com o estado em que
se encontrava o mundo:
Hoje em dia (…) a
Esposa de Cristo prefere
usar o remédio da
misericórdia às armas da
severidade. Ela considera
que vai ao encontro das
necessidades do tempo
presente ao demonstrar a
validade dos Seus
ensinamentos, em vez de usar
de condenações (…) Sentimos
que devemos discordar
daqueles profetas da
desgraça, que estão sempre a
profetizar desastres, como
se o fim do mundo estivesse
próximo14.
Mas
o optimismo do Papa João XXIII
contrastava nitidamente com o
profundo alarme que, acerca do
estado do mundo, se encontrava
em muitas declarações dos seus
predecessores imediatos (para
não falar na própria Mensagem de
Fátima). Consideremos alguns
exemplos:
O
Papa S. Pio X:
Sentimos uma espécie
de terror ao considerar a
situação desastrosa da
Humanidade no tempo
presente. Poderemos ignorar
um mal tão profundo e grave
que nestre momento, muito
mais do que no passado, está
a cavar no seu íntimo e a
levá-la à ruína? (…) Na
verdade, quem ponderar estas
coisas deve necessária e
firmemente temer se uma
tal perversão das
mentalidades não é um sinal
anunciador, e o começo dos
últimos tempos (…) [E
Supremi]. (Ênfase
acrescentada)
O
Papa Pio XI:
Excluídos da
legislação e dos negócios
públicos Deus e Jesus
Cristo, e derivando, os que
regem, o seu poder, não já
do alto, mas dos homens,
aconteceu que ruiu o próprio
fundamento da autoridade, em
conseqüência de estar
removida a razão fundamental
do direito que a uns assiste
de mandar, e da obrigação
conseqüente que têm outros
de obedecer. Seguiu-se daí
forçosamente um abalo na
humana sociedade inteira,
falha assim de amparo e
sustentáculo firme [Quas
Primas].
O
Papa Pio XII (depois do
fim da 2ª Guerra Mundial):
Estamos esmagados
pela tristeza e pela
angústia, ao ver que a
maldade de homens perversos
atingiu um grau de impiedade
que é inacreditável e
absolutamente desconhecido
noutras épocas [Carta
de 11 de Fevereiro de 1949].
(Ênfase acrescentada)
Conheceis muito bem,
Veneráveis Irmãos, que o
gênero humano quase todo
tende hoje ràpidamente a
separar-se em dois opostos
campos de batalha, por
Cristo ou contra Cristo.
Vê-se agora num momento
decisivo, de que há de
sair ou a salvação de Cristo
ou tremenda ruína. [Evangelii
Praecones, 1951].
(Ênfase acrescentada)
Claro que não deixaria de
haver inúmeras batalhas no
Concílio Vaticano II, entre o
Grupo Internacional de Padres
que lutavam pela defesa dos
dogmas da Fé e da Tradição
Católica, e o grupo progressista
do Reno. Tragicamente, foi o
elemento liberal e modernista
quem prevaleceu, num processo
desencadeado pelo optimismo do
Papa João XXIII, para quem a
verdade havia de vencer pela sua
própria energia, sem a ajuda de
quaisquer “terapias”
condenatórias por parte do
Magisterium. Wycislo canta os
louvores dos progressistas
triunfantes, tais como Hans
Küng, Karl Rahner, John Courtney
Murray, Yves Congar, Henri De
Lubac, Edward Schillebeeckx e
Gregory Baum, que tinham sido
considerados suspeitos antes do
Concílio (e com boas razões) e
que agora eram as luminárias que
dirigiam a teologia
post-Vaticano II15.
Com
efeito, aqueles mesmos que o
Papa Pio XII considerava inaptos
para percorrerem as vias do
Catolicismo eram agora quem tudo
controlava. E como para coroar o
seu sucesso, tanto o
Juramento Anti-Modernista
como o Índice de Livros
Proibidos foram
discretamente suprimidos logo a
seguir ao encerramento do
Concílio - decisão que o Bispo
Graber considerou
“incompreensível”16.
O Papa S. Pio X tinha-o predito
correctamente: a falta de
vigilância das autoridades
ocasionara o regresso em força
do Modernismo.
Dois exemplos flagrantes de
Neo-Modernistas “reabilitados”
Consideremos dois
exemplos de “novos” teólogos
deixados na Igreja com liberdade
para fazerem o seu trabalho de
destruição: Dominique Chenu e
Hans Küng.
Chenu era um defensor da
Nova Teologia que Henri De Lubac
celebrizara, tendo sido
condenado pelas suas ideias
progressistas em 1942, no
pontificado do Papa Pio XII17.
O seu livro Une école de
théologie foi colocado no
Índice de Livros Proibidos, e
ele foi demitido do cargo de
reitor do Colégio Dominicano de
Le Saulchoir18. O
Padre David Greenstock, no seu
artigo de 1950, no Thomist,
contra a Nova Teologia de Chenu
e de De Lubac, explicou os
perigos do sistema que
apresentavam e a razão para que
fosse condenada. Greenstock
sublinhou que os partidários da
Nova Teologia rejeitam a
filosofia aristotélico-tomista
em favor das filosofias
modernas, dizendo eles que tal é
necessário para apelar ao “homem
moderno” que considera a
filosofia tomista “irrelevante”.
O resultado foi abalar a
Teologia Católica, que ficou
“deslocada” da firmeza dos seus
fundamentos filosóficos e
“mudada” para os sistemas
filosóficos fluidos do século XX
- muitos dos quais se
fundamentam no ateísmo e no
agnosticismo.
Chenu também rejeitou a
imutabilidade da Doutrina
Católica, afirmando que a fonte
de toda a teologia não é o dogma
imutável, mas sim a vida vital19
da Igreja nos seus membros, a
qual não pode separar-se da
História. Assim, estritamente
falando - diz Greenstock -,
Chenu considerava que «a
teologia é a vida dos membros da
Igreja, e não uma série de
conclusões tiradas de dados
revelados, com a ajuda da razão»
- um princípio que é
escorregadio, impreciso e
erróneo. Conclusão: Chenu
sustentava que a religião pode
mudar com os tempos e deve mudar
com os tempos, segundo as
exigências das circunstâncias.
Greenstock explicou ainda
que os partidários desta Nova
Teologia são ao mesmo tempo
heterodoxos e fraudulentos: «A
principal luta com que se debate
o partidário deste novo
movimento» - escreveu ele - «é
que a teologia, para sobreviver,
tem de caminhar com os tempos.
Por outro lado e
simultaneamente, [esses
teólogos] têm muito cuidado em
repetir todas as proposições
fundamentais da teologia
tradicional, quase como se não
houvesse qualquer intenção de a
atacar. Isto é completamente
verdade no caso de autores como
os Padres De Lubac, Daniélou,
Rahner, (…) E todos eles estão,
sem dúvida, no centro deste
movimento»20.
Em
1946, o eminente teólogo
dominicano Padre Reginald
Garrigou-Lagrange, no seu famoso
ensaio “Para onde nos leva a
Nova Teologia?”21,
demonstrou que os difusores da
Nova Teologia (Blondel, De
Lubac, Chenu) pervertem
inteiramente o conceito da
imutabilidade da Verdade. Assim,
avisava ele, a Nova Teologia só
pode levar-nos numa única
direcção - em linha recta para o
Modernismo.
Enquanto tudo isto se
passava, os Padres Chenu e De
Lubac iam recebendo,
encobertamente, protecção e
encorajamento do Cardeal Suhard,
Arcebispo de Paris. Foi ele que
disse a Chenu que não se
preocupasse, porque «Daqui a
vinte anos, toda a gente na
Igreja há-de falar como você».
Como podemos ver, o Cardeal
predisse com exactidão a invasão
da Igreja pelo pensamento
neo-modernista: a maior
parte dos Clerigos de hoje fala,
como Chenu. No início da década
de 60, o Padre Chenu foi um de
muitos teólogos radicais
convidados pelo Papa João XXIII
para o Concílio Vaticano II - no
fim do qual, graças à orientação
progressista do Concílio, o
Padre Chenu viu muitas das suas
teorias, outrora formalmente
condenadas, a fazer parte dos
novos ensinamentos do Vaticano
II, em especial integradas em
Gaudium et Spes. Chenu
relata alegremente que,
precisamente, aqueles pontos que
fizeram com que a sua obra fosse
condenada em 1942 foram
exactamente os mesmos a ser
agora promovidos por membros da
Hierarquia, em nome do Concílio22.
Quanto a Hans Küng, a
“luminária” do período
post-conciliar - trabalhou no
Concílio juntamente com outros
radicais, como Congar,
Ratzinger, Rahner e
Schillebeeckx. Nos anos 70,
porém, como Küng tivesse ido
“longe demais”, foi censurado
pelo Vaticano devido a algumas
ideias heréticas, incluindo as
seguintes: rejeição da
infalibilidade da Igreja; a
ideia de que os Bispos não
recebem de Cristo a autoridade
que têm para ensinar; a sugestão
de que qualquer leigo baptizado
tem o poder de consagrar a
Sagrada Eucaristia; a negação de
que Cristo é “consubstancial” ao
Pai; o lançar em descrédito
doutrinas (não especificadas)
sobre a Virgem Maria23.
Mas
é bom sublinhar que estas são
só algumas das opiniões
heréticas de Küng, as únicas a
serem mencionadas nas sanções do
Vaticano. Assim sendo, o
Vaticano deixou intactas, na
prática, as outras teses
heterodoxas de Küng. Por
exemplo, num dos seus livros
mais famosos, intitulado On
Being a Christian, Hans
Küng:
Küng nunca retractou
estas declarações não-ortodoxas
e heréticas. Além disso,
solicitou publicamente que fosse
feita uma revisão dos
ensinamentos da Igreja sobre
temas como a infalibilidade do
Papa, o controlo da natalidade,
o celibato obrigatório dos
Padres, e o sacerdócio das
mulheres. Apesar desta rejeição
descarada dos ensinamentos da
Igreja, a única sanção que o
Vaticano chegou a aplicar a Küng
foi “não ter autorização” para
ser considerado um teólogo
católico e, assim sendo, não
poder ensinar Teologia em
nenhuma Universidade Católica.
Esta “sanção” acabou por ser
diluída, quando a Universidade
de Tübingen (a sua alma
mater) o manteve como
membro do corpo docente, tendo
simplesmente reestruturado uma
parte da Universidade para que
Küng, uma grande celebridade, aí
pudesse continuar a ensinar -
naquela parte da Universidade
hoje oficialmente classificada
como escola “secular”.
Neste entretanto, o
Vaticano nunca condenou Küng
como herege, nunca o excomungou
(como o Direito Canónico prevê),
nunca ordenou que os seus livros
fossem retirados das bibliotecas
dos Seminários e Universidades
católicos (onde ainda hoje se
encontram em abundância), nunca
o impediu de ser
conferencista-convidado em
instituições católicas, nunca
causou impedimentos à publicação
de artigos seus na Concilium
ou noutras publicações
“católicas” progressistas. O
Padre Hans Küng nem sequer foi
suspenso. Pelo contrário, ainda
hoje é Sacerdote em exercício na
diocese de Basileia, e não há
outras sanções canónicas
levantadas contra ele.
Isto quer dizer que um
Padre que continua a vomitar o
seu veneno herético para cima de
qualquer um ao seu alcance
continua a ser autorizado a
presidir a liturgias públicas, a
pregar e a aconselhar nas
confissões. No Vaticano, a
Congregação para o Clero,
dirigida pelo Cardeal Castrillón
Hoyos, deixa-o “intocável”.
Portanto, apesar da leve
“condenação” do Vaticano, Küng
conserva o acesso a uma grande
variedade de “canais” influentes
que disseminam a sua venenosa
doutrina por toda a Igreja.
Diz-se até que foram as
“descobertas teológicas” de Hans
Küng sobre a natureza da Igreja
que forneceram a “base
teológica” que tornou possível o
Acordo “Luterano-Católico”, em
1999.
E
mais: em 1998, o Cardeal Sodano
- Secretário de Estado do
Vaticano e o prelado mais
poderoso da Igreja - teceu
louvores a Küng em discurso
público na Basílica de S. João
de Latrão, elogiando as suas
«belas páginas dedicadas ao
Mistério Cristão»25.
O Cardeal Sodano também se
referiu a Küng como “o teólogo
alemão”, embora ele tivesse sido
(supostamente) privado desse
título. (Este é o mesmo Cardeal
Angelo Sodano que, em última
análise, está por detrás da
actual perseguição feita ao
Padre Nicholas Gruner e ao seu
Apostolado de Fátima, como
veremos).
Ora
a condenação de 1942, com que o
Vaticano fulminava Chenu, foi
muito mais severa do que a de
Küng. Mas Chenu não só lhe
“sobreviveu”, como até veio a
ser um grande nome da Igreja
Conciliar, sem nunca ter
renunciado às suas ideias
erróneas. O mesmo sucedeu com
Rahner, Congar, De Lubac e von
Balthasar, todos eles
teologicamente suspeitos antes
do Concílio, e gozando depois de
grande prestígio - embora não
tivessem sequer abandonado uma
só das suas opiniões
heterodoxas. Mesmo alguém como
Küng tem razões para acreditar
que qualquer pequena condenação
que ele sofra não passará de um
inconveniente temporário, um
contratempo aborrecido, o
destino de todos os verdadeiros
“profetas”. Assim como Chenu viu
as suas ideias heréticas
acabarem por se impor graças a
um Concílio revolucionário, da
mesma maneira Küng pode
respirar, a plenos pulmões, a
esperança de que, num futuro não
muito distante, os seus erros
venham eventualmente a ser
adoptados de facto pelo
Catolicismo “corrente” - mesmo
que não fiquem a ser
ensinamentos do autêntico
Magisterium, que nunca poderia
impor tais erros à Igreja.
Os Neo-Modernistas aclamam a
“nova” Igreja do Vaticano II
Foi, pois, com fortes
motivos para tal, que os
progressistas - como o Cardeal
Suenens, Küng, Louis Bouyer e
Yves Congar - celebraram o
Concílio Vaticano II como uma
Revolução, como a morte de uma
era e o começo de outra:
-
O
Cardeal Suenens, que gozava
de grande influência sobre o
Papa Paulo VI e que é o
ídolo dos que se
auto-denominam
“Carismáticos” dentro da
Igreja, alegrou-se pelo
facto de o Vaticano II ter
marcado o fim tanto da Época
Tridentina como da era do
Vaticano I26.
-
Hans Küng vangloriou-se
porque, «Comparado com a
época Post-Tridentina da
Contra-Reforma, o Concílio
Vaticano II representa, nas
suas características
fundamentais, uma
reviravolta de 180 graus (…)
É uma nova Igreja, a que
nasceu depois do Concílio
Vaticano II»27.
Estas declarações são
sobremaneira ousadas, quando
consideramos que os Concílios de
Trento e do Vaticano I são
Concílios dogmáticos, cujos
ensinamentos não podem nunca ser
mudados, ignorados ou
reinterpretados em nome de um
“conhecimento mais profundo”. O
Concílio Vaticano I declarou
infalivelmente:
Sempre se deve ter
por verdadeiro sentido dos
dogmas aquêle que a Santa
Madre Igreja uma vez tenha
declarado, não sendo jamais
permitido, nem a título de
uma inteligência mais
elevada, afastar-se dêste
sentido30.
Todavia, os modernistas -
tal como avisara o Papa S. Pio X
- não aceitam nada como fixo ou
imutável. O seu princípio mais
importante é o da “evolução do
dogma”. Defendem a noção de que
a religião deve mudar à medida
que os tempos mudam. A este
respeito, bem como a respeito de
muitos outros pontos, os
impulsionadores do Vaticano II
revelam-se como pessoas
embebidas no erro do Modernismo.
Maçons e
Comunistas exultam
Juntamente com os
neo-modernistas, tanto Maçons
como Comunistas exultaram com o
resultado do Concílio. Tal como
os autores da The Permanent
Instruction of the Alta Vendita
tinham desejado, tal como
os infiltrados comunistas a que
Bella Dodd se referiu tinham
desejado, as noções da cultura
liberal tinham finalmente ganho
apoiantes ao mais alto nível da
Hierarquia Católica. Maçons e
Comunistas celebraram a
espantosa reviravolta trazida
pelo Concílio. Alegram-se ao ver
que, finalmente, os Católicos
“viram a luz”, pois que muitos
dos seus princípios maçónicos
foram aceites pela Igreja.
Por
exemplo, Yves Marsaudon, do Rito
Escocês, no seu livro
Ecumenism Viewed by a
Traditional Freemason,
louvou o ecumenismo nascido do
Concílio Vaticano II. Escrevia
ele:
Os Católicos (…) não
devem esquecer que todos os
caminhos levam a Deus. E vão
ter de aceitar que esta
corajosa ideia do livre
pensamento, a que podemos
realmente chamar uma
revolução, difundida através
das nossas lojas maçónicas,
se espalhou de forma
magnífica por sobre a cúpula
de S. Pedro31.
Yves Marsaudon
deleitava-se ao acrescentar que
«Pode-se dizer que o ecumenismo
é o filho legítimo da Maçonaria»32.
O
espírito de dúvida e de
revolução característico do
Post-Vaticano II alegrou,
obviamente, o coração do maçon
francês Jacques Mitterand, que
escreveu com aprovação:
Alguma coisa mudou
dentro da Igreja, e as
respostas dadas pelo Papa às
questões mais urgentes, como
o celibato dos Padres e o
controlo da natalidade, são
debatidas vigorosamente no
seio da própria Igreja; a
palavra do Sumo Pontífice é
questionada pelos Bispos,
pelos Padres, pelos fieis.
Para um maçon, um homem que
questiona o dogma já é um
maçon sem avental33.
O
francês Marcel Prelot, Senador
pela Região de Doubs, é
provavelmente o mais exacto ao
descrever o que realmente
aconteceu. Escreveu ele:
Lutámos durante
século e meio para fazer
vingar as nossas opiniões
dentro da Igreja e não o
conseguimos. Finalmente,
chegou o Vaticano II e nós
triunfámos. A partir daí, as
proposições e os princípios
do Catolicismo liberal foram
definitiva e oficialmente
aceites pela Santa Igreja34.
Os
Comunistas ficaram igualmente
deliciados com os resultados do
Concílio. Como declarou o
Partido Comunista Italiano no
seu 11º Congresso, em 1964: «O
extraordinário ‘despertar’ do
Concílio, que pode comparar-se
com exactidão aos Estados Gerais
de 1789, mostrou a todo o mundo
que a velha Bastilha
político-religiosa foi abalada
até aos alicerces»35.
L'Unità, jornal oficial
do Partido Comunista Italiano,
teve o descaramento de, a
respeito do Arcebispo Marcel
Lefebvre - que chefiava a
oposição tradicionalista contra
os liberais conciliares e tinha
proposto que o Concílio
condenasse o Comunismo -,
aconselhar o Papa Paulo VI:
«Tende consciência do perigo que
Lefebvre representa. E continuai
o magnífico movimento de
aproximação começado com o
ecumenismo do Vaticano II»36.
Uma “orientação”
completamente nova para a Igreja
As
manifestações públicas de
contentamento feitas pelas
luminárias neo-modernistas,
pelos Comunistas e pelos Maçons
a respeito do Vaticano II não
são de admirar. Era óbvio, para
quem tivesse olhos para ver, que
o Concílio Vaticano II parecia
adoptar ideias que tinham sido
condenadas pelo Bem-Aventurado
Papa Pio IX no Syllabus dos
Erros, mas que estavam em
concordância com o
Pensamento modernista.
(Como explicaremos mais adiante,
o próprio Cardeal Ratzinger
descreveu certos aspectos dos
ensinamentos do Concílio como
sendo um “contra-Syllabus”).
Claro que isto não aconteceu por
acaso, mas de propósito. No
Vaticano II, os progressistas
procuraram evitar declarações
directas que se visse facilmente
serem erros modernistas
condenados; do mesmo modo,
“plantaram” deliberadamente
ambiguidades nos textos
conciliares que tencionavam
explorar depois do Concílio37.
Utilizando ambiguidades
deliberadas, os documentos
conciliares promoveram um
ecumenismo que fora condenado
pelo Papa Pio IX, uma liberdade
religiosa para falsas seitas que
os Papas do Século XIX
(especialmente o Bem-Aventurado
Pio IX) tinham condenado, uma
nova liturgia segundo as
orientações do Protestantismo e
do ecumenismo, a que o Arcebispo
Bugnini38 chamou «uma
conquista da maior importância
para a Igreja Católica», uma
colegialidade que ataca o cerne
da primazia papal, e uma «nova
atitude para com o mundo» -
especialmente em Gaudium et
Spes, um dos mais radicais
documentos conciliares. Até o
Cardeal Ratzinger admitiu que a
Gaudium et Spes está
permeada pelo espírito de
Teilhard de Chardin39.
O
resultado de tudo isto foi, nada
mais nada menos, do que uma
orientação inteiramente nova
para a Igreja: aquilo a que o
Papa Paulo VI chamou “abertura
ao mundo”. Todavia, como o
próprio Papa Paulo VI foi
forçado a admitir, a abertura ao
mundo provou ser um erro de
cálculo absolutamente
desastroso.
O Papa Paulo VI
admite que a Igreja
foi invadida pelo pensamento
mundano
Como até o Papa Paulo VI
admitiu oito anos após o
Concílio, «a abertura ao mundo
tornou-se uma verdadeira invasão
da Igreja pelo pensamento
mundano. Fomos talvez demasiado
fraco e imprudente.» Mas já três
anos depois do Concílio o Papa
Paulo VI tinha admitido que «A
Igreja está num período agitado
de autocrítica, que poderia
antes chamar-se auto-demolição»40.
E em 1972, talvez no mais
espantoso comentário jamais
feito por um Pontífice Romano,
Paulo VI lamentou que «Por
alguma fresta o fumo de Satanás
entrou no Templo de Deus»41.
Consideremos algumas das
razões manifestas para as
confissões estarrecedoras do
Papa Paulo VI.
A
Igreja “abre-se” ao “diálogo”
com Comunistas e Maçons, seus
inimigos
Com
o Vaticano II começou a grande
empresa de colaboração com as
forças do mundo, a grande
abertura ao mundo. Em parte
alguma é isto mais visível do
que na própria encíclica
Gaudium et Spes, que
declara: «Por meio de estudo
constante, eles» - isto é, todos
os Padres da Igreja Católica,
todos os Bispos, todos os
membros da Hierarquia - «devem
estar preparados para fazerem
por estabelecer diálogo com o
mundo e com homens de todos os
géneros de opiniões».
Não
faltará neste momento quem diga:
-Mas que mal tem a colaboração
pacífica e o diálogo com homens
de todos os géneros de opiniões,
em assuntos em que a Igreja
possa encontrar uma espécie de
acordo básico? Ora, também aqui
os Papas pré-conciliares nos
alertaram para mais um dos
truques e enganos do Demónio,
sob a aparência do Bem. Falando
precisamente sobre este apelo à
colaboração e ao diálogo com os
Comunistas em causas que
supostamente são comuns a toda a
Humanidade - o que, na verdade,
é o apelo do Demónio para que a
Igreja deponha as armas e se
junte ao inimigo -, o Papa Pio
XI avisou-nos da seguinte
maneira na Divini
Redemptoris:
O comunismo
manifestou-se no comêço tal
qual era em tôda a sua
perversidade, mas logo
percebeu que assim afastava
de si os povos; mudou então
de tática, e procura
ardilosamente atrair as
multidões, ocultando os
próprios intuitos atrás de
ideias, em si boas e
atraentes. (...) Assim sob
denominações várias, que nem
sequer fazem alusão ao
comunismo, fundam
associações e periódicos,
que, na verdade, servem só
para fazer penetrar suas
idéias em meios que doutra
forma lhes seriam menos
acessíveis; procuram até
infiltrar-se insidiosamente
em associações católicas e
religiosas. Assim, em alguns
lugares, mantendo-se firmes
em seus perversos
princípios, convidam os
Católicos a colaborar com
êles, no chamado campo
humanitário e caritativo,
propondo por vêzes coisas em
tudo até conformes ao
espírito cristão e à
doutrina da Igreja. (...)
Velai, Veneráveis Irmãos,
por que se não deixem iludir
os fiéis.
Intrìnsecamente mau é o
comunismo, e não se pode
admitir, em campo algum, a
colaboração recíproca, por
parte de quem quer que
pretenda salvar a
civilização cristã42.
O
Papa Pio XI não podia ter sido
mais claro quanto ao dever de
evitar o “diálogo” e a
colaboração com Comunistas. E
por que razão? «Diz-me com quem
andas, e dir-te-ei quem és,» ou,
como dizem os italianos,
Dimmi con chi vai, e ti dirò che
sei. Como o Papa Pio XI
reconheceu, quem se associa a um
certo tipo de pessoas acaba
inevitavelmente por ser
influenciado, mesmo contra
vontade, a tornar-se como elas.
Quem colabora com as forças do
mundo defrontará a tendência
destas para o seduzir, e ficará
como elas. Se a Igreja Se abre
ao mundo no sentido de cessar a
Sua oposição aos poderes a que
Ela anteriormente se opôs, e se
a Igreja agora disser que
passará a colaborar e a dialogar
com os Seus inimigos, os membros
da Igreja ficarão, a seu tempo,
como aqueles a que dantes se
opunham. Deste modo, a abertura
ao mundo resultará em a Igreja
ficar como o mundo - como até o
Papa Paulo VI se viu obrigado a
admitir na declaração supra
citada.
A Igreja
“reconcilia-se” com o
Liberalismo
Os “conservadores” que
negam que o Vaticano II
constitui uma quebra da
tradição, ou que contradiz
ensinamentos anteriores,
certamente não escutaram os
promotores e agitadores do
Concílio, que confessam
desavergonhadamente a verdade.
Yves Congar, um dos “peritos” do
Concílio e o principal dos
artesãos das reformas
conciliares, confessou com uma
satisfação discreta que «A
Igreja teve pacificamente a sua
Revolução de Outubro»43.
Congar admitiu também, como se
fosse algo de que devesse
orgulhar-se, que a
Declaração sobre a Liberdade
Religiosa do Vaticano II é
contrária ao Syllabus
do Papa Pio IX44. E
acrescentou:
Não pode negar-se que
a afirmação da liberdade
religiosa pelo Vaticano II
diz materialmente uma coisa
muito diferente da que o
Syllabus de 1864 disse,
e até mesmo o oposto das
proposições 16, 17 e 19
deste documento45.
Congar sugere
jubilosamente que o Vaticano II
desfez uma condenação papal de
erro que era infalível.
Particularmente notáveis
são as declarações do Cardeal
progressista Suenens, um dos
prelados mais liberais do século
XX e, além disso, um Padre
Conciliar, que escreveu com
alegria dos antigos regimes que
vieram a ser demolidos. As
palavras que usou para louvar o
Concílio são excepcionalmente
reveladoras, talvez as mais
arrepiantes e as mais
condenatórias de todas. Declarou
Suenens que “o Vaticano II é a
Revolução Francesa da Igreja”46.
E há poucos anos, o
próprio Cardeal Ratzinger,
aparentemente não perturbado por
tais afirmações,
acrescentou-lhes uma da sua
lavra. Segundo ele, o texto do
Vaticano II Gaudium et Spes
não é senão um “contra-Syllabus”.
Escreveu:
Se é desejável
apresentar um diagnóstico do
texto (Gaudium et Spes),
no seu todo, podemos dizer
que (de conjunção com os
textos da liberdade
religiosa e com as religiões
do mundo) é uma revisão do
Syllabus de Pio IX,
uma espécie de
contra-Syllabus ...
Limitemo-nos a dizer aqui
que o texto serve de
contra-Syllabus
e, como tal, representa
uma tentativa da parte
da Igreja de uma
reconciliação oficial com a
nova era inaugurada em
1789... a posição unilateral
adoptada pela Igreja
desde Pio IX e Pio X, em
resposta à situação criada
pela nova fase da história
pela Revolução Francesa, foi
corrigida em larga
medida pelos factos,
especialmente na Europa
Central, mas ainda não havia
uma declaração básica sobre
a relação que devia existir
entre a Igreja e o mundo que
surgira depois de 1789. De
facto, continuou a
existir nos países com uma
forte maioria católica uma
atitude que era largamente
pré-revolucionária.
Quase ninguém negará hoje
que as Concordatas
espanholas e italianas
fizeram por conservar
demasiado de uma visão do
mundo que já não
correspondia aos factos.
Quase ninguém negará hoje
que, no campo da educação e
com respeito ao método
histórico-crítico da ciência
moderna, existiam
anacronismos que
correspondiam de perto a
esta aderência a uma
relação obsoleta entre a
Igreja e o Estado47.
Repare-se na pura audácia
de um Cardeal que chama
“unilaterais”, nos seus esforços
para proteger a Igreja dos erros
do liberalismo e do modernismo,
a dois dos maiores Papas da
história da Igreja! Segundo o
Cardeal Ratzinger, no Vaticano
II a Igreja fez uma “tentativa”
para “corrigir” e “contradizer”
os ensinamentos do
Bem-Aventurado Pio IX e de S.
Pio X, e, pelo contrário, para
se reconciliar com a
Revolução Francesa e com o
Iluminismo.
Mas
este era exactamente o objectivo
da Instrução Permanente,
o plano maçónico de
subversão da Igreja! Foi
precisamente por isso que, no
Syllabus de Erros, o
Bem-Aventurado Pio IX condenou a
proposição de que «O pontífice
romano póde e deve
reconciliar-se e conformar-se
com o progresso, com o
liberalismo e com a moderna
civilisação.» (Proposição
Condenada Nº 80). E S. Pio X, na
sua encíclica Notre Charge
Apostolique, condenou o
movimento do Sillon em França,
censurando os seus membros
porque «Não temem empreender
reconciliações blasfemas entre o
Evangelho e a Revolução».
Mas, segundo o Cardeal
Ratzinger, “não pode haver
um regresso ao Syllabus,
que pode ter marcado a primeira
fase no confronto com o
liberalismo mas não pode ser a
última fase”48. E o
que é esta última “fase” no
“confronto com o liberalismo”?
Aparentemente, sob o ponto de
vista do Cardeal Ratzinger, é a
aceitação por parte da
Igreja daquelas ideias que Ela
anteriormente condenara!
Confrontar o liberalismo
reconciliando-se com ele?
Que espécie de linguagem é esta?
A “confrontação” de Ratzinger
com o liberalismo não passa de
uma rendição vergonhosa.
Além do mais, na opinião
do Cardeal Ratzinger, não só as
condenações do liberalismo no
Syllabus do
Bem-Aventurado Pio IX, mas
também os ensinamentos
anti-modernistas de S. Pio X na
Pascendi devem agora
ser considerados ultrapassados.
Em 1990, a Congregação para a
Doutrina da Fé divulgou uma
“Instrução sobre a Vocação
Eclesiástica do Teólogo”. Ao
explicar a Instrução à imprensa,
o Cardeal Ratzinger declarou que
certos ensinamentos do
Magistério «não eram
considerados como a palavra
final sobre o assunto como tal,
mas serviam antes de ancoragem
no problema, e sobretudo como
uma expressão de prudência
pastoral, uma espécie de
disposição temporária»49.
Como exemplos destas
“disposições temporárias”,
Ratzinger citou «as declarações
dos Papas durante o último
século sobre a liberdade
religiosa, assim como as
decisões anti-modernistas do
começo deste século ...»50
- ou seja, os ensinamentos
anti-modernistas de S. Pio X no
início da década de 1900.
Estes comentários do
Cardeal Ratzinger deveriam
perturbar qualquer Católico, não
só por admitirem que o Concílio
abraçou um objectivo preferido
dos inimigos da Igreja, mas
ainda por virem do homem que,
como chefe da Sagrada
Congregação para a Doutrina da
Fé (CDF), está supostamente
encarregado de guardar
a pureza da doutrina católica. E
este, como veremos mais adiante,
é o mesmo homem que comandou o
ataque para desfazer a
compreensão tradicional católica
da Mensagem de Fátima.
É
abandonado o ensinamento de que
a Igreja Católica Romana é
exclusivamente
a única e verdadeira Igreja de
Cristo
Assim como a tentativa de
reconciliar a Igreja com os
princípios da Revolução Francesa
neutralizaria a oposição,
outrora firme, da Igreja aos
erros da idade moderna, também a
“aventura ecuménica” lançada no
Concílio depressa levaria ao
abandono de facto de
todos os esforços para converter
os protestantes e cismáticos à
Fé Católica - como no caso da
conversão da Rússia.
Ao
mesmo tempo que o Concílio
adoptava o “movimento ecuménico”
- apenas 35 anos depois de o
Papa Pio XI o ter condenado na
sua encíclica Mortalium
Animos - o documento
conciliar Lumen Gentium
confundiu por completo a
doutrina da Igreja Católica como
sendo a única Igreja verdadeira.
Segundo a Lumen Gentium,
«a Igreja de Cristo...
subsiste na Igreja
Católica». (ênfase acrescentada)
Isto é de espantar. Por
que razão o documento não
proclama claramente o que a
Igreja Católica sempre ensinou,
como transparece das encíclicas
de Pio XII - ou seja, que a
única e verdadeira Igreja de
Cristo é a Igreja
Católica51? Para quê
empregar um termo favorável ao
erro progressista de que a
Igreja de Cristo é, na
realidade, maior do que
a Igreja Católica, de modo que
as seitas cismáticas e
protestantes são “de certa
maneira misteriosa” parte da
Igreja de Cristo, ou ligadas a
ela? Este erro, baseado no uso
da palavra “subsiste” pelo
Vaticano II, é anunciado aos
quatro ventos pelo Padre Avery
Dulles, recentemente feito
Cardeal pelo Papa João Paulo II:
A Igreja
de Jesus Cristo não é
exclusivamente idêntica à
Igreja Católica Romana.
Subsiste realmente
no Catolicismo Romano,
mas também está presente de
vários modos e graus noutras
comunidades cristãs, de
tal modo que estas são
também o que Deus iniciou em
Jesus e são obedientes
às inspirações do Espírito
de Cristo. Em resultado da
sua partilha comum da
realidade da Igreja única,
as diversas comunidades
cristãs já têm umas com as
outras uma comunhão
verdadeira, embora
imperfeita52.
(Ênfase acrescentada)
Da
mesma maneira, o Cardeal
Ratzinger adopta mais uma vez as
ideias da “nova teologia”. Numa
entrevista ao jornal alemão
Frankfurter Allgemeine Zeitung,
disse o seguinte:
Quando os Padres
Conciliares substituíram a
palavra “est” pela palavra
“subsistit” (subsiste),
fizeram-no por uma razão
muito precisa. O conceito
expresso por “est” (ser) é
muito mais largo do que o
que é expresso por
“subsistir”. “Subsistir” é
uma maneira de ser muito
precisa, isto é, para ser
sujeito, que existe em si
próprio. Assim, os Padres
Conciliares queriam dizer
que o ser da Igreja como
tal é uma entidade mais
ampla do que a Igreja
Católica Romana, mas
dentro dela adquire, de
forma incomparável, as
características de um
sujeito autêntico e adequado53.
(Ênfase acrescentada)
O
Cardeal Ratzinger afirma, pois,
que os Padres Conciliares
pretendiam dizer que o
“ser” da Igreja é mais amplo do
que a Igreja Católica, mas esta
afirmação é falsa. A
generalidade dos Padres
Conciliares não tinha intenção
de contrariar os ensinamentos do
Papa Pio XII, segundo os quais a
Igreja de Cristo é a
Igreja Católica, e não uma vaga
“entidade” que é “mais ampla” do
que a Igreja Católica.
Na
verdade, foi a intenção de
Ratzinger usar a
ambiguidade para enfraquecer
insidiosamente o ensino
tradicional de que a única
Igreja de Cristo é a
Igreja Católica - intenção esta
que partilhou com os seus
co-conspiradores da “nova
teologia” no Vaticano II.
Sabemos isto porque foi o
próprio Padre Ratzinger,
servindo como peritus
teológico no Concílio, que
introduziu a palavra “subsistit”
(subsiste) no rascunho do
documento conciliar Lumen
Gentium. Inseriu este termo
por sugestão de um ministro
protestante, o Pastor
Schmidt, da Alemanha.
Se
o leitor acha que a explicação
dada pelo Cardeal Ratzinger para
o uso do termo “subsistit” é
confusa, saiba que foi de
propósito. “Subsiste” e “é”
podem, contudo, significar a
mesma coisa, ao contrário do que
Cardeal Ratzinger sugere. Pela
necessidade de precisão que deve
caracterizar qualquer documento
conciliar, o Concílio deveria
ter afirmado claramente que «A
Igreja de Cristo subsiste só
na Igreja Católica.» Mas,
como admitiu o Padre Edward
Schillebeeckx, outro peritus
do Concílio, os seus
confrades liberais tinham
inserido deliberadamente
ambiguidades nos textos
conciliares54,
sabendo que poderiam mais tarde
interpretá-los de forma
heterodoxa depois do Concílio.
Isto é precisamente o que
o Cardeal Ratzinger faz agora
com o termo ambíguo “subsistit”
(subsiste). Com efeito, o texto
original em alemão da entrevista
ao Frankfurter Allgemeine
Zeitung acima citada mostra
que Ratzinger ainda é mais
radical no seu afastamento dos
ensinamentos do Papa Pio XII:
«... die Konzilsväter das
von Pius XII gebrauchte
Wort ‘ist’ durch ‘subsistit’
ersetzten» - literalmente, «...
os Padres Conciliares
substituíram a palavra ‘é’,
usada por Pio XII, por
‘subsistit’». Isto é, o Cardeal
Ratzinger admite que o Vaticano
II substituiu a
terminologia do Pio XII - graças
ao próprio Cardeal Ratzinger e
ao seu amigo ministro
protestante! Ainda pior, lê-se
ainda no texto original da
entrevista: “So wollten die
Väter sagen: Das Sein der Kirche
als solches reicht viel
weiter als die
römisch-katholische Kirche” -
literalmente, “Assim, os Padres
queriam dizer: a Igreja como
entidade abrange muito mais
do que a Igreja Católica
Romana”55. Portanto,
Dulles e Ratzinger contradizem
terminantemente o ensinamento
católico perene de que a Igreja
de Cristo existe
exclusivamente na Igreja
Católica. Apesar disso, o seu
ponto de vista é hoje a
interpretação comum do Vaticano
II.
Temos aqui um bom exemplo
de como os “novos teólogos” do
Vaticano II passaram a bola
teológica para eles próprios,
fingindo ao mesmo tempo que foi
o “Concílio” que fez o passe.
A
Igreja já não procura a
conversão e o regresso dos
herejes e cismáticos
Com
esta nova visão da “Igreja de
Cristo” como qualquer coisa
muito maior do que a Igreja
Católica Romana, não admira que
hoje, depois de 40 anos de
“actividade ecuménica”, até os
prelados do Vaticano repudiem
abertamente o regresso dos
protestantes e cismáticos a
Roma.
Um
exemplo proeminente deste
afastamento do ensino
tradicional é a declaração
recente do Cardeal Walter
Kasper, antigo secretário do
mais conhecido herege
post-conciliar na Igreja, Hans
Küng. Kasper, cujas ideias
modernistas são bem conhecidas
em toda a Igreja, foi elevado a
Cardeal pelo Papa João Paulo II
em Fevereiro de 2001, e
actualmente é, no Vaticano,
Prefeito do Conselho Pontifício
para a Promoção da Unidade dos
Cristãos. Disse Kasper:
… hoje já não
compreendemos o ecumenismo
no sentido de um regresso,
pelo qual os outros se
‘converteriam’ e voltariam a
ser ‘Católicos’. Isto foi
expressamente abandonado no
Vaticano II56.
A
verdade é que a declaração de
Kasper menospreza o dogma
infalível, três vezes definido,
de que «fora da Igreja não há
salvação» (extra ecclesia
nulla salus). A própria
linguagem destas três definições
solenes e infalíveis (e,
portanto, impossíveis de serem
mudadas)57, que são
impostas a todos os Católicos58
(sem excepção alguma, incluindo
Cardeais e Papas) sob pena de
serem automaticamente
excomungados (isto é: de serem,
por si próprios, expulsos da
Igreja Católica) é o seguinte:
Só há uma Igreja
universal dos fiéis, fora da
qual ninguém poderá
salvar-se (Papa Inocêncio
III, IV Concílio de Latrão,
1215; D.S. 802;
Dz.-Hünermann 802).
Declaramos, dizemos,
definimos e pronunciamos que
é absolutamente necessário
para a salvação de toda a
criatura humana estar
sujeita ao Pontífice Romano
(Papa Bonifácio VIII, Bula
Unam Sanctam, 1302;
D.S. 875; Dz.-Hünermann
875).
A Santíssima Igreja
Romana crê firmemente,
professa e prega que nenhum
dos que existem fora da
Igreja Católica, não só
pagãos como também judeus,
heréticos e cismáticos,
poderá ter parte na vida
eterna; mas que irão para o
fogo eterno que foi
preparado para o demónio e
os seus anjos, a não ser que
a ela se unam antes de
morrer; e que a unidade
deste corpo eclesiástico é
tão importante que só
aqueles que se conservarem
dentro desta unidade podem
aproveitar-se dos
sacramentos da Igreja para a
sua salvação, e apenas eles
podem receber uma recompensa
eterna pelos seus jejuns,
pelas suas esmolas, pelas
suas outras obras de piedade
cristã e pelos deveres de um
soldado cristão. Ninguém,
por mais esmolas que dê,
ninguém, mesmo que derrame o
seu sangue pelo Nome de
Cristo, pode salvar-se, a
não ser que permaneça no
seio e na unidade da Igreja
Católica (Papa Eugénio IV,
Bula Cantate Domino,
1442; D.S. 1351;
Dz.-Hünermann 1351)58a.
Este ensinamento não deve
entender-se como excluindo a
possibilidade de salvação
àqueles que não sejam membros
formais da Igreja Católica, se,
sem culpa própria, não sabem da
sua obrigação objectiva em o
fazer. Mesmo assim, tal como o
Bem-Aventurado Papa Pio IX
ensinou em Singulari Quadem,
os Católicos não têm que se
preocupar com especulações
infundadas sobre a salvação
daqueles que, formalmente, não
sejam membros da Igreja, uma vez
que só Deus sabe quem se irá
salvar (de algum modo
extraordinário), de entre o
grande número de pessoas que, da
Humanidade, não professou
exteriormente a religião
católica. Por esta razão, o
Bem-Aventurado Pio IX - que o
próprio Papa João Paulo II
beatificou - exortou os Fiéis a
sustentarem o dogma de que «fora
da Igreja Católica não há
salvação» e a continuarem, com
um fervor cada vez maior, o
trabalho divinamente indicado
para a Igreja: fazer discípulos
em todas as nações. Com respeito
ao destino daqueles que
permanecerem fora da Igreja
visível, Sua Santidade advertiu
que «toda a inquirição além
disto é ilegal».
Quem pode duvidar da
sabedoria da advertência do
Bem-Aventurado Papa Pio IX? Com
efeito, a Igreja também ensinava
como infalível, e
constantemente, que ninguém
neste Mundo (excepto se houve
uma revelação privada) pode
saber com certeza absoluta o
estado subjectivo de qualquer
alma, e muito menos se uma alma
— mesmo que seja a sua própria
alma — está contada entre o
número dos eleitos. Uma vez que
não é possível, para a Igreja,
presumir que qualquer pessoa
venha a ser salva ou
condenada, os ministros da
Igreja são obrigados pelo dever
a procurarem obter a conversão
de cada um dos homens, mulheres
e crianças à face da terra, de
acordo com os Mandamentos de
Nosso Senhor: «Ide, pois,
ensinai todas as nações,
baptizando-as em nome do Pai, do
Filho e do Espírito Santo;
ensinando-as a cumprir tudo
quanto vos tenho mandado» (Mt.
28:19-20); «Quem acreditar e for
baptizado será salvo, mas quem
não acreditar será condenado.»
(Mc. 16:16).
Ao afirmar que os
Protestantes já não necessitam
de se converter ao Catolicismo,
o Cardeal Kasper opõe-se
descaradamente tanto ao ensino
infalível do Magistério como aos
próprios Mandamentos de Nosso
Senhor Jesus Cristo. O ponto de
vista de Kasper também contradiz
abertamente o ensino constante
da Igreja de que a única via
para a unidade dos cristãos é
o regresso dos dissidentes
à Igreja Católica através
da sua conversão. Na admoestação
que o Papa Pio XII fez em 1949
ao Santo Ofício sobre o
“movimento ecuménico”, os Bispos
eram avisados que, em quaisquer
discussões “ecuménicas” que
porventura autorizassem, deviam
apresentar-se aos interlocutores
protestantes “a verdade
católica” e “os ensinamentos das
Encíclicas dos Pontífices
Romanos sobre o regresso dos
dissidentes à Igreja”59.
A doutrina católica do regresso
dos dissidentes foi salientada
pelo Pio XII em 20 de Dezembro
de 1949: «A doutrina católica
deverá ser proposta e total e
integralmente exposta: o que a
Igreja Católica ensina sobre a
verdadeira natureza e meios de
justificação, sobre a
constituição da Igreja, sobre a
primazia da jurisdição do Romano
Pontífice, sobre a única união
verdadeira que se obtém pelo
regresso dos dissidentes à
única e verdadeira Igreja de
Cristo, não deve ser silenciada
nem coberta por palavras
ambíguas»60.
Pelo menos, Kasper diz
abertamente aquilo em que a
maioria dos prelados parece hoje
acreditar, mas não o confirma
nem desmente. Mas o plano de
acção de Kasper representa, de
facto, o “espírito do Vaticano
II” que prevalece. Quem o
confirmou foi o Cardeal
Ratzinger em pessoa, quando
ainda era o Padre Ratzinger. No
seu livro de 1966
Theological Highlights of
Vatican II, diz Ratzinger
que o Concílio deu à Igreja
uma nova orientação com respeito
aos não-Católicos, que
dispensa qualquer apelo à sua
conversão:
A Igreja Católica não
tem o direito de absorver as
outras Igrejas (...) [Uma]
unidade básica - das Igrejas
continuando a ser Igrejas,
mas constituindo uma só
Igreja - deve substituir
a ideia da conversão,
mesmo que a conversão
continue a ter significado
para os que a procurarem em
consciência61.
Ora, o Cardeal Ratzinger
escreveu este livro durante o
Concílio. Como trabalhava com
Karl Rahner, esteve muito
envolvido na redacção dos
documentos conciliares. É,
portanto, capaz de nos contar
quais eram as verdadeiras
intenções dos “arquitectos” do
Vaticano II, o que não se deve
confundir com as intenções dos
próprios Padres Conciliares. E
declara que o Vaticano II,
segundo os autores dos
documentos, ensinou que a
conversão é uma opção62.
O que quer dizer que um
não-Católico não precisa de se
converter à verdadeira Igreja -
nem para se salvar nem por causa
da unidade.
Este ponto de vista não é
menos radical do que o do Padre
Edward Schillebeeckx, outro
peritus conciliar
progressista, que foi
investigado pelo Vaticano depois
do Concílio (mas nunca
sancionado) pela sua negação
aberta de vários dogmas
católicos. Schillebeeckx exultou
ao constatar que «no Vaticano
II, a Igreja Católica abandonou
oficialmente o seu monopólio
sobre a religião cristã»63.
Da
mesma maneira, um periódico
“católico” do Serviço
Internacional de Documentação de
Judeus e Cristãos (SIDIC)64,
com base em Roma, referiu-se à
nova orientação do Vaticano II
sobre os não-Católicos. Em 1999
apontou o que considera ser o
“principal problema” com os
chamados “Católicos
tradicionais”, incluindo o
Arcebispo Lefebvre:
A recusa de Lefebvre
em aceitar o ecumenismo tem
a sua origem em documentos
claros do Magistério: a
encíclica Satis Cognitum
de Leão XIII (1896); a
encíclica Mortalium
Animos de Pio XI
(1928); a Instrução do Santo
Ofício de 20 de Dezembro de
1949 sobre o ecumenismo. O
único ecumenismo aceite por
Lefebvre e os seus
seguidores é o que luta pelo
regresso
incondicional
dos membros das outras
confissões à única Igreja de
Cristo, a Igreja Católica
Romana. Este
sectarismo endurecido é
precisamente o género de
lógica que o Vaticano II,
através de uma reflexão
profunda sobre a natureza da
Igreja, recusou
aceitar.
Embora tendo as suas raízes
na Tradição [sic], o âmbito
da reflexão do Concílio não
teve precedentes na história
do Cristianismo. Para os
integralistas, o ecumenismo
é uma das traições
fundamentais do Vaticano II”
(ênfase acrescentada).65
A
teoria moderna de que os
não-Católicos não precisam de se
converter porque já são “de uma
maneira misteriosa” parte da
Igreja de Cristo66
menospreza o ensino perene da
Igreja sobre a necessidade de os
não-Católicos abandonarem os
seus erros e regressarem à única
e verdadeira Igreja de Jesus
Cristo, tal como os Papas
pré-conciliares ensinaram por
unanimidade.
Há
relatórios de casos em que
Cardeais do Vaticano
desencorajam activamente os
não-Católicos de quererem
converter-se ao Catolicismo
concordando, evidentemente, com
esta mesma interpretação falsa
do Concílio. O Catholic
Family News publicou a
história do Padre Linus Dragu
Popian, que tinha crescido sob a
influência da Igreja Ortodoxa
romena. Em 1975 arriscou a vida
para deixar a Roménia comunista
e apresentou-se como seminarista
ao Vaticano, exprimindo o seu
desejo de se converter ao
Catolicismo. O então Secretário
de Estado, Cardeal Villot, e
outros Cardeais do Vaticano
ficaram horrorizados. Disseram
ao jovem Popian que ele não
devia fugir ao Comunismo, nem
devia converter-se ao
Catolicismo, o que prejudicaria
as relações do Vaticano com a
Roménia comunista e com a Igreja
Ortodoxa romena67.
Poucas coisas mudaram em
Roma desde então. O Bispo
Fellay, da Sociedade de S. Pio
X, contou numa entrevista
recente que encontrara um Bispo
cismático (ortodoxo) que
desejava converter-se à Igreja
Católica. O Bispo Fellay
aconselhou-o a tratar
directamente com Roma. Quando o
Bispo ortodoxo comunicou ao
Vaticano que queria fazer-se
católico, «entrou-se em pânico.
No dia seguinte, o Cardeal
Neves, Prefeito da Congregação
dos Bispos, disse ao Bispo
cismático: “Excelência, não é
necessário converter-se. Desde o
Concílio que as coisas mudaram!
As conversões já não são
precisas”»68.
Esta recusa deliberada em
permitir que um Bispo ortodoxo,
cismático, voltasse a Roma está
completamente de acordo com a
Declaração de Balamand de 1993,
negociada entre certos
funcionários do Vaticano e
várias igrejas ortodoxas. Neste
documento, o representante do
Vaticano (o Cardeal Cassidy, do
Conselho Pontifício para a
“Unidade dos Cristãos”) chegou a
concordar com a situação; devido
a “perspectivas radicalmente
alteradas, e com elas as
atitudes”, fruto das manobras do
Vaticano II, a Igreja Católica
treinará novos Sacerdotes «para
abrir caminho às futuras
relações entre as duas Igrejas,
passando além da
eclesiologia ultrapassada do
regresso à Igreja Católica»69.
A
noção de que pode ficar
“ultrapassado” o ensinamento
constante do Magistério sobre o
regresso dos dissidentes
(hereges e cismáticos) à única
Igreja verdadeira como único
meio da autêntica unidade dos
Cristãos é herética, uma vez que
nega rotundamente não só o
ensinamento da Igreja quanto ao
retorno dos dissidentes, mas
também o dogma infalivelmente
definido de que fora da
Igreja Católica não há salvação.
O
abandono do ensino tradicional
da Igreja nesta área não
representa “caridade” para com
os irmãos separados; representa,
sim, a negação do dever que a
Igreja tem de os esclarecer com
a verdade. Uma vez mais, o
resultado não é nenhum benefício
para os não-Católicos, mas antes
uma Igreja enfraquecida, cheia
de escândalos, que dificilmente
é capaz de servir de fermento à
sociedade, o que é a Sua missão.
Quanto à Igreja, sendo uma
instituição tanto divina como
humana, será - sem qualquer
dúvida - restaurada até atingir
o Seu antigo vigor, tal como
aconteceu no passado, depois de
outras crises; mas - sem
qualquer dúvida, também - a
Igreja e o Mundo estarão
sujeitos a grandes sofrimentos
até que acabe esta crise de Fé.
O Reinado Social
de Cristo foi abandonado
Em
consequência da nova orientação
da Igreja, em curso desde o
Vaticano II, houve um abandono
de facto dos
ensinamentos constantes da
Igreja sobre o Reinado Social de
Cristo. Segundo estes
ensinamentos, não só os
indivíduos como também todas as
nações são obrigados a
submeter-se a Cristo e
conformar-se com o Seu ensino.
Serão os ensinamentos de Cristo,
e não o “diálogo” com os
não-crentes, que trarão a paz ao
mundo; é a Sua Igreja que deve
servir como o instrumento
principal da paz mundial. O Papa
Pio XI resumiu com uma concisão
admirável a doutrina constante
da Igreja sobre este tema na sua
encíclica Ubi Arcano Dei:
Só a Igreja, de posse
da verdade e do poder de
Cristo, tem a missão de dar
aos espíritos a formação que
convém: ela sòmente está em
condições de fortalecer hoje
a verdadeira paz de Jesus
Cristo, como de consolidá-la
para o futuro. Conjurando as
ameaças iminentes de novas
guerras a que Nós Nos temos
referido, ela sòmente,
em virtude do mandato e da
ordem divina, ensina a
obrigação que têm os homens
de conformar à lei eterna de
Deus toda sua atividade
pública ou privada, seja
como particulares, seja
como membros da coletividade.
O que se refere ao bem de
muitos é mais importante que
o que diz respeito ao bem
individual. No dia em
que Estados e Governantes
julgarem um dever sagrado
regular sua vida, interna e
externamente, pelos
ensinamentos e preceitos de
Jesus Cristo, então e só
então, a paz fecunda descerá
sobre eles, relações de
mútua confiança se
estabelecerão, e os
conflitos em andamento se
resolverão pacificamente70.
Falando dos esforços para
obter a paz mundial através de
uma Liga de Nações, o Papa Pio
XI declarou:
Neste intuito muitos
esforços foram até aqui
tentados, mas nada ou quase nada
lograram de êxito,
principalmente com referência
aos pontos em que são mais vivas
as divergências internacionais.
— E' que não há instituição
humana capaz de impor a todas as
nações uma espécie de Código
Internacional adaptado à nossa
época, análogo ao que regia na
Idade Média esta verdadeira Liga
das Nações que se chamava a
cristandade. Ela também viu
se cometerem muitas injustiças,
mas ao menos conseguiu sempre
conservar inconteste o valor
sagrado do direito, regra segura
segundo a qual tinham as nações
de prestar suas contas71.
Para reforçar esta
doutrina, o Papa Pio XI
instituiu a Festa de Cristo Rei
com a sua encíclica Quas
Primas:
Desta doutrina comum
a todos os livros santos,
naturalmente dimana a
seguinte conseqüência: justo
é que a Igreja Católica,
reino de Cristo na Terra,
chamada a estender-se a
todos os homens, a tôdas as
nações do universo,
multiplicando os preitos de
veneração, celebre, no ciclo
anual da Liturgia Santa, a
seu Autor e Instituidor como
a Rei, como a Senhor, como a
Rei dos reis. (...) Assim,
pois, a realeza do nosso
Redentor abraça a totalidade
dos homens. Sôbre êste
ponto, de muito bom grado
fazemos Nossas as palavras
seguintes de Nosso
Predecessor Leão XIII, de
imortal memória: “Seu
império não abrange tão só
as nações católicas ou os
cristãos batizados, que
jurìdicamente pertencem à
Igreja, ainda quando dela
separados por opiniões
errôneas ou pelo cisma:
estende-se igualmente e sem
exceções aos homens todos,
mesmo alheios à fé cristã,
de modo que o império de
Cristo Jesus abarca, em todo
o rigor da verdade, o gênero
humano inteiro.” E,
neste particular, não cabe
fazer distinção entre os
indivíduos, as famílias e os
estados; pois os homens não
estão menos sujeitos à
autoridade de Cristo em sua
vida coletiva do que na vida
individual72.
A “Civilização do
Amor”
substitui a conversão dos pagãos
Todavia, depois do
Vaticano II o Reinado Social de
Cristo foi substituído por uma
coisa chamada “civilização do
amor” - uma expressão inventada
pelo Papa Paulo VI para
descrever a noção utópica de que
o “diálogo com o mundo” levaria
a uma fraternidade universal de
religiões que não seria, de modo
algum, explicitamente cristã.
Desde então, o slogan da
“civilização do amor” tem sido
incessantemente repetido. Foi
assim que o Papa João Paulo II
descreveu esta novidade no seu
discurso para o Dia Mundial da
Paz de 2001:
O diálogo leva ao
reconhecimento da
diversidade e abre o
espírito à aceitação mútua e
à autêntica colaboração
exigida pela vocação básica
de unidade da família
humana. Assim, o diálogo é
um meio privilegiado para a
construção da
civilização do amor e da paz
que o meu venerado
antecessor Paulo VI indicou
como o ideal para
inspirar a vida cultural,
social, política e económica
no nosso tempo (...) As
diferentes religiões também
podem e devem contribuir
decisivamente para este
processo. Os meus
muitos encontros com
representantes de outras
religiões - recordo-me
especialmente do encontro em
Assis de 1986 e na Praça de
S. Pedro em 1999 - deram-me
mais confiança de que uma
abertura mútua entre os
seguidores das várias
religiões pode servir muito
a causa da paz e o bem
comum da família humana73.
(Ênfase acrescentada)
Até
o João Paulo II foi levado a
pensar que os encontros
inter-religiosos de oração, tais
como os de Assis em 1986 e 2002,
são parte dos meios pelos quais
se supõe que esta noção utópica
virá a ser realizada. Todavia,
uma visão de tais espectáculos
chegaria para horrorizar o Papa
Pio XI e qualquer dos seus
antecessores. Entretanto, o
Reinado Social de Cristo numa
ordem social católica está
excluído de facto da
nova orientação.
É
evidente que a nova orientação
“ecuménica” e “inter-religiosa”
da Igreja não pode de maneira
alguma ser reconciliada com a
Mensagem de Fátima, o que
explica que, desde o Vaticano
II, se tenha feito um esforço
para “rever” a Mensagem de
acordo com a nova orientação, ou
mesmo enterrá-la por completo.
Os Católicos são
obrigados
a aceitar a nova orientação da
Igreja?
Os
Católicos são obrigados a
submeterem-se ao ensino
estabelecido pela Igreja quanto
à Fé e à Moral; mas não
são obrigados a submeterem-se às
novas atitudes e às novas
orientações de homens da Igreja
liberais que, agora, dizem e
fazem coisas que nunca se
ouviram nem viram ao longo da
História da Igreja. Portanto, os
Católicos têm o direito, e até o
dever, de resistir a esta nova
orientação, nascida das
ambiguidades do Concílio e das
opiniões da “nova teologia”, que
divergem do Magistério perene e
infalível. Há anos que os
Católicos têm a falsa ideia de
que devem aceitar o Concílio
pastoral do Vaticano II com
o mesmo assentimento de fé que
devem aos Concílios dogmáticos.
Mas isto não é assim. Os Padres
Conciliares referiram-se várias
vezes ao Vaticano II como sendo
um Concílio pastoral,
querendo dizer que se tratava de
um Concílio que não curou de
definir a Fé, mas se
preocupou antes em tomar medidas
no âmbito de um critério prático
e prudente - como a introdução
da “aventura ecuménica”. O
documento definidor do Concílio,
a Nota Prévia (Nota Praevia
em latim) à Lumen
Gentium, diz isto
claramente: “Em vista da prática
conciliar e da finalidade
pastoral do presente
Concílio, o sagrado Sínodo
define assuntos da fé e da moral
como de aceitação obrigatória
por parte da Igreja apenas
quando o próprio Sínodo o
declara abertamente”74.
Ora não foram definidos assuntos
de fé ou de moral “de aceitação
obrigatória por parte da Igreja”
sobre a nova “orientação
ecuménica”, nem sobre qualquer
das novas formulações
“pastorais”, na linguagem dos
documentos conciliares.
O
facto de o Vaticano II ser
inferior em autoridade a um
concílio dogmático é confirmado
pelo testemunho do Bispo Thomas
Morris, um Padre Conciliar. A
seu pedido, esta declaração só
foi aberta após a sua morte:
Fiquei aliviado
quando nos disseram que este
Concílio não pretendia
definir ou fazer declarações
finais sobre a doutrina,
porque uma declaração em
matéria de doutrina tem que
ser formulada muito
cuidadosamente, e eu
considerava os documentos do
Concílio como tentativas de
proposta, abertas a uma
revisão75.
Temos ainda o testemunho
importante do Secretário do
Concílio, o Arcebispo (mais
tarde Cardeal) Pericle Felici.
Por altura do encerramento do
Vaticano II, os Bispos pediram
ao Arcebispo Felici aquilo a que
os teólogos chamam a “nota
teológica” do Concílio - por
outras palavras, o “peso”
doutrinal dos seus ensinamentos.
Felici respondeu:
Em vista da prática
conciliar e da finalidade
pastoral do presente
Concílio, o sagrado Sínodo
define assuntos da fé e da
moral como de aceitação
obrigatória por parte da
Igreja apenas quando o
próprio Sínodo o declara
abertamente76.
E
disse mais:
Devemos distinguir,
segundo os schemas
e os capítulos, os que já
foram sujeitos a definições
dogmáticas no passado;
quanto às
declarações que têm
características de novidade,
devemos fazer reservas77.
O
próprio Paulo VI observou que,
“Dado o carácter pastoral do
Concílio, evitou pronunciar-se
de maneira extraordinária sobre
dogmas dotados da nota de
infalibilidade”78.
Assim, ao contrário de um
Concílio dogmático, o Vaticano
II não exige um acordo de fé
inqualificado. Os documentos
verbosos e ambíguos do Concílio
não se podem comparar aos
pronunciamentos doutrinais dos
Concílios passados. As novidades
do Vaticano II não exigem
aceitação incondicional da parte
dos fiéis, nem o próprio
Concílio alguma vez o disse.
Todavia, os ensinamentos
ambíguos do Concílio e a nova
orientação postconciliar da
Igreja deram como resultado nada
menos do que aquilo a que o
próprio Cardeal Ratzinger chamou
a “demolição dos bastiões” da
Igreja - incluindo, como
veremos, a demolição da Mensagem
de Fátima. Como iremos agora
demonstrar, este empreendimento
destrutivo concretizou, em
linhas gerais, os sonhos dos
inimigos da Igreja, e cumpriu os
avisos proféticos da Mensagem de
Fátima, como o Papa Pio XII deu
a entender.
Notas
1. Pode encontrar-se uma
descrição completa desta
história fascinante em The
Whole Truth About Fatima,
Vol. III, pelo Frère Michel de
la Sainte Trinité, pp. 257-304.
2. Ibid., p. 298.
3. Visconde Léon de Poncins,
Freemasonry and the Vatican
(Christian Book Club, Palmdale,
Califórnia, 1968), p. 14.
4. L. Bouyer, Don Lambert
Beauduin, a Man of the Church,
Casterman, 1964, pp. 180-181;
citado pelo Padre Dilder
Bonneterre em The Liturgical
Movement, Ed. Fideliter,
1980, p. 119.
5. O Padre Aparício, Sacerdote
jesuíta, foi o confessor e
director espiritual da Irmã
Lúcia de 1926 a 1938, altura em
que foi enviado para o Brasil
como missionário, mas
correspondeu-se com a Irmã Lúcia
durante vários anos. Em 1950
voltou a Portugal por algum
tempo e visitou a Irmã Lúcia, em
1950 e 1951, sem quaisquer
dificuldades. O Padre Aparício
declarou que em Agosto de 1960,
durante uma visita de um mês a
Portugal, não teve licença para
falar com a Irmã Lúcia: “Não
consegui falar com a Irmã Lúcia
porque o Arcebispo não podia
dar-me autorização para a
visitar. As condições de
isolamento em que ela se
encontra foram impostas pela
Santa Sé. Consequentemente,
ninguém pode falar com ela sem
licença de Roma. O Arcebispo tem
um número muito limitado dessas
licenças” (Fatima: Tragedy
and Triumph, Immaculate
Heart Publications, 1994, pp.
33-34).
A
situação não mudou desde então.
Em 16 de Janeiro de 1983, o
Padre Joseph de Sainte-Marie,
O.C. escreveu ao ilustre leigo
católico Hamish Fraser nos
seguintes termos: “Além disso,
recordo-lhe - ela própria (a
Irmã Lúcia) lembrou-me
recentemente, num pedido que lhe
enviei - que a Irmã Lúcia não
pode falar com ninguém sobre o
assunto das aparições sem a
permissão expressa da Sagrada
Congregação para a Doutrina da
Fé ou do próprio Santo Padre” (The
Fatima Crusader, Nº 13-14,
p. 13). E em 19 de Março de 1983
a Irmã Lúcia disse ao Núncio
Papal em Portugal, o
Reverendíssimo Sante Portalupi,
que ela não tinha anteriormente
tido oportunidade de fazer um
comentário sobre a inexactidão
da cerimónia de consagração de
1982 (consagração do mundo, e
não da Rússia), porque a Santa
Sé não lhe dera autorização para
falar: “A Consagração da Rússia
não foi feita como Nossa Senhora
pediu. Não pude dizê-lo (antes)
porque não tive autorização da
Santa Sé” ( Ibid., p.
3, e The Fatima Crusader,
Nº 16, Set.-Out. 1984, p. 22ff,
reproduzindo o artigo do Padre
Pierre Caillon em Fidelité
Catholique, impresso pela
primeira vez em 1983).
Em 19 de Fevereiro de 1990,
Monsenhor A. Duarte de Almeida,
capelão do Carmelo de Coimbra,
declarou o seguinte: “para
visitar a Irmã Lúcia, é
necessário obter autorização do
Cardeal Ratzinger” (cit, por
David Boyce, “Fatima Inquest -
August 1990”, in The Fatima
Crusader, Nº 35, Inverno
1990-1991, p. 13).
À
data da alegada “entrevista” da
Irmã Lúcia por Mons. Bertone, a
17 de Novembro de 2001, admitia
este Arcebispo (no seu
comunicado sobre a entrevista)
ter sido a mesma conduzida com o
consentimento do Cardeal
Ratzinger. Portanto, até há
pouquíssimo tempo (até 2001),
mesmo um alto prelado do
Vaticano necessitava da
autorização da Santa Sé para
falar com a Irmã Lúcia.
6. Cf. Jean Madiran, “The
Vatican-Moscow Agreement”, in
The Fatima Crusader, Nº
16. Setembro-Outubro 1984, p. 5;
e também os artigos nas pp. 4, 7
e 11 de The Fatima Crusader,
Nº 17, Fevereiro-Abril 1985.
Veja-se também Átila Sinke
Guimarães, “The Metz Pact”,
Catholic Family News,
Setembro de 2001.
7. Papa Pio XI, Divini
Redemptoris, Encíclica
sobre o Comunismo Ateu, 19 de
Março de 1937. Cf. também a
citação nas pp. 63-64 referida
na nota 42 deste capítulo.
8. Encontra-se uma descrição
mais completa deste assunto em
The Rhine flows into the
Tiber do Padre Ralph
Wiltgen (New York: Hawthorne,
1967; TAN, 1985), pp. 272-278.
9. Por exemplo, The Rhine
flows into the Tiber do
Padre Ralph Wiltgen, Pope
John's Council de Michael
Davies (Kansas City, Missouri:
Angelus Press); e até em
Vatican II Revisited (ver a
nota seguinte), que canta
louvores à reforma.
10. Reverendíssimo Aloysius
Wycislo S.J., Vatican II
Revisited. Reflections By One
Who Was There (Staten
Island, New York: Alba House),
p. x.
11. Ibid., p. 33.
12. Ibid., p. 27.
13. The Wanderer, 31 de
Agosto de 1967, p. 7.
14. Council Daybook,
Vol. I (Washington, D.C.:
National Catholic Welfare
Conference), pp. 25, 27.
15. Vatican II Revisited.
Reflections By One Who Was There,
pp. 27-34.
16. Bispo Graber, Athanasius
and the Church of Our Time,
p. 54.
17. Átila Sinke Guimarães,
Animus Delendi (The Desire to
Destroy) (Los Angeles,
California: Tradition in Action,
2001), p. 128. Seria mais exacto
dizer Animus Delendi - I,
(por ser o primeiro de dois
volumes com este título).
18. Ibid.
19. “Vida vital” parece ser um
termo que substitui a “iminência
vital” condenada na encíclica
Pascendi, do Papa Pio
X, contra o modernismo. Cf. a p.
8 da tradução inglesa, publicada
pela Newman Press.
20. David Greenstock, “Thomism
and the New Theology”, The
Thomist (Outubro de 1950).
Vale a pena ler todo o artigo,
se se quiser compreender bem a
natureza errónea da “Nova
Teologia”.
21. Publicado no Angelicum
de 1946. A primeira
tradução inglesa, “Where is the
New Theology taking us?”,
apareceu em Catholic Family
News de Agosto de 1997.
22. Animus Delendi - I,
p. 129.
23. Ibid., pp. 146-149.
24. Estas observações são do
livro de Monsenhor Kelly The
Battle for the American Church,
cit. por John Vennari em
“Vatican praises purveyor of
heresy”, The Fatima Crusader,
Primavera-Verão 1998.
25. Ibid.
26. Cit. de Guimarães,
Animus Delendi - I, p. 60.
27. Ibid., p. 61.
28. Ibid., p. 59.
29. Ibid., p. 62.
30. Vaticano I, Sessão III, Cap.
IV, Fé e Razão.
31. Cit. da Open Letter to
Confused Catholics, pp.
88-89.
32. Yves Marsaudon,
Oecuménisme vu par um Maçon de
tradition, pp. 119-120.
33. Cit. da Open Letter to
Confused Catholics, pp.
88-89.
34. Ibid., p. 100.
35. Bispo Graber, Athanasius
and the Church of Our Time,
p. 64.
36. Arcebispo Marcel Lefebvre,
They Have Uncrowned Him
(Kansas City, Missouri: Angelus
Press, 1988), p. 229. Aqui o
autor nota também que o jornal
comunista Izvestiya
exigiu que o Papa Paulo VI o
condenasse, assim como ao seu
seminário em Ecône.
37. Ficou registada a declaração
dos periti
progressistas no Concílio:
“Exprimi-lo-emos de forma
diplomática, mas depois do
Concílio tiraremos as conclusões
nele implícitas” (no livro do
Padre Ralph Wiltgen, The
Rhine flows into the Tiber,
p. 242).
38. O Arcebispo progressista
Annibale Bugnini foi o maior
arquitecto da revolução
litúrgica que culminou na Nova
Missa (Novus Ordo).
Acabou por ser afastado do
Vaticano e colocado no Irão,
porque mostraram ao Papa Paulo
VI documentos que demonstravam
que Bugnini era maçon. Michael
Davies dedica um capítulo
inteiro (o Cap. 24) ao Arcebispo
Bugnini em Pope Paul's New
Mass (Kansas City,
Missouri: Angelus Press, 1992).
39. Cardeal Joseph Ratzinger,
Principles of Catholic
Theology (San Francisco,
California: Ignatius Press,
1987), p. 334.
40. Discurso ao Lombard College,
7 de Dezembro de 1968.
41. Discurso de 30 de Junho de
1972.
42. Papa Pio XI, Divini
Redemptoris, Encíclica
sobre o Comunismo ateu, 19 de
Março de 1937. (ênfase
acrescentada)
43. Yves Congar, O. P., “Le
Concile au jour le jour,
deuxième session” (“O Concílio
dia a dia, segunda sessão”)
(Paris: Cerf, 1964), p. 115.
44. Bem vistas as coisas, não
pode haver um “Contra-Syllabus”,
porque o Syllabus que o
Bem-Aventurado Papa Pio IX
publicou em 1864 é claramente um
ensinamento solene e definitivo,
que todos os Católicos devem
aceitar (Can. 750 §2). Na
encíclica Quanta Cura,
publicada com o Syllabus
em 8 de Dezembro de 1864, o
Bem-Aventurado Pio IX escreveu
solenemente: «No meio de tão
grande multiplicidade de
opiniões perversas,
lembrando-nos do nosso
apostolico cargo, e cheios de
solicitude pela nossa santissima
religiõn, pela sua santa
doutrina e pela salvação das
almas, que nos foi divinamente
confiada, julgamos dever
levantar a nossa voz apostolica.
E porque, em virtude da
nossa authoridade apostolica,
reprovamos, proscrevemos e
condemnamos todas as opiniões e
doutrinas perversas mencionadas
n'esta carta encyclica, e cada
uma em particular, queremos e
mandamos que sejam tidas como
reprovadas, proscriptas e
condemnadas por todos os filhos
da igreja catholica.»”
(itálicos nossos) (Esta tradução
portuguesa foi da versão oficial
da Igreja Católica proveniente
do Latim original)
45. Yves Congar, La crise de
l'Église et Msgr. Lefebvre
(Paris: Cerf, 1977), p. 54.
46. Citado da Open Letter to
Confused Catholics, p. 100.
47. Cardeal Joseph Ratzinger,
Principles of Catholic
Theology, pp. 381-382.
(ênfase acrescentada)
48. Ibid., p. 191.
49. L'Osservatore Romano,
edição semanal em inglês, 2 de
Julho de 1990, p. 5.
50. Ibid.
51. Na encíclica Mystici
Corporis, de 1943, o Papa
Pio XII ensinou que “esta
verdadeira Igreja de Cristo... é
a Santa, Católica, Apostólica
Igreja Romana”. Isto significa
claramente que a Igreja de
Cristo não se compõe da Igreja
Católica e das outras
denominações “cristãs”. Pio XII
reafirmou esta doutrina em 1950,
na sua encíclica Humani
Generis: “O Corpo Místico
de Cristo e a Igreja Católica
Romana são uma e a mesma coisa.”
(esta segunda citação é tradução
nossa)
52. Citado de Vatican II,
the Work That Needs to Be Done,
editado por David Tracy com Hans
Küng e Johann Metz (New York:
Concilium, Seabury Press, 1978),
p. 91. (ênfase acrescentada)
53. L'Osservatore Romano,
edição italiana, 8 de Outubro de
2000, p. 4: “Quando i Padri
conciliari sostituirono la
parola ‘è’ con la parola
‘subsistit’ lo fecerano con un
scopo ben preciso. Il concetto
espresso da ‘è’ (essere) è più
ampio di quello espresso da
‘sussistere’. ‘Sussistere’è un
modo ben preciso di essere,
ossia essere come soggeto che
esiste in sè. I Padri conciliari
dunque intendevano dire che
l'essere della Chiesa in quanto
tale è un'entità più ampia della
Chiesa cattolica romana”.
54. Cf. as declarações do Padre
Schillebeeckx na revista
holandesa De Bauzuin,
Nº 16, 1965, citadas em tradução
francesa em Itinéraires,
Nº 155, 1971, p. 40.
55. Frankfurter Allgemeine
Zeitung, 22 de Setembro de
2000; tradução italiana em
L'Osservatore Romano, 8 de
Outubro de 2000.
56. Adista, 26 de
Fevereiro de 2001; tradução
inglesa citada de “Where Have
They Hidden the Body?” pelo Dr.
Christopher Ferrara, The
Remnant, 30 de Junho de
2001.
57. «Com a aprovação do santo
concílio, ensinamos e definimos
como dogma divinamente revelado:
que o Romano Pontífice, quando
fala ex cathedra - isto
é, quando, na qualidade de
Pastor e mestre de todos os
Cristãos, define, por virtude da
sua autoridade apostólica
suprema, qualquer doutrina que
diga respeito à Fé ou à moral e
que deve ser sustentada pela
Igreja universal -, possui, por
meio da assistência divina que
lhe foi prometida na pessoa de
S. Pedro, a infalibilidade com
que o divino Redentor quis que a
Sua Igreja fosse dotada ao
definir doutrina respeitante à
Fé ou à moral; e que, portanto,
tais definições do Romano
Pontífice não são passíveis de
serem reformadas devido à sua
própria natureza, não por causa
da concordância da Igreja.»
(D.S. 1839) (tradução nossa)
58. «Mas se alguém presume
contradizer esta nossa definição
(Deus não permita que alguém o
faça): seja excomungado.» (D.S.
1840) (tradução nossa)
58a Os três
pronunciamentos ex cathedra
eram, no seu Latim
original:
Papa Inocêncio III, IV Concílio
de Latrão, 1215 “Una vero est
fidelium universalis Ecclesia,
extra quam nullus omnino
salvatur” (D.S. 802).
Papa Bonifácio VIII, bula
Unam Sanctam, 1302 “Porro
subesse Romano Pontifici omni
humanae creaturae declaramus,
dicimus, definimus et
pronuntiamus omnino de
necessitate salutis.” (D.S. 875)
Bula Cantate Domino de
Eugénio IV, Concílio de
Florença, 4 de Fevereiro de 1442
“Firmiter credit, profitetur et
praedicat, nullos intra
catholicam Ecclesiam non
exsistentes, non solum paganos,
sed nec Iudaeos aut haereticos
atque schismaticos, aeternae
vitae fieri posse participes;
sed in ignem aeternum
ituros, «qui paratus est
diabolo et angelis eius»
(Mt. 25, 41), nisi ante finem
vitae eidem fuerint aggregati:
tantumque valere ecclesiastici
corporis unitatem, ut solum in
ea manentibus ad salutem
ecclesiastica sacramenta
proficiant, et ieiunia,
eleemosynae ac cetera pietatis
officia et exercitia militiae
christianae praemia aeterna
parturiant. Neminemque,
quantascunque eleemosynas
fecerit, etsi pro Christi nomine
sanguinem effuderit, posse
salvari, nisi in catholicae
Ecclesiae gremio et unitate
permanserit.” (D.S. 1351):
59. Acta Apostolicae Sedis (AAS)
42-142.
60. Pio XII, Instrução do Santo
Oficio, Ecclesia Catholica,
20 de Dezembro de 1949, “Sobre o
Movimento Ecuménico”.
61. (Ênfase acrescentado) Padre
Joseph Ratzinger,
Theological Highlights of
Vatican II (New York:
Paulist Press, 1966), p. 65-66.
Esta secção do livro sublinha o
fundamento deliberadamente
ecuménico em que se baseia o
documento conciliar Lumen
Gentium. Para uma discussão
mais completa do livro do Padre
Ratzinger, veja-se “Vatican II
vs. the Unity Willed by
Christ,” por John Vennari,
Catholic Family News, Dez.
de 2000.
62. Mesmo que o Cardeal
Ratzinger mudasse por completo
os seus pontos de vista pessoais
e adoptasse uma posição mais
ortodoxa, os textos do Concílio
continuariam a ser ambíguos,
imprecisos, e aparentemente
orientados para um ecumenismo
heterodoxo que não procura
converter os não-Católicos ao
Catolicismo.
63. E. Schillebeeckx, O.P.,
Igreja ou Igrejas? , in V.
A., Cinco problemas que
desafiam a Igreja hoje, pp.
26f. Citado de In the Murky
Waters of Vatican II de
Átila Sinke Guimarães (Metairie,
Louisiana: Maeta, 1997), p. 243.
64. O SIDIC é uma associação que
se identifica como católica, que
foi “fundada em Roma em 1965 a
pedido de um grupo de peritos do
Concílio Vaticano II, na
sequência da promulgação da
Nostra Aetate”, para
promover o “diálogo” entre
Católicos e judeus. O SIDIC tem
a sua sede em Roma e
representantes locais nos
seguintes países: Austrália,
Bélgica, Canadá, Estados Unidos,
França, Holanda, Inglaterra,
Israel, e Itália. Nostra
Aetate, documento
proveniente do Concílio, é a
“Declaração sobre a relação da
Igreja com as religiões
não-cristãs”.
65. Service International de
Documentation Judéo-Chrétienne,
(SIDIC) Roma [edição inglesa em
Washington, D.C.], Vol. XXXII,
Nº 3, 1999, p. 22.
66. A ambiguidade verbal usada
pelo Vaticano II para fazer
vigar esta noção falsa
encontra-se em Lumen Gentium
8, onde se lê que “A Igreja
de Cristo subsiste na Igreja
Católica”, ao contrário da
definição do Papa Pio XII,
segundo a qual a Igreja de
Cristo é a Igreja
Católica (encíclica Mystici
Corporis). Vejam-se a
discussão anterior e as notas a
este capítulo sobre a origem e
efeito desta ambiguidade,
admitidas pelo Cardeal Joseph
Ratzinger.
67. Para uma sinopse da história
do Padre Popian, cf. “Vatican
says, Do Not Convert to
Catholicism”, por John Vennari,
Catholic Family News,
Dezembro de 2001. Cf. também
“Vatican says, ‘You Must Not
Become Catholic!’” de John
Vennari, The Fatima Crusader,
Nº 69, Inverno de 2002. O
testemunho do Padre Popian em
cassete áudio em ambos inglês e
italiano, intitulada “Vatican's
Ostpolitik and Ecumenism Tried
to Prevent My Conversion to
Catholicism”, pode obter-se no
Fatima Center, 17000 State Route
30, Constable, New York 12926,
Estados Unidos.
68. “We are a Sign of
Contradiction”, entrevista com o
Bispo Bernard Fellay, SSPX,
revista Latin Mass,
Outono de 2001, p. 11.
69. Declaração de Balamand, nn.
13 e 30. A Declaração de
Balamand (1993) foi citada com
aprovação pelo Papa João Paulo
II em Ut Unum Sint, n.
59.
70. Papa Pio XI, Ubi Arcano
Dei, Carta Encíclica sobre
a Paz de Cristo no Reino de
Cristo, 23 de Dezembro de 1922.
71. Ibid.
72. Papa Pio XI, Quas Primas,
Encíclica sôbre Cristo-Rei, 11
de Dezembro de 1925. (ênfase
acrescentada)
73. Mensagem do Papa João Paulo
II para o Dia Mundial da Paz, 1
de Janeiro de 2001. “O diálogo
entre as culturas para uma
civilização de amor e paz”.
74. Adenda à Lumen Gentium,
Nota Explanatória da Comissão
Teológica, in Walter M. Abbott,
S.J., ed., The Documents of
Vatican II (New York:
America Press, 1966), pp. 97-98.
75. Testemunho pessoal do Bispo
Morris, citado num artigo de
Kieron Wood, Catholic World
News, 22 de Janeiro de
1997.
76. The Documents of Vatican
II, ed. por Walter Abbott,
S.J., p. 98.
77. Citado da Open Letter to
Confused Catholics, p. 107.
78. Papa Paulo VI, Audiência
Geral de 12 de Janeiro de 1966,
in Insegnamenti di Paolo VI,
Vol. 4, p. 700, citado por Átila
Sinke Guimarães, In the
Murky Waters of Vatican II
(Metairie, Louisiana: Maeta,
1997; TAN, 1999), pp. 111-112.
Capítulo 7
A
demolição de bastiões
Não admira que os piores
inimigos da Igreja tenham ficado
assim tão contentes com o
Concílio e com as mudanças
radicais que ele introduziu. E
também ficaram, sem dúvida,
bastante satisfeitos com o
súbito e catastrófico colapso
eclesial, em todos os sentidos,
depois do Vaticano II. Todas as
estatísticas disponíveis mostram
que as mudanças sem precedentes
que se seguiram ao Concílio
Vaticano II foram acompanhadas
por declínios, igualmente sem
precedentes, no número de Padres
e Religiosos, no número de novas
ordenações, no número de
seminaristas, e no número de
conversões e de baptismos.
Imediatamente depois do Vaticano
II, cerca de 50.000 Padres
desertaram - pelo que hoje
há, aproximadamente, menos
50.000 Padres católicos do que
havia há trinta e um anos
atrás. Em 1997 houve menos
baptismos nos Estados Unidos do
que em 19701.
Até
mesmo o Cardeal Ratzinger falou
de «um processo continuado
de decadência que tem
permanecido, em boa parte, com
base em inspirações do Concílio,
tendo, assim, desacreditado o
Concílio aos olhos de muitas
pessoas»2. Apesar
disto, o Cardeal Ratzinger, tal
como os outros que presidiram a
esta tragédia, insiste - por
incrível que pareça - em que
precisamos mais do mesmo
“remédio”, ou seja, que
precisamos mais da nova
orientação do Vaticano II:
Isto significa que o
próprio Concílio deve ser
revogado? Certamente que
não. Significa apenas que a
recepção autêntica do
Concílio ainda nem
sequer começou. O que
devastou a Igreja depois do
Concílio não foi o Concílio
em si mesmo, mas sim a
recusa em o aceitar. (…)
Portanto, a nossa tarefa não
é suprimir o Concílio mas
descobrir o autêntico
Concílio e aprofundar a
sua verdadeira intenção
à luz da experiência
presente3.
Indo ainda mais longe, e
citando como autoridade sua um
dos teólogos neo-modernistas que
mais ajudaram a desencadear este
desastre para a Igreja, o
Cardeal Ratzinger declarou:
O facto é que, como
Hans Urs von Balthasar
referiu, já em 1952, (…) Ela
[a Igreja] tem de renunciar
a muitas das coisas que Lhe
têm até agora inspirado
segurança e que Ela aceitou
como certas. Ela tem de
demolir bastiões há muito
existentes e confiar
somente na protecção da Fé4.
O
apelo do Cardeal à “demolição de
bastiões há muito existentes” na
Igreja é, talvez, a confissão
mais condenatória de todas as
que dizem respeito à nova
orientação revolucionária da
Igreja, trazida pelo Concílio
Vaticano Segundo. Porque, a que
poderia o Cardeal chamar
«bastiões há muito
existentes», a não ser às
defesas tradicionais da Igreja
contra os Seus inimigos - que o
próprio Cardeal,
condescendentemente, descreve
como «muitas das coisas que Lhe
têm até agora inspirado
segurança [à Igreja] e que
Ela aceitou como certas»? O
Cardeal Ratzinger admite desejar
demolir as próprias
coisas que deram segurança à
Igreja! Na estranha visão que o
Cardeal tem das coisas, a Igreja
tem de confiar «somente na
protecção da Fé». Mas o que é
que isso significa?
Como é que os Católicos podem
manter a sua Fé, a menos que
esta se mantenha segura por
aqueles bastiões que o Cardeal
deseja demolir?
Citando o “novo teólogo”
Hans Urs von Balthasar como
autoridade para esta “demolição
de bastiões”, o próprio Cardeal
Ratzinger está a abençoar a
“nova teologia” no seu projecto
de demolir a Teologia
tradicional da Igreja - com as
suas definições, claras e
precisas, das Verdades em que os
Católicos têm de acreditar. No
apelo do Cardeal para
demolir «bastiões há muito
existentes» na Igreja, vemos
claramente algo que só pode ser
chamado “vontade de destruir”.
Esta designação é tirada de um
livro do escritor católico Átila
Sinke Guimarães, intitulado
Animus Delendi (Latim, que
significa “vontade de
destruir”). Guimarães mostra que
os “reformadores” conciliares e
pós-conciliares são motivados
por uma mentalidade que vê a
destruição da Igreja “antiga”
como “trágica, mas necessária”
para o “crescimento e renovação”
da Igreja no “mundo moderno”.
Como é que os “bastiões”
devem ser demolidos? Nossa
Senhora diz que o dogma
da Fé se conservará em Portugal.
Os dogmas são, por si próprios,
bastiões da Igreja. Portanto, é
óbvio que a demolição de
bastiões implicará enfraquecer
insidiosamente as definições
dogmáticas - ao mesmo tempo que
os “novos teólogos”
neo-modernistas louvam os dogmas
que estão a minar como táctica.
Ora os dogmas podem ser minados
de várias maneiras: 1)
ignorando-os, simplesmente - que
eles deixarão de existir na
prática; 2) substituindo termos
claros por termos ambíguos - por
exemplo, “é” por “subsiste”; 3)
desvalorizando um dogma como
sendo “teologia antiquada”, como
aconteceu na Declaração de
Balamand e nos comentários de
diversos Prelados que ocupam
altos cargos e que citámos no
capítulo anterior; 4) fingindo
que as definições dogmáticas
infalíveis - nas quais todo o
Católico tem de acreditar tal
como estão escritas - não
existem; e 5) sempre que é
abordado o dogma de que fora da
Igreja não há salvação,
referindo-se, simples e
incessantemente aos
não-Católicos como “crentes” ou
“Cristãos”.
O
que são, precisamente, os
bastiões que, na visão dos
“reformadores” como o Cardeal
Ratzinger, devem ser demolidos?
Recordamos, mais uma vez, o que
o Papa Pio XII previu, com
grande precisão, nos seus
comentários inspirados sobre a
crise vindoura na Igreja:
As mensagens da
Santíssima Virgem a Lúcia de
Fátima preocupam-me. Esta
persistência de Maria sobre
os perigos que ameaçam a
Igreja é um aviso do
Céu contra o suicídio de
alterar a Fé na Sua
liturgia, na Sua
teologia e na Sua
alma. (…) Ouço à minha
volta inovadores que querem
desmantelar a
Capela-Mor, destruir
a chama universal da
Igreja, rejeitar os
Seus ornamentos e fazê-lA
ter remorsos do Seu passado
histórico.
O
Papa Pio XII identificou três
elementos da Igreja que os
“inovadores” desejavam alterar:
a Sua liturgia, a Sua teologia e
a Sua alma (isto é, a Sua
própria natureza). Note-se que o
Papa Pio XII - baseando-se na
Mensagem de Fátima, assim como
naquilo que Ele testemunhara
pessoalmente na Igreja daquela
época - disse que haveria uma
tentativa de desmantelar,
destruir e rejeitar
tudo isto na Igreja. Por
outras palavras, era a
“demolição de bastiões”.
A Demolição da
Liturgia
Antes do Concílio
Vaticano II, os Papas defenderam
por unanimidade a antiga
liturgia latina da Igreja contra
a inovação, reconhecendo que o
idioma latino imutável era uma
barreira contra a heresia - como
o Papa Pio XII ensinou na sua
monumental encíclica da
liturgia, Mediator Dei.
Na verdade, os “reformadores”
protestantes do Século XVI a
nada tiveram tanto ódio como à
Missa Católica tradicional em
Latim, a liturgia
Damásio-Gregoriana que foi o
centro da vida da Igreja desde
pelo menos o Século IV (e,
provavelmente, ainda mais cedo)
até à “reforma” litúrgica do
Papa Paulo VI em 1969.
Em
parte alguma se pode ver mais
claramente o desejo de destruir
- a demolição de bastiões - do
que na explicação que o Papa
Paulo VI deu sobre a sua decisão
de suprimir a Missa tradicional
em latim, com mais de 1500 anos
de existência, e de a substituir
por um rito recentemente
inventado de Missa em vernáculo
- uma acção totalmente sem
precedentes e que os seus
antecessores teriam considerado
absolutamente inconcebível:
É aqui que a grande
novidade se vai notar, a
novidade do idioma. A língua
principal da Missa deixará
de ser o latim, mas sim a
linguagem falada. A
introdução do vernáculo
será, certamente, um grande
sacrifício para aqueles que
conhecem a beleza, o poder e
a sacralidade expressiva do
Latim. Estamos a separar-nos
da fala de séculos cristãos;
estamos a tornar-nos
como intrusos profanos na
reserva literária de
expressão vocal sagrada.
Perderemos uma grande parte
daquele bem artístico e
espiritual estupendo e
incomparável, o Canto
Gregoriano. Temos razão para
lamentar, quase temos razão
para a desorientação. O que
podemos pôr no lugar daquele
idioma dos anjos? Estamos a
deixar algo de valor
inestimável. Por quê? O
que é mais precioso do que
estes valores, dos mais
altos que a nossa Igreja
possui?
E,
realmente, o que é mais
precioso do que «estes valores,
dos mais altos que a nossa
Igreja possui?» Segundo o Papa
Paulo VI, o que era mais
precioso era um apelo ao “homem
moderno” - que o Papa,
aparentemente, considerava tão
obtuso que não conseguia
perceber nada das orações
latinas do Missal Romano, mesmo
que esse Missal incluísse
traduções vernáculas
paralelamente ao Latim. O Papa
Paulo VI continuou, respondendo
à sua própria pergunta:
A resposta parecerá
banal, quase prosaica.
Apesar de ser uma boa
resposta, porque é humana, é
apostólica. A compreensão da
oração é mais importante do
que as vestes de seda de que
ela está regiamente
adornada. A participação das
pessoas vale mais -
especialmente a participação
de pessoas modernas,
tão apreciadoras da língua
simples que é mais
facilmente compreendida e
convertida em linguagem do
dia-a-dia5.
O
discurso do Papa Paulo VI é um
diagrama do que aconteceu a toda
a Igreja desde o Concílio. As
mudanças conciliares e
pós-conciliares - todas elas sem
precedentes na História da
Igreja - são obra de
intrusos profanos que
trabalham para destruir algo de
valor inestimável, para
demolir bastiões que há
séculos estavam de pé - não só
na liturgia sagrada, mas nos
ensinamentos perenes da Igreja.
Não foi por acaso que o Vaticano
II causou uma destruição sem
precedentes: por detrás do
Concílio, os seus arquitectos
estavam a planear a destruição
desde o início.
A demolição da
Teologia
Na
edição de 19 de Dezembro de 1946
de L'Osservatore Romano,
o Papa Pio XII (tendo no
pensamento as teorias
heterodoxas de modernistas como
Chenu e De Lubac) advertiu que o
que estava a ser proclamado como
uma “nova teologia” acabaria por
arruinar a Fé:
Fala-se muito (mas
sem a necessária clareza de
conceitos) de uma “nova
teologia”, que deve estar em
transformação constante,
seguindo o exemplo de todas
as outras coisas do mundo
que estão num estado
constante de fluxo e
movimento, sem chegarem a
alcançar o seu termo. Se
fôssemos a aceitar tal
opinião, o que restaria dos
dogmas inalteráveis da Fé
Católica; e o que restaria
da unidade e estabilidade
dessa Fé6?
Como vimos, o Papa João
XXIII ignorou o aviso do Papa
Pio XII: no Vaticano II, o Papa
João reabilitou exactamente os
mesmos proponentes da “nova
teologia” que estavam sob
suspeita de heresia durante o
pontificado do Papa Pio XII. A
recordar o testemunho de
Monsenhor Bandas: «Sem duvida, o
bom Papa João pensou que estes
teólogos suspeitos rectificariam
as suas ideias e prestariam um
serviço genuíno à Igreja. Mas
aconteceu exactamente o oposto.
(…) A grande confusão estava a
caminho. Era já visível que
não permitiriam que nem Trento,
nem o Vaticano I, nem qualquer
encíclica impedisse o seu avanço».
Quais foram, então, os
efeitos da “nova teologia” na
Igreja? Hoje, em nome do
Vaticano II, é-nos dito:
-
que a Igreja tem de dialogar
e colaborar com comunistas,
muçulmanos, hereges,
cismáticos, e outros
inimigos objectivos da fé;
Em
resumo: os inimigos da Igreja
nos campos neo-modernistas,
maçónicos e comunistas viram os
seus sonhos teológicos, em
grande parte, tornar-se
realidade.
A Demolição da
Alma da Igreja
O
futuro Papa Pio XII não falava à
toa quando, à luz da Mensagem de
Fátima, predisse uma tentativa,
que se aproximava, de alterar
não só a liturgia e a teologia
da Igreja, mas a Sua própria
Alma - o que Ela é.
Claro está que este desígnio
nunca pode triunfar
completamente, porque Nosso
Senhor prometeu que as portas do
inferno não prevaleceriam contra
a Sua Igreja. Mas esta promessa
divina não exclui que o elemento
humano da Igreja sofra as
feridas mais graves causadas
pelos Seus inimigos -
exceptuando uma morte final. Foi
essa perspectiva de tão graves
injúrias à Igreja que tanto
alarmaram o Papa Pio XII,
especialmente tendo em conta as
profecias de Fátima.
E,
realmente, aquilo que o Papa Pio
XII mais receava concretizou-se
no período pós-conciliar, quando
se presenciou um esforço para
transformar a Igreja, de única
arca da salvação - fora da qual
ninguém se pode salvar - num
mero colaborador com outras
“igrejas e comunidades
eclesiásticas”, com religiões
não-Cristãs e até mesmo com
ateus, na construção de uma
utópica “civilização do amor”.
Nesta “civilização do amor”, a
salvação das almas do inferno -
o qual já não é mencionado - é
substituída por uma nova forma
de “salvação”: a salvação
através da “fraternidade”
mundial e da “paz” no mundo.
Esta é exactamente a mesma noção
que a Maçonaria tem promovido
nos últimos três séculos.
De
acordo com esta noção maçónica
de “salvação” pela “fraternidade
do homem” (compreendida num
sentido secular, não-Cristão),
muitos Clerigos católicos vêm
agora dizer-nos que nós temos
que respeitar as várias seitas
protestantes e cismáticas, como
parceiros num “diálogo
ecuménico” e na “procura de uma
unidade cristã”. Seguindo esta
nova noção, realizam-se
“liturgias” ecuménicas entre
Católicos, Protestantes e as
Igrejas Ortodoxas cismáticas,
para demonstrar a suposta
“comunhão parcial” entre “todos
os cristãos”. É claro que os
executores da nova orientação da
Igreja Católica ainda admitem
que Ela é a mais perfeita de
todas as igrejas; mas a
afirmação de que a Igreja
Católica é a única
verdadeira Igreja, com a
exclusão completa de todas as
outras, foi abandonada na
prática por todos - menos por um
resto de Católicos fiéis, que
são considerados “sectários
rígidos” e “pré-conciliares”,
simplesmente por acreditarem
naquilo em que os Católicos
sempre acreditaram antes de
1965.
Mas
a “unidade cristã” é só um passo
para a unidade pan-religiosa na
fraternidade mundial. Ao mesmo
tempo que a “unidade cristã”
está a ser promovida por
actividades pan-cristãs que os
grandes Papas pré-conciliares
teriam considerado sacrilégios,
o “diálogo interreligioso” fez a
Igreja mais “aberta” ao “valor”
de religiões não-cristãs - cujos
seguidores deixariam de ser
considerados como faltando-lhes
a Fé e o Baptismo para salvarem
as suas almas. A “Cristandade
anónima” de Karl Rahner - que
sustenta que os seguidores
sinceros de qualquer religião
podem ser, e provavelmente são,
“Cristãos” sem mesmo o saberem
-, tornou-se a teologia de
facto da Igreja. De acordo
com isto, organizam-se reuniões
de oração pan-religiosa, nas
quais os membros de todas as
religiões se reúnem para rezar
pela paz e para demonstrar a sua
“unidade” como membros da
família humana, sem que ninguém
lhes diga que estão em perigo de
condenação por falta do
Baptismo, por falta da Fé em
Cristo e por lhes faltar ainda o
serem membros da Sua Igreja. Na
liturgia “reformada” da
Sexta-feira Santa, os Católicos
(pela primeira vez na história
litúrgica da Igreja) já não
rezam pública e inequivocamente
pela conversão dos não-Católicos
e sua integração na Santa Igreja
Católica, como medida necessária
para a salvação das suas almas.
Como qualquer pessoa pode
ver, a substituição da Realeza
Social de Cristo pela
“civilização do amor”
neutralizou totalmente a Igreja
Católica, que já não é o centro
da autoridade moral e espiritual
do mundo, como era a intenção do
Seu Divino Fundador.
Os
teólogos progressistas que
avançaram com esta nova
orientação da Igreja já formaram
quase duas gerações de leigos e
Clerigos católicos. Os trabalhos
de Rahner, Küng, Schillebeeckx,
Congar, De Lubac, von Balthasar,
e seus discípulos dominam
actualmente os textos didácticos
dos Seminários e Universidades
Católicos. Nos últimos 35 anos,
as doutrinas progressistas
destes homens serviram de
principal formação a Padres,
Religiosos, teólogos e a
estudantes católicos do Ensino
Superior. Assim, atingimos uma
fase em que os prelados preferem
a teologia de Rahner à de São
Roberto Belarmino, por exemplo,
que é um santo canonizado e
Doutor da Igreja, ou de São
Tomás de Aquino, o grande Doutor
e um dos maiores santos na
História da Igreja. O ensino de
S. Roberto Belarmino e de S.
Tomás - que foi, na realidade, o
ensino de todos os Papas antes
do Vaticano II - tende a ser
aceite somente de acordo com a
interpretação que lhe é dada por
Rahner e outros “novos
teólogos”. O mesmo acontece com
a maioria dos professores em
Faculdades e Seminários
Católicos.
Este processo de tentar
mudar a própria alma e teologia
da Igreja, tal como o Papa Pio
XII receava, não só envolveu a
“iniciativa ecuménica” e o
“diálogo inter-religioso”, mas
também uma série infinita de
desculpas de Clerigos católicos,
do alto e baixo Clero, pelo
“triunfalismo” passado da
Igreja, ao declarar ser Ela o
repositório exclusivo da
revelação divina, e ainda pelos
supostos pecados dos Seus
falecidos membros contra outros
“cristãos” e outras culturas.
Ora foi precisamente isto o que
o Papa Pio XII predisse, quando
falou de inovadores que viriam
«fazê-lA [a Igreja] ter remorsos
do Seu passado histórico».
As previsões do
Inimigo cumpriram-se
Passamos a resumir a
correspondência íntima entre o
que vimos acontecer na Igreja
pós-conciliar e os objectivos,
tanto da Maçonaria (como foi
revelado por Roca e por vários
Maçons, muitos deles citados
pelo Bispo Graber, e pela
Permanent Instruction) como
do Comunismo (como foi atestado
por Bella Dodd e outros
ex-Comunistas):
-
Um
acordo entre «os ideais da
civilização moderna e o
ideal de Cristo e do Seu
Evangelho. Esta será a
consagração da Nova Ordem
Social e o baptismo solene
da civilização moderna» -
isto é, a liberalização
global de Clerigos católicos
de acordo com os mesmos
princípios falsos condenados
no Syllabus do
Bem-Aventurado Pio IX.
(Roca, Melinge, The
Permanent Instruction of the
Alta Vendita)
-
O
aparecimento de um
«pontificado
pluri-confessional, capaz de
se adaptar a um ecumenismo
polivalente, tal como se vê
estabelecido hoje em dia nas
inter-celebrações de Padres
e pastores protestantes» -
só agora, o próprio Papa
celebra liturgias em comum
com clérigos protestantes7.
(Roca, Melinge)
-
A
introdução de um «complexo
de culpa na Igreja (…)
rotulando a ‘Igreja do
Passado’ de opressiva,
autoritária, cheia de
preconceitos, arrogante por
declarar ser a possuidora
exclusiva da verdade, e
responsável pelas divisões
das comunidades religiosas
ao longo dos séculos.»
(Bella Dodd)
-
O
uso desta nova orientação
para arruinar a Igreja, sem
chegar a destruí-la. (Bella
Dodd, Watson, os desertores
soviéticos e The
Permanent Instruction)
E
todos estes acontecimentos foram
preditos pelo futuro Papa Pio
XII em observações que ele
especificamente relacionou com
as «mensagens da Santíssima
Virgem a Lúcia de Fátima» e com
«esta persistência de Maria
sobre os perigos que ameaçam a
Igreja».
A Paixão da
Igreja
Assim, a Paixão que a
nossa Santa Igreja está
actualmente a sofrer não é, na
verdade, nenhum grande mistério.
Teimando em ignorar os Papas do
passado, abandonando condenações
de erro, “reabilitando” os
teólogos suspeitos e fazendo-os
heróis da Igreja, abolindo o
Índice de Livros Proibidos
e o Santo Ofício, desfazendo-se
da liturgia Católica tradicional
que era uma barreira contra a
heresia, pronunciando
“unilateral” e “antiquado” tanto
o ensinamento anti-liberal do
Bem-Aventurado Pio IX como o
ensinamento anti-modernista de
São Pio X - em resumo, tirando
impiedosa e sistematicamente à
Igreja quase todas as Suas
defesas -, os dirigentes actuais
da Igreja demoliram quase todos
os bastiões que outrora
protegeram a Igreja da
infiltração e da corrupção,
criando assim uma estrutura
enfraquecida que podemos ver
agora a desmoronar-se no
escândalo, na corrupção, na
desobediência, e na perda de Fé.
Apesar disso, os
dirigentes da Igreja continuam a
insistir que o processo
desastroso da mudança -
responsável por esta invasão e
auto-demolição admitida
na Igreja - deve continuar “a
todo o vapor”. Esta é,
precisamente, a razão por que o
Cardeal Ratzinger, muitos anos
depois do Vaticano II, declarou
que a Igreja «tem que demolir
bastiões há muito existentes»8.
Tal
como já demonstrámos, tudo isto
foi predito pelos inimigos da
Igreja. O Bispo Graber,
comentando a crise pós-conciliar
à luz das predições dos Maçons
sobre o que eles depressa
conseguiriam fazer, declarou:
Se, em face destas
admissões inequívocas [por
Maçons, etc.] alguém ainda é
de opinião de que os
acontecimentos na Igreja
[desde o Vaticano II] são
fenómenos marginais, ou
dificuldades de transição
que cessarão eventualmente
por si próprios, então esse
alguém está, simplesmente,
sem remédio. Mas a
responsabilidade dos
dirigentes principais na
Igreja é tanto maior
quanto o é o facto de não se
ocuparem com estas questões
imaginando que tudo pode ser
consertado, remendando aqui
e acolá9.
Mas
são estes mesmos “dirigentes
principais da Igreja” que são o
assunto do nosso caso. Todavia -
e apressamo-nos a dizê-lo uma
vez mais -, não afirmamos que
todo o Clerigo que promove
práticas modernas, como o
ecumenismo, está a agir
deliberadamente como um inimigo
da Igreja. O Padre Frederick
Faber, ilustre Sacerdote do
Século XIX, foi um verdadeiro
profeta quando disse num sermão
notável, pregado no Pentecostes
de 1861, no Oratório de Londres:
Temos de nos lembrar
que, se todos os homens
manifestamente bons
estivessem de um lado e
todos os homens
manifestamente maus
estivessem do outro, não
haveria perigo para ninguém,
muito menos para os eleitos,
de ser enganado através de
falsas maravilhas. São os
homens bons - outrora bons
e, esperamos, ainda bons -
que irão fazer o trabalho do
anti-cristo e (coisa triste
de se dizer) crucificar o
Senhor novamente (…)
Recordai-vos desta
característica dos últimos
dias: que esta falsidade
há-de nascer nos homens bons
que estão do lado errado10.
Como iremos agora
demonstrar, os homens que nos
preocupam estão do lado
errado. Ao empreenderem a
“demolição de bastiões” da
Igreja Católica através da
imposição da sua nova orientação
- ou daquilo a que o Cardeal
Ratzinger chamou uma tentativa,
por parte do Concílio, de uma
“reconciliação oficial” com a
“nova era” iniciada com a
Revolução Francesa -,
agruparam-se, necessariamente,
contra a Mensagem de Fátima. E
por esta razão: nada é mais
integralmente católico, nada
mais oposto ao espírito da “nova
era”, nada mais hostil ao
ecumenismo conciliar, nada mais
oposto à demolição dos bastiões
católicos, do que o pedido da
Virgem Maria para se consagrar
da Rússia ao Seu Imaculado
Coração, a conversão subsequente
da Rússia à Fé Católica e o
glorioso Triunfo do Coração
Imaculado de Maria por todo o
mundo, numa ordem social
católica.
A Mensagem de Fátima: Um
bastião final
Pelo que nós dissemos até
aqui, deveria ficar claro que a
Mensagem de Fátima, na sua total
integridade católica, não pode
coexistir com a nova visão da
Igreja imposta por aqueles que,
levados por uma “vontade de
destruir”, incitam à “demolição
de bastiões”. Tal destruição
aconteceu precisamente porque o
vasto programa de
aggiornamento do Vaticano
II é contrário às verdades
católicas que permeiam a
Mensagem de Fátima.
Nossa Senhora não veio a
Fátima demolir bastiões da
Igreja, mas antes exortar os
membros da Igreja a que
defendessem os Seus bastiões na
crise que se aproximava. Ela não
pregou o “ecumenismo” ou o
“diálogo inter-religioso”, mas
os ensinamentos constantes e
imutáveis da Igreja - de que
fora Dela não há qualquer
salvação. Quando Nossa Senhora
veio a Fátima, não nos deu
nenhuma “nova teologia”, nem nos
deu qualquer “compreensão nova”
de doutrina que, de qualquer
forma, estaria em conflito com o
ensinamento constante do
Magisterium.
O
que vemos nós na Mensagem de
Fátima? Vemos reforçadas as
doutrinas fundamentais da nossa
Fé, as mesmas doutrinas que
foram alvo do ataque mais feroz
do nosso tempo11.
Quando a Mãe de Deus veio a
Fátima-
-
E
também falou,
indirectamente, da Realeza
Social de Jesus Cristo, ao
transmitir a ordem do Céu
para que a Rússia fosse
consagrada ao Seu Imaculado
Coração e convertida
à religião Católica -
precisamente aquilo que os
negociadores do Vaticano
descreveram como uma
“eclesiologia antiquada” na
Declaração de Balamand.
Um motivo
claramente exposto
Em
conclusão: para aqueles que
continuam a seguir a nova
orientação da Igreja, a Mensagem
de Fátima só pode representar
mais outro bastião que deve ser
demolido. Por isso, como o Papa
Pio XII revelou nas suas
observações proféticas, as
mensagens da Virgem à Irmã Lúcia
diziam respeito aos «perigos que
ameaçam a Igreja». Embora não
nos seja revelado nas porções da
Mensagem de Fátima que até aqui
nos foi permitido conhecer, o
Papa Pio XII falou de «um aviso
do Céu», dado em Fátima, sobre
os «[inovadores que O]uço à
minha volta», e que trariam
sérios danos à Igreja pela
«altera[ção] da Fé, na Sua
liturgia, na Sua teologia e na
Sua alma».
Vemos agora, claramente
exposto, o motivo para o crime
que é o assunto deste livro.
Há uma oposição fundamental
entre a “nova” Igreja, lançada
pelo Vaticano II, e a Igreja de
sempre, representada pela
Mensagem de Fátima. A
Mensagem de Fátima é um
obstáculo divino no caminho
daqueles que estão determinados
a arrasar os bastiões da antiga
Igreja, para poderem erguer uma
nova Igreja, mais “iluminada”,
sobre os destroços.
Estas duas visões opostas
da Igreja - a visão de uma
“nova” Igreja e a visão da
Igreja de sempre, como Fátima
vinha mostrar - não podem
coexistir. Uma visão tem que
ceder à outra. Os homens que são
o assunto deste livro fizeram
(explicita ou implicitamente) a
sua opção relativamente à visão
da Igreja que, no seu entender,
deverá governar: escolheram a
nova visão - a nova orientação
da Igreja iniciada em Metz e no
Vaticano II. Naquela escolha
baseia-se o seu motivo, e
naquele motivo se baseia a nossa
compreensão das suas acções
contra a Mensagem de Fátima - de
outro modo inexplicáveis.
Pondo de lado, de
momento, a questão dos motivos
subjectivos dos proponentes
desta nova orientação - que
falam por si próprios nas
declarações que apresentámos -,
não se pode negar que,
objectivamente, as suas acções
são escandalosas, suicidas para
a Igreja (num sentido relativo,
é claro) e prejudicial para
milhões de almas. Assim sendo,
as suas acções constituem um
crime, independentemente daquilo
que os perpetradores possam
pretender subjectivamente:
porque uma pessoa pode cometer
um crime por descuido ou
negligência culpável sem ter
pretendido causar danos
conscientemente. Ora, assim como
um homem que acredita
sinceramente que está certo
assassinar alguém continua a ser
culpado de assassínio, assim
também aqueles que prejudicaram
a Igreja - embora com a melhor
das intenções - são culpados de
crime contra Ela. É a diferença
entre o que a lei chama uma
intenção específica de causar
dano a outrem, e uma intenção
geral de fazer um acto que
(deveria saber-se que) causaria
dano, mesmo se a pessoa não
deseja, subjectivamente, causar
esse dano. Por outras palavras:
a lei castiga actos deliberados
cometidos por alguém que deveria
ter pensado melhor antes de
cometer tal acto.
Para alguns dos
responsáveis por este desastre,
pode haver um sentido extraviado
de “iluminação” - «fazer mal sob
o disfarce do bem» - ou uma
«desorientação diabólica» na
direcção da Igreja, para citar
as palavras da própria Irmã
Lúcia. Em relação a estes
indivíduos, trata-se de um caso
de «cegos que guiam outros
cegos», como afirmou a Irmã
Lúcia12 referindo-se
ao que Jesus disse no Evangelho
(Mt. 15:14), «o cego conduzindo
o cego». Também é um caso de
cegos que se recusam a admitir
que estão cegos: na realidade,
alguns destes homens podem
ter-se convencido de que aquilo
que estão a fazer é o melhor
para a Igreja - embora seja
manifestamente ruinoso.
Seja
qual for o caso, mostraremos que
os acusados são objectivamente
culpados de um crime terrível
contra a Igreja e o mundo, pela
sua participação numa verdadeira
conspiração para frustrar o
cumprimento da Mensagem
autêntica de Fátima. Que Deus
seja o Juíz das suas almas. As
suas palavras objectivas e
acções, porém, julgam-se por si
próprias no tribunal externo da
História.
O
que é mais, as acções destes
homens podem ser julgadas à luz
do próprio ensino infalível da
Igreja, que (como já vimos) eles
declararam abertamente
“antiquado”, ou que “corrigiram”
segundo a maneira “moderna” de
pensar e a “nova teologia”. Os
resultados deste desvio dos
ensinamentos infalíveis são
maus, como o estado actual da
Igreja deveria demonstrar a
qualquer um. Os Católicos têm de
julgar o mal como sendo um mal,
quando se deparam com ele, em
vez de fingirem que é bom, só
porque certas figuras de
autoridade insistem em que é
bom. «Ai dos que chamam bem ao
mal, e mal ao bem...» (Isaías
5:20).
Vamos agora examinar de
que maneira o motivo que
estabelecemos animou o recente
esforço, da parte do aparelho de
poder do Vaticano, para enterrar
de uma vez por todas a Mensagem
de Fátima.
Notas
1. Veja-se, por exemplo, a
análise estatística do
sacerdócio, em L'Osservatore
Romano, 13-20 de Agosto de
1997, e “The Index of Leading
Catholic Indicators” (O índice
dos principais indicadores
católicos), The Latin Mass,
Inverno de 2000, que apresenta
grande quantidade de dados do
Statistical Yearbook of the
Church, publicado pelo
Vaticano, e de outras obras
essenciais de referência.
2. Cardeal Ratzinger,
Principles of Catholic Theology,
p. 391.
3. Ibid., p. 390.
4. Ibid., p. 391.
5. Alocução da audiência de 26
de Novembro de 1969.
6. Citado e traduzido de David
Greenstock, “Thomism and the New
Theology”, The Thomist,
Outubro de 1950.
7. [Citado por Bigotte Chorão in
Camilo, 41. A carta é
aí datada (erradamente) de 1866.
Anotação acrescentada pelo
traductor] Veja-se, por exemplo,
“Joint Catholic-Lutheran Vespers
at Vatican”, CWNews.com, 13 de
Novembro de 1999: «Os Arcebispos
G.H. Hammar e Jukka Paarma -
respectivamente, Primazes
luteranos da Suécia e da
Finlândia - e os Bispos Anders
Arborelius, de Estocolmo, e
Czeslaw Koson, de Copenhague,
juntaram-se ao Santo Padre para
o serviço de Vésperas. Estiveram
presentes à cerimónia vários
outros bispos luteranos dos
países escandinavos, incluindo
duas bispas». Da mesma maneira,
no início do Ano do Jubileu, o
Papa João Paulo II abriu as
Portas Santas de São Paulo
Extra-Muros com o Arcebispo
anglicano Carey e o Metropolita
cismático Athanasios.
Representantes de 20 outras
confissões falsas assistiram à
cerimónia ecuménica. Cf.
“Non-Catholics Joining Pope in
Rite” (Não-Católicos juntam-se
ao Papa num ritual), Los
Angeles Times, 19 de
Janeiro de 2000.
8. Cardeal Ratzinger,
Principles of Catholic Theology,
1987.
9. Graber, Athanasius and
the Church of Our Time, pp.
170-171.
10. Citação tirada do livro do
Padre Denis Fahey, The
Mystical Body of Christ in the
Modern World (Dublin,
Regina Publications, 1ª edição
de 1935), p. xi.
11. Para mais considerações
sobre o facto de Nossa Senhora
de Fátima ter reforçado
doutrinas católicas importantes
que hoje são negadas, cf. John
Vennari, “A World View Based on
Fatima” (Uma visão do mundo
baseada em Fátima), The
Fatima Crusader, Nº 64,
Primavera de 2000; também o
mesmo artigo traduzido para
Português em www.fatima.org
12. The Whole
Truth About Fatima - Vol.
III, pp. 754-758. Veja-se também
nota 28 do capítulo 4.
Capítulo 8
A
Mensagem de Fátima contra
a linha do partido
Qual foi o efeito global
para a Igreja das mudanças
inesperadas, e assaz dramáticas
que começaram no século XX? Como
escritores católicos têm
observado, aquilo que os
Católicos testemunharam
especialmente ao longo dos
últimos 40 anos representa uma
espécie de “estalinização da
Igreja Católica Romana” - o que
tem uma semelhança arrepiante
com aquilo que, nessa altura,
foi chamado “a Adaptação” da
Ortodoxia Russa às exigências do
Regime Estalinista.
A
subversão da Igreja Ortodoxa por
Stálin é, sem dúvida, uma das
evoluções que a Santíssima
Virgem previu, em Fátima, para a
Rússia. Foi precisamente por
isso que a Senhora veio pedir a
Consagração da Rússia ao Seu
Imaculado Coração: para que esta
nação abraçasse a única e
verdadeira religião e a única e
verdadeira Igreja, e não a
Igreja Ortodoxa cismática -
fundada em rebelião humana
contra Roma, afastada do Corpo
Místico de Cristo há mais de 500
anos - sendo, por esse facto,
constitucionalmente incapaz de
evitar a sua Adaptação total ao
Estalinismo.
A
Adaptação Ortodoxa começou
oficialmente quando o
Metropolita Sergio, da Igreja
Ortodoxa Russa, publicou um
“Apelo” no Izvestia de
19 de Agosto de 1927. O Apelo de
Sergius, como veio a ser
conhecido, esboçou uma nova base
para a actividade da Igreja
Ortodoxa Russa - que o leigo
russo Boris Talantov descreveu
como «uma Adaptação à realidade
ateia da U.R.S.S.». Por outras
palavras e como se depreende da
argumentação, a Igreja tinha que
encontrar uma maneira de viver
com a “realidade ateia” da
Rússia estalinista. Logo,
Sergius propusera o que ficou
conhecido, abreviadamente, como
a Adaptação.
A
Adaptação constou, antes de
mais, de uma separação errónea
entre as chamadas necessidades
espirituais do Homem -
necessidades puramente
religiosas -, e as suas
necessidades sócio-políticas.
Isto é, uma separação entre a
Igreja e o Estado: a Igreja
servia para satisfazer as
necessidades puramente
religiosas dos cidadãos da União
Soviética, mas sem tocar na
estrutura sócio-política que
tinha sido edificada pelo
Partido Comunista.
A
Adaptação exigiu uma nova
administração da Igreja na
Rússia, segundo linhas de
orientação esboçadas logo depois
de ter sido publicado o apelo de
Sergius. Na prática, isso
traduzia-se num acordo de não
criticar a ideologia oficial da
União Soviética sob o regime de
Stálin, o que se iria reflectir
em todas as actividades da
Igreja: toda e qualquer oposição
da Igreja Ortodoxa Russa ao
regime soviético seria, daí em
diante, considerada um desvio da
sua actividade puramente
religiosa, e uma forma de
contra-revolução que nunca mais
seria permitida nem tolerada.
Efectivamente, devido ao
seu silêncio, a Igreja Ortodoxa
tornou-se um “braço longo” do
Estado Soviético. Com efeito,
Sergius continuaria a defender
esta traição e, inclusivamente,
a apelar à condenação dos seus
próprios colegas ortodoxos,
sentenciados a campos de
concentração por alegadas
actividades
contra-revolucionárias.
Talantov, que condenara
totalmente a Adaptação,
descreveu-a deste modo: «Na
realidade, toda a actividade
religiosa foi reduzida a ritos
externos. A pregação que faziam,
nas igrejas, aqueles Clerigos
que seguiam estritamente a
Adaptação era totalmente
afastada da vida real e,
portanto, não tinha influência
alguma nos ouvintes. Como
resultado, tanto a vida
familiar, social e intelectual
dos crentes como a educação da
geração mais nova permaneceram
fora da influência da Igreja.
Ora, não se pode louvar a Cristo
e ao mesmo tempo, na vida
familiar e social, mentir, fazer
o que é injusto, usar de
violência e sonhar com um
paraíso na terra»1.
E
era isto o que a Adaptação
envolvia: a Igreja calar-se-ia
sobre os males do regime
estalinista, tornar-se-ia uma
comunidade puramente
“espiritual”, “em sentido
abstracto”, já não exprimiria
oposição ao regime, já não
condenaria os erros e mentiras
do Comunismo, tornando-se deste
modo uma Igreja do Silêncio -
como era frequentemente chamado
o Cristanismo para lá da Cortina
de Ferro.
O
Apelo de Sergius provocou um
cisma na Igreja Ortodoxa Russa.
Os verdadeiros crentes que
rejeitaram a Adaptação, que
denunciaram o Apelo e que
permaneceram ligados ao
Metropolita Joseph - e não a
Sergius - foram presos e
enviados para campos de
concentração. O próprio Boris
Talantov teria eventualmente
morrido na prisão como
prisioneiro político do Regime
Estalinista, e, entretanto, a
Igreja do Silêncio era
transformada - efectivamente -
num órgão do KGB. Stálin arrasou
a Igreja Ortodoxa Russa: todos
os verdadeiros crentes ortodoxos
foram mandados para campos de
concentração, ou executados e
substituídos por operativos do
KGB.
Pouco antes de morrer, em
Agosto de 1967, Talantov
escreveu o seguinte sobre a
Adaptação:
A
Adaptação ao ateísmo
implantada pelo Metropolita
Sergius terminou com a (foi
completada pela) traição que
a Igreja Ortodoxa Russa
sofreu, por parte do
Metropolita Nikodim e de
outros representantes
oficiais do Patriarca de
Moscovo sediado no
estrangeiro. Esta traição,
irrefutavelmente provada
pelos documentos citados,
tem que ser tornada
conhecida de todos os
crentes, na Rússia e no
estrangeiro - porque tal
actividade do Patriarcado,
assente na cooperação com o
KGB, representa um grande
perigo para todos os
crentes. Na verdade, os
chefes ateus do povo russo e
os príncipes da Igreja
uniram-se contra o Senhor e
contra a Sua Igreja2.
Talantov refere-se aqui ao
mesmo Metropolita Nikodim que
induziu o Vaticano a entrar no
Acordo Vaticano-Moscovo -
mediante o qual (como mostrámos
no capítulo 6) a Igreja Católica
foi forçada a não falar sobre o
Comunismo no Concílio Vaticano
II. Logo, o mesmo prelado
ortodoxo que atraiçoou a Igreja
Ortodoxa veio a ser o
instrumento de um acordo que
atraiçoou também a Igreja
Católica. Durante o
Vaticano II, certos
eclesiásticos católicos em
cooperação com Nikodim
concordaram em que a Igreja
Católica se tornaria também numa
Igreja do Silêncio.
E
assim, a partir do Concílio, a
Igreja Católica tem-se tornado
incontestavelmente silenciosa em
quase toda a parte; não só
quanto aos erros do Comunismo -
que a Igreja deixou de condenar
quase por completo, mesmo em
relação à China vermelha que
cruelmente persegue a Igreja -,
mas também quanto aos erros do
Mundo em geral. Relembramos que,
na sua alocução inaugural do
Concílio, o Papa João XXIII
admitiu abertamente que o
Concílio (e depois dele a maior
parte da Igreja) já não
condenaria os erros; antes se
abriria ao Mundo, numa
apresentação “positiva” do Seu
ensino aos “homens de boa
vontade”. O que se lhe seguiu -
e que o próprio Papa Paulo VI
teve de admitir - não foi a
conversão esperançosa dos
“homens de boa vontade”, mas sim
aquilo a que o próprio Paulo VI
chamou «uma verdadeira invasão
da Igreja pelo pensamento
mundano». Por outras palavras -
tanto quanto isto seja possível
na Igreja Católica (que nunca
pode falhar completamente na Sua
missão) -, tratou-se de um tipo
de Adaptação sergiana do
Catolicismo Romano.
Ora, de acordo com esta
Adaptação da Igreja Católica,
por volta do ano 2000 a Mensagem
de Fátima estaria firmemente
subjugada às exigências da nova
orientação: já tinha sido
determinado por certos membros
do aparelho de estado do
Vaticano que a Rússia não seria
mencionada em cerimónia alguma
de Consagração que o Papa
pudesse realizar, em resposta
aos pedidos da Virgem. No número
de Novembro de 2000 da revista
Inside the Vatican, um
Cardeal proeminente,
identificado apenas como «um dos
conselheiros mais próximos do
Santo Padre», é citado deste
modo: «Roma receia que os
Ortodoxos Russos pudessem
considerar uma ‘ofensa’ o facto
de Roma fazer uma menção
específica da Rússia numa tal
oração - como se a Rússia
precisasse especialmente de
ajuda, quando o Mundo inteiro,
incluindo o Ocidente
pós-Cristão, enfrenta problemas
profundos (…)». O mesmo
Cardeal-conselheiro acrescentou:
«Vamos ter cuidado para não nos
tornarmos demasiado estreitos de
espírito».
Em
suma: “Roma” - isto é, alguns
poucos membros do aparelho de
estado do Vaticano que
aconselham o Papa - decidiu não
honrar o pedido específico de
Nossa Senhora de Fátima, com
receio de ofender os Ortodoxos
Russos; “Roma” não deseja dar a
impressão de que a Rússia deverá
converter-se à Fé Católica, por
meio da sua Consagração ao
Imaculado Coração de Maria,
porque isto seria assaz
contrário ao novo “diálogo
ecuménico” lançado pelo Concílio
Vaticano II. A Consagração (e
conversão) da Rússia pedida pela
Mãe de Deus também seria contra
o acordo diplomático do Vaticano
(na Declaração de Balamand de
1993), segundo o qual o regresso
dos Ortodoxos a Roma é uma
“eclesiologia antiquada” -
afirmação que, como
demonstrámos, contradiz
rotundamente o dogma católico,
infalivelmente definido, de que
tanto hereges como cismáticos
não podem salvar-se, se
estiverem fora da Igreja
Católica. Então, em Janeiro de
1998 e de harmonia com este
notório afastamento do ensino
católico, o próprio
Administrador Apostólico do
Vaticano para a Rússia, o
Arcebispo Tadeusz Kondrusiewicz,
afirmou publicamente: «O
Concílio Vaticano II declarou
que a Igreja Ortodoxa é a nossa
Igreja gémea e tem os mesmos
meios para a salvação. Portanto,
não há motivo algum para uma
política de proselitismo»3.
Devido a este abandono
de facto do ensino
continuado da Igreja - de que os
hereges, cismáticos, judeus e
pagãos têm de unir-se ao rebanho
católico se quiserem salvar-se
-, uma Consagração da Rússia ao
Imaculado Coração de Maria para
obter a sua conversão estaria,
evidentemente, fora de questão,
pelo menos aos olhos daqueles
que promovem a nova orientação
da Igreja.
E
foi assim que no dia 13 de Maio
de 1982, e outra vez a 25 de
Março de 1984, o Papa consagrou
o Mundo ao Imaculado
Coração de Maria, mas sem
qualquer menção à Rússia; em
caso algum participaram os
Bispos de todo o Mundo - não
tendo, portanto, sido cumprido
nenhum dos dois requisitos de
que a Irmã Lúcia se fez voz ao
longo de toda a sua vida.
Reconhecendo-o claramente, o
próprio Papa fez alguns
comentários - intrigantes -
durante e depois da cerimónia de
1984: durante a cerimónia,
diante de 250.000 pessoas na
Praça de São Pedro, o Santo
Padre acrescentou
espontaneamente o seguinte ao
texto já preparado: «Iluminai
especialmente aqueles povos cuja
consagração e confiada entrega
Vós esperais de nós»4;
e horas depois da cerimónia,
segundo noticiou o Avvenire,
jornal dos Bispos italianos, o
Santo Padre rezou na Basílica de
São Pedro, diante de 10.000
testemunhas, pedindo a Nossa
Senhora que abençoasse «aqueles
povos para quem Vós Mesma
estais à espera do nosso
acto de consagração e de
confiada entrega»5. A
Rússia não foi consagrada ao
Imaculado Coração de Maria, e o
Papa sabe-o: persuadido,
evidentemente, pelos seus
conselheiros, o Papa dissera ao
Sr. Bispo Cordes, dirigente do
Conselho Pontifício para os
Leigos, que tinha omitido
qualquer menção à Rússia porque
«seria interpretada como uma
provocação pelos dirigentes
soviéticos»6.
O
aparecimento da “Linha do
Partido” sobre Fátima
Mas os Fiéis não
abandonariam facilmente a
Consagração da Rússia, porque
era óbvio que, durante o período
1984-2000, a Rússia não
experienciara a Conversão
religiosa que a Virgem tinha
prometido, como fruto de uma
adequada Consagração ao
Imaculado Coração de Maria.
Muito pelo contrário: apesar de
certas mudanças políticas, a
condição material, moral e
espiritual da Rússia apenas
piorou desde a dita
“consagração” de 1984.
Repare-se nestas provas,
que fornecem apenas um esboço da
gravidade da situação da Rússia
pelo ano 2000 (e que só tem
vindo a piorar desde então, como
veremos):
-
Uns 16 anos depois da
Consagração, a Rússia tem a
taxa mais alta de abortos no
Mundo inteiro. O Padre
Daniel Maurer, CJD, que
passou os últimos oito anos
na Rússia, diz que,
estatisticamente, a mulher
russa terá em média oito
abortos durante os seus anos
férteis - embora o Padre
Maurer creia que o número
real andará à volta de 12
abortos por cada mulher; ele
falou mesmo com mulheres que
chegaram a fazer 25 abortos.
A principal razão para
números tão arrepiantes é
que outros métodos de
contracepção (que são
imorais, de qualquer modo)
nem foram difundidos na
Rússia, nem são de
confiança. Isto deixa o
aborto como «o meio mais
barato para limitar o
tamanho da família».
Actualmente na Rússia os
abortos são gratuitos; mas
os nascimentos não o são7.
-
O
satanismo, o ocultismo e a
feitiçaria estão em ascensão
na Rússia, como até Alexy
II, o Patriarca Ortodoxo
Russo, admite publicamente10.
-
A
homossexualidade está à
rédea solta, quer em Moscovo
quer por toda a parte do
país. Com efeito, em Abril
de 1993, nove anos depois da
“consagração” de 1984, Boris
Yeltsin permitiu que a
homossexualidade fosse
despenalizada. A
homossexualidade é agora
“legal” na Rússia11.
-
A
Rússia é um centro mundial
de eleição para a difusão de
pornografia infantil. A
Associated Press
apresentou um relatório
sobre uma rede de
pornografia infantil, com
sede em Moscovo e ligada a
uma outra rede de
pornografia infantil no
Texas. Citando AP: «A lei
russa não distingue entre
pornografia infantil e
pornografia que envolva
adultos, e trata a produção
e difusão de ambos como um
crime menor - disse Dmitry
Chepchugov, chefe do
departamento do Ministério
do Interior Russo para os
crimes de alta tecnologia. A
polícia russa frequentemente
se queixa do caos legal que
fez da Rússia um centro
internacional de produção de
pornografia infantil. “Infelizmente,
a Rússia transformou-se num
contentor de lixo mundial de
pornografia infantil
” - disse
Chepchugov aos jornalistas
em Moscovo»12.
-
Agora os Russos vêem
avidamente os programas de
televisão “da vida real”.
Nos shows “da vida
real” mais depravados,
câmaras de vídeo filmam a
vida pessoal íntima de
‘casais’ russos, incluindo a
sua actividade sexual.
Apesar dos murmúrios de
desaprovação de velhos
Comunistas, partidários de
uma linha dura, os
telespectadores russos
“nunca se fartam” desta
pornografia. O programa
«gaba-se de uma taxa de
audiências de mais de 50%, e
milhares de Russos aguentam
temperaturas abaixo de zero
e esperam, em fila, durante
mais de uma hora, só para
espreitarem [essa ‘vida
real’] através duma janela
do apartamento. Milhões já
visitaram esse site
da Internet - que bloqueia
frequentemente sob o peso do
tráfego»13.
-
Quanto à situação da Igreja
Católica: em 1997, a Rússia
decretou uma lei nova sobre
“liberdade de consciência”
que deu um estatuto
privilegiado à Ortodoxia
Russa, ao Islamismo,
Judaísmo e Budismo, que
foram consideradas “as
religiões tradicionais” da
Rússia; por seu turno, era
necessário às paróquias
católicas obterem a
aprovação dos burocratas
locais, só para terem o
direito de existir. Como
resultado:
-
O
minúsculo Sacerdócio
católico na Rússia, uns 200
Sacerdotes, é formado quase
inteiramente por Clerigos
nascidos no estrangeiro,
sendo, a muitos deles,
concedidos vistos de entrada
no país com um prazo apenas
de três meses - enquanto os
homens de negócios recebem
vistos de entrada de seis
meses14.
-
Há
apenas dez Sacerdotes
nascidos na Rússia em todo o
país - cinco na Sibéria e
cinco no Cazaquistão -,
tendo 95% dos Sacerdotes e
Freiras nascido no
estrangeiro. Na opinião
franca do Senhor Arcebispo
Bukovsky, a Igreja Católica
«é pequena (…) e será sempre
pequena»15.
-
Os
Católicos constituem menos
de metade de 1% da população
russa, enquanto os
Muçulmanos russos
ultrapassam 10 vezes mais o
número de Católicos. Segundo
notícia da Rádio Free
Europe, o Catolicismo é
visto, na Rússia, como «um
tipo de esquisitice
inexplicável - qual a razão
por que um Russo haveria de
ser católico?»16.
Dado este tipo de
evidências, não era possível -
pura e simplesmente - que se
desvanecesse facilmente a
interrogação sobre se a
Consagração da Rússia teria sido
feita do modo pedido por Nossa
Senhora de Fátima ou não.
Portanto, na perspectiva dos
executores da nova orientação da
Igreja - a Adaptação da Igreja
ao Mundo -, algo tinha que ser
feito com respeito a Fátima. E,
em especial, algo tinha que ser
feito com respeito a um
Sacerdote canadiano, de nome
Padre Nicholas Gruner, cujo
apostolado de Fátima se tinha
tornado uma voz de peso para
milhões de Católicos que estavam
convictos de que a Consagração
da Rússia ‘descarrilara’ devido
aos planos de certas personagens
do Vaticano. Era tão simples
quanto isto: Fátima e “o
Sacerdote de Fátima” tinham que
ser enterrados de uma vez por
todas.
O
processo começou já há muito, em
1988, no momento em que - conta
Frère François - «uma ordem veio
do Vaticano dirigida às
autoridades de Fátima, à Irmã
Lúcia, a diversos eclesiásticos
incluindo o Padre Messias Coelho
e um sacerdote francês
[evidentemente, o Padre Pierre
Caillon] muito devoto de Nossa
Senhora, ordenando a todos que
deixassem de importunar o Santo
Padre com o assunto da
Consagração da Rússia». O Padre
Caillon, devoto de Fátima,
confirmou a emissão desta ordem:
«uma ordem veio de Roma, que
obrigava todos a dizerem e a
pensarem: “A Consagração está
feita. Tendo o Papa realizado
tudo o que está ao Seu alcance,
dignou-se o Céu aceitar este
gesto”»18. Foi por
esta altura (1988-1989) que
muitos Apostolados de Fátima -
que tinham persistido em que a
Consagração da Rússia ainda não
fora feita - inverteram
inesperadamente as suas posições
e declararam que a Consagração
de 1984 tinha cumprido os
desejos do Céu. Lamentavelmente,
até mesmo o Padre Caillon logo a
seguir mudou o seu testemunho e
começou a dizer que a
Consagração de 1984 tinha
cumprido os pedidos da
Santíssima Virgem.
Foi também por essa época
que começaram a circular cartas,
alegadamente da Irmã Lúcia,
escritas à maquina e geradas por
computador. Destas cartas -
manifestamente incríveis - ficou
típica a de 8 de Novembro de
1989, dirigida ao Senhor Noelker
e que contém a afirmação da
“Irmã Lúcia” de que o Papa Paulo
VI consagrou o Mundo ao
Imaculado Coração de Maria
durante a sua breve visita a
Fátima em 1967 - uma Consagração
que nunca aconteceu, como a Irmã
Lúcia decerto sabia, porque
testemunhou pessoalmente a
visita inteira19.
Deste modo emergiu a
Linha do Partido na
Mensagem de Fátima. A que
chamamos, exactamente, “a Linha
do Partido”? Vladimir Ilyich
Lénin disse certa vez: «A
mentira é sagrada e o engano
será a nossa principal arma.»
Portanto, não era surpresa
nenhuma que o Pravda,
na qualidade de órgão oficial do
Partido Comunista Soviético,
estivesse cheio de mentiras -
embora a palavra russa
Pravda signifique
“verdade”. Então, um jornal
chamado “Verdade” estava sempre
cheio de mentiras: porque, como
dizia Lénin, «A mentira é
sagrada e o engano será a nossa
principal arma.»
Ora um mentiroso não
convencerá ninguém com as suas
mentiras, se usar ao peito um
grande cartaz a dizer
“Mentiroso!”. Nem sequer um
palerma acreditaria em tal
homem. Para o mentiroso
convencer as pessoas de que as
suas mentiras são verdade, então
a verdade tem que ser
redefinida. É isto mesmo o
que quer dizer a frase de Lénin
«a mentira é sagrada (…)». A
mentira torna-se “verdade” e
é-lhe servilmente dada adesão,
em vez da verdade. Como dizem as
Sagradas Escrituras ao
pronunciarem a maldição no livro
de Isaías: «Ai daqueles que ao
mal chamam bem, e ao bem, mal,
que mudam as trevas
em luz e a luz em
trevas.» (Is. 5:20). Às trevas
da falsidade é dada a aparência
da luz da verdade - e é este um
dos erros fundamentais da
Rússia.
Mas este truque de
transformar uma mentira em
“verdade” não tem a sua origem
na Rússia nem nos Comunistas; a
sua origem é o demónio, que é o
Pai das Mentiras. São Paulo fala
do demónio sob a aparência de um
anjo de luz. Para ser mais
específico, ele está a
referir-se ao Evangelho de Nosso
Senhor Jesus Cristo: «Mas ainda
que alguém - nós mesmos ou um
anjo do Céu - vos anuncie outro
Evangelho além do que aquele que
vos tenho anunciado, esse seja
anátema.» (Gal. 1:8). É o
demónio, aparecendo sob o
aspecto de um anjo de luz, que
dá a aparência da verdade, de
modo a enganar por meio da
mentira. E foi daqui que o erro
- “a mentira é sagrada” e “a
falsidade é a verdade” - se
originou.
O
Padre Paul Kramer relata uma
conversa que teve com o General
Daniel Graham, do Exército dos
E.U.A. «O General Graham disse
que uma vez esteve na Rússia com
um oficial soviético e que esse
oficial soviético lhe perguntou:
“O Senhor não deseja a paz?” E o
General respondeu: “Não! Porque
eu conheço a vossa definição de
paz. Não quero esse género de
paz.” Enquanto conversavam,
passaram por um cartaz gigante
que mostrava soldados armados de
espingardas. No cartaz havia a
legenda: “Pobieda kommunista eta
mir.” Que em português é: “A
vitória comunista é a Paz.”»
Segundo o ensino marxista,
o Estado comunista faz a guerra
para fomentar a revolução e
emprega todos os meios possíveis
de engano - guerra total - de
modo a subjugar o Mundo inteiro
ao Comunismo. Uma vez que a
guerra total se tenha efectuado
e que o Comunismo seja vitorioso
sobre todo o planeta, haverá
então a versão comunista de
“paz”. Mas, na realidade,
o que é a Paz? A Paz é definida
com mais precisão por Santo
Agostinho: «A Paz é a
tranquilidade da ordem». Qual é
a definição correcta? Não se
trata de um assunto de avaliação
subjectiva. São Tomás de Aquino
explica: «ens et verum
convertunter», que é uma
maneira erudita de dizer que a
verdade é convertível com a
realidade - ou seja, aquilo que
é objectivamente real
é, por essa mesma razão,
objectivamente verdadeiro.
Por outras palavras: a verdade é
aquilo que é, enquanto
uma mentira é aquilo que não
é. Aquilo que não é
não pode ser verdade. Logo,
se alguém diz, por exemplo, que
o branco é preto, tal afirmação
é uma mentira - por mais alta
que seja a autoridade daquele
que faz a afirmação.
Segundo a doutrina
marxista, todavia, a verdade
é aquilo que promove a revolução
comunista. E o que é que
promove a revolução comunista?
Tudo o que tiver sido decidido
constituir a Linha do Partido:
aquilo que o Partido dita
para ser verdadeiro passa a ser
“a verdade”,
mesmo se, efectivamente,
for uma mentira. Deste
modo, se a Linha do Partido
afirma “que o preto é branco”, é
nisso, portanto, que todos os
membros do Partido têm de
acreditar - simplesmente porque
assim foi decidido pelo Partido:
“que o preto é branco”.
Ora, tal como houve uma
espécie de “Estalinização” da
Igreja, no sentido de uma
Adaptação da Igreja ao Mundo,
assim também há-de haver uma
espécie de Linha do Partido
estalinista sobre Fátima: uma
versão da Mensagem de Fátima
ditada pelas cúpulas e à qual
todos os membros da Igreja da
Adaptação pós-conciliar têm de
aderir. Essencialmente, a Linha
do Partido sobre Fátima
resume-se a isto: A “Consagração
da Rússia” foi levada a cabo por
completo, pelo que todos devem
deixar de pedir que ela se faça.
Temos “a paz”, tal como foi
vaticinado por Nossa Senhora de
Fátima. A Rússia está a realizar
a “conversão” que Nossa Senhora
prometeu. Logo - segundo a Linha
do Partido - nada na Mensagem de
Fátima ficou por fazer: e Fátima
pertence agora ao passado.
Como veremos, todos os
termos entre vírgulas altas -
“consagração da Rússia”, “paz” e
“conversão” - foram redefinidos,
para a Linha do Partido se
acomodar a Fátima. Portanto, em
tudo o que diga respeito a
Fátima, é-nos agora pedido que
acreditemos o equivalente a “o
que é preto é branco” - porque é
essa a Linha do Partido.
A ditadura do
Secretário de Estado do Vaticano
Ora cada Linha do Partido
requer um ditador, um chefe do
Partido que a imponha. De onde,
exactamente, dentro do aparelho
de poder do Vaticano, proveio a
Linha do Partido sobre Fátima? E
as evidências são esmagadoras:
proveio do Secretário de Estado
do Vaticano. Neste ponto,
ser-nos-ia útil uma breve
história dos antecedentes.
Em
primeiro lugar, no estado
próprio das coisas - aquilo a
que Santo Agostinho chamava “a
tranquilidade da ordem”, ou
seja, a Paz -, a Igreja não é
uma ditadura. A ditadura é uma
instituição bárbara. Como diz
Eurípides, «entre os bárbaros,
todos são escravos salvo um».
Disse Nosso Senhor que «os
chefes das nações governam-nas
como seus senhores» (Mt. 20:25);
e disse também aos Seus
apóstolos: «Não seja assim entre
vós». Apesar disso, a
tranquilidade da ordem - a Paz
da Igreja - tem sido perturbada
enormemente no período
pós-conciliar. O que vemos na
Igreja de hoje é que há membros
da Cúria Romana (não o
Papa, mas alguns dos seus
ministros no Vaticano) que
governam sobre os seus súbditos
com um despotismo oriental. Mais
precisamente, exercem o seu
despotismo sobre certos
súbditos que desafiam a Linha do
Partido, enquanto a Igreja, na
Sua generalidade, padece à beira
de um colapso de Fé e de
disciplina que estes mesmos
potentados ignoram.
Como aconteceu tudo isto? A
partir da restruturação da Cúria
Romana, por volta de 1967, por
ordem do Papa Paulo VI - mas
que, na realidade, foi planeada
e efectuada pelo Cardeal Jean
Villot -, era possível que os
dirigentes dos vários
Dicastérios Romanos se
comportassem como ditadores. É
que antes do Concílio Vaticano
II a Cúria Romana estava
estruturada como uma monarquia:
O Papa era o Prefeito do Santo
Oficio, enquanto o Cardeal
encarregado dos assuntos do
quotidiano do Santo Oficio
ocupava o segundo lugar. Os
outros dicastérios eram de um
grau mais baixo. Assim, enquanto
na sua própria autoridade e
jurisdição, e de acordo com
aquele princípio de
subsidiariedade20,
estavam subordinados ao Santo
Oficio, também o Santo Oficio
estava subordinado directamente
ao Papa - ordenação que estava
inteiramente de harmonia com a
Divina Constituição da Igreja. O
Papa, Vigário de Jesus Cristo na
terra, era Quem estava à frente
da cadeia hierarquizada de
governação.
Todavia, depois do Vaticano
II, o Cardeal Villot engendrou a
restruturação da Cúria Romana.
Muito antes de Gorbachev ter
anunciado o seu programa de
perestroika na União
Soviética, já a Igreja efectuava
a sua própria perestroika
na Cúria Romana. O Santo
Oficio foi ‘rebaptizado’ - mas,
muito mais significativamente do
que isso, o Santo Oficio perdeu
a sua posição máxima dentro da
Cúria. A Cúria foi restruturada
de modo a que o Cardeal
Secretário de Estado ficasse
acima de todos os outros
dicastérios, incluindo o outrora
chamado Santo Oficio - que,
renomeado e restruturado,
passava agora a ser chamado
Congregação para a Doutrina da
Fé (CDF); e o Papa deixara de
ser o Prefeito: agora, a
Congregação (a CDF) é governada
por um Cardeal Prefeito
(actualmente, o Cardeal
Ratzinger), sob a autoridade do
Secretário de Estado.
Com o sistema anterior de
governação - sob a autoridade do
Papa e do Seu Santo Oficio -, a
Fé e a Moral eram os factores
primordiais que determinavam a
política curial. No ‘arranjo’
pós-conciliar, porém, às ordens
do Cardeal Secretário de Estado
e do seu dicastério, o
Secretariado de Estado, é a
Linha do Partido - ou seja,
a política do Secretário de
Estado - o supremo factor
determinante na formulação dos
planos de acção da Igreja; mesmo
o anterior Santo Oficio (agora
CDF) está subordinado ao
Secretário de Estado. Logo, como
consequência desta
restruturação, o Santo Padre, o
Supremo Pontífice, é reduzido a
uma figura decorativa que dá a
sua aprovação - como quem apõe
um carimbo - às decisões que lhe
são apresentadas como um
fait accompli pelo
Secretário de Estado. É bom que
se retenha na memória: O
Papa foi reduzido a uma simples
figura decorativa, ao serviço da
ditadura do Secretário de Estado21.
Ora, no registo maçónico
requerido pela lei italiana,
pode encontrar-se o nome de Jean
Villot - o mesmo Villot que
dirigiu a reorganização curial.
Depois de o Cardeal Villot
falecer, foi encontrada na sua
biblioteca particular uma
mensagem manuscrita do
Grão-Mestre da Loja Maçónica a
que Villot pertencia, a louvá-lo
por ter mantido as tradições da
Maçonaria22. Como
comentou um Sacerdote francês
que vivia em Roma: «Pelo menos
havia uma área em que ele era
tradicional.»
O
uso da falsa “obediência” como
modo de
impor a Linha do Partido
Em
1917, no mesmo ano em que Nossa
Senhora apareceu em Fátima, São
Maximiliano Kolbe estava em Roma
- onde viu os Maçons mostrando a
sua hostilidade aberta à Igreja
Católica e manifestando-se com
cartazes que anunciavam a sua
intenção de se infiltrarem no
Vaticano, de modo que Satanás
pudesse reinar a partir do
Vaticano e que o Papa fosse seu
escravo23. Gabavam-se
também, ao mesmo tempo, de que
haviam de destruir a Igreja. A
intenção dos Maçons em
destruirem a Igreja encaixa-se
perfeitamente no bem conhecido
preceito maçónico: «Destruiremos
a Igreja por meio da santa
obediência». Ora, tal como
mostrámos em capítulo anterior,
o Bispo Graber de Regensburg
(Alemanha) recolheu outros
testemunhos semelhantes de
Maçons ilustres, e a própria
Permanent Instruction of the
Alta Vendita declarou
descaradamente: «deixai o Clero
marchar sob o vosso estandarte,
mas acreditando sempre que
marcha sob o estandarte das
Chaves Apostólicas». Isto é: a
exigência de “obediência” seria
utilizada de modo ditatorial,
para enfraquecer insidiosamente
a verdadeira obediência e a
própria Fé.
E
a reorganização da Cúria, em
1967, seria um instrumento para
efectuar esse objectivo, por
sujeitar toda a Igreja à Linha
do Partido do Secretário de
Estado - inclusive a Linha do
Partido sobre Fátima -, sob o
aspecto de uma falsa
“obediência” a uma autoridade
que, sem qualquer dúvida,
excedera os limites
estabelecidos pelo próprio Deus.
Como demonstraremos em breve,
foi o Cardeal Sodano que,
literalmente, ditou a
“interpretação” do aspecto
visionário do Terceiro Segredo
de Fátima - aquele que foi dado
a público sem as palavras da
Santíssima Virgem que o
explicavam.
O Secretário de
Estado
faz da Mensagem de Fátima um
alvo a atingir
Esse facto faz-nos bem
presente o exacto papel do
Secretário de Estado ao impor a
Linha do Partido a respeito de
Fátima. Como fizemos notar, este
processo envolveria a Mensagem
de Fátima em geral e, em
particular, talvez o seu maior
propugnador dentro da Igreja: o
Apostolado de Fátima do Padre
Nicholas Gruner.
Já
em 1989, o então Secretário de
Estado Cardeal Casaroli (o
grande propagador da
Ostpolitik) comunicara a
Sua Excelência Reverendíssima D.
Gerardo Pierro - à época, Bispo
da Diocese de Avellino (Itália)
e do Padre Gruner - aquilo a que
o Bispo chamara “sinais de
preocupação” sobre o Apostolado
de Fátima do Padre Nicholas
Gruner. O Padre Nicholas Gruner
foi ordenado Sacerdote em
Avellino, em 1976, para uma
comunidade franciscana que
acabou por não se constituir
como se esperava. Desde 1978, e
com a devida autorização do
Bispo, o Padre Gruner passou a
residir no Canadá, onde se
tornou o chefe de um pequeno
Apostolado de Fátima que, desde
então, veio a crescer até se
tornar o maior do seu género no
Mundo inteiro. Porém, desde que
a Linha do Partido quanto à
“consagração” de 1984 foi
imposta pela tal ordem anónima
de 1988, era inevitável que o
Apostolado do Padre Gruner e o
Secretário de Estado haviam de
entrar em colisão - do mesmo
modo que a orientação
tradicional e a nova orientação
da Igreja colidiram depois do
Concílio Vaticano II.
A
técnica basilar para tentarem
ver-se livres do Padre Gruner
foi criar um cenário canónico
fictício, dentro do qual, tendo
sido ordenado ao Padre Gruner
que encontrasse algum outro
Bispo que o incardinasse fora de
Avellino, qualquer tentativa sua
de incardinação, em qualquer
lugar que fosse, ser-lhe-ia
bloqueada por meio de tortuosas
maquinações, sem precedentes e
‘por baixo da mesa’: deste modo
o Padre Gruner seria forçado a
“voltar” a Avellino e a
abandonar o seu Apostolado. Após
ter bloqueado, sucessivamente, a
incardinação do Padre Gruner por
três Bispos - de boa vontade e
amigos da causa de Fátima -, o
aparelho de poder do Vaticano
(num procedimento complexo que
fica para além do objectivo
deste livro24)
declarou, finalmente, a sua
decisão: ou o Padre Gruner
“voltava” a Avellino, ou seria
“suspenso” por “desobediência”.
Em suma: o Padre Gruner ficou
sob a ameaça de “suspensão” por
não ter conseguido fazer aquilo
que os seus próprios acusadores
o tinham sistematicamente
impedido de fazer - ou seja,
encontrar outro Bispo que o
incardinasse25.
Enquanto serpenteavam
através dos tribunais do
Vaticano os vários apelos
canónicos do Padre Gruner contra
estas acções inauditas contra si
movidas, o seu Apostolado de
Fátima continuava a florescer.
Pelo ano 2000 e em particular
por meio da sua revista The
Fatima Crusader (A Cruzada de
Fátima), o Apostolado
tornou-se a voz mais forte e
mais persistente na Igreja,
tanto em prol da Consagração da
Rússia como da divulgação do
Terceiro Segredo.
Além disso, o Papa veio
complicar para os conspiradores
o cenário de Fátima por eles
criado, com a Sua decisão de
beatificar Jacinta e Francisco,
numa cerimónia a realizar em
Fátima a 13 de Maio de 2000. Tal
intenção de beatificar os dois
pastorinhos cedo se tornou
pública - em Junho de 1999 - e
este encaminhar dos
acontecimentos provocou
claramente uma luta interna no
seio do aparelho de poder do
Vaticano. É o que revela a
concepção - de avanços e recuos,
curiosa e confusa - dos planos
para a cerimónia da
beatificação, o que é muito
invulgar para o Vaticano. Em
primeiro lugar, o Secretário de
Estado, Cardeal Angelo Sodano,
anunciou em Outubro de 1999 que
a beatificação da Jacinta e do
Francisco teria lugar em 9 de
Abril de 2000 na Praça de São
Pedro, em cerimónia conjunta com
mais outras quatro
beatificações. A imprensa
portuguesa refere que o Cardeal
Patriarca de Lisboa fora
informado pelo Vaticano de que
era “totalmente impossível” para
o Papa vir a Fátima para a
beatificação dos pastorinhos e
que o assunto estava
“encerrado”. O Cardeal Patriarca
disse aos jornalistas
portugueses que estava
convencido de que esta
“impossibilidade” de o Papa vir
a Fátima se devia,
exclusivamente, a uma decisão do
Secretário de Estado do Vaticano
- e de ninguém mais.
Mas o Papa tinha outras
ideias: Em Novembro de 1999, Sua
Santidade - ultrapassando
obviamente o Cardeal Sodano -
informou directamente D.
Serafim, Bispo de Leiria, que
deveria anunciar que, com
efeito, o Papa viria a Fátima a
13 de Maio para efectuar as
beatificações. O Bispo D.
Serafim não divulgou o novo
anúncio até Dezembro de 1999;
depois, em Março de 2000, D.
Serafim deixou escapar que «o
Papa fará algo especial em
relação a Fátima» - o que
provocou uma especulação furiosa
na imprensa sobre ir o Papa, por
fim, divulgar o Terceiro
Segredo. O Bispo D. Serafim foi
de imediato repreendido
publicamente pelo Cardeal
Patriarca de Lisboa -
possivelmente por ordem de
alguém ao serviço do Secretário
de Estado do Vaticano, que não
queria que ninguém soubesse que
o Papa considerava a hipótese de
divulgação do Segredo. Mas foi
rastilho aceso que ficou a arder26.
E
o Papa veio a Fátima a 13 de
Maio de 2000 para beatificar a
Jacinta e o Francisco. A vinda
do Papa foi uma espécie de
demonstração viva do conflito
existente entre as duas visões
da Igreja que temos estado a
discutir. Depois das
beatificações, o Papa fez uma
Homilia evocando a Igreja
intemporal. Nessa Homilia,
muitas coisas que a Igreja
parecia ter esquecido ao longo
dos últimos quarenta anos foram
subitamente relembradas:
Por
desígnio divino, veio
do Céu a esta terra, à
procura dos pequeninos
privilegiados do Pai, «uma
Mulher revestida com o Sol»
(Ap. 12:1). Fala-lhes com
voz e coração de mãe;
convida-os a oferecerem-se
como vítimas de reparação,
oferecendo-se Ela para os
conduzir, seguros, até Deus
(…)
Mais tarde, Francisco,
um dos três pastorinhos
privilegiados, exclamava:
«Nós estávamos a arder
naquela luz que é Deus e não
nos queimávamos. Como é
Deus? Não se pode dizer.
Isto sim que a gente não
pode dizer». Deus - uma luz
que arde, mas não queima.
A mesma sensação teve
Moisés, quando viu Deus na
sarça ardente. (…)
«E apareceu no Céu
outro sinal: um enorme
Dragão» (Ap. 12, 3). Estas
palavras da primeira leitura
da Missa fazem-nos pensar na
grande luta que se trava
entre o bem e o mal,
podendo-se constatar como o
homem, pondo Deus de lado,
não consegue chegar à
felicidade, antes acaba por
destruir-se a si próprio.
(…)
A
Mensagem de Fátima é um
apelo à conversão, alertando
a humanidade
para não fazer o jogo do
“dragão” cuja «cauda
arrastou um terço das
estrelas do Céu
e lançou-as sobre a
terra» (Ap. 12:4).
A
meta última do homem é o
Céu, sua verdadeira casa
onde o Pai celeste, no Seu
Amor misericordioso, por
todos espera. Deus não quer
que ninguém se perca; por
isso, há dois mil anos,
mandou à terra o seu Filho
«procurar e salvar o que
estava perdido» (Lc. 19:10
). (…)
Na sua solicitude
materna, a Santíssima Virgem
veio aqui, a Fátima, pedir
aos homens para «não
ofenderem mais a Deus Nosso
Senhor, que já está muito
ofendido». É a dor de mãe
que a A faz falar: está
em jogo a sorte de seus
filhos. Por isso, dizia
aos pastorinhos: «Rezai,
rezai muito e fazei
sacrifícios pelos pecadores,
que vão muitas almas
para o inferno por não haver
quem se sacrifique e peça
por elas.» (ênfase
acrescentada)
O
Papa - ao fazer uma relação
directa da Mensagem de Fátima
com o Livro do Apocalipse, e ao
comparar o encontro dos videntes
de Fátima com Deus ao de Moisés
diante da Sarça Ardente -
realizou uma surpreendente
autenticação papal das aparições
de Fátima, como sendo profecias
divinas para o nosso tempo.
Inesperada e repentinamente,
Fátima esteve outra vez bem
diante dos olhos de toda a
Igreja.
Houve, primeiro que tudo, a
referência surpreendente do Papa
à Mensagem de Fátima como um
momento bíblico, o próprio
cumprimento do capítulo 12,
versículo 1 do Livro do
Apocalipse, que fala da «Mulher
revestida com o Sol». Aqui o
Papa João Paulo II fez-se eco do
Papa Paulo VI que, na sua carta
apostólica Signum magnum,
divulgada em Fátima a 13 de Maio
de 1967, declarou:
O
sinal grandioso que o
Apóstolo S. João viu no céu,
«uma Mulher revestida com o
sol», não sem fundamento o
interpreta a sagrada
Liturgia como referindo-se à
Santíssima Virgem Maria, Mãe
de todos os homens pela
graça de Cristo Redentor.
(…) Por ocasião das
cerimónias religiosas em
honra da Virgem Mãe de Deus
que têm lugar nestes dias em
Fátima, Portugal, onde Ela é
venerada por numerosas
multidões de fiéis pelo seu
Coração maternal e
compassivo, Nós desejamos
uma vez mais chamar a
atenção de todos os filhos
da Igreja para o inseparável
nexo existente entre a
maternidade espiritual de
Maria (…) e os deveres dos
homens remidos para com Ela,
como Mãe da Igreja.
Mais surpreendente ainda,
na Sua Homilia, o Papa João
Paulo II explicitamente ligou a
Mensagem de Fátima ao
Apocalipse, capítulo 12,
versículo 4 - que vaticina que a
“cauda da dragão” arrastará um
terço das estrelas do Céu e
lançá-las-á sobre a terra. Como
o Padre Gruner salientaria
depois: «Na linguagem da Bíblia,
as “estrelas do Céu” são aquelas
pessoas que estão colocadas nos
céus para iluminar o caminho dos
outros até ao Céu. Esta passagem
tem sido interpretada
classicamente em comentários
católicos significando que uma
terça parte do Clero - isto é,
Cardeais, Bispos, Sacerdotes -
caem do seu estado consagrado
para, na verdade, estarem a
trabalhar para o demónio.» Por
exemplo, o comentário de Haydock
à Bíblia Douay-Rheims
(em inglês) nota que a imagem de
uma terça parte das estrelas do
Céu tem sido interpretada como
referindo-se aos «Bispos e
pessoas eminentes que caem sob o
peso de perseguição e se
tornaram apóstatas (…) O demónio
está sempre pronto, na medida em
que Deus lho permita, para abrir
guerra contra a Igreja e contra
os fiéis servos de Deus.»
Nesta conexão, tanto o
Padre Gruner como o Dr. Gerry
Matatics - estudioso bíblico
católico (e outrora ministro
presbiteriano) - e outros
citaram o comentário ao
Apocalipse (12:3-4) feito pelo
Padre Herman B. Kramer, em
The Book of Destiny (O
livro do destino). Este livro
foi publicado com imprimatur,
em 1956 - providencialmente,
apenas seis anos antes da
abertura do Concílio Vaticano
II. Quanto ao símbolo da terça
parte das estrelas do Céu, o
Padre Herman Kramer observa:
«Isto significa a terça parte do
Clero» - e acrescenta - «“a
terça parte” das estrelas
seguirá o dragão» - o que
significa um terço do Clero,
sendo as “estrelas” as almas
consagradas da Igreja27.
Portanto, um terço do Clero
católico estará ao serviço do
demónio, trabalhando para
destruir a Igreja a partir do
Seu interior. O comentário do
Padre Herman Kramer salienta que
o dragão vermelho - um sinal do
demónio que também poderia
simbolizar o Comunismo, por ser
o vermelho a cor emblemática do
Comunismo - traz grande aflição
à Igreja minando-a a partir do
Seu interior.
O
comentário continua dizendo que,
por meio deste Clero apóstata, o
demónio imporá provavelmente na
Igreja «a aceitação de morais
não-cristãs, doutrinas falsas,
comprometimento com o erro,
ou obediência a governantes
laicos em violação de
consciência.» E sugere ainda que
«A significação simbólica da
cauda do dragão revela que os
Clerigos que estão prontos para
a apostasia serão aqueles que
ocupam posições de influência na
Igreja, nomeações ganhas através
da hipocrisia, do engano e da
lisonja.» O Clero que segue o
dragão - isto é, o demónio -
incluiria aqueles «que deixavam
de pregar a verdade ou de
admoestar o pecador através de
um bom exemplo; antes procuravam
a popularidade por não serem
rígidos e por serem escravos do
respeito humano» tal como
aqueles «que, receando
prejudicar os seus próprios
interesses, calavam as
admoestações contra as práticas
más na Igreja» e ainda os Bispos
«que têm ódio aos Sacerdotes
íntegros que se atrevem a dizer
a verdade»28. O Padre
Herman Kramer também observa o
seguinte quanto ao estado da
Igreja Católica nos tempos
vaticinados no Apoc. 12:3-4:
«A democracia
apostólica fundada por Nosso
Senhor terá dado lugar a uma
monarquia absoluta, na qual
o episcopado governa com um
despotismo oriental. Assim,
os Sacerdotes serão
reduzidos a um estado de
servilismo e de baixa
adulação. O governo da
razão, da justiça e do amor
terá sido suplantado pela
vontade absoluta do Bispo
cujos actos e palavras, cada
um deles, são para serem
aceites sem se questionarem,
sem se recorrer ao facto, à
verdade ou à justiça. A
consciência terá perdido o
seu direito a guiar as
acções dos Sacerdotes e será
ignorada ou condenada. A
diplomacia, a conveniência e
outras fraudes serão
elogiadas, como se fossem as
maiores virtudes»29.
Ora, nada disto é
mencionado naqueles excertos da
Mensagem de Fátima que até agora
foram divulgados. Terá o Papa,
com a sua alusão surpreendente
ao Apocalipse 12:3-4,
apresentado ao Mundo um
vislumbre do conteúdo do
Terceiro Segredo? Iria Ele
divulgar o Segredo agora, em
toda a sua inteireza?
Mas - que infelicidade! - a
homilia acaba e não é o Papa
Quem discutirá o Terceiro
Segredo. Tão depressa como tinha
começado, acaba o regresso
momentâneo do Papa à visão da
Igreja de todos os tempos - para
se erguer um dos principais
divulgadores da nova visão da
Igreja. É o Cardeal Angelo
Sodano, Secretário de Estado do
Vaticano - o mesmo Cardeal
Sodano que, em vão, tentou
impedir o Papa de ir a Fátima
para beatificar a Jacinta e o
Francisco. Por alguma razão
estranha é Sodano - não o Papa -
que irá anunciar que o Santo
Padre decidiu revelar o Terceiro
Segredo de Fátima:
Na circunstância solene
da sua vinda a Fátima, o
Sumo Pontífice incumbiu-me
de vos comunicar uma
notícia. Como é sabido, a
finalidade da vinda do Santo
Padre a Fátima é a
beatificação dos dois
Pastorinhos. Contudo, Ele
quer dar a esta Sua
peregrinação também o valor
de um renovado preito de
gratidão a Nossa Senhora
pela protecção que Ela Lhe
tem concedido durante estes
anos de pontificado. É uma
protecção que parece ter a
ver também com a chamada
“terceira parte” do Segredo
de Fátima.
E
então, o que até ali parecera
tão estranho tornou-se, logo a
seguir, perfeitamente
explicável: a tarefa do Cardeal
Sodano era preparar os fiéis
para aceitarem a noção de que a
Mensagem de Fátima - incluindo o
Terceiro Segredo - devia agora
ser considerada como coisa do
passado. Este processo começaria
com a “interpretação” do
Terceiro Segredo feita pelo
Cardeal:
Tal texto constitui uma
visão profética comparável
às da Sagrada Escritura, que
não descrevem de forma
fotográfica os detalhes dos
acontecimentos futuros, mas
sintetizam e condensam sobre
a mesma linha de fundo
factos que se prolongam no
tempo numa sucessão e
duração não especificadas.
Em consequência, a chave de
leitura do texto só pode
ser de carácter simbólico.
(…)
Segundo a interpretação
dos Pastorinhos,
interpretação confirmada
ainda recentemente pela Irmã
Lúcia, o «Bispo vestido de
Branco» que reza por todos
os fiéis é o Papa. Também
Ele, caminhando penosamente
para a Cruz por entre os
cadáveres dos martirizados
(Bispos, Sacerdotes,
Religiosos, Religiosas e
várias pessoas seculares),
cai por terra como morto
sob os tiros de uma arma de
fogo. (ênfase acrescentada)
Como os fiéis em breve
virão a saber, isto é, pura e
simplesmente, uma mentira. O
«Bispo vestido de Branco» não
aparece na visão «como morto»;
ele é morto - como o
texto da visão diz sem qualquer
dúvida - ao modo de uma execução
militar, em conjunto com muitos
Bispos, Sacerdotes e Religiosos,
no exterior de uma cidade meio
em ruínas.
Ora, porquê inserir as
palavras “como morto” na
“interpretação”? O Cardeal
Sodano lança a mão de imediato:
Depois do atentado de
13 de Maio de 1981, pareceu
claramente a Sua Santidade
que foi «uma mão materna a
guiar a trajectória da
bala», permitindo que o
«Papa agonizante» se
detivesse «no limiar da
morte». (…)
Depois, os
acontecimentos de 1989
levaram, quer na União
Soviética quer em numerosos
Países do Leste, à queda do
regime comunista que
propugnava o ateísmo. (…)
Embora os
acontecimentos a que faz
referência a terceira parte
do Segredo de Fátima
pareçam pertencer já ao
passado, o apelo à
conversão e à penitência,
manifestado por Nossa
Senhora no início do Século
XX, conserva ainda hoje uma
estimulante actualidade.
(ênfase acrescentada)
Muito simplesmente, Sodano
preparava o terreno para uma
“interpretação” da Mensagem de
Fátima que a enterraria de uma
vez por todas: a Mensagem
culminou com a tentativa de
assassínio de 1981 e com a
“queda do Comunismo” em 1989 -
acontecimentos esses que
«pare[ce]m pertencer já ao
passado». Para se assegurar este
resultado, o “comentário” seria
preparado antes de o texto
efectivo do Terceiro Segredo ser
divulgado:
Para consentir que os
fiéis recebam melhor a
mensagem da Virgem de
Fátima, o Papa confiou à
Congregação para a Doutrina
da Fé o encargo de tornar
publica a terceira parte do
segredo, depois de lhe ter
preparado um adequado
comentário.
Mas por que motivo não
estava pronto este comentário na
devida altura, para a cerimónia
de 13 de Maio? Afinal de contas,
as notícias da divulgação
iminente do Terceiro Segredo
estavam a circular pelo menos
desde Março de 2000: nesse mês,
o Sr. Bispo D. Serafim anunciou
que o Papa lhe tinha dito,
durante uma sua visita a Roma,
que o Santo Padre «far[ia] algo
especial em relação a Fátima»30
quando lá fosse para a cerimónia
de beatificação, em Maio de
2000.
Curiosamente, o Papa
insistiu com o Bispo D. Serafim
para que não dissesse nada sobre
este assunto enquanto estivesse
em Roma, mas que esperasse até
voltar a Fátima. Todavia, o
assunto estava já no espírito do
Papa desde Novembro anterior;
então, porque é que não foi
preparado nenhum “comentário”
durante esse período (entre
Novembro de 1999 e Maio de
2000)? Certamente um tal
comentário poderia facilmente
ter sido composto durante esse
tempo.
Há
duas conclusões que se impõem:
ou o Papa não tinha dito ao
Cardeal Sodano da sua intenção
de divulgar o Terceiro Segredo -
e neste caso o Papa não confia
em Sodano; ou o Papa disse-o a
Sodano - após o que o Cardeal
considerou que, de um ou de
outro modo, poderia impedir a
sua divulgação, na cerimónia de
13 de Maio de 2000. Isto
explicaria o facto de o Cardeal
Sodano não ter arranjado de
antemão um comentário: porque
pensou que não seria necessário,
pois ele poderia impedir
qualquer divulgação do Terceiro
Segredo. Mas o Papa seguiu
adiante - pelo que agora o
Segredo teve de ser “manejado”,
e de tal modo que a questão de
Fátima pudesse ficar enterrada.
Uma conferência
de imprensa
para anunciar a Linha do Partido
de Sodano
E
é assim que chegamos à data
fatídica de 26 de Junho de 2000
- data em que o Terceiro Segredo
é “divulgado” numa conferência
de imprensa do Vaticano,
juntamente com um comentário
preparado pelo Cardeal Ratzinger
e por Monsenhor Tarcisio
Bertone, Secretário da CDF,
intitulado A Mensagem de
Fátima (daqui em diante
referido como AMF). Em
AMF, a Linha do Partido
sobre Fátima seria oficialmente
promulgada - sob o comando
directo do Cardeal Angelo
Sodano.
Antes de mais nada, foi
dito aos fiéis que o texto que
se seguia - de uma visão que
tivera a Irmã Lúcia - era todo o
conteúdo do Terceiro Segredo de
Fátima:
Depois das duas partes
que já expus, vimos ao lado
esquerdo de Nossa Senhora um
pouco mais alto um Anjo com
uma espada de fogo em a mão
esquerda; ao cintilar,
despedia chamas que parecia
iam incendiar o Mundo; mas
apagavam-se com o contacto
do brilho que da mão direita
expedia Nossa Senhora ao seu
encontro: O Anjo apontando
com a mão direita para a
terra, com voz forte disse:
Penitência,
Penitência,
Penitência! E vimos
n'uma luz imensa que é Deus:
“algo semelhante a como se
vêem as pessoas n'um espelho
quando lhe passam por
diante” um Bispo vestido de
Branco “tivemos o
pressentimento de que era o
Santo Padre”. Vários outros
Bispos, Sacerdotes,
Religiosos e Religiosas
subir uma escabrosa
montanha, no cimo da qual
estava uma grande Cruz de
troncos toscos como se fôra
de sobreiro com a casca; o
Santo Padre, antes de chegar
aí, atravessou uma grande
cidade meia em ruínas, e
meio trémulo com andar
vacilante, acabrunhado de
dôr e pena, ia orando pelas
almas dos cadáveres que
encontrava pelo caminho;
chegado ao cimo do monte,
prostrado de joelhos aos pés
da grande Cruz foi morto por
um grupo de soldados que lhe
dispararam vários tiros e
setas, e assim mesmo foram
morrendo uns trás outros os
Bispos Sacerdotes,
Religiosos e Religiosas e
várias pessoas seculares,
cavalheiros e senhoras de
várias classes e posições.
Sob os dois braços da Cruz
estavam dois Anjos cada um
com um regador de cristal em
a mão, n'eles recolhiam o
sangue dos Mártires e com
ele regavam as almas que se
aproximavam de Deus.
A
reacção imediata de milhões de
Católicos poderia resumir-se em
duas palavras: - É tudo?
Sem qualquer dúvida havia algo
errado: nada neste texto
correspondia ao que o próprio
Cardeal Ratzinger dissera sobre
o Terceiro Segredo, em 1984 - um
ponto a que voltaremos em breve,
nem continha coisa alguma que
pudesse explicar a sua supressão
misteriosa a partir de 1960.
De
suma importância é que esta
visão obscura, escrita em quatro
folhas de papel (de um caderno),
não continha quaisquer palavras
de Nossa Senhora. E, em
especial, não continha nada que
completasse a famosa frase dita
por Nossa Senhora, ao terminar a
porção da Mensagem de Fátima
fielmente transcrita pela Irmã
Lúcia nas suas memórias: «Em
Portugal se conservará sempre o
dogma da Fé etc.» A Irmã Lúcia
acrescentou esta frase,
incluindo o “etc.”, à sua quarta
memória, como parte do texto
integral da Mensagem. Este
acrescento levou todos os
estudiosos fidedignos de Fátima
a concluir que essa frase
assinalava o início da parte do
Terceiro Segredo ainda por
revelar, e que o Terceiro
Segredo apontava para uma crise
do dogma largamente espalhada na
Igreja, fora de Portugal. Sem
qualquer dúvida, a Santíssima
Virgem tinha mais coisas para
dizer que não foram postas por
escrito, porque a Irmã Lúcia foi
instruída no sentido de o manter
em sigilo - até 1960, como
sabemos.
Todavia, com uma curiosa
manobra, a AMF evitou
qualquer discussão sobre a frase
reveladora, ao recolher o texto
da Mensagem de Fátima da
Terceira Memória da Irmã
Lúcia onde tal frase não
aparece. AMF
justifica-o deste modo: «Para a
exposição das primeiras duas
partes do “segredo”, aliás já
publicadas e conhecidas, foi
escolhido o texto escrito pela
Irmã Lúcia na terceira
memória, de 31 de Agosto de
1941; na quarta memória, de 8 de
Dezembro de 1941, ela
acrescentará qualquer
observação». Qualquer
observação? A frase-chave
respeitante à conservação do
dogma da Fé em Portugal não foi
“qualquer observação” mas antes
um elemento integrante das
palavras ditas por Nossa Senhora,
depois das quais Ela disse:
«Isto não o digais a ninguém. Ao
Francisco, sim, podeis dizê-lo.»
Depois de ter viciosamente
caracterizado um elemento
integrante da Mensagem de Fátima
como uma “qualquer observação”,
a AMF trata de o
‘sepultar’ numa nota de rodapé
que nunca mais é mencionada: «Na
citada “Quarta Memória”, a Irmã
Lúcia acrescenta: “Em Portugal
se conservará sempre o dogma da
Fé etc.”».
Porque é que
Sodano/Ratzinger/Bertone usaram
de tanta esperteza para
ocultarem esta frase-chave - a
ponto de eles (tão obviamente!)
se terem desviado do seu caminho
só para a evitarem usando uma
Memória anterior e menos
completa do texto da
Mensagem? Se não há nada a
ocultar nesta frase, porque não
se usou, simplesmente, a Quarta
Memória e se tentou dar uma
explicação do que essa frase
quer dizer? Porque é que os
autores da AMF fingiram
tão obviamente que a frase é uma
mera “observação”, quando bem
sabem que ela aparece no texto
integral como parte das palavras
proferidas pela Mãe de Deus?
Regressaremos a este
comportamento suspeito num
capítulo seguinte.
Outro motivo de suspeição
era que a visão do «Bispo
vestido de Branco» não podia ser
a carta, de uma só
página, «em que a Irmã Lúcia
escreveu as palavras que
Nossa Senhora confiou aos
três pastorinhos, como segredo,
na Cova da Iria» - como o
próprio Vaticano a descreveu, no
já mencionado comunicado à
imprensa de 1960. O texto da
visão estende-se por quatro
páginas que parecem ser
folhas pautadas de um caderno.
Outra circunstância
suspeita é o facto de, a 26 de
Junho, a mentira do Cardeal
Sodano de 13 de Maio ter sido
claramente exposta: o Papa é
assassinado por um pelotão
de soldados que o abatem a tiro,
estando ele ajoelhado aos pés de
uma grande Cruz de madeira, fora
de uma cidade meio arruinada. O
Papa não está “como morto”, como
o Cardeal Sodano falsamente
tinha afirmado em Maio; o Papa
é morto. A visão, o que
quer que ela significasse, não
tem absolutamente nada a ver com
o atentado de 1981. Os Fiéis -
que já tinham sido enganados em
Maio - continuavam agora
claramente no processo de serem
enganados.
As
muitas e muitas discrepâncias
levantadas por este texto - que,
por todo o Mundo, impeliam os
Católicos a duvidar de ter-nos
sido revelado o Segredo na
íntegra - serão discutidas em
capítulo mais adiante. Por ora,
consideramos o “comentário” de
Ratzinger/Bertone em AMF
sobre a Mensagem de Fátima
como um todo.
O
Cardeal Sodano dita
a “Interpretação” do Terceiro
Segredo
Em
primeiro lugar, AMF é,
na verdade, uma concordância
virtual de que a “interpretação”
da Mensagem de Fátima - da qual
o Cardeal Ratzinger e Mons.
Bertone “encetar[ão] uma
tentativa” (para citar as
palavras do Cardeal Ratzinger) -
foi ditada pelo próprio Cardeal
Sodano. Não menos de quatro
vezes, a AMF afirma que está a
seguir a “interpretação” de
Sodano do Terceiro Segredo
- ou seja, que Fátima pertence
ao passado:
Antes de encetar uma
tentativa de interpretação,
cujas linhas essenciais
podem encontrar-se na
comunicação que o
Cardeal Sodano
pronunciou, no dia 13 de
Maio deste ano (…)
Por tal motivo, a
linguagem feita de imagens
destas visões é uma
linguagem simbólica. Sobre
isto, diz o Cardeal
Sodano (…)
Como resulta da
documentação anterior, a
interpretação dada pelo
Cardeal Sodano, no seu
texto do dia 13 de Maio,
tinha antes sido apresentada
pessoalmente à Irmã Lúcia.
(…)
Em primeiro lugar,
devemos supor, como afirma o
Cardeal Sodano, que «os
acontecimentos a que faz
referência a terceira parte
do “segredo” de Fátima
parecem pertencer já ao
passado».
E
para o caso de o leitor ainda
não ter conseguido entendê-lo, o
objectivo fundamental da AMF
é reforçado mais uma vez:
Os diversos
acontecimentos, na medida em
que lá são representados,
pertencem já ao passado.
Ora vejamos: Não é curioso
o facto de a interpretação da
Mensagem vital dada ao Mundo
pela Santíssima Virgem de Fátima
não ter sido entregue nem ao
Papa, nem mesmo à Congregação
para a Doutrina da Fé (que se
limitou meramente a macaquear a
opinião do Cardeal Sodano), mas
sim ao Secretário de Estado
do Vaticano? Que autoridade
tem o Cardeal Sodano para impor
o seu ponto de vista à Igreja?
Nenhuma, evidentemente. Mas o
Cardeal Sodano tinha-se arrogado
aquela autoridade, ao manter o
ascendente pós-conciliar global
de Secretário de Estado do
Vaticano ao nível de um Papa
de facto, quanto à
governação diária dos assuntos
da Igreja.
Aqui seria oportuno
fornecer outro exemplo revelador
desta usurpação de autoridade
pelo Secretário de Estado. Num
artigo intitulado “O Papa, a
Missa e a política dos
burocratas do Vaticano” (da
revista The Latin Mass,
suplemento de Inverno, Janeiro
de 2002), o jornalista italiano
Alessandro Zangrando conta o
episódio em que o Secretário de
Estado do Vaticano impedira a
publicação, em L'Osservatore
Romano, dos elogios do Papa
à Missa tradicional em Latim.
Esse louvor fora expresso numa
mensagem papal dirigida a uma
assembleia da Congregação para a
Adoração Divina e a Disciplina
dos Sacramentos: «No Missal
Romano de São Pio V, como em
muitas liturgias orientais, há
várias orações muito belas com
que os Sacerdotes expressam o
mais profundo sentido de
humildade e reverência perante
os Sagrados Mistérios -
revelando essas orações a
Própria Substância de cada
Liturgia.»
Alessandro Zangrando
observou que, enquanto as
mensagens pontifícias dirigidas
às Congregações do Vaticano são
normalmente publicadas logo a
seguir à sua comunicação, esta
não o foi: Só depois de o louvor
do Papa à Missa Tridentina ter
sido publicado no jornal secular
italiano Il Giornale, é
que o Secretário de Estado do
Vaticano, inesperadamente (e em
apenas 24 horas) divulgou o
texto da mensagem do Santo Padre
através do gabinete de imprensa
do Vaticano - isto mais de um
mês após a sua comunicação pelo
Sumo Pontífice. E até hoje, ao
contrário da prática normal, a
mensagem do Papa à Congregação
não foi publicada em
L'Osservatore Romano, que é
o jornal pontifício. Zangrando
citou a conclusão do famoso
“Vaticanista” (especialista nos
assuntos do Vaticano) Andrea
Tornielli: «O facto de, 24 horas
depois da publicação do artigo
[em Il Giornale], o
Secretário de Estado do Vaticano
ter tornado público o texto da
carta do Santo Padre prova que
houve uma verdadeira tentativa
de “censura” às palavras do
Papa… Mas “virou-se o feitiço
contra o feiticeiro” e o
resultado, inesperadamente, foi
o oposto do que se desejava» -
isto é: o elogio do Papa à Missa
tradicional acabou por alcançar
uma publicidade muito maior,
mesmo na imprensa secular.
E
por aqui deduzimos que um outro
elemento-chave da nova
orientação da Igreja - o
abandono da Sua liturgia
tradicional em Latim - entrou em
vigor forçado pelo Secretário de
Estado que tentou censurar o
elogio da Missa tradicional
feito pelo Papa. Quem sabe
quantas outras alocuções
pontificias terão sido
censuradas - e com êxito - pelo
Secretariado de Estado do
Vaticano? Este incidente é
apenas uma amostra-tipo do modo
como a governação da Igreja hoje
opera, especialmente devido ao
declínio da saúde fisica do
Papa.
O Cardeal
Ratzinger executa
a Linha do Partido de Sodano
Voltando ao “comentário”
com estes factos em mente,
qualquer um pode ver que a tal
conferência de imprensa de 26 de
Junho de 2000 teve um só
propósito primordial: levar por
diante a ordem do Cardeal Sodano
com respeito à interpretação
“correcta” da Mensagem de
Fátima. Na própria altura em que
os jornalistas saíram daquela
sala, a Mensagem de Fátima -
toda ela - destinava-se a ser
enterrada. E, uma vez enterrada,
a Mensagem já não impediria o
Cardeal Sodano e os seus
colaboradores de seguirem, de
modo implacável, a nova
orientação pós-Fátima da Igreja
que inclui (como veremos) o
importante assunto eclesial de
louvar, jantar e conviver com
tipos como Mikhail Gorbachev -
depois de o Papa ter pedido
desculpa ao Regime da China
Vermelha, de se fazer pressão
sobre os Católicos romenos para
entregarem à Igreja Ortodoxa os
direitos (que cabiam à Igreja
Católica local) sobre as
propriedades roubadas por Josef
Stálin, de se apoiar e mesmo de
se contribuir com dinheiro para
um Tribunal Criminal
Internacional, ateu e
irresponsável, que, sob os
auspícios das Nações Unidas,
poderia pôr na justiça Católicos
de qualquer nação por “crimes
(não-especificados) contra a
humanidade” - e outros que tais
“triunfos” da diplomacia do
Vaticano.
Por outras palavras: cada
último reduto na Igreja tem de
se conformar com o novo modo de
pensar e de falar ao Mundo - o
que não quadra bem nem com a
profecia de Nossa Senhora de
Fátima sobre o Triunfo
do Seu Imaculado Coração, nem
com a difusão da devoção
ao Seu Imaculado Coração,
nem com a consequente
conversão da Rússia por
meio da intervenção do Imaculado
Coração de Maria. Este tipo de
conversa, pura e simplesmente,
já não dá, mesmo supondo que vem
da própria Mãe de Deus. Logo, a
missão precisa que, a 26 de
Junho de 2000, o Cardeal
Ratzinger e Mons. Bertone deviam
realizar era: encontrar uma
maneira de desligar os Fiéis, de
uma vez por todas, dos aspectos
explicitamente católicos da
Mensagem de Fátima, que tão
claramente nos lembram a Igreja
“triunfal” da “idade das trevas
pré-conciliar”. Como o Los
Angeles Times observaria,
no dia seguinte, no seu título
de caixa alta: «Igreja Católica
revela o Terceiro Segredo: O
maior teólogo do Vaticano
demoliu “com luva branca” a
história de uma Freira sobre a
sua visão de 1917 que tem vindo
a alimentar a especulação ao
longo de décadas». Todo este
“contorcionismo” foi tão
flagrante que até mesmo um
jornal secular e laico não podia
deixar de reparar nisso. Vejamos
as evidências deste crime contra
a Virgem de Fátima e contra os
santos videntes que Deus
escolheu para receber a Sua
Mensagem.
Primeiro, foi a tentativa
do Cardeal Ratzinger, em AMF,
de eliminar o Triunfo
do Imaculado Coração:
Queria, no fim, tomar
uma vez mais outra
palavra-chave do «segredo»
que justamente se tornou
famosa: «O Meu Imaculado
Coração triunfará». Que
significa isto? Significa
que este Coração aberto a
Deus, purificado pela
contemplação de Deus, é mais
forte que as pistolas ou
outras armas de qualquer
espécie. O fiat de
Maria, a palavra do Seu
Coração, mudou a história do
Mundo, porque introduziu
neste Mundo o Salvador:
graças àquele «Sim», Deus
pôde fazer-Se homem no nosso
meio e tal permanece para
sempre.
O
leitor atento pode reparar de
imediato que o Cardeal Ratzinger
suprimiu (muito
convenientemente) as duas
primeiras palavras da profecia
da Santíssima Virgem: Por
fim. Esta censura clara e
intencional feita à própria Mãe
de Deus era necessária para a
“interpretação” revisionista do
Cardeal Ratzinger seguindo o tom
das palavras ditadas por Sodano:
isto é, que Fátima pertence ao
passado.
Portanto, «Por fim,
o Meu Imaculado Coração
triunfará» - depois do
afastamento vantajoso das duas
primeiras palavras - é agora
entendido do seguinte modo: «Há
2000 anos, o Meu Imaculado
Coração triunfou». A profecia de
Nossa Senhora do que
acontererá por fim é
falsificada flagrantemente, para
ser um mero reconhecimento do
que já aconteceu há 20 séculos,
no início da História
do Cristianismo. Quatro
acontecimentos futuros - o
Triunfo do Imaculado Coração de
Maria, a Consagração da Rússia,
a conversão da Rússia e o
período de Paz no Mundo que daí
resultará - são astuciosamente
convertidos em um só
acontecimento, de há 2000 anos!
Esta manipulação de uma
mensagem que o próprio Deus
enviou à terra por meio da Sua
Mãe Santíssima haveria de fazer
com que alguém, de entre os
Fiéis, se levantasse e exigisse
justiça em nome do Céu. Mas o
Cardeal Ratzinger não acaba aqui
a sua carnificina da Mensagem de
Fátima; faz ainda muito pior do
que isso. Referindo-se ao apelo
de Nossa Senhora para que se
estabeleça pelo Mundo inteiro a
devoção ao Seu
Imaculado Coração - do modo como
“Deus quer” - o Cardeal
Ratzinger apresentou esta
zombaria:
O
«imaculado coração» é,
segundo o evangelho de
Mateus (5,8), um coração que
a partir de Deus chegou a
uma perfeita unidade
interior e,
consequentemente, «vê a
Deus». Portanto, «devoção»
ao Imaculado Coração de
Maria é aproximar-se desta
atitude do coração, na qual
o fiat - «seja
feita a vossa vontade» - se
torna o centro conformador
de toda a existência.
Repare-se, primeiro, nas
aspas que o Cardeal Ratzinger
coloca em redor de devoção
e de Imaculado Coração,
que desnuda das suas maiúsculas
- sinal seguro de que estas
palavras estão prestes a
adquirir um novo significado.
Logo, «Deus quer
estabelecer no Mundo a devoção
ao Meu Imaculado Coração» deve
ser entendido agora como «Deus
quer que todos façam a Sua
vontade»; desse modo, todos
aqueles cujos corações estão
abertos à vontade de Deus
adquirirão o seu próprio
“imaculado coração”. Assim,
a devoção ao Imaculado Coração
de Maria significaria a abertura
do coração de cada um
para com Deus, e não a difusão
da Devoção ao Coração da Mãe
Santíssima com o propósito
de tornar o Mundo (especialmente
a Rússia) católico. Imaculado
com I maiúsculo torna-se
imaculado com i minúsculo; e o
Coração da Santíssima Virgem
torna-se o coração de todos -
pelo menos potencialmente. Como
se um mágico dissesse:
«-Abracadabra! Já está trocado!»
Claro que há uma só palavra
para descrever a diminuição do
verdadeiro e único Imaculado
Coração - concebido sem Pecado
Original e irrepreensível de
qualquer mancha de pecado
pessoal -, descendo até ao nível
do coração de qualquer pessoa
que se arrepende dos seus
pecados e que encontra a unidade
interior com Deus. Só há uma
palavra - e essa palavra é
blasfémia. Mais será dito
sobre este ultraje em particular
no capítulo seguinte.
Já
a conversão da Rússia,
foi um pouco mais difícil
fazê-la desaparecer. Não há
muito que se possa dizer para
obscurecer a afirmação bem clara
da Mãe de Deus de que «O Santo
Padre consagrar-Me-á a Rússia
que se converterá».
Mas, como abundantemente
demonstrámos, a conversão da
Rússia deixou de ser aceitável
para o aparelho de poder do
Vaticano. A solução para este
problema foi, simplesmente,
evitar qualquer discussão deste
assunto em AMF - embora
as palavras de Nossa Senhora
sejam citadas sem comentário. A
conversão da Rússia? Qual
conversão?
Mas o insulto supremo foi o
Cardeal Ratzinger ter citado, em
AMF, uma única
“autoridade” sobre Fátima: o
teólogo flamengo Edouard Dhanis,
S.J., que o Cardeal identifica
como um «eminente conhecedor» de
Fátima. Evidentemente que o
Cardeal Ratzinger sabe bem que
Dhanis, Jesuíta modernista, deve
a sua celebridade a ter posto em
dúvida as aparições de Fátima.
Dhanis propusera que, no Segredo
de Fátima, tudo o que fosse além
de um apelo à oração e
penitência tinha sido fabricado
no espírito dos três
pastorinhos, com base em coisas
que tinham visto ou ouvido ao
longo da sua vida. Logo, Dhanis
categorizou com o nome de
“Fátima II” tudo aquilo que ele,
«eminente conhecedor»,
arbitrariamente rejeitou como
invenções - sem sequer ter
entrevistado uma única vez a
Irmã Lúcia, nem ter estudado os
arquivos oficiais de Fátima.
Como Dhanis afirmou:
«Considerando bem tudo isto, não
é fácil declarar precisamente
qual o grau de credibilidade que
deve ser dado aos relatos da
Irmã Lúcia. Sem questionar a sua
sinceridade nem a solidez de
julgamento que ela evidencia na
sua vida do dia-a-dia,
julgar-se-á prudente usar dos
seus escritos apenas sob
reserva. (…) Observemos também
que uma pessoa boa pode ser
sincera e mostrar sensatez nos
seus juízos quotidianos, mas ter
uma propensão para invenções
inconscientes num
determinado domínio ou, em
qualquer um dos casos, uma
tendência para contar velhas
recordações de há vinte anos com
embelezamentos e modificações
consideráveis”31.
Dhanis - que recusou
examinar os arquivos oficiais de
Fátima - levantou dúvidas sobre
cada um daqueles aspectos da
Mensagem de Fátima que não
concordava com as suas
inclinações neo-modernistas: à
oração ensinada pelo Anjo, ele
chamou-lhe “inexacta”; à visão
do Inferno, disse ser uma
“exagerada representação
medieval”; à profecia de “uma
noite iluminada por uma luz
desconhecida” anunciando o
advento da II Guerra Mundial,
descreveu-a como “uma base para
suspeição”. E quanto à
consagração da Rússia, Dhanis
declarou redondamente que “A
Rússia não poderia ser
consagrada pelo Papa sem que tal
acto se revestisse de um certo
ar de provocação, quer em
relação à Igreja separada, quer
em relação à União das
Repúblicas Socialistas
Soviéticas. Isto tornaria a
consagração praticamente
irrealizável…». Portanto,
Dhanis declarou que a
Consagração da Rússia era
«moralmente impossível devido às
reacções que viria,
previsivelmente, a provocar»32.
A
desconstrução que Dhanis fez da
Mensagem de Fátima é um exemplo
típico de como os modernistas
minam as verdades católicas,
baseados em premissas inventadas
por eles próprios. Assim
(premissa inventada), se a
Consagração da Rússia é
moralmente impossível, como
teria Nossa Senhora de Fátima
pedido que se fizesse? Tendo
assim feito a sua jogada contra
a Irmã Lúcia, Dhanis extrai a
conclusão “inevitável”: «Mas
seria de crer que a Santíssima
Virgem tivesse pedido uma
consagração que, tomada
rigorosamente à letra, era
praticamente irrealizável? (…)
Com efeito, tal pergunta parece
requerer uma resposta
negativa. (…) Logo,
dificilmente parece provável que
Nossa Senhora pedisse a
consagração da Rússia (…)» Com
base inteiramente na premissa
inventada por Dhanis, o
testemunho da Irmã Lúcia é
classificado como ‘uma fraude’.
É
exactamente esta a linha
adoptada pelo Cardeal Sodano e
pelo seu aparelho de Estado do
Vaticano: a Mãe de Deus nunca
poderia ter pedido uma coisa tão
diplomaticamente embaraçosa como
uma consagração pública da
Rússia; assim, devemos eliminar
esta noção embaraçosa de uma vez
por todas. É esta linha - a
Linha do Partido - que o Cardeal
Ratzinger aprovou no seu
“comentário”, ao elogiar Dhanis
como um “eminente conhecedor” de
Fátima; e, continuando a Linha
do Partido, o Cardeal Ratzinger
afirma que o Terceiro Segredo em
particular consta de «imagens,
que Lúcia pode ter visto em
livros de piedade e cujo
conteúdo deriva de antigas
intuições de fé». Por outras
palavras, como se poderá saber,
na verdade, quais as partes do
Terceiro Segredo que são
autênticas e quais as que são
meramente memórias pessoais ou
“intuições”? É claro que se isto
for verdade quanto ao Terceiro
Segredo, também pode ser verdade
em relação a toda a Mensagem de
Fátima.
A
astuta tentativa do Cardeal
Ratzinger de enfraquecer
insidiosamente a credibilidade
da Irmã Lúcia, no seu grande
respeito para com a Mensagem de
Fátima, será novamente discutida
no capítulo seguinte. Aqui basta
dizer que a concordância
evidente entre o Cardeal
Ratzinger e Dhanis - de que
todos os elementos
especificamente proféticos da
Mensagem de Fátima não são
fiáveis - serve para o
desqualificar quanto a fazer
alguma “interpretação” do
Terceiro Segredo ou de alguma
outra parte da Mensagem de
Fátima. Muito simplesmente, o
Cardeal Ratzinger não
acredita que a Mãe de Deus
pediu a Consagração da Rússia, a
conversão da Rússia à Fé
Católica, o Triunfo do Imaculado
Coração de Maria e o
estabelecimento, pelo Mundo
inteiro, da devoção
(especificamente católica)
ao único Imaculado Coração.
Sendo este o caso, o Cardeal
tinha o dever de dar a conhecer
essa sua descrença e de se
abster do assunto - em vez de
fingir ser uma “interpretação” o
que mais não é do que uma
tentativa de desacreditar aquilo
mesmo que aparenta estar a
“interpretar”.
O
que ficou da Mensagem de Fátima
depois de o Cardeal Ratzinger e
de Mons. Bertone terem acabado
com ela, a 26 de Junho de 2000?
Neste ponto, o Cardeal
Ratzinger, Mons. Bertone e o
Padre Dhanis todos concordam: «O
que permanece - dissemo-lo logo
ao início das nossas reflexões
sobre o texto do “segredo” - é a
exortação à oração como caminho
para a “salvação das almas ”
[sic] e, no mesmo sentido, o
apelo à penitência e à
conversão.» A partir de 26 de
Junho de 2000, a Mensagem de
Fátima tornou-se uma “Fátima
light”: uma receita diluída
para a piedade pessoal, sem
qualquer pertinência específica
para o futuro.
Então foi para isto
que a Mãe de Deus veio à
terra e se operou o Milagre do
Sol? É interessante reparar que,
mesmo na apresentação desta
versão minimalista da Mensagem,
o Cardeal Ratzinger não pôde
escrever sobre a salvação das
almas sem colocar certas
palavras entre aquelas aspas
enjoadas - que ele usou para, no
seu comentário, se poder
distanciar das palavras
devoção, triunfo e imaculado.
Parece até que essa ‘Fátima
light’ não é
suficientemente light,
no seu conteúdo católico, para o
paladar ecuménico dos
eclesiásticos modernos.
Quanto à advertência
profética de Nossa Senhora de
que «várias nações serão
aniquiladas» se a Consagração da
Rússia não for feita - é claro,
como tudo leva a crer, que
esperam que esqueçamos isto: não
haverá nenhuma aniquilação de
nações, «Fátima pertence ao
passado». O Cardeal Sodano diz
assim. O Cardeal Ratzinger
concorda.
A
Linha do Partido:
o que diz acerca da Consagração
da Rússia
Mencionámos já qual foi o
papel do Arcebispo Bertone em
AMF. Os seus principais
contributos nesta farsa foram
dois:
Primeiro, Bertone promulgou
a “ordem” (que, evidentemente,
não obriga ninguém) de que os
Fiéis devem cessar de pedir a
Consagração da Rússia: «Por
isso, qualquer discussão e
ulterior petição [para que se
faça a Consagração] não tem
fundamento.»
Para apoiar tal afirmação,
Bertone referiu exactamente uma
só peça como evidência: a “carta
de 8 de Novembro de 1989”,
manifestamente falsa e que já
mencionámos, da “Irmã Lúcia” ao
Senhor Noelker - a tal carta em
que a “Irmã Lúcia” se refere a
uma consagração do Mundo feita
pelo Papa Paulo VI em Fátima,
coisa que ela nunca testemunhou
porque nunca aconteceu. Muito
revelador é o facto de Bertone
não identificar o destinatário
da carta. Nem apresenta uma
cópia para que o Mundo a examine
- não fosse alguém reparar no
erro fatal quanto à inexistente
«consagração do Mundo» do Papa
Paulo VI. Mais revelador ainda:
a AMF não contém
absolutamente nenhum testemunho
directo da pessoa da Irmã Lúcia
com respeito à Consagração,
embora o próprio Bertone a tenha
entrevistado sobre o Terceiro
Segredo apenas dois meses antes,
e ela estivesse perfeitamente
disponível, tanto para o Cardeal
Ratzinger como para todo o
aparelho de poder do Vaticano,
durante a cerimónia de
Beatificação em Maio.
E
não é para admirar. A versão de
AMF da “consagração da
Rússia” - isto é, a versão do
Cardeal Sodano - contradiz
rotundamente uma vida inteira de
testemunho contrário prestado
pela Irmã Lúcia. Vejamos alguns
exemplos.
Há
mais de 55 anos, em 15 de Julho
de 1946, o eminente autor e
historiador William Thomas Walsh
entrevistou a Irmã Lúcia - o que
é contado na sua importante
obra, Our Lady of Fatima,
que vendeu mais de um milhão de
exemplares. Nessa entrevista,
que aparece no final do livro, o
Senhor Walsh perguntou-lhe
pormenores específicos sobre o
procedimento correcto para a
Consagração Colegial.
Por fim chegámos ao
assunto importante do
segundo segredo de Julho, do
qual tantas versões
diferentes e incompatíveis
têm sido publicadas.
Tornou-se claro para Lúcia
que Nossa Senhora não pediu
a consagração do Mundo
ao Seu Imaculado
Coração. O que exigiu
especificamente foi a
consagração da Rússia.
Ela não fez qualquer
comentário sobre o facto de
o Papa Pio XII ter
consagrado o Mundo, e não a
Rússia, ao Imaculado Coração
[de Maria] em 1942. Mas
disse mais de uma vez, e com
ênfase deliberada: «O que
Nossa Senhora quer é que o
Papa e todos os Bispos no
Mundo consagrem a Rússia ao
Seu Imaculado Coração em um
dia específico. Se isto for
feito, a Senhora converterá
a Rússia e haverá Paz. Se
não for feito, os erros da
Rússia espalhar-se-ão a
todos os países do Mundo»33.
A
Irmã Lúcia é clara e directa. A
consagração colegial pedida pelo
Céu é a Consagração da
Rússia, não do Mundo,
e tem que ser feita pelo Papa em
conjunto com os Bispos do Mundo
no mesmo dia.
Aliás, há ainda a revelação
pouco conhecida de Nossa Senhora
à Irmã Lúcia nos inícios dos
anos 50, e que é contada em
Il Pellegrinaggio delle
Meraviglie, publicado sob
os auspícios do episcopado
italiano. A Santíssima Virgem
Maria apareceu à Irmã Lúcia em
Maio de 1952 e disse: «Dê-se
conhecimento ao Santo Padre que
continuo a esperar a Consagração
da Rússia ao Meu Imaculado
Coração. Sem a Consagração, a
Rússia não se poderá converter,
nem o Mundo terá a Paz»34.
É
assim que, 10 anos depois da
consagração do Mundo do Papa Pio
XII em 1942, temos Nossa Senhora
a recordar à Irmã Lúcia que a
Rússia não se converterá, nem
haverá Paz, a menos que a Rússia
seja consagrada pelo seu próprio
nome.
Trinta anos depois, em
1982, o testemunho da Irmã Lúcia
continua inalterável. Em 12 de
Maio de 1982, um dia antes da
suposta consagração de 1982, o
jornal oficial do Vaticano
L'Osservatore Romano
publicou uma entrevista da Irmã
Lúcia, feita pelo Padre Umberto
Maria Pasquale, Sacerdote
salesiano, durante a qual ela
diz ao Padre Umberto que Nossa
Senhora nunca pediu a
consagração do Mundo, mas só
a consagração da Rússia:
A
certa altura, disse-lhe: « -
Irmã, gostaria de lhe fazer
uma pergunta. Se não puder
responder-me, paciência! Mas
se puder, ficaria muito
agradecido se me
esclarecesse um pormenor que
também não parece claro a
muita gente... Alguma vez
Nossa Senhora lhe falou da
consagração do
Mundo ao Seu
Imaculado Coração?»
«
-Não,
Padre Umberto!
Nunca! Na Cova
da Iria, em 1917, Nossa
Senhora prometeu:
“Eu virei pedir a
consagração da Rússia
(…)” Em 1929,
em Tui, tal como tinha
prometido, Nossa Senhora
voltou para me dizer que
chegara o momento de pedir
ao Santo Padre que fizesse a
consagração
daquela nação
[a Rússia] (…)»
Este testemunho foi
confirmado pela Irmã Lúcia em
uma carta escrita a mão ao Padre
Umberto, que o Sacerdote também
publicou. [Encontra-se, em
baixo, uma cópia reproduzida
fotograficamente].
Aqui vai a transcrição da
nota:
Rev.do Senhor P. Humberto,
“Respondendo à sua pergunta
esclareço: Nossa Senhora, em
Fátima, no Seu pedido, só Se
referiu à consagração da
Rússia.” … Coimbra 13
IV-1980 (assinado) Irmã
Lúcia
Mais uma vez a 19 de Março
de 1983, a pedido do Santo
Padre, a Irmã Lúcia encontra-se
de novo com o Núncio Pontifício,
o Arcebispo Portalupi, o Sr. Dr.
Lacerda e o Padre Messias
Coelho. Durante este encontro, a
Irmã Lúcia confirma que a
Consagração de 1982 do Papa João
Paulo II não cumpriu os pedidos
de Nossa Senhora. Irmã Lúcia
disse:
No acto do oferecimento
de 13 de Maio de 1982, a
Rússia não apareceu como
sendo o objecto da
consagração. E cada Bispo
não organizou na sua própria
diocese uma cerimónia
pública e solene de
reparação e Consagração da
Rússia. O Papa João Paulo II
simplesmente renovou a
consagração do Mundo
efectuada pelo Pio XII a 31
de Octubro de 1942. Desta
consagração podemos esperar
alguns benefícios, mas não a
conversão da Rússia35.
Ela concluiu, «A
Consagração da Rússia não
foi feita como Nossa Senhora
tinha exigido. Não o pude
dizer publicamente mais cedo,
por não ter tido autorização do
Vaticano»36.
Um
ano depois, a 25 de Março de
1984, o Papa João Paulo II fez
um acto de oferecimento, após o
que consagrou outra vez “o
Mundo”, não a Rússia. Tal como
sucedeu com a consagração de
1982, «cada Bispo não organizou
na sua própria diocese uma
cerimónia pública e solene de
reparação e Consagração da
Rússia.» Com respeito a esta
cerimónia, Frère François
escreve: «Nos meses que se
seguiram ao acto de oferecimento
de 25 de Março de 1984, que foi
apenas uma renovação do acto de
1982, os principais estudiosos
de Fátima concordaram em dizer
que a consagração da Rússia
ainda não fora feita como o Céu
desejava»37.
Tal foi também a convicção
do Padre António Maria Martins38
e do Padre Messias Coelho que,
na véspera de 25 de Março de
1984, escreveu na Mensagem
de Fátima, da qual ele é o
redactor: «Consagração da
Rússia: Não será feita ainda
nesta altura». Para além disto
explicou: «Está certo que o
maior contém o menor.
Aparentemente, portanto, a
“Consagração do Mundo” dará
talvez a impressão de ter o
poder de substituir a
consagração específica da
Rússia. O problema, todavia, não
pode ser resolvido em termos
lógicos, nem mesmo à luz de
teologia sistemática»39.
Estes teólogos basearam as
suas afirmações não só no mero
facto de que uma consagração da
Rússia precisa de mencionar a
palavra “Rússia”, mas também no
testemunho da própria Irmã
Lúcia.
Na
quinta-feira, 22 de Março de
1984, dois dias antes do acto de
oferecimento, o Carmelo de
Coimbra celebrou o 77º
aniversário da Irmã Lúcia.
Naquele dia recebeu, como era
seu costume, a sua velha amiga
Sr.a D. Eugénia
Pestana. Depois de saudar a sua
amiga carmelita, a Sr.a
D. Pestana perguntou-lhe:
«Então, Lúcia, no Domingo é a
Consagração?» A Irmã Lúcia, que
já tinha recebido e lido o texto
da fórmula de consagração do
Papa, fez um sinal negativo e
declarou: «Aquela consagração
não pode ter um carácter
decisivo»40.
O
“carácter decisivo”, que é o
selo da consagração própria, é a
conversão milagrosa da Rússia.
Se bem que a nova “orientação
ecuménica” da Igreja confunda o
ponto em questão, a conversão da
Rússia quer dizer conversão ao
Catolicismo. Isto não é
senão um caso de senso comum,
mas encontra-se no testemunho do
Padre Joaquín Alonso, talvez o
maior conhecedor de Fátima do
século XX. O Padre Alonso, que
teve muitas entrevistas com a
Irmã Lúcia, escreveu em 1976:
... podíamos dizer que
Lúcia tem pensado sempre que
a «conversão» da Rússia não
se entende só como um
retorno dos povos da Rússia
à religião cristã-ortodoxa,
rejeitando o ateísmo
marxista dos sovietes, mas
antes que se refere pura e
simplesmente à conversão
total e integral, um retorno
à única e verdadeira Igreja,
a Católico-romana41.
Numa entrevista de 1985 no
Sol de Fátima, a Irmã
Lúcia foi perguntada se o Papa
tinha cumprido o pedido de Nossa
Senhora quando consagrou o Mundo
em 1984. A Irmã Lúcia respondeu:
«Não houve a participação de
todos os Bispos, e não houve
nenhuma menção da Rússia.»
Nessa altura perguntaram-lhe: «Assim,
a consagração não foi feita como
foi pedida por Nossa Senhora?»,
a que respondeu: «Não.
Muitos Bispos não ligaram
nenhuma importância a este acto»42.
Até mesmo o Padre René
Laurentin, camarada dos
progressistas, admitiu em 1986
que «Irmã Lúcia não ficou
satisfeita43 ...
Lúcia parece pensar que a
Consagração “não foi feita” como
Nossa Senhora a queria»44.
Mais tarde, em 20 de Julho
de 1987, a Irmã Lúcia foi
entrevistada à pressa fora do
seu convento, quando foi votar.
Nessa altura disse ao jornalista
Enrique Romero que a Consagração
da Rússia não se fizera como
estava pedida45.
Poderiam citar-se mais
afirmações da Irmã Lúcia de que
a consagração de 1984 não
cumpriu as condições do Céu,46
mas o ponto está estabelecido;
Mons. Bertone e o Cardeal
Ratzinger, no seguimento da
Linha do Partido de Sodano,
confiaram inteiramente
numa só carta, manifestamente
falsa, para derrubar mais de
cinquenta anos de testemunho
firme da Irmã Lúcia sobre os
pedidos do Céu quanto a uma
consagração válida da Rússia.
Eles não ousaram perguntar à
Irmã Lúcia pessoalmente sobre o
assunto - ou, se o fizeram, ela
não lhes forneceu respostas que
concordassem com a Linha do
Partido47.
A
Linha do Partido sobre Fátima e
a Paz mundial
Isto leva-nos à segunda
parte da farsa de Mons. Bertone.
Veio na forma desta afirmação:
A
decisão tomada pelo Santo
Padre João Paulo II de
tornar pública a terceira
parte do «segredo» de Fátima
encerra um pedaço de
história, marcado por
trágicas veleidades humanas
de poder e de iniquidade,
mas permeada pelo amor
misericordioso de Deus e
pela vigilância cuidadosa da
Mãe de Jesus e da Igreja.
É
difícil encontrar palavras para
expressar o carácter ofensivo
desta afirmação absurda. Aqui a
Linha do Partido do Sodano
propõe seriamente que uma era
inteira de veleidades humanas de
poder e de iniquidade terminou
com a “divulgação” da visão
obscura do «Bispo vestido de
Branco». Se assim foi, porque
esperou o Vaticano quarenta anos
para trazer a Paz mundial,
quando tudo o que tinha a fazer,
segundo Mons. Bertone, era
organizar uma conferência de
imprensa em 1960 para publicar
esta visão obscura?
O
Cardeal Sodano evidentemente
reconheceu que tinha que
fornecer aos fiéis algum tipo de
contrafacção para tomar o lugar
do triunfo do Imaculado Coração,
que nunca se realizou depois da
“consagração da Rússia” em 1984.
A conferência de imprensa de 26
de Junho de 2000 foi deste modo
apresentada como a grande
culminação da Mensagem de
Fátima!
Mas, de alguma maneira,
tanto Mons. Bertone como o
Cardeal Ratzinger não fizeram
caso das implicações óbvias da
carta da Irmã Lúcia ao Papa de
12 de Maio de 1982, a qual eles
próprios (parcialmente)
reproduziram fotograficamente em
AMF:
E
se não vemos ainda, como
facto consumado, o final
desta profecia, vemos que
para aí caminhamos a
passos largos48.
Se não recuarmos no caminho
do pecado, do ódio, da
vingança, da injustiça
atropelando os direitos da
pessoa humana, da
imoralidade e da violência,
etc. E não digamos que é
Deus que assim nos castiga;
mas, sim, que são os
homens que para si mesmos
preparam o castigo.
Esta carta de 1982 não
faz, terminantemente, nenhuma
menção da tentativa de
assassínio de 1981; muito menos
caracteriza a tentativa como
qualquer tipo de cumprimento do
Terceiro Segredo. Sem qualquer
dúvida, um ano depois da
tentativa a Irmã Lúcia ficou
preocupada com um castigo
global, em consequência da falta
da Igreja não obedecendo aos
imperativos da Mensagem de
Fátima. Decerto ela não escrevia
ao Papa sobre o triunfo do
Imaculado Coração, mas antes
sobre a aniquilação das nações.
É
muito curioso também que esta
mesma carta da Irmã Lúcia (que
Ratzinger e Bertone dizem que
foi dirigida ao Papa João Paulo
II) contém a frase: «A terceira
parte do Segredo que tanto
ansiais por conhecer».
Porque é que o Papa ‘ansiaria
tanto conhecer’ a terceira parte
do Segredo, se já tinha o texto
em sua posse no Vaticano, onde
ele estava guardado desde 1957?
Porque é que Sua Santidade
‘ansiaria tanto conhecer’ aquilo
que, afinal, já tinha lido em
1981 (segundo afirmação de
Bertone/Ratzinger) ou ainda mais
cedo, em 1978, como o porta-voz
da Santa Sé, Joaquín
Navarro-Valls, declarou à
imprensa portuguesa?
É
muito revelador que a expressão
“que tanto ansiais por conhecer”
tenha sido retirada pelo
Vaticano da citação do original
português da mesma carta,
em todas as versões do
Comentário de Ratzinger/Bertone
em diversas línguas. A própria
versão do AMF em língua
portuguesa omite esta frase
(“que tanto ansiais por
conhecer”) da reprodução
tipográfica portuguesa
da carta original. Sem dúvida o
aparelho de estado do Vaticano
quis evitar um turbilhão de
perguntas sobre de que modo
estaria o Papa ansioso por
conhecer uma coisa que já
conhecia. Mas na altura em que
os repórteres pudessem comparar
as suas transcrições com a carta
original em português, já a
conferência de imprensa teria
terminado - o que inviabilizava
que fizessem quaisquer outras
perguntas.
Duas conclusões são
possíveis: ou a carta não era
realmente dirigida ao Papa ou,
então, havia algo mais que fazia
parte do Segredo e que o Santo
Padre realmente desconhecia à
data dessa carta, 12 de Maio de
1982. Como diz o célebre
aforisma de Sir Walter Scott
«-Oh, que emaranhada é a teia
que começa por uma mentira»49!
A primeira mentira - que Fátima
pertence ao passado - conduz a
uma teia emaranhada de outras
mentiras para ocultar a
primeira.
O Padre Gruner
serve de alvo
Mas havia mais a fazer
nesta campanha de enterrar
Fátima no passado. Que se podia
fazer com o “Sacerdote de
Fátima”, que tinha um apostolado
cujas publicações e programas
televisivos e radiofónicos
sublinhavam com grande
persistência e notável efeito
que o aparelho de Estado do
Vaticano, segundo a sua nova
visão da Igreja, tinha virado as
costas aos pedidos da Santíssima
Virgem? Na conclusão desta
conferência de imprensa de 26 de
Junho de 2000, o Cardeal
Ratzinger desviou-se do conteúdo
para mencionar o Padre Nicholas
Gruner pelo seu nome, insistindo
que ele tem que «se-submeter ao
Magistério da Igreja» na questão
da Consagração da Rússia, que
(conforme a Linha do Partido)
teria sido nessa altura levada a
cabo. Mas o Magistério da Igreja
- o ofício docente categorizado
da Igreja - não ensinou
absolutamente nada sobre isto.
Houve apenas a interpretação de
Fátima de Sodano e a “tentativa”
não vinculatória de AMF
para diminuir a seriedade de
todo o conteúdo profético
específico da Mensagem de Fátima50
(deixando apenas a oração e a
penitência).
A
aumentar esta perseguição,
apenas uns poucos dias antes
desta conferência de 26 de
Junho, a Congregação do Clero do
Vaticano tinha enviado ao Padre
Gruner uma carta contendo a
ameaça estarrecedora de que
seria excomungado da Igreja
Católica. Carta esta que foi
seguida de um comunicado aos
Bispos das Ilhas Filipinas (onde
o apostolado do Padre Gruner é
fortemente apoiado), a avisá-los
de que o Padre Gruner seria
excomungado a menos que (entre
outras exigências) «se
reconciliasse com as autoridades
da Igreja» - isto é, voltasse à
diocese de Avellino, fechasse as
portas do seu apostolado para
sempre e se submetesse à Linha
do Partido sobre Fátima. Por seu
lado, o Bispo de Avellino nunca
precisou dos serviços do Padre
Gruner, nunca o apoiou
economicamente a partir de 1978,
e nunca tomou quaisquer medidas
para assegurar um visto de
imigração adequado para o
“regresso” a Avellino. O Bispo
de Avellino não foi mais do que
um peão no jogo de xadrez do
Secretário de Estado. (Teremos
mais para dizer sobre esta farsa
nos capítulos que se seguem.)
Nas suas afirmações sobre o
Padre Gruner, no fim da
conferência de imprensa de 26 de
Junho, o Cardeal Ratzinger
também assentou que o Padre
Gruner certamente sofria de
angoscia - a palavra
italiana que significa extrema
angústia do espírito. O Cardeal
Ratzinger evidentemente sabia da
ameaça de excomunhão, que, com
efeito, provocaria angoscia
em qualquer Sacerdote fiel
que ama a Igreja. Mas a situação
difícil do Padre Gruner é só
emblemática do estado lamentável
de toda a Igreja na época
pós-conciliar: um Sacerdote que
não cometeu nenhum delito contra
a fé e a moral é pessoalmente
ameaçado com excomunhão pelo
próprio dirigente da Congregação
do Clero, enquanto, por toda a
Igreja, malfeitores em pele de
Clerigos molestam acólitos ou
difundem heresias, e os seus
Bispos os deslocam de um lugar
para outro ou ocultam as suas
actividades e os protegem do
castigo; e a Congregação do
Clero não faz nada.
Como se explica esta
ultrajante disparidade de
justiça? Parece-nos uma só
explicação lógica, baseada no
que já temos evidenciado: Na
Igreja Católica da Adaptação
pós-conciliar, tal como na
Rússia estalinista, o único
delito imperdoável é opor-se à
Linha do Partido. E o Padre
Gruner opôs-se à Linha do
Partido sobre Fátima.
Nossa Senhora
sai, Gorbachev entra
Afirmamos que este escárnio
e obscurecimento da Mensagem de
Fátima - a Linha do Partido
sobre Fátima - tinha por
intenção enterrá-la de uma vez
por todas, de tal modo que o
Cardeal Sodano pudesse continuar
a impor à Igreja a nova
orientação. Aqui está um exemplo
especialmente convincente do que
queremos dizer:
Tendo Fátima sido “demolida
com luva branca” (para
citar o Los Angeles Times)
pelo Cardeal Ratzinger e Mons.
Bertone em 26 de Junho, o
aparelho de Estado do Vaticano,
dirigido pelo Cardeal Sodano,
pôs-se de imediato a tratar do
que eles consideram assuntos
sérios da Igreja. No dia
seguinte, Mikhail Gorbachev
sentou-se como convidado de
honra entre os Cardeais Sodano e
Silvestrini numa “conferência de
imprensa” no Vaticano. Qual foi
o propósito desta conferência de
imprensa? Foi convocada para
celebrar um dos elementos-chave
da orientação nova da Igreja: a
Ostpolitik, a política
de “diálogo” e transigência com
os regimes comunistas (incluindo
a China vermelha) que perseguem
a Igreja. A justificação
imediata da conferência de
imprensa foi a publicação
póstuma das memórias do Cardeal
Casaroli, o grande propagador da
Ospolitik e antecessor
do Cardeal Sodano em fazer
cumprir a Linha do Partido do
Secretário de Estado51.
Numa autêntica tradição
estalinista, não foram
permitidas quaisquer perguntas
da imprensa nesta curiosa
“conferência de imprensa” - uma
conferência de imprensa sem
perguntas da imprensa! É
evidente que o Vaticano queria
assegurar-se de que ninguém se
oporia à Linha do Partido com
alguma pergunta sobre Fátima, ou
por que razão o Vaticano honrava
um indivíduo como Mikhail
Gorbachev, um homem que admite
que ainda é leninista e cujas
fundações não lucrativas advogam
o uso do aborto e da
contracepção para eliminar
quatro mil milhões de pessoas da
população do Mundo52.
Para já não falar da defesa
pública que este indivíduo
sanguinário fez da invasão
soviética do Afeganistão, quando
ainda estava à frente do Partido
Comunista Soviético - uma
campanha de genocídio que
incluía a colocação de
explosivos disfarçados como
brinquedos, sucedendo assim que
crianças afegãs perderam membros
e cabeças53.
Poderia haver uma
demonstração mais dramática da
oposição fundamental entre a
Igreja de todos os tempos e a
Igreja da Adaptação? Em 26 de
Junho de 2000 Nossa Senhora de
Fátima foi afastada, a Sua
Mensagem do Céu audaciosamente
censurada e revista por homens
cuja vontade era consigná-la ao
esquecimento. Nessa altura, um
dia depois, Mikhail Gorbachev
entrou no Vaticano para celebrar
a nova orientação da Igreja,
implementada pelo falecido
Cardeal Casaroli e pelo seu
sucessor, Cardeal Sodano.
Gorbachev, figura
preeminente da cultura da morte,
foi honrado pelo Vaticano outra
vez em 4 de Novembro de 2000,
quando dirigiu uma alocução ao
Papa e a outros prelados no
“Jubileu dos Políticos” - um
jantar de gala para cerca de
5.000 governantes das repúblicas
seculares e ateias do Mundo. Os
fotógrafos registaram para a
posteridade o Papa escutando
muito atentamente o discurso
deste grande promotor do
holocausto do aborto54.
Esta mistura grotesca de um
Jubileu - tradição espiritual da
Igreja, derivada de um costume
do Antigo Testamento - com
discursos sobre assuntos laicos
de políticos a favor do aborto,
é absolutamente típica da nova
orientação, que constantamente
procura amalgamar a Igreja com o
Mundo na grande Adaptação de
Catolicismo Romano à
“civilização moderna”.
Notas
1. “The Moscow Patriarchate and
Sergianism” por Boris Talantov,
in Russia's Catacomb Saints,
(St. Herman of Alaska Press,
Platina, California, 1982) pp.
463-486.
2. “The Moscow Patriarchate and
Sergianism: An Essay by Boris
Talantov,” encontrado em
www.orthodoxinfo.com/resistance/cat_tal.html
3. Comentários de 17 de Janeiro
de 1998 na Conferência da Aid to
Church in Russia,
www.catholic.net/rcc/
Periodicals/Faith/1998-03-04/Russia.html.
Reimpresso em The Catholic
Dossier, Março/Abril de
1998, p. 4.
4. L'Osservatore Romano,
26-27 de Março de 1984, pp. 1,
6.
5. Avvenire, 27 de
Março de 1984, p. 11.
6. Padre Fabrice Delestre,
“Porquê não obedecer à Mãe de
Deus como seria necessário?”,
Semper, Revista da
Fraternidade Sacerdotal São Pio
X, Nº 49, Outono de 2000, p. 18
(em português). Veja-se
também Frère François de Marie
des Anges, Fatima: Joie
Intime Événement Mondial
(Edição francesa, Contre-Réforme
Catholique, França, 1991), pp.
363-364. Frère François de Marie
des Anges, Fatima: Tragedy
and Triumph, pp. 168-172.
7. As observações do Padre
Maurer apareceram numa
entrevista em Catholic World
Report, Fevereiro de 2001.
Uma sinopse e comentário sobre
esta entrevista foram publicados
em “The Myth of a Converted
Russia Exposed”, por Marian
Horvat, Ph.D., Catholic
Family News, Março de 2001.
8. Veja-se Mark Fellows, “This
Present Darkness”, Part III,
Catholic Family News,
Outubro de 2000.
9. Com respeito ao álcool na
Rússia, concluíram os
investigadores: «o ritmo do
consumo de álcool na Rússia,
tradicionalmente entre os
maiores no Mundo, e subindo
significativamente nos anos 90,
é um contributo principal para a
crise de saúde do país ... o
alcoolismo tem atingido
proporções epidémicas,
particularmente entre os homens
... Um estudo russo feito em
1995 concluiu que entre 25 e 60%
dos operários embriagavam-se
regularmente ... Em 1994 uns
53.000 pessoas morreram de
envenenamento por álcool, um
aumento de cerca de 36.000 desde
1991.» Nos dez anos que se
seguiram à alegada conversão da
Rússia, houve também um grande
aumento no uso de drogas
ilegais: «Em 1995 calcula-se que
uns 2 milhões de russos usaram
narcóticos, mais de vinte vezes
o total encontrado dez anos
antes em toda a União Soviética,
e o número de viciados aumentou
50% cada ano em meados dos anos
90.» In Mark Fellows, “This
Present Darkness”, Part II,
Catholic Family News,
Setembro de 2000.
10. “Satanism on the Rise in
Russia” compilado por John
Vennari. Veja-se
www.fatima.org/satanism.html
11. “Russia Legalizes
Homosexuality”, United Press
International, 28 de Maio
de 1993. Citamos o início do
artigo: «Os activistas
homossexuais da Rússia
celebraram na sexta-feira uma
grande vitória para os direitos
homossexuais na Rússia
pós-Soviética, com a revogação
do artigo 121º do código
criminal soviético, que proibia
o sexo consensual entre homens.
“Isto é uma grande notícia para
os homossexuais e as lésbicas na
Rússia,” disse Vladislav
Ortanov, editor da revista
homossexual Moscovita Risk.»
12. “Activist Says Child Porn
Prosecutions Will be Difficult
in Indonesia, Russia”, Christine
Brummitt, Associated Press,
9 de Agosto de 2001 (ênfase
acrescentada).
13. “Big Brotherski goes too far
for staid Russians”, Mark
Franchetti, Sunday Times
(Londres), 25 de
Novembro de 2001.
14. “New Visa System Seen
Choking Russia's Catholic
Parishes”, Russia Reform
Monitor, Nº. 485, 28 de
Julho de 1998. E ainda “Catholic
Clergy in Siberia Face Growing
Visa Difficulties”, Catholic
World News, 19 de Novembro
de 1997.
15. Sarah Karush, “Foreign
Priests Spark Controversy”,
Associated Press, 12 de
Fevereiro de 2002.
16. Radio Free Europe
Report, 20 de Junho de 2001.
17. Ibid. Veja-se também
Catholic News Service, 17 de
Fevereiro de 2002.
18. Fatima: Tragedy and
Triumph, pp. 189-190.
19. Para um bom estudo sobre a
falsidade desta carta ao Sr.
Noelker, veja-se Mark Fellows,
“This Present Darkness”, Part
II, Catholic Family News,
Setembro de 2000.
20. O princípio que requer que a
autoridade seja exercida ao
nível mais baixo possível para
evitar a tirania provocada pela
centralização excessiva do
governo. Por exemplo, o
orçamento de uma cidade deve ser
determinado pela respectiva
câmara municipal, e não pelo
governo central.
21. Sob a estrutura antiga,
antes de 1967, o Papa presidia à
Cúria Romana. Sob a estrutura
nova, a partir de 1967, é a
Secretaria de Estado que preside
à Cúria Romana. O leitor é
convidado a examinar o
Annuario Pontificio de
antes e depois de 1967 para ver
a mudança na estrutura da Cúria
Romana.
22. Um sacerdote francês mostrou
o documento maçónico ao Padre
Paul Kramer, um sacerdote
americano, entre outros.
23. Paul Fisher, Their God
is the Devil, (American
Research Foundation, Washington,
D.C., 1990) p. 40.
24. Veja-se Francis Alban e Dr.
Christopher A. Ferrara,
Fatima Priest, Quarta
Edição (Good Counsel
Publications, Pound Ridge, New
York, 2000). Capítulos 12, 14,
17-22, e Apêndices I e II.
25. Para os pormenores dos
“procedimentos” tortuosos e
extensos para silenciar o Padre
Gruner, o leitor pode consultar:
Fatima Priest (Quarta
Edição), A Law for One Man
(ambos disponíveis em
inglês de The Fatima Center,
17000 State Route 30, Constable,
New York 12926) ou visite o site
de Fátima na Internet:
www.fatima.org
26. Sobre aos pormenores
curiosos e confusos dos planos
para a cerimónia da beatificação
e assuntos relacionados com ela,
veja-se o artigo na página 12 do
Correio da Manhã de 14
de Outubro de 1999; o semanário
Jornal de Leiria de 14
de Outubro de 1999, p. 24; o
semanário A Ordem, 21
de Outubro de 1999, p. 1; o
semanário oficial da Patriarcado
de Lisboa Voz da Verdade
de 31 de Outubro de 1999,
na página 6, o artigo intitulado
«Beatificação dos pastorinhos
definitivamente em Roma»; o
semanário oficial da Patriarcado
de Lisboa Voz da Verdade
5 de Dezembro de 1999
intitulado «Papa volta a
Portugal, Fátima, cenário da
beatificação»; artigo em
Euronotícias de 24 de Março
de 2000, p. 8, intitulado «Bispo
de Leiria-Fátima», 21 de Março,
conferência de imprensa; o
semanário Euronotícias
de 24 de Março de 2000, na
página 8 «Crise: O Bispo de
Leiria-Fátima cria um mistério
em redor da visita do Papa, sem
dizer ao Patriarca o que
concerne. Divulgará o Papa o
Terceiro Segredo?» (tradução
nossa); Euronotícias de
24 de Março, artigo na página 9
intitulado: «Análise: Pessoas
que têm estudado as Aparições
dizem que o Terceiro Segredo
pode dizer respeito à destruição
da Fé. A crise a partir do
interior da Igreja seria o
Terceiro Segredo» (tradução
nossa).
27. Padre Herman Bernard Kramer,
The Book of Destiny,
(publicado pela primeira vez em
1955, publicado de novo por TAN
Books and Publishers, Inc.,
Rockford, Illinois, 1975) pp.
279-284.
28. Ibid.
29. Ibid.
30. Neste ponto referimos o
leitor outra vez aos artigos
seguintes: em Euronoticias
24 de Março de 2000, p. 8,
intitulado «Bispo de
Leiria-Fátima» 21 de Março
conferência de imprensa;
semanário Euronoticias
de 24 de Março de 2000, na
página 8, «Crise: O Bispo de
Leiria-Fátima cria um mistério
em redor da visita do Papa sem
dizer ao Patriarca o que
concerne. Divulgará o Papa o
Terceiro Segredo? (tradução
nossa); Euronoticias de
24 de Março, um artigo na página
9 intitulado: «Análise: Pessoas
que tem estudado as Aparições
dizem que o Terceiro Segredo
pode concernir a destrução da
Fé. A crise no interior da
Igreja seria o Terceiro Segredo»
(tradução nossa).
31. A tese completa de Dhanis
contra Fátima é explicada em
The Whole Truth About Fatima
- Volume I, Parte II,
Capítulo 1 de Frère Michel.
Todas as citações sobre a sua
teoria falsa são provenientes
deste fonte.
32. Ibid.
33. William Thomas Walsh,
Our Lady of Fatima,
(Image-Doubleday, New York,
Imprimatur 1947) p. 221.
Ênfase no original.
34. Il Pellegrinaggio delle
Meraviglie, p. 440. Roma,
1960. Esta mesma obra, publicada
sob os auspícios do episcopado
italiano, afirma que esta
mensagem foi comunicada ao Papa
Pio XII em Junho. Aliás, o Canon
Barthas mencionou aquela
aparição na sua comunicação ao
Congresso Mariológico de
Lisboa-Fátima, em 1967; veja-se
De Primordiis cultus
marianae, Acta congressus
mariologici-mariana in Lusitania
anno 1967 celebrati, p.
517. Roma, 1970. Veja-se
Fatima: Tragedy and Triumph,
pp. 21 e 37.
35. Fatima: Tragedy and
Triumph, p. 165.
36. Incluído num artigo da
autoria do Padre Pierre Caillon,
do Centre Saint-Jean, 61500 Sées
(Orne), França. Este artigo foi
publicado pelo jornal mensal
Fidelité Catholique, B.P.
217, 56402 Auray Cedex, França.
Tradução inglesa em The
Fatima Crusader, número
13-14, (Outubro-Dezembro de
1983), p. 3.
37. Fatima: Tragedy and
Triumph, p. 172.
38. Veja-se Fátima e o
Coração de Maria, pp.
101-102. (tradução nossa)
39. Fatima: Tragedy and
Triumph, pp. 172-173. Padre
Messias Coelho, Mensagem de
Fatima, Nº 157, Março,
1984, Mensagem de Fátima,
N° 158, Maio, 1984.
40. Ibid., pp. 167-168.
41. La Verdad sobre el
Secreto de Fatima, Fatima sin
mitos, do Padre Joaquín
Alonso, (2ª edição, Ejército
Azul, Madrid, 1988), p. 78.
Lê-se no espanhol original: «
... podríamos decir que
Lucía ha pensado siempre que la
“conversión” de Rusia no se
entiende solo de un retorno de
los pueblos de Rusia a la
religión cristiano-ortodoxa,
rechazando el ateismo marxista y
ateo de los soviets, sino que se
refiere pura y llanamente a la
conversión total e integral de
un retorno a la única y
verdadera Iglesia, la
católica-romana.»
42. Sol de Fátima,
Setembro de 1985.
43. Chrétiens-Magazine,
Março de 1987, Nº 8. Citado em
Fatima: Tragedy and Triumph,
p. 189.
44. Padre Laurentin,
Multiplication des apparitions
de la Vierge aujourd'hui,
p. 45, Fayard, Setembro
de 1988. Citado em Fatima:
Tragedy and Triumph, p.
189.
45. Este testemunho da Irmã
Lúcia foi incluído na edição do
início de Agosto de 1987 de
Para Tí, publicado na
Argentina. Veja-se
Escravidão mundial ou paz... A
Decisão é do Papa, do Padre
Nicholas Gruner (Immaculate
Heart Publications, 1993), p.
203.
46. Para mais testemunhos,
veja-se Capítulo VI de
Fatima: Tragedy and Triumph.
47. A alegada entrevista de 17
de Novembro de 2001 entre o
Arcebispo Bertone e a Irmã Lúcia
é tratada amplamente no capítulo
14, “-Deixem-nos ouvir a
testemunha, pelo amor de Deus!”
48. É interessante notar que a
tradução inglesa de «vemos que
para aí caminhamos a passos
largos», «we are going towards
it little by little with great
strides» é claramente
defeituosa. As palavras: “little
by little” (pouco a pouco) não
aparecem no português original,
publicado na página 9 de AMF
fornecido pelo próprio
Vaticano.
49. “Marmion, A Tale of Flodden
Field”, Canto 6,
estrofe 17. Poema de Sir Walter
Scott.
50. Note-se que o próprio
Cardeal Ratzinger disse, com
respeito à interpretação do
Vaticano do Terceiro Segredo: «A
Igreja não quer impor uma
interpretação». Esta citação
aparece em: “Final Secret of
Vatican Published by Vatican”,
Boston Herald, 27 de
Junho de 2000; “Vatican's Secret
is Out”, The Express,
27 de Junho de 2000; “Vatican
Unease as it Reveals the Full
Third Secret of Fatima”,
Financial Times (Londres),
27 de Junho de 2000; “Fatima
‘Snapshot of Martyr's Past
Century’”, The Irish Times,
27 de Junho de 2000.
51. Noticias da conferência de
imprensa de 27 de Junho de 2000.
“Gorbachev Helps Introduce
Casaroli Memoirs”, Catholic
World News, 27 de Junho de
2000.
52. Em Setembro de 1995,
Gorbachev efectuou o seu “Fórum
sobre o Estado do Mundo” em São
Francisco. Mais de 4.000 pessoas
da “elite” do Mundo pagaram
$5.000 cada para assistir ao
acontecimento, que durou 5 dias.
Na sessão plenária de
encerramento do fórum, um
autor/filósofo pelo nome de Sam
Keen forneceu um resumo e
comentários finais sobre a
conferência, o que revelou o
ethos anti-vida e
anti-cristão do Fórum. Aos
participantes da conferência,
disse Keen: «Houve uma
concordância muito forte em que
as instituições religiosas têm
que assumir a responsabilidade
primária pela explosão de
população. Devemos falar muito
mais claramente sobre a
sexualidade, sobre a
contracepção, sobre o aborto,
sobre os valores que controlam a
população, porque a crise
ecológica, em resumo, é a crise
de população. Corte-se a
população em 90% e não haverá
gente suficiente para fazer um
grande estrago ecológico.»
Veja-se “World's elite gather to
talk depopulation,” John Henry
Western, The Interim,
Abril de 1996.
53. Veja-se a entrevista com o
funcionário afegão Abdul Shams
em Review of the News,
Julho de 1985.
54. Fotografia publicada em
Catholic Family News,
Janeiro de 2001, p. 13.
Capítulo 9
Fazer valer a nova orientação
numa Igreja do “Pós-Fátima”
Nos meses seguintes à
conferência de imprensa de 26 de
Junho, assistiu-se a uma
aceleração na campanha para
impor a nova orientação à
Mensagem de Fátima e à Igreja em
geral.
Por
exemplo, a 29 de Junho de 2000,
apenas dois dias após a farsa de
Gorbachev, teve lugar um evento
aparentemente sem qualquer
relação com isto, mas que, na
verdade, foi extremamente
relevante. O Cardeal Castrillón
Hoyos, na sua qualidade de chefe
da Comissão Ecclesia Dei, emitiu
uma carta criada para assegurar
o acesso à Missa tradicional em
Latim àqueles que a desejam -
carta que anuncia algo
completamente extraordinário,
num tempo de generalizada falta
de disciplina na Igreja: o
Capítulo Geral (encontro) da
Fraternidade Sacerdotal de S.
Pedro (aprovado pelo Papa João
Paulo II para servir as
necessidades de Católicos
tradicionais que não aceitaram
bem as mudanças da Igreja) será
suprimido. A sua eleição não se
realizará. Aos Sacerdotes
membros da Fraternidade
Sacerdotal, não lhes será
permitido reeleger para seu
superior o Padre Josef Bisig, o
qual se esperava fosse nomeado e
reeleito por esmagadora maioria
no Capítulo. E o Cardeal
Castrillón Hoyos, pura e
simplesmente, haveria de impor à
Fraternidade um candidato mais
ao seu gosto. Além disso, os
reitores dos dois Seminários da
Fraternidade seriam demitidos e
substituídos por Padres com uma
mente mais liberal.
A
fundamentação para as acções do
Cardeal está expressa na sua
carta:
Sabe muito bem que o
seu Seminário é observado
por muitas pessoas da Igreja
e que tem de ser exemplar em
todos os aspectos. Em
particular, pede-se que
evite e que combata um
certo espírito de rebeldia
contra a Igreja da
actualidade, espírito
esse que facilmente encontra
seguidores entre os jovens
estudantes que, como todos
os jovens, são já inclinados
a posições extremas e
rigorosas1.
Numa entrevista posterior
à revista 30 Days, o
Cardeal acrescentou, explicando,
que ele estava apenas a ajudar a
Fraternidade «a alcançar um
compromisso entre o seu carisma
original e o resultado da sua
inserção no interior da
realidade eclesial de hoje»2.
Considerem-se ambas estas
frases: «um certo espírito de
rebeldia contra a Igreja da
actualidade» e «a sua inserção
no interior da realidade
eclesiástica de hoje». Ora, os
seminaristas da Fraternidade
Sacerdotal são Católicos
baptizados; nasceram e foram
criados no ambiente geral da
Igreja Católica; não eram
membros da supostamente
“cismática” Sociedade de S. Pio
X, fundada pelo Arcebispo Marcel
Lefebvre, conhecido pela sua
resistência às mudanças
pós-conciliares. Não. Eles eram
jovens vindos da assembleia
global da Igreja, que entraram
nos Seminários da Fraternidade
Sacerdotal de S. Pedro para aí
se formarem de uma forma
tradicional e para celebrarem a
Missa tradicional em Latim.
E
vêm agora dizer a estes jovens -
que nunca aderiram a um
(suposto) cisma - que têm de se
inserir, seja como for, na
“Igreja da actualidade” e na
“realidade eclesial de hoje”.
Mas, se eles já são Católicos,
então em que é que devem ser
“inseridos”? Na Santa Igreja
Católica? Certamente que não.
Aquilo de que o Cardeal está a
falar - quer ele o saiba
explicitamente ou não - é da
Igreja da Adaptação; a
Igreja da nova orientação.
Sabemo-lo, porque os Padres e
Seminaristas da Fraternidade de
S. Pedro, que foi aprovada pelo
Papa, são indubitavelmente
Católicos; ora, se estão a ser
inseridos em qualquer coisa, não
é na Santa Igreja Católica, mas
sim numa outra coisa.
É
por isso que falamos da
Estalinização da Igreja. Não é
como se a Igreja tivesse sido
completamente destruída e tenha
cessado inteiramente de ser o
que era - porque isto é
impossível, dada a promessa de
Nosso Senhor de que as portas do
Inferno não prevaleceriam contra
a Sua Igreja. É antes como se
uma espécie de Cavalo de Tróia
se tivesse instalado dentro da
Igreja - uma igreja dentro da
Igreja; uma colecção de novas
práticas e atitudes - coisa
nunca antes vista na História da
Igreja -, e que agora teima em
insistir que isso é que é
a Igreja. E quem quiser
situar-se na Igreja actual, na
Santa Igreja Católica, tem de
consentir em ser inserido nessa
“realidade eclesial de hoje”
dentro da perene realidade
eclesial da Igreja. Ora “a
realidade eclesial de hoje” é
apenas um fenómeno temporário
que Deus não deixará de
rectificar, devido aos
incontáveis prejuízos que causou
à Igreja; mas o Cardeal
Castrillón e os seus
colaboradores, depositários de
toda a Linha do Partido da nova
orientação da Igreja, querem
aparentar que se trata de algo
permanente.
Não
se poderia pedir uma prova
melhor da existência da nova
orientação da Igreja - a sua
Adaptação Estalinista, digamos -
do que o manejo brutal, feito
pelo Cardeal, da Fraternidade
Sacerdotal de S. Pedro. Uma tal
acção nunca teria sido tomada
contra os Jesuítas, ou contra
outras ordens sacerdotais que
têm estado a corroer a Igreja
desde o Concílio Vaticano II. E
porquê? Porque estas ordens,
moral e doutrinalmente
corruptas, aderem à
Adaptação, à Linha do Partido, à
nova orientação. Na crise
actual, a única coisa que o
Vaticano está disposto a fazer
cumprir com acções imediatas e
vigorosas é a Adaptação da
Igreja ao mundo - não uma sólida
doutrina nem uma prática sólida,
que são desprezadas por toda a
parte na Igreja, quase com
impunidade; mas, apenas, a
Adaptação.
Em
Setembro de 2000 defrontámo-nos
com outro exemplo dramático da
Adaptação da Igreja. De 12 a 19
de Setembro de 2000, o Cardeal
Roger Etchegaray estava na China
Vermelha para assistir a um
“Simpósio sobre as Religiões e a
Paz”. Ali ele celebrou Missa na
presença dos Bispos cismáticos
da Associação Católica
Patriótica (Catholic Patriotic
Association - CPA). A Missa foi
celebrada no Santuário de Nossa
Senhora Auxílio dos Cristãos,
que o regime comunista chinês
roubou à verdadeira Igreja
Católica na China3.
A
CPA foi formada nos anos 50 do
século XX para substituir a
Igreja Católica, depois de o
“Presidente Mao” ter declarado a
Igreja Católica “ilegal” na
China Vermelha. Portanto, a CPA
é uma organização humana criada
por um governo comunista e
apresentada como uma “igreja” à
qual os Católicos Chineses
têm de aderir, abandonando
a Igreja Católica Romana cuja
existência, em si mesma, fora
declarada “ilegal” pelo regime
da China Vermelha. A
constituição da CPA rejeita
explicitamente a submissão ao
Papa e declara a CPA autónoma de
Roma. Todos os Bispos e
Padres da CPA são, portanto,
cismáticos por definição.
Foram sagrados
ilicitamente mais de 100 Bispos
pela CPA, sem um mandato papal,
em violação directa do Código de
Direito Canónico; pior ainda,
aqueles Bispos ilicitamente
consagrados declararam
publicamente a sua fidelidade -
primeiro que tudo - ao Regime
Comunista, enquanto negavam (na
Constituição da CPA) qualquer
fidelidade ou submissão ao Papa.
Como resultado destes actos,
tanto estes Bispos ilícitos como
aqueles que os consagraram são
excomungados. Em 1994, os Bispos
da CPA emitiram uma chamada
carta pastoral na qual aprovavam
a política de controlo da
população na China, que inclui
abortos forçados a todas as
mulheres que já tenham um filho,
e exortando os Católicos
Chineses a apoiarem esta
abominação.
Em
resumo: a CPA é uma organização
criada pelo Comunismo,
controlada pelo Comunismo,
abertamente cismática,
abertamente herética e a favor
do aborto, criada pelo próprio
Demónio agindo através de Mao
Tse-tung e do seu sucessor, o
“Presidente” Jiang. E, apesar
disso, o Vaticano não declarou
cismáticos, nem excomungou estes
Clerigos controlados pelo
Comunismo e favoráveis ao
aborto. Em vez disso, o Cardeal
Etchegaray foi à China e
celebrou Missa na presença dos
Bispos da CPA num Santuário
Mariano - que a CPA roubara à
Igreja Católica e aos Fiéis
Católicos, com a ajuda dos
carrascos Comunistas. O Cardeal
Etchegaray chegou mesmo a
afirmar que “reconhecia a
fidelidade ao Papa dos Católicos
da igreja oficial [i.é, a CPA]”
- fidelidade ao Papa da
parte dos Bispos que apoiam
abortos forçados e cuja
associação, controlada pelos
Comunistas, rejeita a primazia
papal na sua própria
constituição? Que disparate é
este?
Enquanto o Cardeal
Etchegaray estava na China, um
Padre católico de 82 anos de
idade, da Igreja Católica “do
silêncio” que continua em união
com Roma, foi agredido até ficar
em coma e ser levado para a
prisão pela polícia de
“segurança”4. De
acordo com a Ostpolitik,
o Vaticano não fez qualquer
protesto pelo ataque, quase
fatal, a este Padre, nem
qualquer protesto pela detenção,
condenação e tortura de Padres,
Bispos e leigos católicos leais,
pelo regime da China Vermelha. O
aparelho de Estado do Vaticano
ainda está acorrentado à nova
orientação da Igreja - “diálogo”
com os inimigos da Igreja e
silêncio, mesmo perante a
tortura e perseguição abertas
aos crentes católicos. Este é o
fruto do abandono que a nova
orientação da Igreja vota à
justa oposição ao Mal. E esta
política de Adaptação da Igreja
terá, a longo prazo, o efeito
pretendido em mais alguns
milhões de pessoas - que cairão
na apostasia e perderão a sua
Fé, porque o aparelho de Estado
do Vaticano não mais se oporá
com firmeza ao Mal usando a
justa cólera do passado.
Aqui, também, podemos
verificar que existe uma
diferença de tratamento entre os
Católicos tradicionais - que, de
uma maneira ou de outra, se
apresentam como um obstáculo à
nova orientação - e aqueles que
abraçam a nova orientação,
completa e inteiramente. Em
contraste com estas cedências do
Vaticano à CPA, o Arcebispo
Marcel Lefebvre foi publicamente
declarado excomungado e
cismático, num motu proprio
preparado para receber a
assinatura do Papa, num espaço
apenas de 48 horas a seguir à
sagração feita pelo Arcebispo
Lefebvre daqueles quatro Bispos
sem um mandato papal5
- acto esse que o Arcebispo
realizou numa tentativa (que
alguns poderão pensar ter sido
imprudente) de manter a tradição
católica numa Igreja que parece
ter perdido a razão.
Ora
os Chineses Vermelhos obtêm
(através de Bispos anteriormente
católicos) a sagração de 100
Bispos sem um mandato papal -
para a sua “igreja” a favor do
aborto -, e o Vaticano não toma
qualquer acção punitiva. Pelo
contrário, envia nada menos do
que um Cardeal como seu
representante, para
confraternizar com alguns dos
Bispos ilícitos! Todavia, quando
o Arcebispo Lefebvre consagra
quatro Bispos para servir a
Tradição Católica, é
imediatamente lançado nas trevas
exteriores pelo mesmo aparelho
de Estado do Vaticano - apesar
de o Arcebispo Lefebvre e de os
quatro Bispos recém-consagrados
terem professado, de forma
consistente, a sua lealdade ao
Papa, a Quem eles estavam a
tentar servir ao conservarem a
prática e a crença da Tradição
Católica. Porquê esta
disparidade notável de
tratamento? E, uma vez mais, a
resposta é: que o Arcebispo
Lefebvre resistiu à Adaptação,
enquanto os Bispos da China
Vermelha, por outro lado, a
põem em prática.
Mas
ainda é pior do que isto.
Segundo uma Carta Aberta de
protesto, dirigida ao Cardeal
Sodano e a outros membros do
aparelho de Estado do Vaticano,
e publicada pela Fundação do
Cardeal Kung, deram a Padres do
CPA - uma “igreja” cismática, de
controlo comunista e a favor do
aborto - missões canónicas e
faculdades sacerdotais em
dioceses americanas. Assim,
estes Padres comunistas celebram
Missa e ouvem confissões de
Fiéis, Católicos Romanos; nas
suas paróquias locais - onde
estes agentes de um governo
comunista ficam a saber os
pecados secretos de inúmeros
americanos, o que pode fornecer
aos senhores do Comunismo Chinês
material para chantagem. Isto
foi confirmado pelo Arcebispo
Levada, de São Francisco, que
declarou que o Vaticano - e o
Cardeal Sodano esteve certamente
envolvido nesta decisão - deu o
seu consentimento para “uma
missão apostólica” a estes
Padres da CPA que favorecem o
aborto, são controlados pelos
Comunistas e são cismáticos6.
Há
aqui uma penetração literal e
visível do poder comunista no
corpo da Igreja. Não pode haver
uma demonstração mais dramática
do que esta da Adaptação. Mas a
presença destes Padres,
controlados pelos Comunistas, em
paróquias americanas não é mais
do que uma imagem de todo um
processo que foi propagado em
Metz, França, já em 1962, quando
a ponte levadiça da Igreja foi
baixada e as forças do mundo,
inimigos jurados da Igreja,
começaram a marchar para o seu
interior - o que,
inclusivamente, levou o Papa
Paulo VI a falar da invasão da
Igreja pelo pensamento mundano.
A Adaptação da
Mensagem de Fátima
Em
nenhuma parte se poderá
encontrar um exemplo mais triste
da Adaptação da Igreja do que o
que aconteceu no dia 8 de
Outubro de 2000: realizou-se
então no Vaticano uma cerimónia
«confiando» várias coisas a
Maria Santíssima - uma “entrega”
para as massas, para tirarem do
pensamento a Consagração da
Rússia. Durante esta cerimonia,
«todos os povos», o mundo, os
desempregados, até mesmo «a
juventude à procura de um rumo»
- tudo e todos menos a Rússia -
foram “confiados” a Nossa
Senhora. No dia anterior a esta
cerimónia, a recitação do Terço
na Praça de S. Pedro foi
difundida por todo o mundo via
satélite. Mas faltou uma coisa:
as orações de Fátima. No
Vaticano ninguém rezaria: «Ó meu
Jesus, perdoai-nos, livrai-nos
do fogo do inferno. Levai as
almas todas para o Céu,
principalmente as que mais
precisarem.» Todavia, uma dezena
do terço foi recitada pela Irmã
Lúcia, diante das câmaras, no
seu convento em Coimbra. Com um
ar completamente infeliz, a Irmã
Lúcia recitou as orações, sim -
mas em Português. Ela tinha sido
reduzida a uma figurante num
truque publicitário.
Vemos aqui a
Sergianização da Mensagem de
Fátima, a Adaptação de Fátima ao
mundo. Nossa Senhora de Fátima
torna-se Nossa Senhora dos
Desempregados, Nossa Senhora da
Juventude à procura de um rumo;
e suprimem-se do Rosário as
orações de Fátima.
Isto remete-nos para o
início de 2001. O ano de 2000
fora um ano atarefado para a
Adaptação, mas havia alguns
‘arranjos’ a fazer. Como o Padre
Gruner estava ainda a dirigir o
seu Apostolado de Fátima com
bastante dinamismo, o Cardeal
Castrillón Hoyos escreveu-lhe no
dia 16 de Fevereiro de 2001,
renovando a ameaça de excomunhão
que tinha feito ao Padre Gruner
em Junho do ano anterior: se o
Padre Gruner não parasse com as
suas actividades, então
tomar-se-iam “medidas
definitivas que seriam penosas
para todos os envolvidos”.
Na
mesma carta, o Cardeal
Castrillón deu outra
demonstração da nova orientação
que estava a ser aplicada à
Mensagem de Fátima. De acordo
com o Cardeal Castrillón, «A
Bem-aventurada Mãe apareceu aos
três pequenos videntes na Cova
da Iria no começo do século, e
marcou um programa para a
Nova Evangelização com o
qual toda a Igreja se encontra
comprometida, e que ainda é mais
urgente no limiar do terceiro
milénio»7. Nossa
Senhora de Fátima era agora
Nossa Senhora da Nova
Evangelização - coisa sobre a
qual Ela não tinha dito, em
Fátima, uma única palavra
sequer!
Nossa Senhora não veio a
Fátima para anunciar a “Nova
Evangelização”, slogan
que descreve uma campanha nova e
ineficaz para estimular a fé
moribunda dos que já são
Católicos8. Nem veio
Nossa Senhora anunciar quaisquer
dos outros slogans
obscuros que têm infestado a
Igreja nos últimos quarenta
anos: “diálogo ecuménico”,
“diálogo inter-religioso”,
“solidariedade”, “a civilização
do amor”, “inculturação”, e
assim por diante. Ela veio
anunciar a Velha
Evangelização, o Evangelho
perene de Jesus Cristo - Que é o
mesmo ontem, hoje e sempre -, o
mesmo Cristo que advertiu o
mundo que «Aquele que acredita e
é baptizado será salvo; aquele
que não acredita será
condenado». Um grupo de
apoiantes do Padre Gruner
protestou deste modo na sua
resposta ao Cardeal:
Eminência, onde é que
alguém pode encontrar
qualquer um destes
elementos na Vossa
interpretação da Mensagem de
Fátima? Onde está o Céu e
onde está o inferno, visto
que só falais vagamente de
“Realidades Fundamentais” -
designação que qualquer
maçon acharia aceitável?
Onde está o Triunfo
do Coração Imaculado de
Maria? Onde estão a
Consagração e a
Conversão da Rússia?
Onde estão os avisos de
Nossa Senhora? Onde está, na
realidade, a Mensagem de
Fátima?
A
Mensagem de Nossa Senhora de
Fátima ao Mundo não tinha
slogans como “a Nova
Evangelização”. A Senhora não
proferiu qualquer slogan,
mas apenas a simples verdade
católica: que muitas almas estão
a arder no Inferno, por falta de
Fé Católica; que para salvar as
almas Deus ordena, como uma
necessidade, que se
estabeleça no Mundo - e não
apenas entre aqueles que já são
Católicos - a devoção ao Seu
Imaculado Coração; que o Seu
Imaculado Coração tem de
triunfar pela Consagração
da Rússia àquele Coração; que só
desta forma poderá haver a
verdadeira Paz no nosso tempo. E
Nossa Senhora de Fátima também
nos deu um aviso sobre as
consequências de não atendermos
aos Seus pedidos: guerras e
perseguição da Igreja, o
martírio dos bons, o sofrimento
do Santo Padre, o sofrimento de
todo o mundo - tudo o que está a
acontecer neste momento na
História - e, finalmente, que se
continuarmos a ignorar os Seus
pedidos, várias nações serão
aniquiladas.
A
Mensagem de Fátima foi, muito
simplesmente, apagada da
existência e transformada em
slogans da Adaptação. E de
acordo com esta Adaptação
Estalinista da Igreja, haveria
censura de qualquer um que
atendesse à interpretação
anterior dos velhos termos. Na
mesma carta de 16 de Fevereiro,
o Cardeal Castrillón Hoyos
exigiu que o Padre Gruner
“retractasse publicamente”, na
revista do seu Apostolado,
certas opiniões que o Cardeal
entendeu serem censuráveis. Numa
Igreja em que abunda a
literatura herética, que
arruinou a Fé de milhões de
pessoas e pôs as suas almas em
perigo, o Cardeal Castrillón
Hoyos quis censurar a revista
The Fatima Crusader! E
porquê? Porque a revista tinha
ousado criticar, não os
ensinamentos católicos sobre a
Fé e a Moral, mas as decisões
consultivas do Cardeal Sodano e
dos seus colaboradores -
incluindo as suas conferências
de imprensa e os jantares com
gente da laia da Mikhail
Gorbachev, as suas relações
confortáveis com a CPA
cismática, e a sua tentativa de
enterrar a Mensagem de Fátima
sob uma montanha de falsas
interpretações.
O
tratamento dado ao Padre Gruner,
à Fraternidade Sacerdotal de S.
Pedro, ao Arcebispo Lefebvre, à
Sociedade de S. Pio X, e a
outros obstáculos (compreendidos
como tais) à Nova Orientação do
Concílio Vaticano II demonstra
que a época pós-conciliar
apresenta uma situação muito
parecida com a que S. Basílio
lamentava, no ponto mais alto da
heresia ariana: «Hoje só um
delito é vigorosamente
castigado: uma observância
precisa das tradições dos nossos
pais. Por esta causa, os
piedosos são arrebatados dos
seus países e transportados para
desertos.»
E,
de facto, hoje em dia só um
delito é castigado
vigorosamente: uma observância
precisa das tradições
pré-conciliares constantes da
Igreja - resumidas na Mensagem
de Fátima. É estranho constatar
que o próprio Cardeal Ratzinger
fez a seguinte observação sobre
o chamado “cisma de Lefebvre” na
sua alocução de 1988 aos Bispos
do Chile:
O que era antes
considerado Muito Santo (a
forma na qual a Liturgia nos
foi passada) de repente
parece ser a mais proibida
de todas as coisas, a única
que pode ser proibida com
segurança. É intolerável
criticar as decisões que
foram tomadas desde o
Concílio. Por outro lado, se
os homens questionam antigas
regras ou mesmo as grandes
verdades da Fé, como, por
exemplo, a Virgindade
corporal de Maria, a
Ressurreição corporal de
Jesus, a imortalidade da
alma, etc., ninguém reclama,
ou só o faz com a maior das
moderações. Tudo isso leva
um grande número de pessoas
a perguntar a si próprias se
a Igreja de hoje é,
realmente, a mesma de ontem,
ou se foi transformada
noutra coisa qualquer, sem
que nada tivesse sido dito
aos Fiéis.
Mais estranho ainda, é
que o Cardeal Castrillón Hoyos
admitiu o mesmo. Na entrevista
acima mencionada à revista
30 Days, ele afirmava: «A
grande urgência do nosso tempo é
demonstrar às pessoas que a
Igreja de hoje é a mesma Igreja
que sempre foi». Mas, antes de
mais: por que razão há uma tal
“urgência”? Quando é que em toda
a História da Igreja Católica
teve de ser alguma vez
demonstrado que a Igreja
ainda era a mesma de antes? Por
que razão é que tal demonstração
seria necessária, se não
houvesse um motivo muito forte
para acreditar que a Igreja
foi realmente mudada?
E
há, de facto, um motivo muito
forte para o suspeitar, como nós
demonstrámos. Desde o Vaticano
II que a Igreja Católica sofreu
uma Adaptação, precisamente
segundo as linhas preditas,
traçadas e levadas a cabo pelos
seus piores inimigos. E os que
estão hoje a dirigir a Igreja
recusam-se a reconhecer
o que aconteceu, mesmo que eles
próprios não sejam agentes
conscientes dessa destruição.
Eles são, como Nosso Senhor
disse sobre os Fariseus, «cegos
a guiar outros cegos. E se um
cego guia outro cego, ambos caem
no precipício» (Mt. 15:14).
Como disse a própria Irmã
Lúcia: «Por isso o Demónio lhe
tem feito tanta guerra! (contra
o Terço) E o pior é que tem
conseguido iludir e enganar
almas cheias de
responsabilidade, pelo lugar que
ocupam! (…) São cegos a guiar
outros cegos! (…) »9.
E,
como São Paulo declarou em
relação ao mesmo tipo de pessoas
de dura cerviz, «Não há ninguém
mais cego do que aquele que não
quer ver.» Também está escrito
nas Sagradas Escrituras: «Porque
o coração deste povo tornou-se
insensível; são duros dos
ouvidos e fecharam os olhos,
para que não vejam com os olhos,
ouçam com os ouvidos, entendam
com o coração, e se convertam, e
Eu os sare» (Actos 28:27). Eles
defendem cega e obstinadamente
uma Adaptação da Igreja Católica
como se fosse um dogma da Fé,
enquanto os autênticos dogmas da
Fé estão a ser enfraquecidos
insidiosamente por toda a Igreja
perante os seus próprios olhos,
sem que eles façam coisa alguma.
Notas
1. Carta ao Capítulo Geral da
Fraternidade Sacerdotal de São
Pedro, 29 de Junho de 2000.
2. Revista 30 Days, Nº
11, 2000, p. 17.
3. Zenit, 19 de
Setembro de 2000.
4. CWN News Brief, 18
de Setembro de 2000.
5. Embora seja certo que, em
circunstâncias normais, um Bispo
não deve consagrar um novo Bispo
sem permissão ou autorização
explícita do Papa, prevê-se,
contudo, tanto na lei como na
prática de séculos da História
da Igreja, que um Bispo pode, e
por vezes deve, sagrar - isto é,
‘fazer’ - outro Bispo sem
permissão explícita, infringindo
até uma ordem específica directa
do Papa. O Direito Canónico
reconhece a um súbdito o direito
de contrariar uma ordem
explícita de uma autoridade
superior - mesmo que essa
autoridade seja o Papa - numa
situação específica, se a sua
consciência, informada pela
doutrina católica e pela
reflexão e oração que o caso
pede, o persuade de que deve
proceder assim (cf. Cânone 1323,
especialmente a Secção 4; e o
Cânone 1324, especialmente a
Secção 1, Subsecção 8, e a
Secção 3). Além disso, segundo a
lei, a desobediência numa
situação específica de quem está
sujeito à autoridade em geral do
Papa não é ipso facto
um acto de cisma - mas, no
máximo, um acto de
desobediência.
Ora, mesmo neste caso, não é um
acto de desobediência, pelo
menos subjectivamente, se quem o
pratica não se sente obrigado a
obedecer à autoridade superior,
porque assim o exige a
conservação da Fé e o Bem da
Igreja. O facto de o Arcebispo
Lefebvre ter sagrado Bispos
quatro Sacerdotes em 29 de Junho
de 1988 ultrapassa o tema da
presente obra, mas há artigos de
canonistas e teólogos de grande
sabedoria que apresentam fortes
provas a favor da defesa
subjectiva e objectiva deste
acto (cf. os artigos de Patrick
Valdrini, Decano de Direito
Canónico do Institut Catholique
de Paris, e do Conde Neri Caponi,
Professor Jubilado da Faculdade
de Direito Canónico da
Universidade de Florença,
Itália). Também vários Cardeais
do Vaticano defenderam
publicamente, em maior ou menor
grau, o Arcebispo Lefebvre
quanto a este acto.
6. Fundação Cardeal Kung,
Open Letter to the Vatican
(Carta aberta ao Vaticano), Sec.
III, 28 de Março de 2000
(www.cardinalkungfoundation. org/cpa/openletter.html).
Em resposta à Fundação (citada
na Open Letter), o
Arcebispo Levada revela que o
“ministério apostólico” dos
Sacerdotes da CPA “é executado
de acordo com as directivas
recebidas da Santa Sé”.
7. Carta ao Padre Nicholas
Gruner, 16 de Fevereiro de 2001.
8. A Nova Evangelização é
descrita como sendo uma
Evangelização que é “nova no seu
ardor, nova no seu método, e
nova na sua expressão”. É a
ideia da “Nova Evangelização”
que tem “justificado” o ruidoso
“Movimento Carismático” e os
Congressos Eucarísticos de Rock
and Roll, os Dias Mundiais da
Juventude, alcunhados de
“Woodstock católicos”, e outras
aberrações da Igreja na
actualidade. Para um tratamento
completo deste tema, cf. John
Vennari, “Catholicism Dissolved.
The New Evangelization” (O
Catolicismo dissolvido. A Nova
Evangelização), uma série de
quatro artigos na Catholic
Family News de Outubro de
1998 a Janeiro de 1999.
9. Veja-se a citação da Irmã
Lúcia em The Whole Truth
About Fatima - Vol. III, p.
758.
Capítulo 10
Revelando nomes
Convém agora fazermos um
sumário do que apurámos até
agora, e de quem está implicado
no crime de que tratamos.
As
provas que obtivemos mostram o
seguinte:
-
A
Mensagem de Fátima é uma
profecia dada por Deus para
o nosso tempo, autenticada
por um milagre público sem
precedentes e garantida por
uma série de Papas,
incluindo o Pontífice
actualmente reinante.
-
Deus já demonstrou os
benefícios de uma
consagração nacional ao
Imaculado Coração no caso de
Portugal, em 1931, em que a
rápida e milagrosa
transformação de uma
república ateia e maçónica
num país católico foi vista
pela Hierarquia portuguesa
como uma amostra do que Deus
concederia ao Mundo depois
da Consagração da Rússia.
-
Em
vez de seguirem o caminho
indicado em Fátima, os
responsáveis da Igreja
Católica escolheram um
caminho diferente - a nova
orientação da Igreja -
iniciado no Vaticano II,
incluindo uma “abertura ao
Mundo” e “reformas” da
Igreja que cumpriram os
sonhos dos Seus piores
inimigos que admitiram (eles
próprios) terem por
objectivo levar exactamente
a tais mudanças na Igreja.
-
Ao
tomar o caminho de uma nova
orientação, os responsáveis
da Igreja desprezaram os
avisos repetidos dos Papas
pré-conciliares (incluindo o
Bem-Aventurado Pio IX, Leão
XIII, S. Pio X, Pio XI e Pio
XII) de que os inimigos da
Igreja estavam a conspirar
para A remodelarem -
exactamente da maneira como
foi remodelada no período
pós-conciliar.
-
O
resultado dessas mudanças
foi uma perda catastrófica
de fé e de disciplina na
Igreja, o que parece ter
sido profetizado na parte do
Grande Segredo de Fátima que
começa com as palavras: «Em
Portugal se conservará
sempre o dogma da Fé etc.» -
frase esta que continua a
estar misteriosamente
incompleta, apesar da
suposta revelação pelo
Vaticano de todo o Terceiro
Segredo.
-
Em
vez de admitir estes erros
incalculáveis e as suas
ruinosas consequências para
a Igreja, o actual aparelho
de poder do Vaticano tem
continuado obstinadamente a
seguir a nova orientação -
que é, obviamente,
incompatível com os
imperativos expressamente
católicos da Mensagem de
Fátima, a saber: o
estabelecimento no Mundo da
devoção ao Imaculado Coração
de Maria, a consagração da
Rússia a Esse Imaculado
Coração, a conversão da
Rússia à Fé católica, e o
Triunfo do Imaculado Coração
de Maria, acompanhado de um
período de paz mundial,
dentro de uma ordem social
católica.
-
Pelo contrário, membros
poderosos do aparelho de
Estado do Vaticano têm-se
recusado, propositada e
deliberadamente, a consagrar
a Rússia pelo seu nome ao
Imaculado Coração de Maria,
promovendo, antes, uma
campanha sistemática para
neutralizar a Mensagem de
Fátima, de modo a subjugá-La
à nova orientação que eles
têm vindo a impor a grande
parte da Igreja – a
orientação deles, a
adaptação deles da Igreja
aos ideais maçónicos e
comunistas –, enquanto os
Católicos fiéis, que não
seguem a Linha do Partido,
são perseguidos.
-
O
aparelho de Estado do
Vaticano, dirigido pelo
Secretário de Estado,
despreza deliberadamente as
profecias, imperativos e
avisos da Mensagem de
Fátima, em favor de novas
políticas eclesiais
“iluminadas”, que incluem
evitar à Rússia qualquer
melindre resultante da
Consagração pública daquela
nação.
-
Em
consequência destes erros
monumentais de julgamento, a
Rússia não se converteu, a
Igreja está a sofrer uma
crise de Fé e de disciplina
sem precedentes, e o Mundo
continua a deslizar para um
ciclo de violência e de
rebelião contra Deus e a Sua
Santa Igreja - e, em
resposta a tudo isto, o
aparelho de Estado do
Vaticano redobra os seus
esforços no prosseguimento
de uma nova orientação da
Igreja que é totalmente
inútil.
Especialmente em vista dos
acontecimentos de 26 e 27 de
Junho de 2000 e dos meses que se
lhes seguiram, temos agora
provas suficientes para
identificar os quatro homens
que, em consciência, devemos
acusar neste livro. São eles:
O Cardeal
Angelo Sodano
O Cardeal Joseph Ratzinger
O Arcebispo Tarcisio Bertone
O Cardeal Dario Castrillón Hoyos
Porquê estes quatro homens,
e não outros? Como já
demonstrámos, são eles que estão
à frente da iniciativa de nada
mais, nada menos que o
assassínio da Mensagem de Fátima
e, com ela, da esperança enviada
pelo Céu para o Mundo de hoje.
Conspiraram combinados entre si
e, em seguida, actuaram
publicamente para impor à Igreja
uma versão da Mensagem de Fátima
que não se parece com a profecia
católica que a Mãe de Deus
enviou ao Mundo para auxílio de
toda a Humanidade. É evidente
que estes quatro homens têm
muitos colaboradores naquilo a
que o Papa Paulo VI chamou,
arrependido, a «autodestruição»
da Igreja; mas foram eles que,
digamos, se especializaram na
demolição de Fátima. Merecem,
portanto, ser identificados como
os principais arguidos do crime
que aqui denunciamos.
Mas há muito mais provas
deste crime, e o nosso caso está
longe de estar completo.
Examinemos agora em mais
pormenor os elementos básicos
comprovativos do que esboçámos
até aqui. Começaremos, no
capítulo seguinte, com um exame
mais detalhado da
“interpretação” que o Cardeal
Ratzinger fez do Terceiro
Segredo de Fátima,
elemento-chave da iniciativa
para enterrar de uma vez por
todas a Mensagem de Fátima.
Capítulo 11
A
“Mensagem de Fátima” do
Cardeal Ratzinger
No Capítulo 8
demonstrámos como, seguindo a
nova orientação pós-conciliar da
Igreja, o Vaticano publicou um
“comentário” - na Linha do
Partido - sobre a Mensagem de
Fátima, procurando apagar dela
qualquer conteúdo profético que,
especificamente, fizesse com que
a Mensagem de Fátima se
dirigisse ao nosso tempo. Foi
por isso que fizemos notar como
até um jornal não vinculado à
Igreja, o Los Angeles Times,
pôde ver claramente que o
propósito de AMF era
uma tentativa de demolir com
luva branca o chamado
“culto de Fátima”.
O
leitor teve de sofrer connosco o
confronto com esse comentário
polémico ocasional, numa exegese
teológica mais pormenorizada de
AMF; só não lhe pedimos
desculpa por sermos polémicos,
leitor, porque é bom haver
polémicas quando elas se tornam
necessárias. A sociedade de hoje
substitui cada vez mais a Fé
Católica por uma “fé” nas
chamadas “ciências exactas”,
postas em seu lugar. Por isso é
que as pessoas, hoje em dia, não
dão valor a quanto de ciência e
de arte existe em polémicas cujo
propósito é defender a Fé e a
Igreja contra os inimigos de
Cristo - e Cristo é a Verdade.
No Grego antigo, “Ho Polemos”
era a expressão para ‘guerra’.
No entanto, não há mal nenhum em
“combater o bom combate” em
defesa de Cristo e da Fé
Católica. Só quem não tem Fé, ou
a tem enfraquecida, é que não
consegue compreender isto - os
que depositam toda a sua fé nas
chamadas “ciências exactas”.
A “Introdução”
A
“Introdução” do comentário
Bertone/Ratzinger (AMF)
sobre o Terceiro Segredo contém,
logo no segundo parágrafo, uma
peça da política do Vaticano que
parece estar esquecida, tanto da
História recente como da
Teologia Moral:
Depois dos
acontecimentos dramáticos e
cruéis do século XX, um dos
mais tormentosos da história
do homem, com o ponto
culminante no cruento
atentado ao «doce Cristo na
terra», (…).
Que
uma tentativa (que o seja
apenas) de assassinar o Supremo
Pontífice é um crime hediondo,
ninguém no seu perfeito juízo
pode duvidar. Tanto assim é, que
é sujeito à pena da excomunhão,
mesmo no Código de Direito
Canónico de 1983, de
características bastante
liberais. Apesar disso, tal
asserção evidencia uma falta de
proporções verdadeiramente
trágica. Dizer que esses
“acontecimentos dramáticos e
cruéis” teriam atingido “o
ponto culminante” com o
atentado à vida do Papa é uma
afirmação que ultrapassa em
absoluto as devidas proporções e
menospreza gravemente as vítimas
do último século, sessenta
milhões, vítimas de Estaline;
mais as de todas as guerras do
séc. XX; mais os cinquenta e
cinco milhões de inocentes que o
aborto aniquila em cada ano que
passa! A desproporção avoluma-se
e torna-se infinitamente pior no
seu desrespeito para com o
aspecto sobrenatural, como no
facto de o verdadeiro “doce
Cristo na terra” ser Aquele que
está no Tabernáculo; mas cuja
real Presença é distribuída na
mão - e se deixa cair na Praça
de São Pedro1, de
modo tão igual ao que acontece
em milhares de outros lugares.
Há, nesta asserção, um propósito
específico que assenta no facto
de rebaixar a importância do
Terceiro Segredo nos
comentários feitos pelo Cardeal
Ratzinger.
A
mesma Introdução de AMF
afirma, na página seguinte, que
«Existe apenas um manuscrito,
que é reproduzido aqui
fotostaticamente». Embora
consideravelmente enganadora,
esta passagem poderia ser de uma
verdade literal, se com ela se
pretendesse significar que “só
um dos manuscritos era aqui
reproduzido fotograficamente”;
mas, à luz da afirmação do
Cardeal Ratzinger, pretender
significar que o Segredo foi
publicado em toda a sua
“inteireza” (AMF, pp.
31, 38), não pode ser
considerado senão uma mentira.
Uma autêntica ‘montanha’ de
provas documenta que há, na
realidade, duas partes
do Terceiro Segredo, sendo a
primeira a visão do “Bispo
vestido de Branco” - retirada
dos arquivos do antigo Santo
Ofício e publicada a 26 de Junho
de 2000 - e estando a segunda
guardada nos aposentos do Santo
Padre. Essas evidências são
apresentadas de modo organizado
e incisivo pelo Senhor Andrew
Cesanek2 (veja-se a
seguir o Capítulo 12). E, tal
como o Senhor Cesanek salienta,
o texto que foi publicado não
contém quaisquer palavras de
Nossa Senhora; consequentemente,
aquilo que Ratzinger/Bertone
dizem sobre o Terceiro Segredo
é, no seu todo, falho de
credibilidade.
Sem
qualquer acusação ilícita de
pecado voluntário contra o 8º
Mandamento, o certo é que nos
vemos perante o facto de haver
uma mentira a circular impressa.
Como até hoje não houve nenhuma
declaração pública em contrário,
torna-se virtualmente impossível
falar de erro, quanto ao número
de manuscritos. Quem e quantas
pessoas estejam envolvidas nesta
mentira, não é o que importa;
importa, sim, que a publicação
de uma mentira como esta se
reveste de importância
teológica: mesmo se se
tratasse apenas de um erro,
isso afectaria toda a
interpretação teológica
apresentada no documento. Se é
uma mentira - o que nós
firmemente acreditamos -, isso
significa que as interpretações,
quer teológicas quer históricas,
da Mensagem de Fátima irão
deliberadamente conduzir a uma
conclusão ou a uma mensagem
erradas. A isto chama-se
comummente fraude. E, como
podemos verificar, uma fraude
afecta muito mais do que a
teologia visível nos comentários
publicados.
As
páginas seguintes da Introdução
a AMF reiteram a
mentira de que a Consagração [da
Rússia] já foi feita, sobretudo
a página 8, onde é citada uma
carta não assinada da “Irmã
Lúcia” que é uma manifesta
falsificação - tal como o
demonstrámos num capítulo
anterior e, do mesmo modo, o
Padre Paul Kramer3.
Já há anos a revista The
Fatima Crusader teve a
oportunidade de debater
suficientemente esta mentira,
pelo que não há necessidade
alguma de o repetir aqui. No
entanto, essas mesmas citações
antigas da tal carta falsificada
servem, no presente capítulo,
para apresentar um contexto
explanatório onde se encaixam
mentiras novas.
Finalmente, não podemos
deixar de nos fixarmos de novo
na afirmação - inacreditável -
do Arcebispo Bertone, na página
10 [edição em Português] da
Introdução a AMF:
A decisão tomada pelo
Santo Padre João Paulo II de
tornar pública a terceira
parte do «segredo» de Fátima
encerra um pedaço de
história, marcado por
trágicas veleidades humanas
de poder e de iniquidade,
mas permeada pelo amor
misericordioso de Deus e
pela vigilância cuidadosa da
Mãe de Jesus e da Igreja.
Já
em diversos artigos publicados
se explicou o absurdo desta
asserção, no seu sentido
histórico4.
Efectivamente, e vista à luz da
História, trata-se de uma
afirmação estúpida que atinge as
raias da idiotice.
Ora
o Arcebispo Bertone, Secretário
da Congregação para a Doutrina
da Fé, nem é estúpido nem
idiota. Esta afirmação deve,
consequentemente, ater-se a uma
natureza teológica. Quem, com
extrema precisão, sugeriu que,
para Mons. Bertone, era
desejável que acreditássemos que
“a chamada ‘queda do comunismo’
significava que a Mensagem de
Fátima deixara de ser importante
para a política mundial, e que a
Conversão da Rússia era assunto
que deveria deixar de ser
mencionado” - foi o Padre Gruner5.
Mais do que uma interpretação
política a propósito da
continuação da Ostpolitik
do Cardeal Casaroli e do
relacionamento - estranhamente
próximo - do Papa com Gorbachev
(o propagador de um genocídio),
o que o Padre Gruner fez foi uma
clara análise de uma teologia
que tinha mudado e que se
tornara o centro da nova
orientação da Igreja: uma
teologia chamada Ecumenismo.
De
momento, vamos deixar de parte
as perguntas resultantes destas
observações, pois poderão ser
mais bem compreendidas à luz da
teologia do Cardeal Ratzinger.
O “Segredo”
Pelo que respeita a
autenticidade do texto
publicado, enquanto o Padre
Gruner parece estar convencido
de tal6, começam a
levantar-se, por si mesmas,
certas perguntas: Porque é que a
Irmã Lúcia - que, por volta de
1944, tinha certamente lido as
Sagradas Escrituras e muitos
“livros de piedade”, como o
Cardeal Ratzinger lhes chama -
diz que o Santo Padre «ia orando
pelas almas dos cadáveres
que encontrava pelo
caminho»? Através da história da
Salvação, fala-se das “almas dos
mortos” ou “dos defuntos”, tal
como o encontramos no Credo:
«Creio (…) na Ressurreição dos
mortos (…)». Só no Antigo
Testamento se pode encontrar o
termo “cadáver”, e em contextos
de “apóstatas” ou de “almas
condenadas”.
É
igualmente estranho, no contexto
da Primeira e da Segunda partes
do Segredo, que a vidente
tivesse falado de um “Bispo
vestido de Branco”, quando os
acontecimentos de 1939 tinham
sido profetizados com clareza:
com as designações “papa” e
inclusivamente o seu nome - Pio
XI. Ora, um “Bispo vestido de
Branco” poderia ser o Abade de
Brixen, no Tirol do Sul, ou um
qualquer Bispo dos trópicos, ou
ainda - como afirmam os
Sedevacantistas - um impostor
que, em Roma, se faz passar por
Papa. É certo que nós não
podemos nem devemos
aventurar-nos a uma resposta;
mas a expressão “Bispo vestido
de Branco” é estranhamente vaga
no contexto histórico de todos
os acontecimentos ocorridos
desde 1917.
Haverá mais a dizer a tal
respeito na conclusão deste
capítulo. De momento,
prosseguiremos como se o texto
publicado fosse autêntico.
A Interpretação
do “Segredo”
A. A carta do
Papa à Irmã Lúcia
Nessa carta, com data de
19 de Abril do ano 2000 e que
vem citada em AMF (pp.
25 e 26), o Papa diz:
Tendo em vista,
porém, que naquele dia [da
Beatificação dos pastorinhos
Francisco e Jacinta, a 13 de
Maio de 2000] não haverá
tempo para um colóquio, mas
somente para uma breve
saudação, encarreguei
expressamente (…) Monsenhor
Tarcisio Bertone (…).
Monsenhor Bertone (…)
vem em Meu nome
fazer-lhe algumas
perguntas sobre a
interpretação da “terceira
parte do segredo”.
Pode concluir-se, pois,
que Sua Santidade não tem tempo
para uma conversa com a Irmã
Lúcia. Claro que o sempre
vigilante defensor do Papa João
Paulo II pode objectar a esta
conclusão, recordando-nos que
não está ao nosso alcance
advertir o Papa acerca do seu
calendário de actividades, e
muito menos opor-nos às Suas
decisões em termos de disciplina
e de governo da Igreja, in
rebus (…) quae ad disciplinam et
regimen Ecclesiae (…) pertinent
(D.S. 3060).
Tudo isto é absolutamente
correcto. Mas é-nos permitido
fazer uma pergunta óbvia: Por
que motivo os conselheiros e
assessores do Papa, tão atentos
à Sua calendarização de
actividades - de modo a
permitirem que Sua Santidade
receba os Maçons da Comissão
Trilateral7, Mikhail
Gorbachev (que já mencionámos) e
os Chefes da Maçonaria Judaica
de B'nai B'rith8;
pregue do púlpito da Igreja
Luterana de Roma9;
visite a Sinagoga, em Roma10;
tenha reuniões com o “Patriarca”
Budista Vasana Tara11,
com o Dalai Lama12 e
com Yasser Arafat13;
e, inclusivamente, chame para
junto de si o Patriarca
cismático e herético Dimitrios I
de Constantinopla14,
tendo ambos aparecido lado a
lado na Varanda Pontifícia da
Basílica de São Pedro, em Roma
(!) -, não conseguem encontrar,
na calendarização do Papa,
nenhum espaço de tempo para ele
poder falar com a vidente e
mensageira pessoal de Nossa
Senhora, talvez a figura mais
importante dos mensageiros deste
século?
Não
conhecemos a resposta, e não
podemos aventurar-nos a dá-la;
mas é evidente que há uma
conexão teológica com o modo
como o Vaticano tem esbatido o
Terceiro Segredo de Fátima.
B. O “Colóquio com a Irmã Lúcia
(…)”
Este relato, não
assinado, de uma alegada
conversação (havida em Abril de
2000) entre o Arcebispo Bertone
e a Irmã Lúcia - inserida a
páginas 27-28 de AMF -
é uma peça notável de discurso
propositadamente enganador,
escrito provavelmente pelo
próprio Arcebispo. Como o Padre
Paul Kramer muito justamente fez
notar, Mons. Bertone não só não
perguntou à Irmã Lúcia se a
Consagração da Rússia já tinha
sido feita, como justapôs duas
afirmações logicamente
separadas, a saber: a afirmação
da Irmã Lúcia de que a figura
vestida de branco era um Papa,
embora ela não lhe saiba o
nome (!), e o facto de ela
ter concordado com a afirmação
do Santo Padre de que «Foi uma
mão materna que guiou a
trajectória da bala», no dia 13
de Maio de 198115.
Houve tantas
coincidências estranhas - ou
seria a Divina Providência? - na
tentativa de assassinato de Ali
Agca, que nos levam a
considerá-la uma “digressão”
não-teológica:
-
Porque é que a arma se teria
encravado depois do terceiro
tiro? Não é de estranhar que
uma pistola semi-automática
encrave; mas é quase
impossível que a melhor
força policial italiana, os
Carabinieri, não
tenha conseguido descobrir
porquê, depois de várias
semanas de exame
microscópico nos seus
laboratórios. Seria por
interferência do Anjo da
Guarda? Mas isso deveria
aparecer como altamente
provável à luz da teologia.
-
Porque é que Ali Agca não
usou balas de ponta oca ou
então as munições
Federal Hydra-Shok, de
fácil aquisição, que teriam
- quer umas quer outras -
realizado o seu propósito de
assassinar o Papa? Muitas
fontes afirmam que haveria
alguma organização ou
serviço secreto por detrás
do ataque. Será que eram
todos uns amadores?
-
Porque teria ele escolhido
uma pistola pequena, e a
Praça de São Pedro, sem
qualquer hipótese de fuga,
em vez de uma espingarda
(que então era de fácil
aquisição) e uma das muitas
posições elevadas em torno
da Praça de São Pedro - o
que lhe daria, pelo menos, a
possibilidade de se escapar?
Ou tratar-se-ia apenas de um
estúpido fanático?
Provavelmente nunca
chegaremos a saber, nos dias da
nossa vida, a verdade sobre o
que se passou naquele dia; mas
uma verdade já nós sabemos: é
que o atentado à vida do Papa
não tinha nada a ver com o
conteúdo do Terceiro Segredo,
porque o Papa não
foi assassinado.
Foi um acontecimento trágico, é
certo; mas que, tendo em conta a
plena realização das suas
actividades, não ‘roubou’ ao
Papa mais do que um ano - fora,
evidentemente, os mais de vinte
que se lhe seguiram. É um
insulto à Divina Providência e a
Nossa Senhora afiançar que este
acontecimento, cuja
importância deve ser
relativizada, estaria no
centro de uma profecia sobre o
Inferno, duas Guerras Mundiais,
o Comunismo e um grande castigo
que ainda está por vir.
E,
por fim, é-nos forçoso
perguntar: Porque é que este
atentado (só ocorrido em 1981)
haveria de ser mais bem
compreendido depois de 1960 -
como aconteceria com o Terceiro
Segredo, conforme disse a Irmã
Lúcia? Qualquer pessoa no século
XX o teria compreendido como nós
agora. Será que aquela geração
que combateu na Segunda Guerra
Mundial e na Coreia só
depois de 1960 teria uma
melhor compreensão de qual era o
papel dos soldados nesta visão?
A insistência da Irmã Lúcia para
que o Terceiro Segredo fosse
revelado no ano de 1960, porque
«Nossa Senhora assim o quer», só
pode querer significar que a
Lúcia sabia alguma coisa que
estaria para acontecer por volta
do ano de 1960, ou ligeiramente
mais tarde, e que tornaria o
Terceiro Segredo claramente
compreensível como uma profecia
de eventos futuros. Claramente
também, o Segredo não tinha
qualquer conexão com o
assassinato do Presidente
Kennedy - mas o que dizer da
Encíclica de João XXIII
Pacem in Terris, publicada
em 1963, ou do Concílio Vaticano
II, aberto em 1962 mas
anunciado a 25 de Janeiro de
1959?
C. A “Comunicação de Sua
Eminência o Card. Ângelo Sodano
(…)”
A fraude continua com a
afirmação do Secretário de
Estado de Sua Santidade de que
«a chave de leitura do texto [do
Terceiro Segredo] só pode ser
de carácter simbólico.»
(AMF, p. 29) O
propósito de tal sugestão
torna-se evidente quando o
Cardeal Sodano distorce a
verdadeira visão, ao dizer
«Também Ele [o Papa] (…) cai por
terra como morto (…)». Como já
analisámos num capítulo
anterior, as palavras «cai por
terra como morto» são
exactamente o contrário da
expressão usada pela Irmã Lúcia:
«foi morto».
Isto é imediatamente
seguido do arrastamento da
Mensagem para o passado, quer
com a referência ao atentado de
1981 quer com a ridícula
declaração de que, em 1989, o
Comunismo e a expansão do
ateísmo teriam terminado. Ora,
tanto o “glasnost” como a
“perestroika” de Gorbachev foram
já suficientemente discutidos em
diversos números da The
Fatima Crusader, não sendo
portanto necessário repetir aqui
essas análises. Contudo, não
deixa de ser triste ver que o
Secretário de Estado do Vaticano
não hesita em utilizar uma
mentira - velha de dez anos -
para desacreditar a Mensagem de
Nossa Senhora.
D. O
“Comentário Teológico” do
Cardeal Ratzinger
i) Uma Introdução
“implosiva”
Logo nas três primeiras
linhas deste Comentário (AMF,
p. 31), aparece a afirmação de
que «o texto do chamado terceiro
“segredo” de Fátima (…) é aqui
publicado integralmente (…)» -
mentira que é repetida mais
adiante (AMF, p. 38).
Que é uma mentira, já o referido
artigo de Andrew Cesanek
apresenta provas sobejas (cf. o
Capítulo seguinte). Também no
final deste capítulo
analisaremos esta fraude.
A
afirmação seguinte é cínica -
que é o mínimo que dela se pode
dizer:
Não é revelado nenhum
grande mistério; o véu do
futuro não é rasgado. Vemos
a Igreja dos mártires deste
século que está para findar,
representada através duma
cena descrita numa linguagem
simbólica de difícil
decifração»16.
Em
primeiro lugar, se «não é
revelado nenhum grande
mistério», então porque é que
Nossa Senhora se daria ao
trabalho de fazer disso um
segredo? Possivelmente - como
veremos mais tarde - é porque “o
véu do futuro” se encontra
dissipado na outra parte do
Terceiro Segredo, aquela que,
evidentemente, nos tem sido
ocultada: a parte que contém as
palavras de Nossa Senhora que se
seguem a «Em Portugal se
conservará sempre o dogma da Fé
etc.» Seja como for, afirmar que
uma visão de soldados que
fuzilam o Papa não é mais do que
um símbolo do passado - se
tivermos em conta especialmente
a sua conexão com as mensagens,
invulgarmente claras, de todo o
resto da Mensagem de Fátima - é
totalmente contrário à razão.
Em
comparação com a maior parte das
profecias - e logo pensamos nas
dificuldades de interpretação do
Apocalipse -, os segredos de
Fátima são invulgarmente claros
e objectivos. Então, porque é
que o Terceiro Segredo seria
“simbólico e difícil de
decifrar”? Porque é que o
Século XX haveria de
terminar em 1999?
Isto faz lembrar quando o
Kaiser Guilherme II da Alemanha
decretou que em 1900
começava o século XX - o que é
matematicamente impossível. Ao
que parece, a matemática do
Cardeal Ratzinger - tal como a
sua teologia - está mais
dependente do poder do que da
Verdade. E dizer isto não é
alinhar em “polémicas
demagógicas” à luz de uma assaz
notável mudança do modo de
pensar, ocorrida entre 1984 e
2000. Em 1984, ao discutir o
conteúdo do Terceiro Segredo, o
Cardeal Ratzinger falou acerca
dos “últimos tempos” e da
“profecia religiosa”, e disse:
Mas o conteúdo deste
‘Terceiro Segredo’
corresponde ao que é
anunciado nas Sagradas
Escrituras e que tem sido
dito, muitas e muitas vezes,
em várias outras aparições
de Nossa Senhora, a começar
por esta, de Fátima, no seu
conteúdo já conhecido17.
Tal afirmação, feita em
1984 pelo Cardeal Ratzinger,
está em contradição absoluta com
o rebaixamento que ele próprio
faz do Terceiro Segredo em
AMF. A este propósito o
Padre Paul Kramer18
recolheu, de outras Aparições
Marianas, as mensagens mais
importantes de Nossa Senhora,
observando-as precisamente sob
este ponto: todas elas são
bastante aterradoras, e não há
dúvida de que - pelo menos na
sua parte profética - anunciam
acontecimentos ainda por vir.
E de novo nos vemos
confrontados com o teor de toda
a AMF - que é
profundamente desonesta ao fazer
do Terceiro Segredo algo
trivial, transformando-O na
predição, insignificante, de um
atentado falhado à vida do Santo
Padre. Ser-nos-á lícito dizer
que o atentado falhado à vida do
Papa é uma predição
“insignificante”? É, sim! Já o
dissemos, e é esta a verdade: o
atentado fracassou e,
mesmo que daí resultasse a morte
do Papa, isso nada teria a ver
com o Terceiro Segredo. É
costume dizer-se, em italiano:
“Morto un Papa, se ne fa
un'altro” - com a morte de
um Papa vem a eleição de outro.
Há
ainda um outro ponto que emerge:
Porque é que, no Vaticano,
ninguém se deu ao trabalho de
levantar a suspeita de que o
Terceiro Segredo de Fátima
poderia ter a ver com a morte
prematura do Papa João Paulo I?
Será ele uma figura tão
completamente insignificante?
Nenhum Papa o é. Mas o que,
acima de tudo, deve
compreender-se é que não era
Deus que então sabia o que
ia acontecer - porque Deus
tudo sabe! Logo, o atentado
falhado à vida de um Papa não é
“nenhum grande mistério”, como o
Cardeal Ratzinger habilmente o
formulou. No entanto, houve uma
verdadeira - e bastante
misteriosa - morte de um Papa
que foi (muito convenientemente)
esquecida.
Tanto a profecia como as
palavras dos três videntes
deixam extremamente claro “que o
Santo Padre terá muito que
sofrer” - isto no contexto de
duas Guerras Mundiais e
(como veremos) muito pior ainda,
no de uma exaltação da
importância de um Papa até às
raias da idolatria, a ponto de
fazer da sua estada de alguns
meses no hospital o
Terceiro Segredo de Fátima.
Aquilo que o Papa teve de sofrer
no Hospital Gemelli, em Roma, é
algo que ninguém quereria,
sequer, contemplar. Mas não
esqueçamos todavia que, graças à
Medicina de hoje, o sofrimento
do Papa durante esse tempo não
tem comparação, nem de longe,
com o destino que coube, em
média, a tantos Sacerdotes nos
campos de concentração nazis -
já para não falar no destino de
muitos mais Sacerdotes e Bispos,
para lá da Cortina de Ferro.
E -
mais revelador que tudo - se o
Terceiro Segredo prediz
unicamente que um Papa haveria
de sobreviver a um atentado,
então porque é que, em 1984, o
Cardeal Ratzinger disse que o
Segredo não iria ser revelado
para evitar “que se confundisse
a profecia religiosa com
sensacionalismo”? Que
haveria de sensacional numa
profecia que dizia respeito a um
atentado falhado
ocorrido três anos antes? Nada,
evidentemente. Só por este
testemunho, a contradição
gritante do Cardeal Ratzinger em
relação ao an- terior depoimento
é suficiente para dar um golpe
fatal na sua credibilidade. A
versão do Terceiro Segredo agora
apresentada é aquilo a que os
advogados chamam uma recriação
posterior dos factos. O conteúdo
“sensacional” a que ele se
referia em 1984 não podia ser,
evidentemente, a tentativa de
assassínio de 1981.
ii) Revelações públicas
e privadas
De
um modo significativo, o Cardeal
Ratzinger fez assentar todo o
fenómeno de Fátima no contexto
das “revelações privadas” - que
tanto podem ser consideradas
“falsas” como “extraordinárias”,
tudo dependendo da sua
autenticidade. O Cardeal
Ratzinger afirma que a Mensagem
de Fátima, como todas as
“revelações privadas” cuja
autenticidade foi aprovada pelas
autoridades da Igreja «pode ser
um válido auxílio para
compreender e viver melhor o
Evangelho na hora actual; por
isso, não se deve transcurar. É
uma ajuda que é oferecida, mas
não é obrigatório fazer uso
dela». Por outras palavras:
segundo o Cardeal Ratzinger,
ninguém na Igreja é obrigado a
seguir a Mensagem de Fátima: nem
o Papa, nem os Bispos, nem os
Sacerdotes, nem os leigos.
Acreditar em Fátima - incluindo
a Consagração da Rússia e a
devoção dos Cinco Primeiros
Sábados - fica ao critério de
cada um. Se quisermos, poderemos
simplesmente ignorá-la por
completo - como se o Milagre do
Sol nunca tivesse acontecido;
como se aqueles pedidos de Nossa
Senhora tivessem sido feitos por
um fantasma! Fátima não passa de
uma “ajuda”: nós poderemos
aproveitá-la ou não, a nosso
bel-prazer.
Bento XIV, um dos Papas
mais eruditos da História da
Igreja, afirma com toda a razão
que estas revelações não podem
ser sustentadas com apoio na Fé;
elas «requerem, antes, uma
adesão de fé humana ditada pelas
regras da prudência, que no-las
apresentam como prováveis e
religiosamente credíveis.»
Todavia, ao fazer esta citação
do Papa Bento XIV, o Cardeal
Ratzinger ardilosamente aparenta
ignorar um aspecto que é tão
extraordinário acerca das
aparições de Fátima, e que as
retira da categoria de outras
“revelações privadas”: o
espantoso Milagre do Sol, que
prova que Fátima é algo mais do
que apenas “religiosamente
credível”.
Segundo parece, o Cardeal
Ratzinger faz semelhante
abordagem em relação a todas as
revelações extraordinárias dos
últimos dois séculos. Assim, por
exemplo, ele reduz as revelações
extraordinárias, recebidas por
Santa Margarida Maria Alacoque,
sobre a Festa de Corpus Christi
e o Sagrado Coração de Jesus a
um acontecimento que, pura e
simplesmente, teve “influência
também na própria
liturgia”. Ora esta sua atitude
toca os limites da blasfémia -
considerando nós qual foi o
destino da França, após a
impertinente e desastrosa recusa
do Rei Luís XIV e dos seus dois
sucessores em obedecer ao pedido
de Cristo para que fosse feita a
consagração de França ao Sagrado
Coração de Jesus, pedido
confiado a Santa Margarida Maria
nessas revelações “privadas”19.
A
errónea concepção de profecia do
Cardeal Ratzinger fica
escandalosamente clara na
seguinte afirmação:
(…) é preciso ter
presente que a profecia, no
sentido da Bíblia, não
significa predizer o futuro,
mas aplicar a vontade de
Deus ao tempo presente e
consequentemente mostrar o
recto caminho do futuro.
Aquele que prediz o futuro
pretende satisfazer a
curiosidade da razão, que
deseja rasgar o véu que
esconde o futuro (…).
Ora
isto equivale à negação de
toda e qualquer profecia,
comummente reconhecida como uma
das mais elevadas graças
gratuitamente concedidas, ou
seja, gratiae gratis datae.
Muitas vezes uma profecia
envolve uma interpretação
correcta do passado e do
presente; mas, como tal, é
compreendida como uma previsão
para o futuro. Ou Isaías, David,
Jesus Cristo e São Paulo
“satisfizeram a curiosidade da
razão”, e tanto os Padres da
Igreja como os Doutores da
Igreja não quiseram mais do que
“rasgar o véu que esconde o
futuro” - ou o Cardeal Ratzinger
uma vez mais labora no erro.
Podemos deixar-lhe a resposta a
si, leitor?
O
Cardeal Ratzinger reduz a
profecia àquilo a que chama os
“sinais dos tempos”, talvez por
ser incapaz de ver os
verdadeiros sinais dos tempos:
as Igrejas vazias, heresia,
apostasia, blasfémia, impureza e
perversão sexual, neo-paganismo
e, na realidade, um total
desacordo entre muitos Bispos e
Sacerdotes sobre todo e qualquer
assunto dentro da Igreja
Católica. O único consenso que
existe entre todos os poderes de
chefia no Vaticano está no ódio
que votam à Teologia Católica
tradicional, de que desdenham e
que recusam, o mesmo acontecendo
em relação a qualquer ideia de
conversão da Rússia à Fé
Católica - cá está de novo
aquele conflito entre visões
eclesiais que foi o que gerou o
crime que estamos a discutir
aqui.
O
Cardeal Ratzinger faz por
aparentar que estes (acima
mencionados) verdadeiros sinais
dos tempos nada têm a ver com o
evento que ficou conhecido por
Concílio Vaticano II, a respeito
do qual se afirmou que o
Espírito Santo desceu uma
segunda vez. Que isso é
totalmente falso, bem o podemos
ver através dos amargos frutos
do Concílio.
Se
podemos ser acusados de
“polémicos” à luz destes
ensinamentos da Igreja sobre a
profecia e sobre a importância
que, tanto São Paulo (a exemplo
de Cristo!) como os Padres da
Igreja atribuiram a este dom de
Deus, as afirmações do Cardeal
Ratzinger, por seu turno,
ombreiam com a heresia e com a
blasfémia - que é o mínimo que
delas se pode dizer. Reduzir
tudo quanto está entre os Salmos
e São João Bosco, ou Fátima, a
uma “satisfação da curiosidade
da razão” equivale a declarar
que as Sagradas Escrituras, os
Padres da Igreja, a Sua Tradição
e quase todas as revelações
extraordinárias respeitantes ao
futuro - são uma espécie de
‘literatura de cordel’ do Clero,
ao nível das revistas mais
ordinárias à venda na caixa
registadora do supermercado
local. Considerar que as
previsões do futuro contidas em
profecias divinas implica que se
trata, meramente, de objecto de
uma curiosidade humana entediada
é um insulto a Deus e aos
Santos; logo, é coisa que não
pode ser tomada levianamente.
Na
p. 37 de AMF, o Cardeal
Ratzinger cita de novo as
palavras do Cardeal Sodano
trivializando o significado de
uma visão:
[Estas visões] Não
descrevem de forma
fotográfica os detalhes dos
acontecimentos futuros, mas
sintetizam e condensam sobre
a mesma linha de fundo
factos que se prolongam no
tempo numa sucessão e
duração não especificadas.
Portanto: que todos estes
acontecimentos pertencem ao
passado e que não há mistério
nenhum é a evidente mensagem
destes eminentes Cardeais.
iii) “Uma tentativa de
interpretação…” do Cardeal
Ratzinger
A
primeira pergunta que se nos põe
diz respeito à surpresa do
Cardeal Ratzinger. Afirma ele em
AMF (p. 38) que a
mensagem da Virgem Santíssima de
que a devoção ao Seu Imaculado
Coração é o caminho para a
Salvação «é (…) surpreendente
para pessoas originárias do
ambiente cultural anglo-saxónico
e germânico». Porque é que o
Cardeal Ratzinger diria tal
coisa? Será que os Ingleses e os
Alemães são tão ignorantes que
nunca ouviram falar do Sagrado
Coração de Jesus,20
de Santa Margarida Maria
Alacoque ou de S. Filipe
Benício, para já não mencionar o
Papa Leão XIII? Ou serão tão
inteligentes que não se
convencerão com semelhantes
romantismos italianos ou
espanhóis? Será que um Senhor
alemão, frio e sóbrio, diz à sua
amada “Eu amo-te com todo o meu
cérebro!”, ou que algum
Cavalheiro inglês comunicaria a
sua paixão com uma seca
referência à sua força de
vontade? Qual a finalidade de
afirmações tão ridículas? A
resposta encontra-se nas linhas
que se seguem a esta
incompreensível “surpresa” do
Cardeal.
A
“tentativa de interpretação do
‘segredo’ de Fátima” do Cardeal
Ratzinger evita completamente
interpretar algo que não é o
‘segredo’ - não o pode ser de
modo algum, uma vez que este
ainda não foi revelado -, para
conseguir desacreditar nem mais
nem menos do que a Pessoa
Santíssima da Imaculada
Conceição. Este eminente
príncipe da Igreja parece ter-se
esquecido de que, quando Nossa
Senhora apareceu em Lourdes, não
Se apresentou como a
“Imaculadamente Concebida”, mas,
antes, dizendo: «Eu sou a
Imaculada Conceição.» Só
Ela, entre todas as simples
criaturas, foi concebida sem
Pecado Original e nunca
teve a mancha do pecado. Só o
Seu Coração - isto é, a terceira
faculdade da alma; não o órgão
interno, mas o coração a que São
Tomás de Aquino chama o
sensus communis - é,
portanto, o Imaculado Coração.
Ora o Cardeal Ratzinger não se
coíbe de ‘hipertrofiar' esta
designação, reservada à Mãe de
Deus, de modo a incluir nela
qualquer «coração que a partir
de Deus chegou a uma perfeita
unidade interior e,
consequentemente, “vê a Deus”.»
Nem sequer ele se envergonha de
desrespeitar o Evangelho, quando
cita São Mateus 5:8 que apenas
diz: «Bem-Aventurados os puros
de coração, porque verão a
Deus.» Cristo fala dos puros de
coração e não de “uma perfeita
unidade interior” - e muito
menos do Imaculado Coração de
Sua Mãe Santíssima. Se seguirmos
esta negação implícita da
exclusividade do Imaculado
Coração (unicamente de Nossa
Senhora) para o atribuirmos a
todos os que são “puros de
coração”, poderemos então chegar
à conclusão lógica de que todos
os Sacerdotes têm sagrados
corações, por terem sido
consagrados como alter
Christus (um outro Cristo),
o que até condiz com o seu
título, vindo do Latim:
Reverendus (que deve ser
reverenciado). Mas dizer que
todos os Sacerdotes têm um
sagrado coração seria blasfemo -
que é exactamente o que se pode
pensar do Cardeal Ratzinger, ao
trivializar o Imaculado Coração
da Virgem Maria.
Até
mesmo à objecção ‘tipicamente
protestante' de «que não se deve
interpor um ser humano entre nós
e Cristo» o Cardeal Ratzinger
responde numa aparente
ignorância de Nossa Senhora:
cita a exortação de São Paulo a
que o “imitem”, em vez de
explicar que foi Nosso Senhor em
Pessoa Quem colocou um simples
ser humano entre Ele e nós, ao
fazer de Sua Mãe Santíssima a
Mediatrix (Medianeira)
de todas as graças!
Quanto ao exame que faz
de simples imagens na visão do
“Bispo vestido de Branco”, o
Cardeal Ratzinger diz:
Deste modo, é
sublinhada a importância da
liberdade do homem: o futuro
não está de forma alguma
determinado imutavelmente, e
a imagem vista pelos
pastorinhos não é,
absolutamente, um filme
antecipado do futuro, do
qual já nada se poderia
mudar. (…) O sentido da
visão não é, portanto, o de
mostrar um filme sobre o
futuro, já fixo
irremediavelmente (…)21
Assumir que os
pastorinhos tiveram uma visão
inteiramente incondicional é, de
novo, a negação da profecia.
Nossa Senhora distinguiu bem
entre o futuro imutável e as
consequências que adviriam
se os Seus desejos não
fossem satisfeitos. Mas declarar
a realidade do futuro, em si
mesmo - e aconteça, de facto, o
que acontecer - como mutável é
contrário ao Ensinamento da
Igreja sobre a Divina
Providência e a Predestinação. O
plano eterno da Divina
Providência é imutável, porque
Deus é imutável; e nada pode
acontecer independentemente da
Providência22. Na Sua
divina Sabedoria, Deus conhece o
futuro na sua totalidade -
futuro esse que por isso mesmo é
imutável, tal como o ensinou,
com a sua autoridade, o Concílio
Vaticano I. (D.S. 3003).
Se
a afirmação do Cardeal Ratzinger
pretende significar aquilo que
as suas palavras dizem, ele
seria, no mínimo, um herege
quanto ao materialmente
afirmado; se ela significa que,
por obedecer aos pedidos de
Nossa Senhora, nós podemos mudar
o futuro, então o conceito de
‘futuro’ do Cardeal está
distorcido. Vejamos: se um homem
decide tornar-se Sacerdote em
vez de ser um pai de família,
ele não está a “mudar” o seu
futuro - estabelecido ainda
antes de ele ter nascido -, mas
apenas a alterar a sua decisão.
A afirmação do Cardeal Ratzinger
é a expressão ou de um
pensamento subjectivista ou
herético. E parece tratar-se
deste último caso, quando
consideramos a asserção: «o
futuro não está de forma alguma
determinado imutavelmente»23.
Toda a certeza subjectiva
do Cardeal em negar qualquer
tipo de “imagem de um filme”
(visto pelos três pastorinhos de
Fátima) mostra, segundo parece,
quem ele acredita ser o
verdadeiro profeta de Fátima -
ele próprio. Não o é, com toda a
certeza, Nossa Senhora de
Fátima.
Finalmente a Irmã Lúcia é
desacreditada como vidente,
quando o Cardeal Ratzinger diz
que a visão incorpora imagens
que ela «pode ter visto em
livros de piedade»24.
Ora isto equivale a declarar que
toda a visão é produto de uma
fantasia - o que assenta como
uma luva no plano de dissolver
Fátima «em nada mais do que numa
piedade católica em geral e numa
série de lugares-comuns,
envolvendo acontecimentos que já
se deram, pelo que tudo já
acabou», como o Padre Gruner
descreve neste seu artigo, com
tanta precisão, o comentário de
Bertone/Ratzinger (AMF)25.
Como o debatemos em
capítulo anterior, a penúltima
página de AMF volta a
declarar que tudo no Segredo
pertence ao passado, inclusive
as palavras de Nossa Senhora: «O
Meu Imaculado Coração triunfará»
- das quais propositadamente o
Cardeal arrancou as palavras
Por fim. O Cardeal reduz
tudo o que respeita a Fátima ao
«fiat de Maria, a
palavra do Seu Coração [que]
mudou a história do Mundo»26.
É claramente um esforço ridículo
e desajeitado para eliminar por
completo Fátima, fazendo-a sair
de cena.
iv) O fermento de
Ratzinger
A
tentativa, feita pelo Cardeal
Ratzinger, de desmantelar a
Mensagem de Fátima sob a
aparência de uma “interpretação”
erudita faz lembrar uma das
admoestações de Nosso Senhor aos
Seus discípulos: «Tende cuidado!
Guardai-vos do fermento dos
Fariseus e dos Saduceus.» (S.
Mateus, 16:6) A princípio os
discípulos, que estavam a comer
pão naquele momento, não
compreenderam: - O que teria
essa referência ao fermento do
pão a ver com os Fariseus? Mas,
logo de seguida, eles atingiram
o que Nosso Senhor queria dizer:
«Então compreenderam que não
havia dito que se guardassem do
fermento dos pães, mas da
doutrina dos Fariseus e dos
Saduceus.» (S. Mateus, 16:12).
Como o Arcebispo Senhor
D. Alban Goodier, S.J., explicou
no seu comentário, já clássico,
a esta passagem das Sagradas
Escrituras, Nosso Senhor estava
a ensinar os discípulos a
prevenirem-se contra as
subtis astúcias dos
Fariseus que eram, de longe,
muito mais perigosas do que
qualquer oposição aberta contra
Cristo:
Não era tanto a
oposição deles que o Senhor
receava; era a sua [dos
Fariseus] subtil astúcia.
Antes, os Fariseus
tinham-n'O censurado por
causa dos Seus milagres e de
outras acções de caridade; e
Ele bem sabia que não era
essa atitude que afastaria
de Si os Seus amigos. Agora,
nesta manhã, eles [os
Fariseus] tinham vindo com
uma simplicidade fingida, um
aparente desejo de conhecer
a verdade, um apelo aos
profetas, um zelo pela
tradição, um respeito pela
lei e a ordem, e uma
obediência aos poderes
estatuídos; e tudo
isto, o Senhor sabia-o,
poderia facilmente
afectá-los mais do que
qualquer inimizade declarada.
Tal como o fermento, e a
menos que [os discípulos]
estivessem prevenidos, isto
espalhar-se-ia
inconscientemente entre eles27.
Ora, do mesmo modo que
Nosso Senhor, a Virgem de Fátima
foi bastante franca na Sua
Mensagem. Mas o Cardeal
Ratzinger, tal como os Fariseus
daquele tempo, vem cheio de
subtis astúcias e de citações
das Sagradas Escrituras que,
artificiosamente compostas,
obscurecem a simplicidade da
verdade divina. E, tal como os
Fariseus, o Cardeal apresenta um
obscurecimento envolvido numa
grande demonstração de respeito
pela Mensageira do Céu e pela
Sua Mensagem; mas por detrás
dessa aparência de respeito há o
desdém, mal oculto por um “véu
diáfano”. E quando o Cardeal
terminou o seu “tributo”
farisaico à Mensagem de Fátima,
nada mais restava dela. Para
ele, trata-se de um assunto
muito subtil - tão
subtil e diáfano que todo ele se
desvanece.
Só
que as aparições de Fátima não
são assim tão subtis. Elas foram
concedidas a três pastorinhos
que nem ler sabiam, para
edificação e guia dos sábios e
estudiosos deste Mundo -
incluindo os teólogos do
Vaticano. Ou Nossa Senhora
apareceu em Fátima ou não
apareceu. Ou confiou aos três
pastorinhos uma Mensagem bem
determinada que eles podiam
recordar claramente e repetir
tal como a tinham ouvido, ou não
confiou. Ou a Senhora queria que
a Sua Mensagem se divulgasse por
todo o Mundo, ou não queria. Ou
Ela velava por que a Sua
Mensagem fosse cuidadosamente
transmitida, ou não. Ou
garantia, sem qualquer sombra de
dúvida razoável, por meio do
Milagre do Sol, que fora
realmente Ela, a Rainha do Céu e
da Terra, Quem desceu a Fátima,
Quem falou e Quem fez os Seus
pedidos, ou então nada fez a
esse respeito. A resposta, em
cada um destes casos, é “que
sim” - porque Ela é a Mãe de
Deus.
Tal
como os discípulos no seu
encontro com os Fariseus, nós
devemos precaver-nos contra as
subtis astúcias farisaicas que
se espalharam como fermento
envenenado por toda a Igreja,
durante os últimos quarenta
anos. E agora, recentemente, o
fermento dos Fariseus procura
penetrar na Mensagem de Fátima,
quando o Cardeal Ratzinger nos
diz que qualquer coração pode
ser como o Imaculado Coração de
Maria, e que «por fim o
Meu Imaculado Coração triunfará»
se refere à Anunciação, há dois
mil anos atrás. Os antigos
Fariseus eram perigosos porque,
precisamente, fingiam respeitar
a verdade de modo genuíno. Hoje,
é um respeito fingido pela
Mensagem de Fátima que
caracteriza os seus mais
ferrenhos oponentes.
Conclusão
Num
dos mais estranhos eventos de
uma (já de si tão estranha)
Igreja pós-conciliar, vêmo-nos
confrontados com uma série de
interrogações que partem dos
comentários - nada ortodoxos -
sobre a visão do Terceiro
Segredo fornecidos pelo Cardeal
Ratzinger e por Mons. Bertone:
-
Porque é que as autênticas
palavras de Nossa Senhora,
que são o verdadeiro
Terceiro Segredo, escritas
numa só folha de papel - e,
muito provavelmente,
guardadas ainda no cofre do
Papa -, continuam escondidas
do público e é mesmo negada
a sua existência?
-
Porque é que a visão dada a
público que, obviamente, se
refere ao futuro assassinato
de um Papa, é associada ao
atentado de 1981 à vida do
actual Pontífice - atentado
esse que falhou?
-
Qual o propósito de publicar
primeiro a visão do Terceiro
Segredo, ficando retidas as
palavras de Nossa Senhora -
e a visão, no seu conteúdo,
reduzida a nada?
As
evidências apontam para uma
única resposta a todas estas
perguntas. Sempre que somos
confrontados com qualquer tipo
de pecado semelhante a uma
mentira, é forçoso
perguntarmo-nos: Cui bono?
- “A quem beneficia?”
É
impossível que as imposturas e
as incoerências do Vaticano
sobre o Terceiro Segredo e sobre
Fátima, em si mesma, não passem
de uma brincadeira tonta de
alguns Prelados, aborrecidos por
não terem nada que fazer. Teria
que haver um forte imperativo
para se congeminarem mentiras -
que podem vir a ser
desmascaradas sem grande
dificuldade. Porquê, então,
exporem-se a tão grande risco, a
não ser por uma causa
importante?
Como é evidente que o
Terceiro Segredo não é
manipulado com o fim de anunciar
certas visões convenientes ou
politicamente correctas em
relação ao futuro, mas - pelo
contrário - é remetido para o
passado e privado de
possuir uma real importância, o
único propósito que subjaz a
todo o acto da sua publicação só
pode ser uma estratégia de
diversão em relação às próprias
palavras de Nossa Senhora.
Assim, uma visão e uma profecia
são transformadas em fraude ou -
como os organismos secretos
estatais gostam de lhe chamar -
em percepções sob gestão.
Ora
uma tal resposta está longe de
ser uma simples especulação.
Cada “peça” das evidências que
até aqui discutimos - incluindo
esta visão do Terceiro Segredo e
outras aparições aprovadas pela
Igreja, e a que o próprio
Cardeal Ratzinger se referiu em
1984 - aponta no sentido de que
o verdadeiro Terceiro
Segredo reside, necessariamente,
nas palavras de Nossa Senhora
que eles têm ocultado do público
e, possivelmente, no texto
autêntico da visão -
supostamente publicada.
Concluimos este capítulo
com mais algumas perguntas
levantadas pelas evidências:
-Porque é que a imprensa
internacional - no geral, sem
qualquer comentário ou objecção
- publicou a “visão”? No geral,
os jornalistas são
eficientíssimos em
ridicularizar, duvidar, negar e
des-sacralizar o que é sagrado.
Basta pensar na reacção
internacional ao anúncio do
Vaticano de beatificar o Papa
Pio IX. Somos os primeiros a
admitir que não se trata de um
argumento estrictamente
teológico. Contudo, a
consideração da probabilidade
foi aceite por São Tomás de
Aquino cujo senso comum é - como
G.K. Chesterton fez notar - “o
sentido daquilo que é provável.”
-Porque haveríamos de ter
uma tão grande certeza da
autenticidade do texto
publicado, ou das afirmações
“pessoais da Irmã Lúcia” quanto
à correcta interpretação que
dele foi feita? Dois dos mais
altos Prelados do Vaticano não
hesitaram, no “comentário” que
conjuntamente apresentaram, em
declarar que o Terceiro Segredo
não contém “nenhum grande
mistério”. O que eles fazem é
apresentar-nos uma ‘colecção’ de
asserções absurdas e
auto-contraditórias, num
continuum que vai desde o
insulto à nossa inteligência até
se aproximar da heresia (no
mínimo) e mesmo da blasfémia.
Visto isso, poderemos nós
ter absoluta certeza de que as
palavras “da Irmã Lúcia” não
possam ser o produto de um
software capaz de
reproduzir a caligrafia de
qualquer pessoa e à venda por
menos de cem dólares? E nesse
caso, a quem seria lícito
interrogar a Irmã Lúcia acerca
da publicação? Certamente a
nenhum de nós.
Não
se trata de paranóia, mas sim de
dúvidas prudentes sobre a normal
credibilidade de pessoas que já
nos habituaram a mentiras
perfeitamente demonstráveis. E
ninguém é paranóico se tem
dúvidas sobre inconsistências e
auto-contradições.
Não
pode haver muitas razões para
esconder uma Mensagem de Nossa
Senhora; a não ser que: fosse
concebível ser a Mensagem tão
aterradora que causasse pânico,
como, por exemplo, a profecia de
uma catástrofe local, de uma
inundação ou de um ataque
nuclear; ou que a Mensagem
pudesse ser simbólica demais
para ser compreendida, como
poderá ser o caso de algumas
passagens do Apocalipse; ou,
então, que a Mensagem seja bem
explícita e clara, mas altamente
embaraçosa para aqueles que, têm
poder, sobre a sua pública
divulgação.
Parece evidente que as
duas primeiras hipóteses não se
adequam ao tipo de Aparições de
Fátima e da maioria das
Aparições Marianas - o que nos
leva à terceira possibilidade,
como sendo a nossa conclusão:
o Vaticano tem qualquer
coisa a esconder cujo
conhecimento seria extremamente
embaraçoso. Evocamos a este
foro o testemunho do Padre
Joaquín Alonso que, durante
dezasseis anos, foi o arquivista
oficial de Fátima:
Seria, então, de toda
a probabilidade que o texto
faça referências concretas à
crise da Fé na Igreja e à
negligência dos Seus
próprios Pastores [e às]
lutas intestinas no seio da
própria Igreja e a graves
negligências pastorais por
parte das altas Hierarquias29.
Ora
isto é inteiramente congruente
com a aparição e a mensagem de
Nossa Senhora em La Salette, em
1846, com a aparição de 1634 de
Nossa Senhora do Bom Sucesso, em
Quito, e com várias outras. E -
possivelmente - talvez até
saibamos qual o verdadeiro
conteúdo do Terceiro Segredo. É
que há a história, já de alguns
anos atrás, de um Sacerdote
francês supostamente credível
que ouviu uma mensagem
sobrenatural, enquanto ouvia uma
gravação numa espécie de
Oratório. Afirma ele ter ouvido
o seguinte:
Será planeado e
preparado um concílio de
depravidade que mudará a
face da Igreja. Muitos
perderão a Fé e a confusão
reinará por toda a parte. Em
vão as ovelhas procurarão os
seus pastores. Um cisma
rasgará a túnica de Meu
Filho. - Este será o fim dos
tempos anunciado nas
Sagradas Escrituras e
trazido à memória por Mim
própria em muitos lugares. A
abominação das abominações
atingirá o seu máximo, o que
atrairá o castigo anunciado
em La Salette. O braço de
Meu Filho, que Eu já não
poderei continuar a suster,
castigará este pobre Mundo
que tem de expiar pelos seus
crimes. - Só se falará em
guerras e revoluções.
Desencadear-se-ão os
elementos da natureza, a
todos causando angústia,
mesmo entre os melhores (os
mais corajosos). A Igreja
sangrará de todas as Suas
chagas. Bem-Aventurados
aqueles que perseverarem e
procurarem refúgio no Meu
Coração, porque, por fim, o
Meu Imaculado Coração
triunfará.
É
certo que não há absolutamente
provas nenhumas da autenticidade
deste texto. Não nos é lícito
afirmar que este é o verdadeiro
Terceiro Segredo. Mas apesar de
tudo este texto faz muitíssimo
mais sentido do que seja o que
for que se encontre na
“interpretação” do Vaticano
sobre a parte do Terceiro
Segredo referente à visão.
As
heresias e a apostasia que se
seguiram ao Concílio Vaticano II
são de uma importância tão
trágica e tão alargada que o
senso comum nos pede que
acreditemos ser este o Terceiro
Segredo de Fátima, ou parte
dele. Seria de crer que Nossa
Senhora soubesse do fim da
Primeira Guerra Mundial, do
começo da Segunda Guerra Mundial
no pontificado de Pio XI, da
Rússia a espalhar os seus erros,
da Rússia a ser o instrumento de
castigo para a humanidade, de um
futuro Papa a ser alvejado por
soldados, e não soubesse nada
acerca dos desenvolvimentos
catastróficos na Igreja, a
começar com o Concílio Vaticano
II - acontecimento que,
espiritualmente, faz esbater o
impacto de todas as guerras até
à insignificância? Já
mencionámos que foi o próprio
Papa Paulo VI que disse:
A Igreja encontra-Se
numa hora de inquietude, de
auto-crítica e, pode mesmo
dizer-se, de
auto-destruição! É como que
uma revolução interna, aguda
e complicada, para a qual
ninguém estava preparado
depois do Concílio. (7 de
Dezembro, 1968)
Foi
o mesmo Papa quem referiu que “o
fumo de Satanás” tinha entrado
na Igreja. Até o Papa Paulo VI,
que se encontrava no centro da
crise, se apercebeu do desastre
até certo ponto. Seria
concebível que Nossa Senhora de
Fátima não tivesse nada a dizer
a este propósito, quando em
outras aparições aprovadas pela
Igreja - mesmo o Cardeal
Ratzinger o admite - a
Santíssima Virgem fala dos
perigos da Fé? É claro que é
impossível!
Consequentemente, embora
não haja provas - de novo o
afirmamos - da autenticidade da
mensagem supra-citada
que o referido Sacerdote francês
declara ter recebido, não há
outra alternativa lógica para
que o Terceiro Segredo não seja
qualquer coisa que possamos
ler ao longo destas linhas.
Ora isto só pode querer dizer
que existe um texto que pertence
ao Terceiro Segredo e que o
Vaticano ainda não nos revelou -
um texto que se segue às
palavras sobre o facto de o
dogma da Fé ser preservado em
Portugal. Discutiremos isto no
capítulo seguinte.
Notas
1. Entre 1986 e 1991, vários
Sanpietrini - os guardas
suíços de uniforme da Basílica
de São Pedro, em Roma - disseram
directamente ao Padre Gregor
Hesse (que a essa altura havia
dez anos que trabalhava no
Vaticano) que, a seguir a cada
Missa pontifícia na Praça de São
Pedro, se encontravam pelo chão
várias Hóstias consagradas.
2. The Fatima Crusader,
N° 64, p. 3.
3. The Fatima Crusader,
Nº 64, p. 115.
4. Ibid., pp. 54ff.
5. Ibid., p. 55.
6. Ibid., p. 18.
7. Daniel Le Roux, Petrus
liebst du mich? (Stuttgard
1990). Peter, Lovest Thou
Me?, p. 110. Os cépticos
poderão verificar que só me
refiro a imagens que podem
facilmente ser encontradas na
tradução inglesa publicada pela
Instauratio Press, Yarra
Junction, Australia, 1988.
8. Ibid., p. 112.
9. Ibid., p. 127.
10. Ibid., p. 155.
11. Ibid., p. 172.
12. Ibid., p. 177.
13. Ibid., p. 236.
14. Ibid., p. 144.
15. The Fatima Crusader,
nº 64, p. 31.
16. Cardeal Joseph Ratzinger,
“Comentário Teológico”, A
Mensagem de Fátima (AMF),
edição em Português, 26 de Junho
de 2000, p. 31.
17. The Fatima Crusader,
nº 64, pp. 34f.
18. Ibid., pp. 115ff.
19. Cf. Bispo Emile Bougaud,
The Life of Saint Margaret Mary
Alacoque (1ª edição por
Benzinger, 1890; reeditado por
TAN Books and Publishers, 1990),
Capítulo XIV, “The Last Grand
Revelation - The King
of France, 1689”.
20. No século XIII, Santa
Gertrudes, uma alemã, foi um
“arauto do Sagrado Coração”. Cf.
St. Gertrude the Great,
publicado pelo Convento
Beneditino de Clyde, Missouri, e
reeditado por TAN Books and
Publishers, 1979, pp. 26ff. Por
isso não podemos compreender
porque é que o “ambiente
cultural (…) germânico” acharia
“surpreendente” a Devoção ao
Sagrado Coração de Jesus ou ao
Imaculado Coração de Maria.
21. Cardeal Joseph Ratzinger,
“Comentário Teológico”, A
Mensagem de Fátima, edição
em Português, 26 de Junho de
2000, p. 39.
22. S. Tomás de Aquino,
Summa Theologiae, 1.q.22,
a.2.
23. Cardeal Joseph Ratzinger,
“Comentário Teológico”, A
Mensagem de Fátima, edição
em Português, 26 de Junho de
2000, p. 39.
24. Ibid., p. 41.
25. The Fatima Crusader,
nº 64, p. 51.
26. Cardeal Joseph Ratzinger,
“Comentário Teológico”, A
Mensagem de Fátima, edição
em Português, 26 de Junho de
2000, p. 42.
27. Arcebispo Goodier, S.J.,
The Public Life of Our Lord
Jesus Christ, Vol. I,
(Burns Oates & Washbourne Ltd.,
London, England, 1932) p. 462.
28. O Cardeal Sodano disse em
Fátima, a 13 de Maio de 2000, na
sua “Comunicação”: «(…) os
acontecimentos de 1989 levaram,
quer na União Soviética quer em
numerosos Países do Leste, à
queda do regime comunista que
propugnava o ateísmo.» (In A
Mensagem de Fátima, edição
em Português, 26 de Junho de
2000, p. 30).
29. Padre Joaquín Alonso, La
Verdad sobre el Secreto de
Fátima, (Centro Mariano,
Madrid, Espanha, 1976), p. 73.
In The Whole Truth About
Fatima - Vol. III, p. 704.
Veja-se também The Fatima
Crusader, nº 64, p. 121.
Capítulo 12
-Será o Terceiro Segredo
constituído por
dois textos distintos?
Apesar dos seus melhores
esforços para encerrar
definitivamente “o livro da
história de Fátima”, a aliança
Sodano/Ratzinger/Bertone não foi
bem sucedida com a conferência
de imprensa de 26 de Junho de
2000. Por todo o Mundo, os
Católicos bem informados não
acreditaram, pura e
simplesmente, que uma visão de
“um Bispo vestido de Branco” -
bastante obscura e sem uma única
palava - pudesse ser todo o
conteúdo de um segredo guardado
a sete chaves pelo Vaticano
durante quarenta anos.
A melhor testemunha de
apoio ao clamor de que tinha por
força de faltar ali qualquer
coisa foi (ironia do destino!) o
próprio Cardeal Ratzinger,
quando foi entrevistado pela
revista Jesus em 1984 -
entrevista que já analisámos
devidamente. -Então, o que teria
acontecido à «profecia
religiosa» que o Cardeal nessa
altura mencionou, referente aos
«perigos que ameaçam a Fé e a
vida do Cristão e,
consequentemente, do Mundo»? -E
o que pensar da sua afirmação
(em 1984) de que «o conteúdo
deste ‘Terceiro Segredo’
corresponde ao que é anunciado
nas Sagradas Escrituras e que
tem sido dito, muitas e
muitas vezes, em várias outras
Aparições de Nossa Senhora,
a começar por esta, de Fátima,
no seu conteúdo já conhecido»? É
que nesta visão do “Bispo
vestido de Branco” não existe
nada que repita o que tem vindo
a ser dito em muitas outras
Aparições Marianas - porque,
nesta visão, a Virgem Santa
Maria não diz absolutamente
nada. Ora, se o Cardeal
Ratzinger/versão 2000 vem dizer
que o “Bispo vestido de Branco”
era o Papa João Paulo II
escapando à morte, em 1981,
então porque é que o Cardeal
Ratzinger não o revelou em 1984,
declarando assim que o Terceiro
Segredo fora totalmente
cumprido?
A conclusão incontornável
a que chegaram muitos bons e
fiéis católicos foi a de que
tinha de existir um outro
documento que permitisse
continuar para além da visão.
Possivelmente, o ponto mais alto
a que chegou o embaraço do
Vaticano a este respeito terá
sido em 16 de Maio de 2001 -
cerca de um ano após a
conferência de imprensa “Fátima
acabou” -, quando a Madre
Angélica, acérrima e mediática
defensora do aparelho de estado
do Vaticano, expressou o
sentimento comum de milhões de
Católicos ao afirmar, no seu
programa televisivo em directo:
Com respeito ao
Segredo, acontece que eu sou
uma daquelas pessoas que
pensam que não nos foi
revelado na totalidade.
Já lhes digo! Claro que cada
um tem o direito à sua
própria opinião, não é,
Senhor Padre? Pois esta é a
minha opinião. É que eu
acho que [o Terceiro
Segredo] é assustador.
E penso que a Santa Sé não
iria anunciar qualquer coisa
de que não há a certeza que
aconteça, mas que talvez vá
acontecer. Então, que fará
[a Santa Sé] se tal não se
realizar? O que eu quero
dizer é que a Santa Sé não
possui, em si mesma, os
meios que lhe permitam fazer
profecias1.
A interrogação com que
nos deparamos neste Capítulo -
interrogação que é lançada por
tantos Católicos como o foi pela
Madre Angélica - é a seguinte:
se o Terceiro Segredo de Fátima
está totalmente contido num
único documento (aquele que foi
tornado público em Junho de
2000), ou se é composto por dois
documentos: a descrição da
visão, publicada em Junho de
2000, e ainda um outro texto em
separado, onde estão as palavras
de Nossa Senhora que explicam a
visão - palavras essas que,
provavelmente, viriam
imediatamente a seguir à frase
que aparece na Quarta
Memória da Irmã Lúcia: «Em
Portugal se conservará sempre o
dogma da Fé etc.»
Cresce a convicção de
que, de facto, existem dois
documentos contendo o Terceiro
Segredo. Mas que provas temos
para apoiar a existência de um
segundo documento?
Como fizemos notar no
Capítulo 4, a existência de dois
documentos - um deles que é uma
carta, escrita numa só folha de
papel e selada num envelope, e
outro documento contido num
livrinho de apontamentos que a
Irmã Lúcia acrescentou a esse
envelope - é sugerida com toda a
clareza pelo depoimento de
várias testemunhas credíveis,
incluindo a própria Irmã Lúcia.
Pode encontrar-se uma discussão
mais pormenorizada destes
depoimentos no livro de Frère
Michel, The Whole Truth
About Fatima - Volume III:
The Third Secret. Os
20.000 exemplares da edição
francesa do Volume III foram
publicados em 1985 e 1986
(depois de mais de 4 anos de
pesquisas), e 50.000 exemplares
da edição inglesa foram
publicados em 1990. Tanto quanto
sabemos, nunca este livro foi
questionado - nem quanto à sua
autenticidade nem quanto à
integridade das investigações
que para ele foram feitas. Só
este Volume III tem mais de
1.150 notas de rodapé, citando
numerosos documentos,
testemunhas e depoimentos. Do
mesmo modo, também, nunca as
fontes de Frère Michel nem os
seus testemunhos pessoais foram
questionados. Consequentemente,
pode também considerar-se Frère
Michel - ele próprio - como uma
testemunha válida e fidedigna2.
É agora a nossa tarefa
demonstrar ao leitor, a partir
das evidências disponíveis -
algumas das quais fomos deixando
de lado nos Capítulos anteriores
-, que existem realmente dois
manuscritos originais, do punho
da Irmã Lúcia e pertencentes ao
Terceiro Segredo e que ambos os
documentos - de um ou de outro
modo - seguiram caminho até ao
Vaticano. Recordamos aqui o que
a Irmã Lúcia escrevia ao Bispo
D. José Correia da Silva, em 9
de Janeiro de 1944:
Já escrevi o que me
mandou; Deus quis provar-me
um pouco (,) mas afinal era
essa a sua vontade: Está
lacrada [a parte que me
falta do segredo] dentro dum
envelope e este [o envelope
fechado] dentro dos cadernos
(…)3
Um exame ao texto
original português revela que
aquilo que a Irmã Lúcia quer
dizer é que o Segredo
propriamente dito está no
envelope; e que o envelope está
dentro de um dos seus livrinhos
de apontamentos - tudo entregue
a D. Manuel Maria Ferreira da
Silva, Arcebispo de Gurza, para
o levar em mão a D. José Correia
da Silva, Bispo de Leiria
(Diocese a que pertencia
Fátima). Como muito bem afirma
Frère Michel:
A vidente entregou
discretamente ao Bispo de
Gurza o livro de
apontamentos em que
tinha colocado o
envelope contendo o
Segredo. Nessa mesma tarde,
o Bispo entregou o envelope
nas mãos do Senhor Bispo [D.
José Correia] da Silva…4
Mas o que terá acontecido
ao caderno de apontamentos?
Contém, certamente, textos
relevantes sobre o Terceiro
Segredo - por qual outra razão
teria a Irmã Lúcia confiado o
envelope selado e o caderninho
ao Senhor Bispo de Leiria?
O Quadro seguinte
sintetiza onze factos diferentes
que apontam para a existência de
dois manuscritos do Terceiro
Segredo de Fátima: um, dentro do
envelope, contendo as palavras
de Nossa Senhora; outro,
[manuscrito e assente] no
próprio caderninho, contendo
provavelmente a visão do “Bispo
vestido de Branco” - essa mesma
que foi revelada a 26 de Junho
de 2000. Examinaremos esses
factos nas secções que se
seguem. No entanto, é nosso
dever alertar, logo de início,
para o facto de não se dever pôr
de lado a possibilidade de que o
texto do envelope se tenha
extraviado ou sido destruído, e
que, por qualquer dessas razões,
nunca chegue a ser dado a
público.
Facto Nº 1: Documentação
probatória para o facto Nº 1
O Texto Nº 1 contém as palavras
de Nossa Senhora
Já no Capítulo 4
referimos que o Vaticano
divulgara, em 8 de Fevereiro de
1960, um comunicado da [então
existente] Agência Noticiosa
portuguesa ANI (em Roma), no
qual se admite que o texto do
Terceiro Segredo - referido como
Texto nº 1 no Quadro - contém as
autênticas palavras de Nossa
Senhora:
Acaba de ser
declarado em círculos
altamente fidedignos do
Vaticano que é muito
possível que nunca venha a
ser aberta a carta em que a
Irmã Lúcia escreveu as
palavras que Nossa Senhora
confiou aos três
pastorinhos, como
segredo, na Cova da
Iria.5
Temos ainda o testemunho
pessoal da Irmã Lúcia, de que o
Terceiro Segredo contém as
próprias palavras de Nossa
Senhora, e não apenas uma visão
sem diálogo. É Frère Michel quem
relata:
(…) na sua terceira
Memória, escrita em
Julho-Agosto de 1941, a Irmã
Lúcia limitou-se a mencionar
a existência de uma terceira
parte do Segredo, sem dizer
então nada mais sobre isso.
Alguns meses mais tarde, na
sua quarta Memória, escrita
entre Outubro e Dezembro de
1941, resolveu dizer mais.
Recopiou quase palavra por
palavra o texto da terceira
Memória, mas acrescentou a
seguir às palavras finais
(“e será concedido ao Mundo
algum tempo de paz”) a nova
frase: “Em Portugal se
conservará sempre o dogma da
Fé etc.”6
Ora esta frase - «Em
Portugal se conservará sempre o
dogma da Fé etc.» - é uma frase
de Nossa Senhora. E Frère Michel
acrescenta:
De facto, em 1943,
quando o Bispo [D. José] da
Silva lhe pediu que
escrevesse o texto [do
Terceiro Segredo] e ela
encontrou obstáculos
inultrapassáveis ao
cumprimento dessa ordem,
declarou que não era
absolutamente necessário que
o fizesse,
“visto que, de certa
maneira, já o tinha dito”7.
Sem dúvida a Irmã Lúcia
estava a aludir às dez
palavras que discretamente
tinha acrescentado, em
Dezembro de 1941, ao texto
do grande Segredo - mas que
tinha acrescentado tão
discretamente que quase
ninguém reparou nelas.8
É muito revelador que
estas palavras tão discretamente
acrescentadas - «Em Portugal se
conservará sempre o dogma da Fé
etc.» - tenham sido as únicas
que AMF tenta
escamotear, relegando-as para
uma nota de rodapé, como se
fossem inconsequentes, e
apoiando-se, para a
‘reconstituição’ do texto do
Terceiro Segredo, apenas na
Terceira Memória - que não
contém essas palavras
acrescentadas.
E por ser este um facto
tão indiciador é que repetimos a
pergunta que já antes fizemos:
-Por que razão o Cardeal Sodano,
o Cardeal Ratzinger e Mons.
Bertone teriam escolhido a
Terceira Memória, quando a
Quarta Memória oferecia um texto
mais completo da Mensagem de
Fátima? A resposta -
limpidamente percebida - é que a
razão que os levou a escolherem
a Terceira Memória foi a de
evitar qualquer discussão sobre
a importantíssima frase «Em
Portugal se conservará sempre o
dogma da Fé etc.» Com este
expediente conseguiram contornar
habilmente a indicação óbvia de
que a Mensagem de Fátima inclui
outras palavras da Santíssima
Virgem - o que está incluído
naquele «etc.» - e que, embora
não tendo sido reveladas,
pertencem necessariamente ao
Terceiro Segredo. Se assim não
fosse, Sodano/Ratzinger/Bertone
não teriam feito transparecer
uma tal aversão a esta frase:
muito simplesmente, teriam usado
a Quarta Memória (que a inclui)
na discussão de AMF
sobre as duas primeiras partes
do Grande Segredo de Fátima.
Daqui só pode concluir-se que
esta frase, a que se mostraram
tão adversos, é verdadeiramente
a “chave” do Terceiro Segredo de
Fátima e que eles não queriam
que os Fiéis, pelo Mundo fora,
reparassem que existia esta
“chave” - pois isso levantaria
demasiadas perguntas acerca do
que estaria por detrás dela.
O resto do Segredo,
indicado pelo “etc.”, não vem
registado na Quarta Memória, mas
sim num texto posterior - o
texto do Terceiro Segredo que
nos falta, e que explica a visão
do “Bispo vestido de Branco”.
Mas a verdade é que os
autores de AMF
negligenciaram o facto de,
imediatamente depois de «Em
Portugal se conservará sempre o
dogma da fé etc.», encontrarmos,
na Quarta Memória, o seguinte: «Isto
não o digais a ninguém. Ao
Francisco, sim, podeis dizê-lo.»
Ora, se a expressão “isto” se
referisse apenas ao facto de a
Fé se conservar sempre em
Portugal, custa a crer que Nossa
Senhora dissesse aos videntes
que escondessem do povo
português este elogio do Céu.
Pelo contrário, “isto” envolve
claramente uma referência ao
motivo pelo qual o dogma da Fé
não se conservará
sempre em outros lugares - em
muitos outros lugares.
E foi precisamente esta
conclusão que os autores de
AMF tentaram esconder,
deslocando a frase-chave para
uma nota de rodapé.
Como focámos no Capítulo
4, estas dez palavras - «Em
Portugal se conservará sempre o
dogma da fé etc.» - introduzem
um pensamento novo, mas
incompleto, no Segredo de
Fátima. O que esta frase sugere,
como concluíram muitos
estudiosos bem conceituados da
Mensagem de Fátima, é que há
mais qualquer coisa que se lhe
segue e que aquele “etc.” não é
senão um modo de indicar onde
deverá encaixar-se a terceira
parte do Segredo. Todavia, o
manuscrito do Terceiro Segredo
publicado pelo Vaticano em
AMF, em Junho de 2000
(veja-se o texto nº 2 do Quadro
da página 151), não contém
quaisquer palavras de Nossa
Senhora: apenas descreve a visão
do Segredo que os três
pastorinhos de Fátima viram
então. Este texto não explica a
nova frase aduzida na Quarta
Memória nem dá a conhecer as
palavras contidas no interior
daquele “etc.”
Seria possível que as
palavras pronunciadas por Nossa
Senhora - a Mãe de Deus em
pessoa -, terminassem por um
“etc.”? Certamente que não.
Existe sem dúvida mais texto
depois do “etc.”. Então, onde
está esse texto?
O
que se pode concluir sobre o
Facto Nº 1
Estes factos demonstram
que deve haver dois documentos:
um deles, contendo as palavras
de Nossa Senhora; o outro,
contendo a visão das três
crianças, mas sem quaisquer
palavras atribuídas a Nossa
Senhora.
Facto Nº 2: Documentação
probatória para o facto Nº 2
Diferentes datas de
transferência dos textos
Frère François
informa-nos sobre quando o texto
do Terceiro Segredo foi
transferido para o Santo Ofício
(hoje chamado Congregação para a
Doutrina da Fé):
Chegado ao Vaticano
em 16 de Abril de 1957, o
Segredo foi certamente
colocado pelo Papa Pio XII
na sua secretária pessoal,
numa caixinha de madeira com
a inscrição Secretum
Sancti Officii (Segredo do
Santo Ofício)9.
É importante recordar
aqui o que já antes mencionámos:
que o Papa era a entidade máxima
do Santo Ofício antes da
reorganização da Cúria Romana,
feita em 1967 pelo Papa Paulo
VI. Era, portanto, perfeitamente
apropriado que o Papa mantivesse
o Terceiro Segredo na sua posse,
e que a caixa que o continha
fosse designada como “Segredo do
Santo Ofício”. Estando o Papa à
frente do Santo Ofício, essa
caixa ficava integrada nos
arquivos do Santo Ofício.
Contudo, o comentário do
Vaticano afirma que o manuscrito
original do Terceiro Segredo, do
punho da Irmã Lúcia, foi
transferido para o Santo Ofício
em 4 de Abril de 1957. Além
disso, o Arcebispo Tarcisio
Bertone, Secretário da
Congregação para a Doutrina da
Fé, declara:
O envelope selado foi
guardado primeiramente pelo
Bispo de Leiria. Para se
tutelar melhor o ‘segredo’,
no dia 4 de Abril de 1957 o
envelope foi entregue ao
Arquivo Secreto do Santo
Ofício10.
O
que se pode concluir sobre o
Facto Nº 2
Esta diferença de datas
apoia a conclusão de que há dois
documentos: o documento que
continha a visão foi transferido
para o Arquivo Secreto do Santo
Ofício em 4 de Abril de 1957; e
o outro documento, o que
continha as palavras de Nossa
Senhora de Fátima, foi
transferido para os aposentos do
Papa (que podem considerar-se
parte do Santo Ofício) em 16 de
Abril de 1957.
Facto Nº 3: Documentação
probatória para o facto Nº 3
O Texto Nº 1 é uma única folha
de papel
Como demonstrámos no
Capítulo 4, em 1967, o Cardeal
Ottaviani - que então era
Prefeito da Congregação para a
Doutrina da Fé - declarou que
tinha lido o Terceiro Segredo e
que este estava escrito numa
única folha de papel. Ele
próprio testemunhou este facto
numa conferência de imprensa em
11 de Fevereiro de 1967, durante
um Encontro da Academia
Pontifícia Mariana em Roma:
E então, o que fez
ela [Lúcia] para obedecer à
Santíssima Virgem? Escreveu
numa folha de papel,
em português, o que a Santa
Virgem lhe pedira
que dissesse (...)11.
O mesmo Cardeal Ottaviani
testemunhou este facto; e, na
mesma conferência de imprensa,
acrescentou:
Eu, que tive a graça
e o dom de ler o texto do
Segredo - embora também
esteja obrigado a mantê-lo
secreto, por tal me ser
imposto pelo Segredo (…)12.
Repare-se bem, o Cardeal
Ottaviani leu o Terceiro
Segredo; e foi o mesmo Cardeal
Ottaviani quem disse mais tarde
que ele estava escrito numa
única folha de papel. No
entanto, o texto da visão
publicitado pelo Vaticano a 26
de Junho de 2000 ocupa
várias folhas. Ora, se o
Terceiro Segredo contido no
envelope selado - o único que o
Cardeal Ottaviani leu - tivesse
várias folhas de texto, ele
haveria de o ter dito.
Em modo de corroboração,
o Padre Alonso refere-se a que
tanto a Irmã Lúcia como o
Cardeal Ottaviani confirmaram
que o Segredo estava escrito
numa só folha de papel:
A Lúcia diz-nos que o
escreveu numa folha de
papel. O Cardeal
Ottaviani, que o leu,
diz-nos a mesma coisa: “Ela
escreveu-o numa folha de
papel (...)”13.
Temos também o testemunho
de D. João Venâncio, então Bispo
Auxiliar de Leiria, sobre ter
sido encarregado, em meados de
Março de 1957, pelo Bispo D.
José da Silva (Bispo de Leiria,
Diocese a que pertencia Fátima),
de levar exemplares de todos os
escritos da Irmã Lúcia -
incluindo o original do Terceiro
Segredo - ao Núncio Apostólico
em Lisboa, para serem enviados a
Roma. Ora, antes de entregar os
escritos de Lúcia ao Núncio
Apostólico, D. João Venâncio
observou a contra-luz o envelope
que continha o Terceiro Segredo,
e viu que o Segredo estava
«escrito numa pequena folha
de papel»14. Foi
Frère Michel uma testemunha em
primeira mão dessa afirmação
altamente probatória:
Todavia, graças às
revelações do Bispo [D.
João] Venâncio, na altura
Bispo Auxiliar de Leiria e
intimamente envolvido nestes
acontecimentos, estamos hoje
na posse de muitos factos
fidedignos que nós teremos
cuidado em não esquecer.
Eu próprio os recebi da boca
do Bispo [D. João] Venâncio
em 13 de Fevereiro de 1984,
em Fátima. A este propósito,
o antigo Bispo de Fátima
repetiu-me, quase palavra
por palavra, o que já
dissera antes ao Padre
Caillon, que disso deu um
relato muito pormenorizado
nas suas conferências15.
Eis o testemunho de D.
João Venâncio, segundo Frère
Michel:
O Bispo [D. João]
Venâncio contou que, logo
que se viu sòzinho, pegou no
envelope grande do Segredo e
tentou ver o seu conteúdo à
transparência. Dentro do
envelope grande do Bispo
vislumbrou um envelope mais
pequeno, o da Lúcia, e
dentro deste envelope
uma folha de papel vulgar,
com margens, de cada lado,
de uns três quartos de
centímetro. Teve o cuidado
de anotar o tamanho de tudo.
Logo, o último Segredo de
Fátima foi escrito numa
pequena folha de papel16.
Ora o manuscrito do
Terceiro Segredo que o Vaticano
divulga em Junho de 2000 está
escrito em quatro folhas de
papel. Logo, há aqui qualquer
coisa gravemente desconexa.
O
que se pode concluir sobre o
Facto Nº 3
Uma vez mais, as
evidências apontam para a
existência de dois documentos:
um deles que consiste numa só
folha de papel, e outro que
consiste em quatro folhas de
papel.
Facto Nº 4: Documentação
probatória para o facto Nº 4
O Texto Nº 1 compõe-se de 25
linhas manuscritas
Para além das já citadas
provas de apoio ao Facto Nº 3 -
acerca de o Terceiro Segredo
estar escrito em apenas uma
folha de papel -, tanto Frère
Michel como Frère François estão
de acordo ao afirmar que o texto
do Terceiro Segredo contém
apenas entre 20 a 30 linhas:
(…) temos a mesma
certeza de que as vinte ou
trinta linhas do terceiro
Segredo (…)17
O último Segredo de
Fátima, escrito numa pequena
folha de papel, não é,
portanto, muito longo.
Provavelmente vinte ou vinte
e cinco linhas (…)18
O Bispo [D. João]
Venâncio olhou para o
envelope [contendo o
Terceiro Segredo] que
segurava contra a luz. Pôde
ver dentro dele uma pequena
folha, cujo tamanho exacto
mediu. Sabemos assim que o
Terceiro Segredo não é muito
longo, provavelmente 20 a 25
linhas (…)19.
Por outro lado, o
manuscrito do Terceiro Segredo
divulgado pelo Vaticano em Junho
de 2000 contém 62 linhas de
texto manuscrito. E de novo
encontramos qualquer coisa
gravemente desconexa.
O
que se pode concluir sobre o
Facto Nº 4
Esta discrepância
demonstra que há realmente dois
documentos: um, de 20 a 30
linhas de texto numa só folha de
papel; e outro, com 62 linhas de
texto em quatro folhas de papel.
Facto Nº 5: Documentação
probatória para o facto Nº 5
O Texto Nº 1 não estava pronto a
3 de Janeiro de 1944
Tal como mostrámos no
Capítulo 4, a primeira vez que
Lúcia tentou escrever o texto do
Terceiro Segredo foi em Outubro
de 1943. De meados desse mês até
inícios de Janeiro de 1944, uma
angústia inexprimível impediu
Lúcia de obedecer a uma ordem
formal para escrever o Terceiro
Segredo.
Repare-se ainda no facto
de esta ordem (de registar por
escrito o Segredo) ter surgido
depois que a Irmã Lúcia adoeceu
com pleurisia, em Junho de 1943
- o que levou o Cónego Galamba
de Oliveira e o Bispo D. José da
Silva a temerem que ela pudesse
morrer sem ter revelado a parte
final do Grande Segredo de
Fátima. Foi o Cónego Galamba de
Oliveira que acabou por
convencer D. José da Silva a
sugerir à Irmã Lúcia que
escrevesse o Terceiro Segredo -
coisa a que a Irmã Lúcia só
anuiu depois de para tal ter
recebido uma ordem formal do seu
Bispo, dada finalmente em meados
de Outubro de 1943.
Mesmo então, e durante
mais dois meses e meio, a Irmã
Lúcia viu-se incapaz de obedecer
a essa ordem, até que, a 2 de
Janeiro de 1944, a Santíssima
Virgem Maria lhe apareceu,
confirmando-lhe ser da vontade
de Deus que ela passasse a
escrito o Segredo. Só então,
sentindo-se capaz de ultrapassar
o seu receio e angústia, é que
Lúcia escreveu o Segredo20.
Mas foi só a 9 de Janeiro de
1944 que a Irmã Lúcia escreveu a
seguinte nota a D. José da
Silva, informando-o de que o
Segredo estava finalmente
escrito:
Já escrevi o que me
mandou; Deus quis provar-me
um pouco, mas afinal era
essa a sua vontade: Está
lacrada [a parte que me
falta do segredo] dentro dum
envelope e este [o envelope]
dentro dos cadernos…21
Todavia, o manuscrito do
Terceiro Segredo apresentado
pelo Vaticano estava já
concluído a 3 de Janeiro de 1944
- a avaliar pela data que
aparece no fim do documento de
quatro páginas, manuscrito pela
Irmã Lúcia22. Além
dessa prova, é o Arcebispo
Bertone quem afirma:
A terceira parte do
«segredo» foi escrita «por
ordem de Sua Exª Revma
o Senhor Bispo de Leiria e
da (…) Mãe Santíssima», no
dia 3 de Janeiro de 194423.
O
que se pode concluir sobre o
Facto Nº 5
Considerando que a Irmã
Lúcia escreveu, por fim, o
Segredo - mas só depois de uma
aparição da Mãe Santíssima -,
porque não teria ela informado o
Bispo D. José da Silva
imediatamente após a conclusão
do documento, se a Mãe de Deus
lhe assegurara ser da vontade de
Deus que ela o desse a conhecer?
Por que razão a Irmã Lúcia,
exercitada que é na santa
Obediência, teria esperado
mais seis dias, já depois
de ter obedecido à ordem
celeste de escrever o
Terceiro Segredo - de 3 a 9 de
Janeiro -, antes de informar o
seu Bispo? Daqui poderemos
concluir que o texto do Terceiro
Segredo não estava totalmente
pronto antes de 9 de Janeiro de
1944, ou um pouco antes dessa
data.
Uma tal diferença de
datas vai acrescer fundamento à
ideia da existência de dois
documentos: um, completado a 3
de Janeiro de 1944, contendo a
visão; o outro, com as palavras
de Nossa Senhora que explicam
essa visão, completado a 9 de
Janeiro de 1944 - ou um pouco
antes, mas muito perto desse
dia.
Claro que uma conclusão
deste tipo tem de depender de
provas circunstanciais. Mas os
estudiosos de Fátima vêem-se na
necessidade de se apoiarem neste
outro tipo de evidências, uma
vez que o establishment
anti-Fátima bloqueou, a partir
de 1976, a publicação das obras
do Padre Joaquín Alonso - 24
volumes que reúnem mais de 5 mil
documentos - resultado dos seus
11 anos de pesquisas efectuadas
até então. Como já referimos, o
Padre Alonso foi o arquivista
oficial de Fátima durante
dezasseis anos.
Todas as restantes
conclusões a que chegámos neste
Capítulo - à excepção, talvez,
da que se refere ao Facto Nº 11
- não dependem de provas
circunstanciais.
Facto Nº 6:
Documentação probatória para o
facto Nº 6
Discrepância quanto à data em
que o Papa leu o Segredo pela
primeira vez
Em 1 de Julho de 2000,
The Washington Post
noticiava que as autoridades do
Vaticano tinham apresentado
recentemente datas
contraditórias sobre quando o
Papa João Paulo II teria lido o
Terceiro Segredo pela primeira
vez:
A 13 de Maio, o
porta-voz do Vaticano
Joaquín Navarro-Valls disse
que o Papa tinha lido o
Segredo pela primeira vez
dias depois de subir ao
papado em 1978. Na
segunda-feira, um assessor
do Cardeal Joseph Ratzinger,
Prefeito da Congregação do
Vaticano para a Doutrina da
Fé, disse que o Papa o
viu pela primeira vez no
hospital depois do
atentado24.
Um artigo do The New
York Times de 26 de Junho
de 2000 identificava esse
assessor do Cardeal Ratzinger:
João Paulo II leu
pela primeira vez o texto
do terceiro segredo de
Fátima depois do
atentado”, disse aos
jornalistas Monsenhor
Tarcisio Bertone, um dos
principais assessores de
Ratzinger, durante uma
conferência de imprensa para
apresentação do documento25.
Neste último caso, e
segundo comentário proveniente
do Vaticano, o Papa João Paulo
II não teria lido o conteúdo do
Terceiro Segredo até 18 de Julho
de 1981. É o Arcebispo Bertone
quem nos diz:
João Paulo II, por
sua vez, pediu o envelope
com a terceira parte do
«segredo», após o atentado
de 13 de Maio de 1981. Sua
Eminência o Cardeal Franjo
Seper, Prefeito da
Congregação, a 18 de Julho
de 1981 entregou a Sua Ex.cia
Rev.ma D. Eduardo
Martínez Somalo, Substituto
da Secretaria de Estado,
dois envelopes: um branco,
com o texto original da Irmã
Lúcia em língua portuguesa;
outro cor-de-laranja, com a
tradução do «segredo» em
língua italiana. No dia 11
de Agosto seguinte, o Senhor
D. Martínez Somalo devolveu
os dois envelopes aos
Arquivo do Santo Ofício26.
O
que se pode concluir sobre o
Facto Nº 6
Ambas as declarações são
verdadeiras e podem conciliar-se
se houver dois documentos: em
1978 o Papa leu o documento de
uma só página, inicialmente
selado num envelope e contendo
as palavras de Nossa Senhora; em
18 de Julho de 1981, Sua
Santidade leu o outro documento,
de 4 páginas, que descrevia a
visão do “Bispo vestido de
Branco”.
Facto Nº 7:
Documentação probatória para o
facto Nº 7
O Texto Nº 1 inspirou o Papa a
consagrar o Mundo
Imediatamente a seguir à
sua declaração citada como
probatória do Facto Nº 6 - «João
Paulo II leu pela primeira
vez o texto do terceiro
segredo de Fátima depois do
atentado» -, o Arcebispo
Bertone continua nos seguintes
termos:
Como é sabido, o Papa
João Paulo II pensou
imediatamente na consagração
do Mundo ao Imaculado
Coração de Maria e compôs
ele mesmo uma oração para o
designado «Acto de Entrega»,
que seria celebrado na
Basílica de Santa Maria
Maior a 7 de Junho de 1981
(…)27.
O
que se pode concluir sobre o
Facto Nº 7
Como poderia o Papa João
Paulo II ter sido levado pelo
Terceiro Segredo a consagrar o
Mundo ao Imaculado Coração de
Maria em 7 de Junho de 1981,
se - segundo o Arcebispo Bertone
- o Papa só teria lido o
Terceiro Segredo a 18 de
Julho de 1981, ou seja,
seis semanas mais tarde?
Mais uma vez, ambas as
afirmações podem ser facilmente
conciliáveis desde que haja dois
documentos: em 1978, o Papa leu
o documento de uma só página
contendo as palavras de Nossa
Senhora - texto esse que o moveu
a fazer a Consagração do Mundo,
a 7 de Junho de 1981;
posteriormente (a 18 de
Julho/1981) leu o outro
documento, de 4 páginas e
descrevendo a visão do “Bispo
vestido de Branco”. E, como já
evidenciámos no Capítulo 6, as
próprias afirmações do Papa João
Paulo II dão a entender que ele
encarava estes actos de
Consagração do Mundo como uma
“preparação do terreno” para o
momento em que ele se sentisse
finalmente livre para fazer a
Consagração da Rússia.
Facto Nº 8: Documentação
probatória para o facto Nº 8
O Texto Nº 1 é uma carta
É a própria Irmã Lúcia
que nos diz que o Terceiro
Segredo foi escrito como uma
carta. Temos sobre isso o
depoimento escrito do Padre
Jongen, que interrogou a Irmã
Lúcia a 3 e 4 de Fevereiro de
1946:
“A Irmã já revelou
duas partes do Segredo.
Quando chegará a altura da
terceira parte?” Ao que ela
respondeu: “Comuniquei a
terceira parte numa
carta ao Bispo de
Leiria”28.
E, segundo testemunha o
Cónego Galamba de Oliveira,
Quando o Bispo se
recusou a abrir a carta,
Lúcia fê-lo prometer que
esta seria definitivamente
aberta e lida ao Mundo ou
por altura da sua morte ou
em 1960, conforme o que
sucedesse primeiro29.
Em Fevereiro de 1960, o
Cardeal Patriarca de Lisboa
declarou:
O Bispo D. José da
Silva meteu (o envelope
fechado por Lúcia) noutro
envelope, no qual escreveu
que a carta devia
ser aberta em 1960 por ele,
D. José Correia da Silva, se
ainda fosse vivo, ou, em
caso contrário, pelo Cardeal
Patriarca de Lisboa30.
E o Padre Alonso diz-nos:
Outros Bispos também
falaram - e com autoridade -
sobre o ano de 1960 como
sendo a data indicada para
abrir a famosa carta.
Assim, quando o então Bispo
titular de Tiava e Bispo
Auxiliar de Lisboa perguntou
à Lúcia quando deveria ser
aberto o Segredo, recebeu
sempre a mesma resposta: em
196031.
Em 1959, o novo Bispo de
Leiria, D. João Venâncio,
declarou:
Penso que a carta
não será aberta antes de
1960. A Irmã Lúcia pediu que
não fosse aberta antes da
sua morte, ou antes de 1960.
Estamos agora em 1959 e a
Irmã Lúcia está de boa saúde32.
Por fim, até o comunicado
do Vaticano de 8 de Fevereiro de
1960 (divulgado pela agência
noticiosa portuguesa ANI) nos
diz igualmente que o texto do
Terceiro Segredo foi escrito
como uma carta:
(…) é muito possível
que nunca venha a ser aberta
a carta em que a
Irmã Lúcia escreveu as
palavras que Nossa Senhora
confiou aos três
pastorinhos, como segredo
(…)33.
Ora, no comentário
emanado do Vaticano, o texto que
descreve a visão do Terceiro
Segredo foi também referido como
sendo uma carta. Contudo, é
evidente que tal texto não é
uma carta, visto que:
-
está datado no fim - apesar
de, segundo é costume em
Portugal desde o século
XVIII, as cartas serem
normalmente datadas no
princípio, e não no fim;
Cópias de cartas escritas
pela Irmã Lúcia têm sido
incluídas nas suas Memórias até
hoje publicadas - ora todas
essas cartas têm um
destinatário, uma data e a sua
assinatura.
Consequentemente, podemos
deduzir que aquele documento de
uma só página que ficou
totalmente pronto em 9 de
Janeiro de 1944 é uma carta,
dirigida a alguém (a Irmã Lúcia
disse ao Padre Jongen, em
Fevereiro de 1946, que a mandara
ao Bispo de Leiria), e que está
assinada pela Irmã Lúcia.
Neste ponto, é importante
reparar que lhe fora proposto
escrever o Terceiro Segredo ou
em forma de carta ou no seu
caderno de apontamentos, e que
ela decidiu escrevê-lo como uma
carta. Segundo o Padre Alonso, a
Irmã Lúcia escrevia a D. José
Correia da Silva, a 9 de Janeiro
de 1944:
Já escrevi o que me
mandou; Deus quis provar-me
um pouco (,) mas afinal era
essa a sua vontade: Está
lacrada [a parte que me
falta do segredo] dentro dum
envelope e este dentro dos
cadernos …34
E novamente chamamos a
atenção, como o fizemos acima,
para Frère Michel que, em 17 de
Junho de 1944, relata:
A vidente entregou
discretamente ao Bispo de
Gurza o livro de
apontamentos em que tinha
colocado o envelope contendo
o Segredo. Nessa mesma
tarde, o Bispo entregou o
envelope, em mão, ao Bispo
[D. José Correia] da Silva
(…)35.
O
que se pode concluir sobre o
Facto Nº 8
As evidências sustentam
esta conclusão, altamente
provável: de que há dois
documentos - o texto do Terceiro
Segredo contendo as palavras de
Nossa Senhora, em forma de uma
carta de uma só página;
e quatro páginas de texto
extraídas desse caderno de
apontamentos.
Mais ainda: como fizemos
notar, o texto da visão está
datado de 3 de Janeiro de 1944,
ao passo que a carta da Irmã
Lúcia ao Bispo de Leiria
[diocese a que pertence Fátima]
onde esta afirmava «Já escrevi o
que me mandou; Deus quis
provar-me um pouco (,) mas
afinal era essa a sua vontade:
Está lacrada [a parte que me
falta do segredo] dentro dum
envelope e este dentro dos
cadernos (…)», tem a data de 9
de Janeiro de 1944. É
perfeitamente possível que os
cadernos de apontamentos da Irmã
Lúcia contenham um número
considerável de outros elementos
pertencentes ao Terceiro Segredo
e que ela terá escrito entre 3 e
9 de Janeiro de 1944. Esses
outros elementos, podendo embora
ser aspectos menores
relacionados com o Segredo, vão
conduzir à revelação final da
parte mais assustadora do
Terceiro Segredo, datado de 9 de
Janeiro de 1944 - nomeadamente,
a explicação do Segredo nas
próprias palavras da Santíssima
Virgem. Evocamos aqui também o
testemunho do Padre Schweigl, de
que há realmente duas partes do
Segredo: uma que diz respeito ao
Papa; e outra que consiste na
conclusão das palavras
«Em Portugal se conservará
sempre o dogma da Fé etc.»
Nesta conexão de
elementos, é importante lembrar
que foi proposta à Irmã Lúcia a
possibilidade de escrever ou nos
seus cadernos de apontamentos ou
numa folha de papel. Comprovado
fica, pois, ter ela usado do
direito de se servir de ambas as
possibilidades. Se assim não
fosse, por que outra razão teria
entregue ao Bispo de Gurza
tanto um envelope selado
como um caderno de
apontamentos, para serem
entregues ao Bispo de Leiria?
E, neste caso, não será
perfeitamente provável que
aquela visão, um tanto obscura -
uma parte “menos alarmante” do
Terceiro Segredo -, estivesse
escrita nos apontamentos,
enquanto a explanação concreta
da visão, nas próprias palavras
da Virgem Maria - e cujo impacto
seria bastante aterrador - teria
de estar selada dentro do
envelope que a Irmã Lúcia
colocou dentro do
caderno de apontamentos? Parece
não haver outra explicação
plausível para a Irmã Lúcia, em
resposta à ordem do Bispo que
lhe mandava escrevesse o
Terceiro Segredo, lhe fornecer
dois items: um envelope
selado e um caderno de
apontamentos.
Em suma: a visão do
“Bispo vestido de Branco”, cujo
texto ocupa quatro folhas de
papel, está contida no caderno
de apontamentos; já a explicação
- na tal única folha de papel
que numerosas testemunhas
atestaram existir - estava
selada no envelope. Por isso
é que o caderno de apontamentos
acompanhava o envelope selado.
Consequentemente, as
quatro páginas de texto
reveladas pelo Vaticano em 26 de
Junho de 2000 são, muito
possivelmente, a parte do
Terceiro Segredo que fala da
visão e que se encontrava
no caderninho de apontamentos; e
não, evidentemente,
o texto da carta de uma só
página que estava selada no
envelope.
Facto Nº 9: Documentação
probatória para o facto Nº 9
O Texto Nº 1 foi guardado nos
aposentos papais
Frère Michel refere-se ao
testemunho do jornalista Robert
Serrou que, quando estava a
fazer uma reportagem fotográfica
no Vaticano a 14 de Maio de 195736
- cerca de um mês depois de o
Terceiro Segredo ter chegado a
Roma, em 16 de Abril de 1957 -,
descobriu que o Terceiro Segredo
estava guardado nos aposentos do
Papa, à sua cabeceira. Diz-nos
Frère Michel:
(…) sabemos hoje que
o precioso envelope enviado
para Roma por Monsenhor
Cento não foi colocado no
arquivo do Santo Ofício, mas
que Pio XII quis guardá-lo
nos seus próprios aposentos.
O Padre Caillon
obteve esta informação da
boca do jornalista Robert
Serrou que, por sua vez, a
obteve da Madre Pasqualina
do seguinte modo: estava
Robert Serrou a fazer uma
reportagem fotográfica para
o Paris-Match nos
aposentos de Pio XII. A
Madre Pasqualina - senhora
de um enorme bom-senso que
dirigia as várias Irmãs que
serviam de governantas do
Papa e que, por vezes,
recebia as suas confidências
- estava presente.
Perante um cofrezinho
de madeira colocado sobre
uma mesa e tendo a inscrição
‘Secretum Sancti Officii’
(Segredo do Santo Ofício), o
jornalista perguntou à
Madre: “Madre, o que está
neste cofrezinho?” Ela
respondeu: “Está ali o
terceiro Segredo de Fátima…”
A fotografia deste
cofre - que aqui
reproduzimos - foi publicada
no Paris-Match um
ano e meio mais tarde (…)37
A fotografia deste cofre,
publicada na pág. 82 do N.º 497
do Paris-Match (de 18
de Outubro de 1958), é aqui
reproduzida. Os pormenores do
testemunho de Serrou foram mais
tarde confirmados em carta por
ele escrita a Frère Michel, em
10 de Janeiro de 1985, e onde se
pode ler:
É verdade que a Madre
Pasqualina me disse, ao
mostrar-me um cofrezinho com
uma etiqueta em que se lia
‘Segredo do Santo Ofício’:
“Está ali o terceiro Segredo
de Fátima”38.
Porém, o comentário do
Vaticano diz-nos que o Terceiro
Segredo fora guardado no
edifício onde funciona o Santo
Ofício. Mais uma vez, o
Arcebispo Tarcisio Bertone
declarou:
O envelope selado foi
guardado primeiramente pelo
Bispo de Leiria. Para se
tutelar melhor o “segredo”,
no dia 4 de Abril de 1957 o
envelope foi entregue ao
Arquivo Secreto do Santo
Ofício39.
Acrescente-se que, tal
como o demonstrámos no Facto Nº
6, o Papa João Paulo II leu o
texto do Terceiro Segredo em
1978 (isto é, o documento de uma
só página com as palavras de
Nossa Senhora), e só mais tarde,
em 18 de Julho de 1981, o
documento de quatro páginas
descrevendo a visão. Como ficou
dito no Facto Nº 6, enquanto o
Santo Ofício regista que o Papa
João Paulo II pediu o Terceiro
Segredo em 1981, não há
registo algum de o Papa ter
pedido para ver o Segredo em
1978 por não ser preciso
fazê-lo: o documento
encontrava-se nos aposentos
papais.
O
que se pode concluir sobre o
Facto Nº 9
Estes testemunhos
estabelecem como facto a
existência de dois documentos,
guardados em dois sítios
diferentes e em dois diferentes
arquivos. Em 1978, o Papa João
Paulo II leu o texto da carta de
uma página contendo as palavras
de Nossa Senhora, que estava
guardado nos seus aposentos -
documento esse que o Papa não
precisava de pedir ao Arquivo
Secreto do Santo Ofício. Em
1981, o Papa João Paulo II leu
as 4 páginas de texto com a
descrição da visão, do livro de
apontamentos da Irmã Lúcia -
livro que estava guardado no
edifício do Santo Ofício. Foi,
pois, este o texto que Sua
Santidade teve de pedir ao
Arquivo Secreto do Santo Ofício.
Facto Nº 10: Documentação
probatória para o facto Nº 10
O Texto Nº 1 tinha, de cada
lado, margens de 7,5 milímetros
Para este ponto temos o
testemunho de D. João Venâncio,
segundo Bispo de
Leiria[-Fátima], que examinou o
texto contra uma luz forte e
anotou, com precisão, as margens
exteriores da página onde o
texto estava escrito.
O Bispo [D. João]
Venâncio contou [a Frère
Michel] que, logo que se viu
sòzinho, pegou no envelope
grande do Segredo e tentou
ver o seu conteúdo à
transparência. Dentro do
envelope grande do Bispo
vislumbrou um envelope mais
pequeno, o da Lúcia, e
dentro deste envelope
uma folha de papel vulgar,
com margens, de cada lado,
de uns três quartos de
centímetro. Teve o cuidado
de anotar o tamanho de tudo.
Logo, o último Segredo de
Fátima foi escrito numa
pequena folha de papel40.
Ora as quatro páginas
contendo a visão do Terceiro
Segredo não apresentam quaisquer
margens - uma discrepância
pequena, mas muito
significativa, que merece ser
acrescentada a todas as outras.
O
que se pode concluir sobre o
Facto Nº 10
Esta discrepância
demonstra também que o texto
dado a público pelo Cardeal
Ratzinger e por Monsenhor
Bertone a 26 de Junho de 2000
não é o texto do Terceiro
Segredo contido no envelope. O
que quer dizer que não nos foi
dado a conhecer o texto completo
do Terceiro Segredo - embora os
altos funcionários do Vaticano
afirmem o contrário.
Facto Nº 11: Documentação
probatória para o facto Nº 11
O Texto Nº 1 explica a visão
Lê-se na “Quarta Memória”
da Irmã Lúcia que, durante a
aparição de Nossa Senhora em 13
de Junho de 1917, depois da
Lúcia ter pedido a Nossa Senhora
que os levasse - aos três
pastorinhos - para o Céu, Nossa
Senhora respondeu:
Sim; a Jacinta e o
Francisco levo-os em breve.
Mas tu ficas cá mais algum
tempo. Jesus quer servir-Se
de ti para Me fazer conhecer
e amar. Ele quer estabelecer
no Mundo a devoção a Meu
Imaculado Coração. A quem a
abraçar, prometo a salvação
(…)41.
Em seguida, a Irmã Lúcia
passa a descrever-nos a visão
que os três pastorinhos tiveram
a Graça de ter, logo depois de
Nossa Senhora ter pronunciado
aquelas palavras - palavras que
explicam o significado
da visão.
Foi no momento em que
Nossa Senhora disse estas
últimas palavras que abriu
as mãos e nos comunicou,
pela segunda vez, o reflexo
dessa luz imensa. Nela nos
víamos como que submergidos
em Deus. A Jacinta e o
Francisco parecia estarem na
parte dessa luz que se
elevava para o Céu e eu na
que se espargia sobre a
terra42.
Vemos pois que, ao
mostrar uma visão aos
pastorinhos, Nossa Senhora
explica-lha também. Com
efeito, mesmo em AMF
podemos ler a descrição feita
pela Irmã Lúcia (tirada da sua
Terceira Memória) da visão do
Inferno que os três pastorinhos
tiveram durante a aparição de
Nossa Senhora, em 13 de Julho de
1917,
Nossa Senhora
mostrou-nos, um grande mar
de fôgo que parcia estar
debaixo da terra.
Mergulhados em êsse fôgo os
demónios e as almas, como se
fossem brazas transparentes
e negras, ou bronzeadas com
fórma humana, que flutuavam
no incêndio levadas pelas
chamas que d’elas mesmas
saíam, juntamente com nuvens
de fumo, caindo para todos
os lados, semelhante ao cair
das faúlhas em os grandes
incêndios sem peso nem
equílibrio, entre gritos e
gemidos de dor e desespero
que horrorizava e fazia
estremecer de pavor. Os
demónios distinguiam-se por
formas horríveis e
asquerosas de animais
espantosos e desconhecidos,
mas transparentes e negros.
Esta vista foi um momento, e
graças à nossa boa Mãe do
Céu; que antes nos tinha
prevenido com a promessa de
nos levar para o Céu (na
primeira aparição) se assim
não fosse, creio que
teríamos morrido de susto e
pavor43.
E, a seguir a esta
narrativa, a Irmã Lúcia continua
dizendo-nos as palavras de Nossa
Senhora que explicam o
significado desta visão -
mesmo sendo muito evidente
que se tratava de uma visão do
Inferno:
Vistes o inferno
para onde vão as almas dos
pobres pecadores, para as
salvar Deus quer estabelecer
no Mundo a devoção a Meu
Imaculado Coração. Se
fizerem o que eu vos disser
salvar-se-ão muitas almas e
terão paz44.
Portanto, apesar de as
crianças saberem o que tinham
visto, Nossa Senhora disse-lhes:
«Vistes o Inferno.» E uma vez
mais notamos que, quando Nossa
Senhora apresenta uma visão aos
pastorinhos, explica-a
também.
Em contraste com as
visões acima referidas e as
correspondentes palavras de
Nossa Senhora a explicá-las,
AMF apresenta apenas o
texto de uma visão que,
claramente, precisa de ser
explicada e que inclui o
seguinte:
Depois das duas
partes que já expus, vimos
ao lado esquerdo de Nossa
Senhora um pouco mais alto
um Anjo com uma espada de
fogo em a mão esquerda (…).
Sob os dois braços da Cruz
estavam dois Anjos cada um
com um regador de cristal em
a mão, n’êles recolhiam o
sangue dos Mártires e com
ele regavam as almas que se
aproximavam de Deus45.
Este texto do Terceiro
Segredo não contém quaisquer
palavras de Nossa Senhora. -Por
que razão explicaria Nossa
Senhora uma cena tão óbvia como
a visão do Inferno, e não diria
uma única palavra para explicar
uma passagem tão obscura como
esta que o Vaticano apresenta?
Repare-se de novo que,
imediatamente a seguir às
palavras «Em Portugal se
conservará sempre o dogma da Fé
etc.», a Santíssima Virgem disse
à Lúcia: «Isto não o digais a
ninguém. Ao Francisco, sim,
podeis dizê-lo.» O “isto” que
pode ser contado ao Francisco
refere-se às últimas palavras
ditas pela Senhora durante a
visão. Isto é: se tivesse havido
uma visão apenas, e se esta não
incluísse uma explicação, então
não seria preciso dizer nada ao
Francisco - porque ele tinha
acabado de ver tudo com os seus
próprios olhos. Mas se “isto” se
refere às palavras acrescentadas
pela Santíssima Virgem à maneira
de explicação do que os
pastorinhos acabavam de ver,
então essa explicação deveria
ser contada ao Francisco -
porque, como sabemos, ele nunca
ouvia Nossa Senhora durante as
aparições de Fátima. O Francisco
via mas não ouvia;
e por isso era preciso
contar-lhe aquilo que Nossa
Senhora tinha dito
respeitante à visão.
Também ninguém poderá
argumentar plausivelmente que
«Ao Francisco, sim, podeis
dizê-lo» se refere às palavras
que Nossa Senhora pronunciou na
segunda parte do Segredo. A
expressão «Isto não o digais a
ninguém. Ao Francisco, sim,
podeis dizê-lo» vem
imediatamente depois de «Em
Portugal se conservará sempre o
dogma da Fé etc.»46.
Torna-se claro, portanto, que o
“etc.” indica as palavras - à
época ainda não passadas a
escrito - que a Lúcia podia
dizer ao Francisco
oralmente; e que tais palavras
pertencem ao Terceiro Segredo -
o qual viria finalmente a ser
escrito em 1944, por ordem do
Bispo de Leiria, a cuja Diocese
pertencia Fátima.
O
que se pode concluir sobre o
Facto Nº 11
-Onde estão, então, as
palavras de Nossa Senhora que
explicam esta visão? Se
Nossa Senhora não tivesse dito
nada que a explicasse, as Suas
acções teriam sido
inconsistentes considerando o
decurso das aparições. Dado que
a autoridade magisterial da
Igreja - ou seja, um
pronunciamento formal do Papa ou
de um Concílio - não impõe uma
interpretação específica para
esta visão, e não nos sendo
concedida uma graça especial
para, por nós próprios, a
compreendermos, então mais razão
há para acreditar que Nossa
Senhora nos devia ter explicado
o significado da visão do
Terceiro Segredo de Fátima. E é
óbvio que há uma necessidade
absoluta de conhecer a
verdadeira explicação, dada -
pessoalmente -, pela Santíssima
Virgem.
Na verdade, o Cardeal
Ratzinger admite em AMF
que os comentários que faz são
apenas uma tentativa de
interpretação da visão do
Terceiro Segredo:
Sendo assim,
limitar-nos-emos,
naquilo que vem a seguir, a
dar de forma profunda um
fundamento à referida
interpretação, partindo
dos critérios anteriormente
desenvolvidos47.
[ênfase acrescentada]
O Cardeal Ratzinger
também confirmou que não
está a ser imposta uma
interpretação específica desta
visão. Em 1 de Julho de 2000,
podia ler-se em The
Washington Post:
Sendo-lhe pedido um
comentário sobre a leitura
que o Papa fez da visão,
Ratzinger disse que ‘não
havia qualquer interpretação
oficial’, e que o texto
não é dogma48.
Ora muito bem: -Seria de
crer que a Virgem de Fátima
tivesse (só) mostrado aos três
pastorinhos uma visão tão
obscura que até o próprio chefe
da Congregação para a Doutrina
da Fé não pode fazer mais do que
“tentar” interpretá-la, quando
toda a restante Mensagem de
Fátima não só é cristalina como
largamente explicada pelas
próprias palavras da Virgem
Maria em todos os
aspectos das visões - mesmo na
(claríssima) visão do Inferno?
Mais: a probabilidade de
Nossa Senhora ter dado uma
explicação pormenorizada da
visão do Terceiro Segredo
eleva-se até a um nível de
certeza se pensarmos na
“interpretação” - claramente
fraudulenta - de
Sodano/Ratzinger/Bertone, ou
seja: que a execução de um Papa
e de muitos outros membros da
Hierarquia da Igreja por um
pelotão de soldados não passava,
afinal, da falhada tentativa de
assassinato do Papa João Paulo
II, em 1981. Depois, há ainda a
“interpretação” - vergonhosa e
que atinge as raias da blasfémia
-, feita pelo Cardeal Ratzinger
sobre a devoção ao
Imaculado Coração de Maria, que
ele rebaixa até O apresentar
como o “imaculado coração” de
qualquer pessoa que evite o
pecado, e sobre o Triunfo
do Imaculado Coração de Maria,
que ele reduz ao -Fiat!
da Virgem Santíssima, há (mais
de) 2000 anos.
Não se trata só de
mentiras: são, sim, mentiras sem
pés nem cabeça. Nossa Senhora de
Fátima decerto as previu e, por
isso, deu aos pastorinhos uma
explicação sem lugar a dúvidas,
para combater tais mentiras
acerca dessa visão. É que a Mãe
de Deus nunca permitiria que uma
interpretação tão fraudulenta da
Sua Mensagem se instalasse
definitivamente entre os Fiéis.
Tudo isto torna ainda mais
urgente a revelação da
verdadeira interpretação que se
encontra - estamos moralmente
certos disso - nas palavras
omissas de Nossa Senhora, muito
provavelmente indiciadas por
aquele “etc.”.
Conclusão geral a partir das
evidências probatórias
Em conclusão, provas
esmagadoras apoiam a existência
de dois documentos:
Um documento consiste em
quatro folhas de papel (sem
margens) com 62 linhas de texto,
copiadas do livro de
apontamentos da Irmã Lúcia (e
não escritas em forma de uma
carta), que descreve uma visão
dos pastorinhos de Fátima e que
não contém quaisquer palavras de
Nossa Senhora. Este texto foi
escrito pela Irmã Lúcia a 3 de
Janeiro de 1944, transferido
para o Santo Ofício a 4 de Abril
de 1957 e lido pelo Papa João
Paulo II a 18 de Julho de 1981
(mas que obviamente não o levou
- nem o poderia ter levado - a
consagrar o Mundo ao Imaculado
Coração de Maria a 7 de Junho de
1981, i.e, 6 semanas antes),
arquivado no Santo Ofício e
divulgado pelo Vaticano em 26 de
Junho de 2000.
O outro documento é uma
carta de uma só página (com
margens de 7.5 milímetros) com
cerca de 25 linhas que contêm as
palavras de Nossa Senhora, e
selado num envelope. Este texto
foi escrito pela Irmã Lúcia a 9
de Janeiro de 1944 ou muito
pouco antes dessa data, foi
transferido para o Santo Ofício
a 16 de Abril de 1957, lido pelo
Papa João Paulo II em 1978 (o
que o levou a consagrar o Mundo
ao Imaculado Coração de Maria a
7 de Junho de 1981), ficou
guardado nos aposentos do Papa à
sua cabeceira, e até hoje
continua sem ser divulgado pelo
Vaticano.
-Poderemos nós afirmar
todas estas conclusões com
absoluta certeza? Não; mas
podemos apresentá-las com a
certeza moral de que são a
verdade, porque sustentadas por
uma montanha de provas
indiciadoras de que falta
qualquer coisa no texto que o
aparelho de estado do Vaticano
revelou a 26 de Junho de 2000.
Para mais, com base numa série
de testemunhos indefectíveis
acima mencionados, é possível
sustentar com uma certeza
absoluta que há um
documento constituído por uma só
folha de papel contendo
cerca de 25 linhas de texto, que
pertence ao Terceiro Segredo mas
que ainda não foi revelado.
Assim sendo, o certo é que
alguém nos
está a mentir. -Ou são todas as
testemunhas que disseram que o
Terceiro Segredo se referia a
uma apostasia e a uma quebra de
Fé e de disciplina na Igreja que
estão a mentir, ou então é o
“trio” Sodano/Ratzinger/Bertone
que mente. Logo, ou é a Irmã
Lúcia que mente ou é o “trio”
Sodano/Ratzinger/Bertone. Das
duas, uma. Deste modo, tendo nós
a certeza moral de que a Irmã
Lúcia não é uma
mentirosa, daí se conclui que a
certeza moral que podemos ter é
a de que as mentiras foram
emanadas do “trio” Sodano,
Ratzinger e Bertone.
-E quem será, afinal, a
testemunha mais credível? -O
Cardeal Ratzinger, por exemplo,
que alterou radicalmente o seu
testemunho a partir de 1984, ou
a Irmã Lúcia - a pastorinha de
Fátima que foi escolhida por
Deus para acolher a Mensagem de
Fátima e cujo testemunho se tem
mantido inalterável49?
Mais ainda: se uma testemunha
com o peso do Cardeal Ratzinger
altera o seu depoimento sem se
dar ao trabalho de explicar tal
mudança, não será isso um
indicador de que ele está a agir
de forma enganosa? Mesmo que não
fosse esse o caso, nós
continuamos senhores do direito
de questionar o porquê dessa
mudança de testemunho; e cada
Católico - na verdade, o Mundo
inteiro - tem todo o direito de
exigir uma explicação.
-Haverá bons fundamentos
para os desacreditar e para
pedirmos que se faça um
inquérito? Evidentemente que há.
E há causa provável que permite
acusar todos aqueles que
nomeámos não só de uma má
interpretação (propositada e)
fraudulenta da Mensagem de
Fátima, mas também de ocultação
fraudulenta.
Com efeito, foram estas
discrepâncias altamente
perturbadoras que, à frente de
um conjunto de outras razões,
fizeram com que fosse impossível
ao aparelho de estado do
Vaticano sepultar, de uma vez
por todas, a Mensagem de Fátima.
O cepticismo que sentiram mesmo
os mais próximos do Vaticano -
como a Madre Angélica - é apenas
a ponta de um iceberg
de dúvidas que se vão avolumando
entre os Fiéis a cada dia que
passa.
Notas
1. Mother Angélica Live,
programa (em directo) de 16 de
Maio de 2001.
2. Em relação a algumas provas,
estamos a lidar com factos
circunstanciais. Há duas razões
para tal: 1)
mais de 5.000 documentos
originais, compilados em 24
volumes pelo Padre Alonso -
resultado de 11 anos de
pesquisas enquanto o Padre
Alonso foi o arquivista oficial
de Fátima -, foram impedidos de
ser publicados desde 1976 por
autoridades religiosas (i.é, o
Bispo de Leiria-Fátima e o
Provincial dos Claretianos com
sede em Madrid), e 2)
a imposição continuada
de uma ‘cortina de silêncio’ (em
vigor desde 1960) que rodeia a
Irmã Lúcia - mesmo se, como
agora nos foi dito, ela não tem
mais nada a revelar.
3. Citado pelo Padre Alonso,
Fatima 50, 13 de Outubro de
1967, p. 11. Cf. também Frère
Michel de la Sainte Trinité,
The Whole Truth About Fatima
- Volume III: The Third
Secret, (Immaculate Heart
Publications, Buffalo, New York,
E.U.A., 1990) p. 47.
4. The Whole Truth About
Fatima - Vol. III, p. 49.
[N. T.: Em Portugal não é
costume, ao designar uma pessoa
(do género masculino) pelo
apelido, iniciá-lo por de
(p.ex.: Camões / = o Poeta
Luís Vaz de Camões). As senhoras
são, tradicionalmente e ainda
hoje, nomeadas segundo o nome de
baptismo, seguido ou não do
apelido - que é normalmente
longo por incluir os apelidos i)
da mãe, ii) do pai, e iii) do
marido, no caso de ser casada,
(p.ex.: Maria Filomena / = Maria
Filomena i) de Andrade ii)
Saraiva de Carvalho iii) Pereira
de Brito].
5. Citado pelo Padre Martins dos
Reis, O Milagre do Sol e o
Segredo de Fátima, p.
127-128. Cf. Padre Joaquín
Alonso, La Verdad sobre el
Secreto de Fátima, Centro
Mariano, Madrid, Espanha, 1976,
p. 55-56. Cf. também The
Whole Truth About Fatima -
Vol. III, p. 578.
6. The Whole Truth About
Fatima - Vol. III, p. 684.
7. Padre Alonso, La Verdad
sobre el Secreto de Fátima,
p. 64. Cf. também The Whole
Truth About Fatima - Vol.
III, p. 684.
8. The Whole Truth About
Fatima - Vol. III, p. 684.
9. Frère François de Marie des
Anges, Fatima: Tragedy and
Triumph, Immaculate Heart
Publications, Buffalo, New York,
E.U.A. p. 45.
10. Arcebispo Tarcisio Bertone,
S.D.B., “Introdução”, A
Mensagem de Fátima (AMF),
26 de Junho de 2000, p. 4.
11. The Whole Truth About
Fatima - Vol. III, p. 725.
12. The Whole Truth About
Fatima - Vol. III, p. 727.
13. Padre Alonso, La Verdad
sobre el Secreto de Fátima,
p. 60. Cf. também The Whole
Truth About Fatima - Vol.
III, p. 651, e a nota 4 de
Fatima: Tragedy and Triumph,
p. 289.
14. Fatima: Tragedy and
Triumph, p. 45. Cf. também
Frère Michel de la Sainte
Trinité, The Secret of
Fatima … Revealed,
Immaculate Heart Publications,
Buffalo, New York, E.U.A., 1986,
p. 7.
15. The Whole Truth About
Fatima - Vol. III, p. 480.
Cf. também a obra do Padre
Geraldes Freire, O Segredo
de Fátima: A terceira parte é
sobre Portugal?, pp. 50-51.
16. The Whole Truth About
Fatima - Vol. III, p. 481.
17. The Whole Truth About
Fatima - Vol. III, p. 626.
18. Fatima: Tragedy and
Triumph, p. 45.
19. The Secret of Fatima …
Revealed, p. 7.
20. The Whole Truth About
Fatima - Vol. III, pp.
38-46.
21. Citado pelo Padre Alonso,
Fatima 50, p. 11. Cf.
também The Whole Truth About
Fatima - Vol. III, p. 47.
22. Texto original da Irmã
Lúcia, “A Terceira Parte do
‘Segredo’”, AMF, p. 20.
23. Arcebispo Tarcisio Bertone,
SDB, “Introdução”, AMF,
p. 4.
24. Bill Broadway e Sarah
Delancy, “3rd Secret Spurs More
Questions; Fatima Interpretation
Departs From Vision”, The
Washington Post, 1 de Julho
de 2000.
25. The Associated Press,
“Vatican: Fatima Is No Doomsday
Prophecy”, The New York
Times, 26 de Junho de 2000.
26. Arcebispo Tarcisio Bertone,
SDB, “Introdução”, AMF,
p. 5.
27. Ibid.
28. Revista Médiatrice et
Reine, Outubro de 1946, pp.
110-112. Cf. também The
Whole Truth About Fatima -
Vol. III, p. 470.
29. Citado pelo Padre Alonso,
La Verdad sobre el Secreto
de Fátima, pp. 46-47. Cf.
também The Whole Truth About
Fatima - Vol. III, p. 470.
30. Novidades, 24 de
Fevereiro de 1960, citado por
La Documentation Catholique
de 19 de Junho de 1960,
col. 751. Cf. também The
Whole Truth About Fatima -
Vol. III, p. 472.
31. La Verdad sobre el
Secreto de Fátima, p. 46.
Cf. também The Whole Truth
About Fatima - Vol. III, p.
475.
32. La Verdad sobre el
Secreto de Fátima, p. 46.
Cf. também The Whole Truth
About Fatima - Vol. III, p.
478.
33. Citado pelo Padre Martins
dos Reis, O Milagre do Sol e
o Segredo de Fátima, pp.
127-128. Cf. Padre Alonso,
La Verdad sobre el Secreto de
Fátima, pp. 55-56, e
The Whole Truth About Fatima -
Vol. III, p. 578. (tradução
nossa)
34. Citado pelo Padre Alonso,
Fatima 50, p. 11. Cf.
também The Whole Truth About
Fatima - Vol. III, p. 47.
35. The Whole Truth About
Fatima - Vol. III, p. 49.
36. Ibid., pp. 485-486.
37. Ibid., pp. 484-485.
38. Carta a Frère Michel de la
Sainte Trinité de 10 de Janeiro
de 1985. Cf. também The
Whole Truth About Fatima -
Vol. III, p. 486.
39. Arcebispo Tarcisio Bertone,
SDB, “Introdução”, AMF,
p. 4.
40. The Whole Truth About
Fatima - Vol. I,
Science and the Facts, (Immaculate
Heart Publications, Buffalo, New
York, E.U.A., 1989) p. 481.
41. Relato da Irmã Lúcia ao seu
confessor, Padre Aparício, em
finais de 1927.
42. Irmã Lúcia, “Quarta
Memória”, 8 de Dezembro de 1941,
p. 65. Cf. também The Whole
Truth About Fatima - Vol.
III, p. 159.
43. Texto da “Terceira Memória”
da Irmã Lúcia, tal como ela o
escreveu citado em “Primeira e
Segunda Parte do ‘Segredo’”,
AMF, pp. 15-16. Cf. também
da Irmã Lúcia, “Quarta Memória”,
Fatima in Lucia's Own Words
(Postulation Centre,
Fátima, Portugal, 1976), p. 162.
Cf. também Irmã Lúcia,
Memórias e Cartas da Irmã Lúcia
(Porto, Portugal, 1973,
editado pelo Padre António Maria
Martins), pp. 338-341.
44. Texto original da Irmã Lúcia
citado em AMF, p. 16.
Cf. também Irmã Lúcia, “Quarta
Memória”, p. 162. Cf. ainda Irmã
Lúcia, Memórias e Cartas da
Irmã Lúcia, pp. 340-341.
45. Texto original da Irmã
Lúcia, “A Terceira Parte do
‘Segredo’”, AMF, p. 21.
46. Padre Fabrice Delestre,
Sociedade de S. Pio X, “June 26,
2000: Revelation of the Third
Secret of Fatima or a Curtailed
Revelation”, SSPX Asia
Newsletter, Julho-Agosto de
2000, p. 24.
47. Cardeal Joseph Ratzinger,
“Comentário Teológico”, AMF,
p. 39.
48. Bill Broadway e Sarah
Delancy, The Washington Post.
49. O testemunho da Irmã Lúcia é
pormenorizadamente discutido no
Capítulo 14 deste livro, onde se
evidenciam os esforços de
Monsenhor Bertone para alterar
esse testemunho durante uma
entrevista sigilosa a 17 de
Novembro de 2001, da qual nunca
foi dada a público nenhuma
transcrição.
Capítulo 13
O
Terceiro Segredo
completamente revelado
Se, como parece ser o
caso - e como acreditam milhões
de Católicos responsáveis -, o
conteúdo do Terceiro Segredo é
mais do que uma obscura visão de
um «Bispo vestido de Branco» sem
explicação alguma de Nossa
Senhora de Fátima sobre o modo
como deve ser interpretada,
então em que consistiria a parte
do Segredo que falta? Já
sugerimos uma resposta. Neste
capítulo, vamos desenvolver essa
resposta em alguns pormenores.
Todas as
testemunhas são concordantes
O
depoimento de cada uma das
testemunhas que falou sobre esta
questão aponta para uma só
conclusão: a parte que falta do
Terceiro Segredo de Fátima
vaticina uma perda de Fé e de
disciplina verdadeiramente
catastróficas no elemento humano
da Igreja - isto é: anuncia, em
suma, uma grande apostasia.
Relembremos os testemunhos que,
sobre este ponto, apresentámos
pela primeira vez no Capítulo 4:
O
Papa Pio XII
As mensagens da
Santíssima Virgem a Lúcia de
Fátima preocupam-me.
Esta persistência de Maria
sobre os perigos que ameaçam
a Igreja é um aviso do
Céu contra o suicídio de
alterar a Fé, na Sua
liturgia, na Sua teologia e
na Sua alma (…)
O
Padre Joseph Schweigl
Não posso revelar
nada do que ouvi sobre
Fátima no que respeita ao
Terceiro Segredo, mas posso
dizer que tem duas partes:
uma fala do Papa; a outra,
logicamente (embora eu não
deva dizer nada), teria de
ser a continuação das
palavras: «Em Portugal se
conservará sempre o dogma da
Fé».
O Padre Fuentes
Em
26 de Dezembro de 1957, com um
imprimatur e a
aprovação do Bispo de Leiria [a
que pertencia Fátima], o Padre
Fuentes publicou as seguintes
revelações da Irmã Lúcia com
respeito ao Terceiro Segredo:
Senhor Padre, a
Santíssima Virgem está muito
triste, por ninguém fazer
caso da Sua Mensagem, nem os
bons nem os maus: os bons,
porque continuam no seu
caminho de bondade, mas sem
fazer caso desta Mensagem;
os maus, porque, não vendo
que o castigo de Deus já
paira sobre eles por causa
dos seus pecados, continuam
também no seu caminho de
maldade, sem fazer caso
desta Mensagem. Mas -
creia-me, Senhor Padre -
Deus vai castigar o mundo, e
vai castigá-lo de uma
maneira tremenda. O
castigo do Céu está
iminente.
Senhor Padre, o
que falta para 1960? E
o que sucederá então? Será
uma coisa muito triste para
todos, não uma coisa alegre,
se, antes, o mundo não fizer
oração e penitência. Não
posso detalhar mais, uma vez
que é ainda um segredo
(…)
É a terceira
parte da Mensagem de Nossa
Senhora, que ainda permanece
em segredo até essa data de
1960.
Diga-lhes, Senhor
Padre, que a Santíssima
Virgem repetidas vezes -
tanto aos meus primos
Francisco e Jacinta como a
mim - nos disse que «muitas
nações desaparecerão da face
da terra, que a Rússia seria
o instrumento do castigo do
Céu para todo o mundo, se
antes não alcançássemos a
conversão dessa pobre
Nação».
Senhor Padre, o
demónio está travando uma
batalha decisiva contra a
Virgem Maria. E como sabe
que é o que mais ofende a
Deus e o que, em menos
tempo, lhe fará ganhar um
maior número de almas,
trata de ganhar para si as
almas consagradas a Deus,
pois que desta maneira deixa
também o campo das almas
desamparado e mais
facilmente se apodera delas.
O que aflige o
Coração Imaculado de Maria e
o Coração de Jesus é a
queda das almas religiosas e
sacerdotais. O demónio
sabe que os Religiosos e
Sacerdotes que abandonam a
sua bela vocação arrastam
numerosas almas ao inferno.
(…) O demónio quer tomar
posse das almas consagradas.
Tenta corrompê-las para
adormecer as almas dos
leigos e desse modo
conduzi-los à impenitência
final.
O Padre Alonso
Antes do seu falecimento
em 1981, o Padre Joaquín Alonso,
que ao longo de dezasseis anos
foi o arquivista oficial de
Fátima, deu o seguinte
testemunho:
Será, então, de toda
a probabilidade que o texto
faça referências concretas à
crise de Fé na Igreja e à
negligência dos Seus
próprios Pastores [e às]
lutas intestinas no seio da
própria Igreja e de graves
negligências pastorais por
parte das altas Hierarquias1.
No período que
precede o grande Triunfo do
Coração Imaculado de Maria,
sucederão coisas tremendas
que são objecto da terceira
parte do Segredo. Que coisas
serão essas? Se “em
Portugal, se conservará
sempre o dogma da Fé” (…)
pode claramente
deduzir-se destas palavras
que, em outros lugares da
Igreja, estes dogmas vão
tornar-se obscuros ou
chegarão mesmo a perder-se2.
Falará o texto
original (e inédito) de
circunstâncias concretas? É
muito possível que fale não
só de uma verdadeira “crise
de Fé” na Igreja durante
este período intermédio mas
ainda - como acontece com o
segredo de La Salette, por
exemplo - que haja
referências mais precisas às
lutas internas dos Católicos
ou à queda de Sacerdotes e
Religiosos. Talvez se
refira, inclusivamente, às
próprias fraquezas da alta
Hierarquia da Igreja.
Por este motivo, nada disto
é alheio a outras
comunicações que a Irmã
Lúcia tenha feito sobre este
assunto3.
O Cardeal
Ratzinger
[S]egundo a
apreciação dos Papas, [o
Segredo] não acrescenta nada
de novo àquilo que cada
Cristão deve saber com
respeito à Revelação: uma
chamada radical à conversão;
a absoluta seriedade da
História; os perigos que
ameaçam a Fé e a vida do
Cristão, e,
consequentemente, do mundo.
E, também, a importância dos
“novíssimos” (ou seja, os
últimos acontecimentos no
fim dos tempos). (…) Se [o
Segredo] não foi tornado
público - pelo menos por
agora - foi para impedir que
a profecia religiosa viesse
a descambar no
sensacionalismo. Mas o
conteúdo deste “Terceiro
Segredo” corresponde ao que
é anunciado nas Sagradas
Escrituras e que tem sido
dito, muitas e muitas vezes,
em várias outras aparições
de Nossa Senhora, a começar
por esta, de Fátima, no seu
conteúdo já conhecido4.
(11 de Novembro de 1984)
O
Bispo D. Alberto Cosme do Amaral
O conteúdo [do
Terceiro Segredo] diz
respeito unicamente à nossa
Fé. Identificar o Segredo
com proclamações
catastróficas ou com um
holocausto nuclear é
deformar o significado da
Mensagem. A perda de Fé
de um continente é pior do
que a aniquilação de uma
nação; e a verdade é
que a Fé está continuamente
a diminuir na Europa5.
É
importante notar que Dom Alberto
Cosme do Amaral - dentro da
tentativa global de ocultação e
supressão da verdade sobre
Fátima - foi pressionado no
sentido de retirar os seus
comentários, pouco tempo depois
de terem sido feitos. Porém,
passados mais de dez anos e
agora aposentado e em segurança,
o Bispo reafirmou
informalmente o seu
testemunho, numa entrevista
pública em 1995, acrescentando
um pormenor crucial às
evidências: «Antes de afirmar em
Viena (em 1984) que o Terceiro
Segredo se relaciona só com a
nossa Fé e com a perda da Fé,
eu consultei previamente a
Irmã Lúcia e obtive a sua
aprovação»6.
Logo, foi a própria Irmã Lúcia
que confirmou, indirectamente e
uma vez mais, que o verdadeiro
Terceiro Segredo - na sua
totalidade - prediz uma
apostasia na Igreja.
O
Cardeal Oddi
[O Terceiro Segredo
n]ão tem nada a ver com
Gorbachev. A Santíssima
Virgem estava a advertir-nos
contra a apostasia na
Igreja.
O Cardeal Ciappi
A
estas testemunhas devemos
acrescentar o depoimento de mais
duas: 1ª testemunha -
O Senhor Cardeal Mario
Luigi Ciappi, nada mais nada
menos do que o teólogo
pontifício de Sua Santidade o
Papa João Paulo II. Numa
comunicação pessoal a um tal
Professor Baumgartner, em
Salzburgo, o Cardeal Ciappi
revelou que:
No Terceiro Segredo é
predito, entre outras
coisas, que a grande
apostasia na Igreja começará
pelo cimo7.
O Padre Valinho
Depois, há ainda - 2ª
testemunha - o
Sr. Padre José dos Santos
Valinho, sobrinho da Irmã Lúcia.
No livro de Renzo e Roberto
Allegri, Reportage su Fatima
(Milão, 2000), publicado -
muito providencialmente -
precisamente antes da divulgação
da visão do Terceiro Segredo e
da publicação de AMF
por Ratzinger/Bertone, o Padre
Valinho expressava a opinião de
que o Terceiro Segredo vaticina
a apostasia na Igreja8.
Em resumo, cada uma das
testemunhas - até o Cardeal
Ratzinger, em 1984 - depôs sobre
o assunto no mesmo sentido: que
o conteúdo do Terceiro Segredo
de Fátima aponta para uma crise
da Fé na Igreja Católica, uma
apostasia, com consequências
graves para o mundo inteiro;
nenhuma das testemunhas negou
uma só vez que é isto mesmo o
que o Terceiro Segredo
pressagia; e a Irmã Lúcia nunca
corrigiu qualquer destes
depoimentos, mesmo se, ao longo
de toda a sua vida, não hesitou
em corrigir aqueles que deturpam
os conteúdos da Mensagem de
Fátima.
O Papa João Paulo
II divulgou,
por duas vezes, a essência do
Segredo
Como se tudo isto não
fosse suficiente, em duas
ocasiões, nas Suas homilias em
Fátima, o próprio Papa João
Paulo II confirmou o conteúdo
essencial do Terceiro Segredo.
Tudo leva a crer que o Santo
Padre divulgou elementos
essenciais do Terceiro Segredo
no seu sermão em Fátima, a 13 de
Maio de 1982, assim como na
homilia que proferiu durante a
cerimónia de beatificação dos
Bem-aventurados Jacinta e
Francisco Marto, em Fátima, a 13
de Maio de 2000.
Na primeira ocasião, o
Papa perguntava na Sua homilia:
«Poderá a Mãe, que deseja a
salvação de todos os Homens, com
toda a força do Seu Amor que
alimenta no Espírito Santo,
poderá Ela ficar calada acerca
daquilo que mina as
próprias bases dessa salvação?»
E logo a seguir, respondendo à
sua própria pergunta: «Não, não
pode!» Então, é o próprio Papa
Quem nos diz que a Mensagem de
Fátima contém uma advertência de
Nossa Senhora de que as
próprias bases da nossa salvação
estão a ser minados.
Repare-se no paralelo
surpreendente entre este
testemunho e o do Papa Pio XII,
que falou do suicídio [para a
Igreja] que seria alterar a Fé
pela Sua liturgia, a Sua
teologia e a Sua própria alma.
Depois, a 13 de Maio de
2000, na homilia durante a
cerimónia da beatificação, o
Papa advertiu assim os Fiéis:
«E apareceu no Céu
outro sinal: um enorme
Dragão» (Apoc. 12:3). Estas
palavras da primeira leitura
da Missa fazem-nos pensar na
grande luta que se trava
entre o Bem e o Mal,
podendo-se constatar como o
homem, pondo Deus de lado,
não consegue chegar à
felicidade, antes acaba por
destruir-se a si próprio.
(...)
A mensagem de Fátima
é um apelo à conversão,
alertando a Humanidade
para não fazer o
jogo do «dragão» cuja «cauda
arrastou um terço das
estrelas do Céu
e lançou-as sobre a
terra» (Apoc. 12:4.). (...)
A meta última do
homem é o Céu, sua
verdadeira casa, onde o Pai
celeste, no Seu amor
misericordioso, por todos
espera. Deus não quer que
ninguém se perca; por isso,
há dois mil anos, mandou à
terra o seu Filho, para
«procurar e salvar o que
estava perdido.» (Lc.19:10).
(...)
Na sua solicitude
materna, a Santíssima Virgem
veio aqui, a Fátima, pedir
aos homens que «para não
ofenderem mais a Deus Nosso
Senhor, que já está muito
ofendido». É a dor de mãe
que A faz falar: está em
jogo a sorte dos seus filhos.
Por isso, dizia aos
pastorinhos: «Rezai, rezai
muito; e fazei sacrifícios
pelos pecadores, que vão
muitas almas para o Inferno,
por não haver quem se
sacrifique e peça por elas.»
Observámos já que Sua
Santidade citou o Capítulo 12,
versículos 3 e 4, do Livro do
Apocalipse, e que a referência
àqueles versículos é geralmente
interpretada como significando a
terça parte do Clero católico a
ser derrubada do seu estado
sublime pela perda da Fé ou pela
corrupção moral - ambas bem
visíveis entre o Clero católico
de hoje. Repare-se na
coincidência exacta do sermão do
Papa com a advertência referida
pela Irmã Lúcia ao Padre Fuentes
sobre como «O demónio sabe que
os Religiosos e os Sacerdotes
que caem da sua bela
vocação arrastam
numerosas almas para o inferno».
Portanto, parece evidente
que o Papa João Paulo II teve a
intenção de nos dizer que o
Terceiro Segredo se relaciona
com a grande apostasia predita
nas Sagradas Escrituras. Por que
razão Sua Santidade não teria
dito tudo isto directa e
explicitamente, mas antes de um
modo um pouco oculto, numa
linguagem que só os mais cultos
entendessem? Estaria o Papa
a tentar enviar, aos Fiéis de
espírito mais desperto, um sinal
sobre aquilo que, segundo
pensava, seria revelado de
seguida - ou seja, a totalidade
do Terceiro Segredo? Mas o
que aconteceu foi, como sabemos,
ter-nos sido dada apenas a visão
do «Bispo vestido de Branco» e o
chamado “comentário”, em AMF.
Talvez o Papa, reconhecendo a
forte oposição oferecida pelo
Cardeal Sodano e os seus
colaboradores, esperasse,
através do Seu sermão, poder
divulgar ao menos a essência do
Segredo - na esperança de que,
mais cedo ou mais tarde, a
verdade inteira viesse ao de
cima. Talvez o Papa sentisse que
não podia falar livremente,
precisamente por se ter deixado
rodear de Clérigos, Religiosos,
Bispos e Cardeais que agora viu
não serem merecedores de
confiança, mas que se vê incapaz
de destituir. São eles que
continuam a ocupar os
mesmos cargos, são eles que
estão a minar a Fé, e
são eles que formam uma
parte daquele terço das almas
consagradas varridas dos seus
altos cargos pelo Demónio.
Talvez o Papa não saiba sequer
quem eles são; ou, se sabe,
talvez tenha a consciência de
que não pode denunciá-los
publicamente e continuar vivo
por muito mais tempo.
(Relembremos aqui a morte
inesperada do Papa João Paulo
I.) Qualquer que seja o motivo,
aqui o Papa não fala muito
claramente - embora fala
suficientemente claro para se
poder discernir o que pretende
dizer. Como Jesus disse uma vez
aos Seus discípulos: «Quem tem
ouvidos para ouvir, oiça!»
Portanto, não só cada
testemunha - desde o futuro Papa
Pio XII, nos anos 30, até ao
próprio sobrinho da Irmã Lúcia,
no ano 2000 - é unânime sobre
este ponto, como também o actual
Papa reinante vem acrescentar à
deles a sua própria voz: o
Terceiro Segredo prediz uma
perda de Fé e uma queda de Graça
muito generalizadas entre o
Clero Católico, aos mais
diversos níveis.
Ora, as duas primeiras
partes do Segredo de Fátima não
dizem absolutamente nada sobre
uma apostasia na Igreja; também
a parte da visão do Terceiro
Segredo que se refere ao «Bispo
vestido de Branco» não diz
absolutamente nada sobre uma
apostasia. Então, se todas as
testemunhas dizem que o Terceiro
Segredo fala de uma apostasia
que vai haver na Igreja (embora
as parcelas da Mensagem de
Fátima conhecidas até à data,
incluindo a visão do «Bispo
vestido de Branco», nada digam
sobre ela) a conclusão
incontornável é a de que há uma
outra parte do Terceiro Segredo
que ainda está retida. E que
dirá essa parte, na realidade?
O
mais lógico é que o começo seja
aquela frase indiciadora que o
aparelho de estado do Vaticano
se deu ao trabalho de
despromover e de obscurecer como
se se tratasse de uma simples
nota de rodapé à Mensagem de
Fátima: «Em Portugal, se
conservará sempre o dogma da Fé
etc.». Esta frase é a única
referência evidente a uma futura
apostasia na parte da Mensagem
já publicada - embora (e
apressamo-nos a acrescentá-lo)
mesmo sem essa frase seja esse o
conteúdo que se torna claro, com
base em todas as evidências: que
o Terceiro Segredo se relaciona
com uma apostasia dentro da
Igreja. Aqui, e só aqui,
é que a parte divulgada da
Mensagem de Fátima integral toca
no assunto dos dogmas
da Fé, e como eles se
conservarão em Portugal.
Qual seria o propósito de
Nossa Senhora ao mencionar a
conservação do dogma em
Portugal, se não fosse para nos
alertar de que o dogma não
se conservaria em qualquer
outra parte da Igreja? E, como
já acima sugerimos, este
“qualquer outra parte” vem
descrito, sem dúvida alguma, nas
palavras que ficam incluídas
naquele “etc.” da Irmã Lúcia.
Dado que a visão
publicada em 26 de Junho de 2000
não contém quaisquer outras
palavras de Nossa Senhora, só se
pode concluir que as palavras da
Santíssima Virgem que faltam se
encontram, por assim dizer, na
“banda sonora” do Terceiro
Segredo: era aí que Nossa
Senhora explicaria a visão. Esta
visão seria, ao que parece, o
resultado final dessa
catastrófica perda de Fé: o Papa
e a restante Hierarquia estão a
ser perseguidos numa “caça ao
homem”, até que são assassinados
no exterior de uma cidade meio
arruinada - Roma, talvez (e só
podemos tentar adivinhar, uma
vez que faltam as palavras de
Nossa Senhora), depois de um
holocausto nuclear.
Com
efeito, isto encaixa
perfeitamente naquilo que o
Cardeal Ratzinger admitira em
1984: que o Terceiro Segredo se
relaciona com «os perigos que
ameaçam a Fé e a vida do
Cristão, e, consequentemente,
do mundo». A um nível
figurativo, os cadáveres que
rodeiam o Papa - que caminha
hesitantemente em direcção a uma
colina onde é executado por
soldados - representariam as
vítimas da apostasia; e a cidade
meio arruinada, a condição da
Igreja durante esse tempo de
apostasia.
A
pior de todas as ameaças:
a perda do Dogma Católico
Quando a 16 de Maio de
2001 a Madre Angélica declarou,
na televisão nacional dos
Estados Unidos, que estava
convencida de «não nos foi
revelado na totalidade» [i. é,
todo o Terceiro Segredo] porque
«[e]u acho que [ele] é
assustador», certamente tinha
razão. Não há nada mais terrível
que o perigo de uma perda de Fé
generalizada na Igreja,
especialmente quando o perigo
emana «pelo cimo», como disse o
Cardeal Ciappi, teólogo pessoal
do Papa, com respeito ao
Terceiro Segredo. O resultado
deste perigo - caso não seja
desviado - será a condenação
eterna de milhões de almas. E
quantas não se terão já perdido,
devido à falta das salutares
advertências e conselhos do
Terceiro Segredo?
Todavia, a visão
publicada em 26 de Junho não tem
absolutamente nada assim tão
assustador - na verdade, ela não
mostra nada de tão
terrível que justificasse que o
Vaticano a tivesse guardado a
sete chaves ao longo de quarenta
anos. Por isso, facilmente o
Cardeal Ratzinger nos faria
acreditar que o Terceiro
Segredo, tal como é representado
pela visão (e unicamente por
ela), não contém «nenhum grande
mistério». É que o “mistério” só
viria expresso depois da
conclusão (que ainda permanece
oculta) da frase «Em Portugal se
conservará sempre o dogma da Fé
etc.» - a tal frase que o
“Comentário” do Cardeal afastou
do texto integral das palavras
de Nossa Senhora, na Quarta
Memória da Irmã Lúcia.
Ora
bem: quando o Papa na Sua
homilia em Fátima, em 1982,
falou «daquilo que mina as
próprias bases d[a nossa]
salvação», certamente quis dizer
“o que faz desmoronar a Fé
Católica”. Isto, deduzimo-lo do
ensino constante da Igreja
Católica. Por exemplo, o Credo
de Atanásio diz: «Quem quiser
salvar-se tem, antes de tudo, de
aderir à Fé Católica. Deve
preservar esta Fé inteira e
inviolada; caso contrário,
perecerá com toda a certeza na
eternidade». Os alicerces da
nossa salvação são pertencer à
Igreja Católica e manter a nossa
Fé Católica íntegra e
inviolável. Logo, aquilo de que
trata o Terceiro Segredo tem que
ser a perda destes ‘alicerces’ -
cada testemunha assim o diz, o
Papa João Paulo II di-lo também
e a frase indiciadora «Em
Portugal se conservará sempre o
dogma da Fé etc.» também o diz.
Como Nosso Senhor nos
advertiu: «Que aproveita ao
homem ganhar o mundo inteiro, se
perder a sua alma?» Se uma
pessoa perder a sua alma devido
à nova orientação da Igreja, à
Nova Ordem Mundial, à Religião
Única Universal, ou à promessa
de Paz e de prosperidade no
Mundo, de nada lhe aproveita
tudo isto, porque arderá no fogo
do Inferno pelos séculos dos
séculos. Só por esta razão, o
Terceiro Segredo é de uma
importância vital para nós. Não
poderia ser mais importante,
porque diz respeito à salvação
das nossas almas; e diz respeito
também à salvação das almas do
Papa, dos Cardeais, Bispos,
Sacerdotes - enfim, de cada
pessoa viva. Logo, o Terceiro
Segredo dirige-se a cada homem,
mulher e criança à face da
terra, e particularmente aos
Católicos.
Relembramos aqui que, em
1984, o Cardeal Ratzinger
admitiu que, se o Segredo não
era tornado público «pelo menos
por agora», era para «impedir
que a profecia
religiosa viesse a descambar no
sensacionalismo» - afirmação que
está muito longe da actual: que,
em harmonia com a Linha do
Partido do Cardeal Sodano, o
Terceiro Segredo culminara em
1981, com a falhada tentativa de
assassínio do Sumo Pontífice.
Além disso, o Terceiro Segredo é
uma profecia que começou a
realizar-se em 1960 - que a Irmã
Lúcia disse ser o ano em que a
profecia seria “mais clara”. E,
como Frère Michel salienta, uma
profecia que começa a
realizar-se torna-se,
obviamente, mais clara. Tendo,
portanto, começado a profecia a
realizar-se pelo menos por volta
de 1960, é uma profecia que,
obviamente, nos diz algo sobre
o nosso tempo. É ainda
uma advertência amorosa de Nossa
Senhora, e também um conselho
sobre como fazer frente a este
perigo, claro e actual na
Igreja.
Olhemos então mais de
perto a essência do Terceiro
Segredo. Como o Cardeal
Ratzinger admitiu há 18 anos - e
note-se que foi antes de o
Cardeal Sodano ter instituído a
Linha do Partido sobre Fátima -,
o Terceiro Segredo diz respeito,
em primeiro lugar, aos perigos
contra a Fé. É São João quem nos
diz o que é que vence o Mundo:
diz Ele que é a nossa Fé.
Portanto, para que o Mundo
pudesse derrotar a Igreja, teria
primeiro que derrotar a nossa Fé
como Católicos.
Logo, a essência do
Terceiro Segredo ocupa-se da
tentativa do Mundo em derrotar a
Nossa Fé Católica. Como
demonstrámos abundantemente nos
capítulos anteriores, as forças
do Mundo têm vindo a travar uma
grande batalha contra a Fé
Católica a partir de 1960. Mas o
que acontece é que,
simplesmente, não há qualquer
debate sobre isto com base nas
evidências esmagadoras que nós
apenas esboçámos aqui.
Observando ainda em mais
pormenor: o Segredo diz respeito
ao dogma da Fé. Nossa
Senhora de Fátima disse que o
dogma da Fé se
conservaria sempre em Portugal -
e não simplesmente “a Fé”.
Porque terá Nossa Senhora
frisado este dogma
católico? Sem dúvida a Senhora
assim o disse porque o Segredo é
uma profecia sobre o facto de o
dogma católico da Fé ser,
especificamente, o alvo
daqueles que atacariam a Igreja,
tanto a partir do seu interior
como de fora. Ora já Nosso
Senhor nos avisava nas Sagradas
Escrituras: «Surgirão falsos
messias e falsos profetas que
farão sinais e prodígios, a fim
de enganarem, se possível, até
os eleitos» (Mc. 13:22). E como
já demonstrou a crise ariana,
estes falsos profetas podem até
ser Sacerdotes e Bispos.
Passamos a citar aqui a
conhecida descrição do Cardeal
Newman dessa era da História da
Igreja: «Os relativamente poucos
que permaneceram fiéis foram
desacreditados e afastados para
o exílio; os demais, ou
vinham enganar ou vinham
enganados». Em tempos de
crise como estes, os Católicos
têm de se agarrar aos dogmas da
Fé.
- O
que é um dogma? Dogma é aquilo
que foi infalivelmente
definido pela Igreja - e no
qual os Católicos têm de
acreditar para serem Católicos.
Os dogmas da Fé estão contidos
nas definições infalíveis e
solenes do Magistério -
nomeadamente, quando o Papa, em
Pessoa, se pronuncia de uma
maneira que obriga claramente a
Igreja Universal a acreditar
naquilo que Ele está a decretar;
ou quando um Concílio Ecuménico
de todos os Bispos Católicos, é
presidido pelo Papa que promulga
tais pronunciamentos
obrigatórios; ou, ainda, tudo
aquilo que é ensinado pelo
Magistério Universal e Ordinário
da Igreja.
-
Que quer dizer uma definição
dogmática infalível? A
palavra infalível significa
«que não pode falhar».
Logo, as definições da Fé,
solenemente definidas pela
Igreja, não podem falhar. É por
meio das definições infalíveis
que nós sabemos o que é a Fé e o
que são os dogmas da Fé. Se
acreditarmos e se nos agarrarmos
a estas definições infalíveis,
então não podemos ser enganados
em assuntos deste modo definidos.
-
Como sabemos que um assunto foi
definido infalivelmente como um
artigo da Fé Católica? Sabemo-lo
pelo modo como tal ensinamento é
apresentado.
Quatro fontes de
ensino infalível
Há
quatro modos principais segundo
os quais o ensino da Igreja nos
é apresentado de modo infalível:
Primeiro, por meio da
promulgação, pelos Papas e pelos
Concílios Ecuménicos, de
credos que fornecem um
resumo daquilo em que os
Católicos devem crer para serem
Católicos.
Segundo, por meio de
definições solenes que
contêm frases como «Nós
declaramos, pronunciamos e
definimos (…)» ou alguma fórmula
semelhante que indica que o Papa
ou o Papa em conjunto com um
Concílio Ecuménico têm
claramente a intenção de impor à
Igreja que creia nesse
ensinamento. Tais definições são
geralmente acompanhadas por
anátemas (condenações)
daqueles que, de qualquer modo,
negarem o ensinamento assim
definido.
Terceiro, as definições
do Magistério Ordinário e
Universal - ou seja, o
ensino constante da Igreja
de um modo “ordinário”,
desde sempre e em
qualquer parte do mundo -,
mesmo se esse ensinamento não
foi solenemente definido pelas
palavras «Declaramos,
pronunciamos, e definimos (…)»
(Um bom exemplo é o ensino
constante da Igreja, ao longo da
Sua história, de que a
contracepção e o aborto são
gravemente imorais).
Quarto, há julgamentos
definitivos do Papa - geralmente
sobre proposições condenadas,
nas quais é proibido a
um Católico acreditar. Quando um
Papa, ou um Papa em conjunto com
um Concílio, condenam
solenemente uma proposição, é
possível saber-se,
infalivelmente, que ela é
contrária à Fé Católica.
Um
exemplo de um Credo
é a Profissão de
Fé promulgada pela Concílio de
Trento. Apresentamo-lo aqui,
convenientemente arranjado em
forma de pontos e sem alteração
na linguagem:
-
Creio em um só Deus, Pai
Onipotente, Criador do céu e
da terra e de tôdas as
coisas, visíveis e
invisíveis. E em
-
um
só Senhor Jesus Cristo,
Filho Unigênito de Deus,
nascido do Pai antes de
todos os séculos; é Deus de
Deus, Luz da Luz, Deus
verdadeiro do Deus
verdadeiro; é gerado, não
feito; consubstancial ao
Pai, por quem foram feitas
tôdas as coisas.
-
O
qual, por amor de nós homens
e pela nossa salvação,
desceu dos céus. E se
encarnou por obra do
Espírito Santo no seio da
Virgem Maria, e se fêz
homem.
-
E
[creio] no Espírito Santo,
[que também é] Senhor e
Vivificador, o qual procede
do Pai e do Filho. O qual,
com o Pai e o Filho, é
juntamente adorado e
glorificado, e foi quem
falou pelos profetas.
-
Confesso também que são sete
os verdadeiros e próprios
sacramentos da Nova Lei,
instituídos por Nosso Senhor
Jesus Cristo, embora nem
todos para cada um
necessários, porém para a
salvação do gênero humano.
-
São êles: Baptismo,
Confirmação, Eucaristia,
Penitência, Extrema-Unção,
Ordem e Matrimônio, os quais
conferem a graça; mas não
sem sacrilégio se fará a
reiteração do Baptismo, da
Confirmação e da Ordem.
-
Confesso outrossim que na
Missa se oferece a Deus um
sacrifício verdadeiro,
próprio e propiciatório
pelos vivos e defuntos, e
que no santo sacramento da
Eucaristia estão verdadeira,
real e substancialmente o
Corpo e o Sangue com a alma
e a divindade de Nosso
Senhor Jesus Cristo,
operando-se a conversão de
tôda a substância do pão no
corpo, e de tôda a
substância do vinho no
sangue; conversão esta
chamada pela Igreja
transubstanciação.
-
Que os Santos, que reinam
com Cristo, também devem ser
invocados; que êles oferecem
suas orações por nós, e que
suas relíquias devem ser
veneradas.
-
Firmemente declaro que se
devem ter e conservar as
imagens de Cristo, da sempre
Virgem Mãe de Deus, como
também as dos outros Santos,
e a êles se deve honra e
vereração.
-
Da
mesma forma aceito e
confesso indubitàvelmente
tudo o mais que foi
determinado, definido e
declarado pelos sagrados
cânones, pelos Concílios
Ecumênicos, especialmente
pelo santo Concílio
Tridentino (e pelo Concílio
Ecumênico do Vaticano,
principalmente no que se
refere ao Primado do Romano
Pontífice e ao Magistério
infalível9)
-
Eu
mesmo, N., prometo e juro
como o auxilio de Deus
conservar e professar
integra e imaculada até ao
fim de minha vida esta
verdadeira fé católica, fora
da qual não pode haver
salvação, e que agora
livremente professo. E
quanto em mim estiver,
cuidarei que seja mantida,
ensinada e pregada a meus
súbditos ou àqueles, cujo
cuidado por ofício me foi
confiado. Que para isto me
ajudem Deus e êstes santos
Evangelhos!
Com
respeito às definições
solenes e infalíveis do dogma
Católico, um exemplo recente é a
Carta Apostólica do
Bem-aventurado Papa Pio IX,
Ineffabilis Deus (1854),
onde se define infalivelmente o
Dogma da Imaculada Conceição de
Maria:
Declaramos,
pronunciamos e definimos:
A doutrina que sustenta que
a beatíssima Virgem Maria,
no primeiro instante da sua
Conceição, por singular
graça e privilégio de Deus
onipotente, em vista dos
méritos de Jesus Cristo,
Salvador do gênero humano,
foi preservada imune de tôda
a mancha de pecado original,
essa doutrina foi revelada
por Deus, e por isto deve
ser crida firme e
inviolàvelmente por todos os
fiéis.
Portanto, se alguém
(que Deus não permita!)
deliberadamente entende
pensar diversamente de
quanto por Nós foi definido,
conheça e saiba que está
condenado pelo seu próprio
juizo, que naufragou na fé,
que se separou da unidade da
Igreja, e que, além disso,
incorreu por si, “ipso
facto”, nas penas
estabelecidas pelas leis
contra aquêle que ousa
manifestar oralmente ou por
escrito, ou de qualquer
outro modo externo, os erros
que pensa no seu coração.
(ênfase acrescentada)
Neste ponto, lembremo-nos
que o Cardeal Ratzinger, em
AMF, fez ruir
estrondosamente este dogma - e a
Mensagem de Fátima - por ter
ousado afirmar que «O “coração
imaculado” é, segundo o
evangelho de Mateus (5, 8),
um coração que a partir de
Deus chegou a uma perfeita
unidade interior e,
consequentemente, “vê a Deus”».
Não, não e não! O Coração
Imaculado não é “um” coração,
mas antes o
coração - só esse e o
único Coração - da Santíssima
Virgem Maria, o único simples
ser humano Que foi concebido sem
Pecado Original e Que nunca
sequer cometeu o mais leve
pecado pessoal ao longo da Sua
vida gloriosa nesta terra.
Finalmente, há a
proposição condenada - de
que é um exemplo acabado o
Syllabus de Erros do
Bem-aventurado Pio IX, onde este
grande Papa enumerou os muitos
erros do liberalismo na forma de
proposições que ele, solene,
definitiva e infalivelmente
condenou como erros contra a Fé10,
inclusive a proposição nº 80
(que já anteriormente
mencionámos): «O pontífice
romano pode e deve
reconciliar-se e conformar-se
com o progresso, com o
liberalismo e com a moderna
civilisação».
Como mostrámos, também
aqui o Cardeal Ratzinger tentou
enfraquecer insidiosamente o
ensino anterior da Igreja, ao
dizer que o ensino do Concílio
Vaticano II era um
“contra-Syllabus”, ou seja: «uma
tentativa de uma reconciliação
oficial com a nova era
inaugurada em 1789» e um esforço
para corrigir aquilo que ele
teve a ousadia de chamar «a
unilateralidade da posição
adoptada pela Igreja sob o
reinado do Bem-aventurado Pio IX
e de São Pio X, em resposta à
situação criada pela nova época
da História inaugurada pela
Revolução Francesa ...»11.
Para tornar ainda mais explicita
a sua rejeição do ensino
infalível e solene do
Bem-aventurado Papa Pio IX, o
Cardeal Ratzinger afirma que, no
Concílio Vaticano II, «a atitude
de reserva crítica em relação às
forças que têm deixado a sua
“chancela” no Mundo moderno deve
ser substituída por uma
plataforma de acordo em
relação a esses movimentos»12
- opinião que contradiz
radicalmente o ensino do
Bem-aventurado Papa Pio IX, de
que a Igreja não deve
«conformar-se com o progresso,
com o liberalismo e com a
moderna civilização».
O
Cardeal Ratzinger, no seu uso
ultrajante e abusivo do dogma da
Imaculada Conceição bem como na
sua arrogante rejeição do
Syllabus, que considera
“unilateral”, evidencia o
próprio âmago da crise
pós-conciliar na Igreja: o
ataque às definições
infalíveis do Magistério.
Ora, na maioria dos
casos, este ataque foi apenas
indirecto. No geral, a definição
infalível não é directamente
negada, mas antes minada
por meio da crítica ou da
“revisão”. Os inovadores da
Igreja não são tão estúpidos que
afirmem, pura e simplesmente,
que um ensino infalível da
Igreja está errado. E até pode
acontecer que, na sua suposta
“iluminação”, estes inovadores
possam pensar, inclusivamente,
que estão “a aprofundar” ou “a
desenvolver” o ensino Católico
para o bem da Igreja - note-se
que não estamos a julgar as suas
motivações subjectivas. Mas o
efeito daquilo que
fazem é óbvio: a derrocada,
pelos alicerces, dos
ensinamentos definidos
infalivelmente pelo Magistério.
Outro exemplo deste
enfraquecimento insidioso é o
ataque ao dogma de que fora da
Igreja Católica não há salvação.
O Credo Tridentino, acima citado
em toda a sua inteireza, afirma:
«Eu prometo conservar e
professar esta verdadeira fé
católica, fora da qual não pode
haver salvação (…)» No Capítulo
6 mostrámos como, muitas e
muitas vezes, o Magistério
definiu solenemente este dogma:
de que fora da Igreja Católica
não há salvação. Pois apesar
disso, este dogma é hoje negado
e constantemente minado
por um “ecumenismo” que afirma
que nem os hereges Protestantes
nem os Ortodoxos cismáticos
precisam de regressar à Igreja
Católica, porque isso não passa
de uma “eclesiologia antiquada”13.
E em muitos lugares, o dogma é
hoje directamente negado,
enquanto noutros, se não o é
directamente, desmorona-se na
prática devido a ataques
indirectos, repetidos e
insidiosos - daí resultando que,
em tais lugares, já não
acreditam nem seguem o dogma [de
que fora da Igreja Católica não
há salvação].
É
inegável que, a partir do
Concílio Vaticano II, uma
multidão de noções singulares e
estranhas foram introduzidas na
Igreja como “desenvolvimento” da
Doutrina Católica, mesmo que
tais inovações - pelo menos
implícita e às vezes
explicitamente - contradissessem
e minassem as definições
infalíveis. Por exemplo, a ideia
de que o documento conciliar
Gaudium et Spes é um
“contra-Syllabus” que se opõe às
condenações solenes do
Bem-aventurado Pio IX14
faz ruir toda a
integridade do Magistério
infalível. Tal afirmação é um
ataque à própria credibilidade
do oficio docente da Igreja;
portanto é, afinal, um ataque ao
dogma católico em si.
Não pode haver
“um novo entendimento” do Dogma
Católico
Este ataque pós-conciliar
contra o dogma, quer
corrompendo-o quer opondo-se-lhe
por uma contradição implícita,
não pode ser justificado como um
“desenvolvimento” ou um “novo
entendimento” do dogma. Como o
Concílio Vaticano I solenemente
ensinou: «Assim, o Espírito
Santo não foi prometido aos
sucessores de Pedro para que
eles pudessem revelar uma
nova doutrina, mas antes
para que, com o Seu auxílio,
pudessem guardar de modo sagrado
a revelação transmitida pelos
Apóstolos e o depósito da Fé, e
para que os pudessem fielmente
perpetuar ao longo dos tempos»15.
Além disto, e segundo o
Concílio Vaticano I solenemente
ensinou, não pode haver nenhum
“novo entendimento” daquilo que
a Igreja já definira
infalivelmente:
[S]empre se deve ter
por verdadeiro sentido dos
dogmas aquêle que a Santa
Madre Igreja uma vez tenha
declarado, não sendo jamais
permitido, nem a título de
uma inteligência mais
elevada, afastar-se dêste
sentido.16
Logo, é um princípio da
Fé Católica, no qual
acreditamos, que nenhuma
nova doutrina foi revelada por
Deus desde a morte do último
Apóstolo, São João; e que
não emergiu nenhum
entendimento novo da doutrina,
nem devido ao Concílio Vaticano
II nem a qualquer outro motivo.
Portanto, esta doutrina
“nova” ou “contra”-doutrina de
que tanto ouvimos falar desde o
Concílio Vaticano II pode não
passar de uma pseudo-doutrina -
que tem vindo a ser ensinada de
um modo muito subtil: quando
esta pseudo-doutrina contradiz
as doutrinas que foram
infalivelmente definidas, então
os Católicos devem manter-se
fiéis às doutrinas infaliveis e
rejeitar as “novas”.
O
dogma da Fé não pode
falhar, mas as inovações podem
falhar-nos. Os homens podem
falhar; os leigos podem falhar;
os Sacerdotes podem falhar; os
Bispos podem falhar; os Cardeais
podem falhar; e até o Papa pode
falhar em assuntos que não
envolvam o Seu carisma de
infalibilidade - tal como a
História nos demonstra com mais
do que um Papa que ensinou, ou
pareceu ensinar, alguma
inovação.
Por
exemplo, - O Papa Honório foi
postumamente condenado pelo
Terceiro Concílio de
Constantinopla, no ano 680, por
ser auxiliar e cúmplice de
heresia17, condenação
essa que foi aprovada pelo Papa
Leão II e reiterada por Papas
subsequentes. - No Século XIV
(1333), o Papa João XXII
proferiu homilias - não
definições solenes - em que
insistia que as bem-aventuradas
almas dos defuntos não gozam da
Visão Beatífica antes do dia do
Juízo Final. Por causa disto foi
denunciado e corrigido por
teólogos até que, por fim,
retractou a sua opinião herética
já no leito de morte.
Neste último caso17a,
os Católicos bem informados
dessa época (que eram os
teólogos) sabiam que João XXII
estava enganado no seu ensino
sobre o Juízo Particular. Sabiam
que havia algo de errado no
ensinamento de João XXII, por
contradizer aquilo em que a
Igreja tinha sempre acreditado -
mesmo que, a essa altura, ainda
não fosse uma definição
infalível. Então, os Católicos
que no Século XIV conheciam a
sua Fé, não se ficaram a dizer
simplesmente: «Ora bem, o Papa
fez esta homilia a dizer isto…
portanto, nós devemos mudar
aquilo em que acreditamos».
Olhando ao ensino constante da
Igreja de que os defuntos,
falecidos na bem-aventurança,
gozam da Visão Beatífica
imediatamente a seguir ao
Purgatório, os teólogos sabiam
que João XXII estava enganado -
e disseram-Lho.
E
aconteceu que, com o passar do
tempo, o carácter imediato da
Visão Beatífica foi solene e
infalivelmente definido em 1336,
pelo sucessor de João XXII, o
que arrumou o assunto e o pôs
acima de todo e qualquer debate
ulterior - ora é precisamente
para isso que uma definição
infalível foi necessária. O
mesmo se pode dizer em relação a
todos os outros assuntos
infalivelmente definidos pela
Igreja. Podemos, e devemos,
confiar nestas definições
infalíveis com absoluta certeza,
e rejeitar todas as opiniões em
contrário - mesmo se as opiniões
contrárias vierem de um Cardeal
ou até de um Papa.
Há
outros exemplos de Papas que
falham. Até São Pedro, o
primeiro Papa, errou, como
mostram as Sagradas Escrituras -
não por aquilo que disse, mas
pelo exemplo que deu: cerca do
ano 50, em Antioquia, S. Pedro
recusou sentar-se à mesa com
gentios convertidos. Por se ter
afastado destes convertidos, deu
a falsa impressão de que o
Primeiro Concílio de Jerusalém
errava no seu ensino infalível
de que não se aplicava à Igreja
Católica a lei cerimonial
moisaica (que proibia os Judeus
de comerem com os gentios
“imundos”). Foi por causa deste
incidente que São Paulo
repreendeu São Pedro, cara a
cara e em publico. (Gal. 2:11).
Outro exemplo é o do Papa
Libério que, em 357, errou ao
assinar um Credo que lhe fora
proposto pelos Arianos e que
omitia qualquer referência ao
facto de o Filho ser
consubstancial ao Pai. Resta
esclarecer que o Papa Libério
consentiu nisto depois de sofrer
dois anos no exílio, e sob
ameaça de morte. Falhou também
(sob prisão e no exílio) ao
condenar e excomungar
erradamente - na realidade,
dando só a aparência de
excomungar - Santo Atanásio, que
defendia a Fé neste assunto.
Libério, o primeiro Papa a não
ser proclamado santo pela
Igreja, errou, porque Atanásio
ensinava a Doutrina Católica - a
verdadeira e infalível doutrina
- ensinada infalivelmente pelo
Concílio de Niceia no ano de 325
d.C. E era essa definição
infalível - não o ensino erróneo
do Papa Libério - que tinha de
ser seguido naquele caso.
Destes exemplos da
História da Igreja aprendemos
que tudo quanto nos é
proposto para a nossa Fé tem de
ser julgado por aquelas
definições. Logo, se um Cardeal,
um Bispo, um Sacerdote, um leigo
ou até o Papa nos
ensinar alguma inovação que seja
contraria a alguma definição da
Fé, é certo e sabido que esse
ensino é errado e deve ser
rejeitado em prol da salvação
das nossas almas imortais. Sim,
até o Papa pode errar; e de
facto erra, se expressa uma
opinião contrária a uma
definição solene e infalível da
Igreja Católica. Mas isso não
significa que a Igreja
erra, quando tal acontece;
apenas que o Papa se enganou -
sem que tal falha se imponha à
Igreja inteira. Claro que, se
até o Papa pode errar ao ensinar
alguma inovação, também decerto
os Cardeais, Bispos e Sacerdotes
podem errar no seu ensino e nas
suas opiniões.
Logo, quando Nossa
Senhora fala sobre o “dogma da
Fé”, indica-nos que o perigo
contra a Fé - e para «a vida do
Cristão e, consequentemente,
[para a vida] do mundo», para
evocar a afirmação do Cardeal
Ratzinger - se erguerá quando
são ‘falsificadas’ ou
corrompidas as definições
dogmáticas e solenes da Fé
Católica; é que são essas
definições que formam as
próprias fundações da Fé
Católica e, consequentemente, o
fundamento da nossa salvação,
para evocar a homilia do Papa,
em Fátima, em 1982.
À
objecção de que simples
Sacerdotes, ou simples leigos,
não podem discordar de altos
prelados como o Cardeal
Ratzinger, ou até mesmo (aquando
de casos extraordinários, de que
já demos exemplos) do Papa, deve
responder-se: -É para isto mesmo
que a Igreja tem as definições
infalíveis. É medindo todo e
qualquer ensinamento pela bitola
das definições solenes e
infalíveis da Igreja que é
possível saber se esse
ensinamento é verdadeiro ou
falso - e não pelo cargo
eclesiástico da pessoa que o
emitiu. Como São Paulo ensinou:
«Mas ainda que alguém - nós
mesmos ou um anjo do Céu - vos
anuncie outro Evangelho, além
daquele que vos tenho anunciado,
esse seja anátema.» (Gal.1:8)
Note-se que os Fiéis têm de
considerar anátema - ou seja,
maldito, afastado da Igreja,
merecedor do fogo do Inferno -
mesmo que seja um Apóstolo,
se ele contradisser o ensino
infalível da Igreja. Por isso é
que os teólogos tinham o poder
de [no século XIV] corrigir o
Papa João XXII no seu erróneo
ensino do púlpito; e é por isso
também que os Católicos de hoje
podem apontar, distinguindo, o
ensino correcto e o errado,
mesmo tendo, na Hierarquia, um
lugar inferior ao do prelado que
está a cometer o erro.
Um
bom exemplo histórico disto
mesmo encontra-se no caso de um
advogado chamado Eusébio, que
fez notar que Nestório - ilustre
Arcebispo de Constantinopla e o
mais alto prelado logo abaixo do
Papa - estava errado quando
negou que a Santíssima Virgem é
a Mãe de Deus. Naquele dia de
Natal, durante a Santa Missa,
Eusébio pôs-se de pé no seu
banco na Igreja e denunciou
Nestório por pregar uma heresia
- a despeito de todos os
Sacerdotes e Bispos
(hierarquicamente superiores)
terem ficado calados em face
dessa mesma heresia. Portanto,
era um simples leigo quem tinha
razão, enquanto todos os outros
não a tinham. O Concílio de
Éfeso foi chamado a ouvir o
assunto, e assim foi infalível e
solenemente definido que a
Santíssima Virgem é a Mãe de
Deus. E uma vez que Nestório se
recusou a abjurar, foi deposto e
declarado herege. Nestório foi,
pois, excomungado!
Em
resumo: a verdade não é assunto
que deva ser confirmado por uma
maioria democrática ou pela
(alta) posição social de quem
afirma tal coisa; a verdade é
aquilo que Cristo e Deus-Pai
revelaram nas Sagradas
Escrituras e na Tradição, aquilo
que foi solenemente definido
pela Igreja Católica, e que a
Igreja Católica sempre ensinou -
sempre, e não apenas a
partir de 1965!
Os efeitos desastrosos
de interferir nas definições
infalíveis
A
História também nos fornece um
caso exemplar sobre o que pode
acontecer à Igreja quando um só
dogma é contradito numa larga
escala. A heresia do Arianismo
causou uma confusão catastrófica
na Igreja, de 336 a 381 d.C. Já
no ano de 325 o Arianismo tinha
sido condenado; apesar disso,
reergueu-se em 336 - e foi a
partir dessa data que a heresia
ganhou para si cerca de 90% dos
Bispos, até que acabou por ser
derrotada cerca de cinquenta
anos mais tarde. Na confusão e
perda da Fé resultantes, até o
grande Santo Atanásio foi
“excomungado” pelo Papa, em 357.
Por 381, o Arianismo fora
vencido pelo Primeiro Concílio
de Constantinopla. Todavia,
estava ainda florescente entre
360 e 380; e os resultados foram
profundamente assoladores para a
Igreja.
Mas
a Crise Ariana tem mais para nos
ensinar sobre o provável
conteúdo do texto que falta no
Terceiro Segredo. Uma razão por
que os Arianos foram capazes de
ser bem sucedidos por algum
tempo, foi terem atacado “com
sucesso” um dogma que
tinha sido solene e
infalivelmente definido no
Concílio de Niceia, em 325 - o
dogma de que Cristo é Deus de
Deus, Luz da Luz, Deus
verdadeiro de Deus verdadeiro;
gerado, não criado,
consubstancial ao Pai. Esta
definição solene e infalível
está no Credo do Concílio de
Niceia, que dizemos cada Domingo
na Santa Missa.
Os
Arianos alteraram a definição
conseguindo que muitos dos
“fiéis” fizessem pressão para
que ela fosse substituída por
uma definição falsa, que não era
infalível. Em 336, eles
substituíram a palavra grega
Homoousion por outra
palavra Homoiousion. A
primeira, Homoousion,
significa basicamente
“consubstancial” ao Pai. Ora,
para Deus-Filho ser
consubstancial ao Pai, o Filho
tem de ser não só Deus mas o
mesmo único Deus com o Pai,
de tal modo que a substância do
Pai é a substância do
Filho - mesmo que a Pessoa do
Pai não seja a Pessoa do Filho.
Portanto, há três Pessoas em um
só Deus - Pai, Filho, e Espirito
Santo -, mas há um só Deus, com
uma só substância, em
três Pessoas distintas. Isto é o
Mistério da Santíssima Trindade.
A palavra nova Homoiousion,
todavia, significa “de
substância semelhante”
à do Pai. Logo, a frase crítica
neste dogma - “consubstancial ao
Pai” - foi mudada para “de
substância semelhante à do Pai”
ou “à semelhança do Pai”.
Assim, os Arianos
provocaram uma confusão total na
Igreja por acrescentarem uma
só letra à palavra
Homoousion, criando uma
palavra nova com uma
significação nova:
Homoiousion. Atacaram uma
definição solene, afirmando que
a sua definição nova era melhor
que a definição solene - o que
era impossível: a definição nova
não podia ser melhor que a
definição solene, porque a
declaração solene do Concílio de
Niceia era infalivel.
Acrescentando uma só
letra a uma só palavra, os
Arianos suprimiram uma definição
infalivel. Isto abriu caminho
aos Arianos e semi-Arianos,
levando-os a um verdadeiro
estado de guerra. Houve pessoas
martirizadas, perseguidas,
levadas para o deserto,
afastadas para o exílio - por
causa desta única
mudança a um único
dogma infalível. Santo Atanásio
foi, por cinco vezes, afastado
para o exílio pelo Sínodo do
Egipto (tendo, por isso, passado
mais de 17 anos no exílio). Mas
era ele quem tinha razão; e os
Bispos heréticos desse Sínodo
estavam, todos eles, errados.
As definições
infalíveis estão acima
de quaisquer estudos ou de
qualquer
cargo da Hierarquia da Igreja
-Como sabia Atanásio que
tinha razão? Sabia-o, porque se
agarrou firmemente à definição
infalível, sem se importar com o
que pudessem dizer as outras
pessoas. Nem todo o estudo do
mundo nem os altos cargos podem
sobrepor-se à verdade de um
único ensinamento católico
infalivelmente definido. Até o
mais humilde dos Fiéis, ancorado
a uma definição infalível, terá
mais sabedoria que o teólogo
mais “ilustrado” que a negue ou
a corrompa. Este é todo o
propósito do ensino da Igreja
infalivelmente definido
para nos tornar independentes
das opiniões de simples homens,
por mais estudiosos que sejam,
por mais elevados que sejam os
cargos que ocupam.
Ora, em 325, a definição
solene do Concílio de Niceia
foi infalível; mas, nessa
altura, muita gente não se deu
plenamente conta de que as
definições solenes da Fé o eram
- isto porque, nessa era na
História da Igreja, ainda não
tinha sido promulgada a
definição do ensino solene da
Igreja: que as definições
solenes e definitivas da Fé são
infalíveis. Seria em 1870 que o
Concílio Vaticano I definiu,
solene e infalivelmente, a
infalibilidade das definições
solenes da Igreja. Nós agora
sabemos, infalivelmente, que as
definições solenes são
infalíveis. E, repetimos, elas
não podem falhar - nunca.
As definições
infalíveis
estão a ser atacadas no nosso
tempo
Logo, no nosso tempo não
há qualquer desculpa nem para
sermos seduzidos pela heresia
nem para deixarmos de defender
as definições solenes. No
entanto, é precisamente isso que
acontece hoje, tal como
aconteceu no tempo de Ário.
Há eclesiásticos que julgam as
coisas à luz do Concílio
Vaticano II, em vez de julgarem
o Concílio Vaticano II à luz das
definições infalíveis.
Esqueceram-se que são as
definições infalíveis - não o
Concílio Vaticano II - os
padrões inalteráveis pelos quais
se medem todas as doutrinas,
assim como o metro-padrão de cem
centímetros é a medida imutável
para calcular um metro, sendo
óbvio que não se pode decidir de
repente que o novo padrão para
medir um metro é uma barra com
95 centímetros. Semelhantemente,
a Igreja não pode decidir de um
dia para o outro que o Concílio
Vaticano II é a nova
medida-padrão da Fé.
E
assim, depois de um exame mais
pormenorizado, chegamos de novo
ao âmago do Terceiro Segredo. É
por esta razão que ele
começa com a referência de Nossa
Senhora ao dogma da Fé.
É por esta razão que a Irmã
Lúcia disse que o Terceiro
Segredo seria “mais claro”
depois de 1960. E aqui devemos
fazer notar que,
indubitavelmente, estamos a
viver no meio do período de
calamidade que o Terceiro
Segredo vaticina. -Como sabemos
que assim é? Porque a Virgem
Maria nos disse que o Segredo
seria “mais claro” a partir de
1960 e ainda que por fim
o Seu Imaculado Coração
triunfará. Visto que o Triunfo
do Coração Imaculado de Maria
(obviamente) ainda não chegou,
temos que estar a viver no
período intermédio entre 1960 e
aquele Triunfo final - ou seja,
o período delineado pela
profecia do Terceiro Segredo.
Ora
o que temos visto a partir do
Concílio Vaticano II é,
repare-se, um ataque - um ataque
indirecto e muito subtil -
contra as definições solenes da
Igreja. Foi um Concílio
pretensamente pastoral
que se recusou a pronunciar-se
com definições solenes e que -
aos olhos de algumas pessoas -
foi efectivamente contra certas
definições solenes. Como vimos,
era por isso que o Concílio
desejava ser “pastoral”: para
evitar definições solenes, e
para evitar condenações do erro,
tal como o Papa João XXIII
declarou na sua alocução de
abertura.
Pois sim, mas que mal tem
isso? O mal está em que, através
do subtil erro em recusar fazer
definições solenes, fica aberta
uma porta para o uso de uma
linguagem com a qual o Concílio
poderia minar definições solenes
já existentes -
artifício utilizado precisamente
pelos Arianos no Século IV, para
incitar a confusão na Igreja. E
eles quase conseguiram derrotar
a Igreja inteira.
Ora
foi este mesmo processo que foi
novamente posto em prática, a
partir da abertura do Concílio
Vaticano II. Mas os Fiéis têm
uma solução para este problema:
não sendo o Concílio Vaticano II
autoritário - no sentido em que
não exerceu o Seu Magistério
supremo -, não exerceu,
portanto, o Seu poder nem de
definir doutrina nem de
anatematizar o erro. Uma vez que
não exerceu, pois, essa
autoridade, tudo o que foi
ensinado pelo Vaticano II - e
que não fora ensinado
infalivelmente antes do
Concílio - tem de ser examinado
à luz das definições dogmáticas
infalíveis e dos ensinamentos da
Igreja Católica.
Todavia, não é isso que
acontece hoje. O que hoje
acontece é que se está a
redefinir “a Fé” à luz do
Vaticano II. É certamente deste
processo que fala Nossa Senhora
de Fátima quando, indo
directamente ao coração do
assunto, diz que o dogma
da Fé se conservará sempre
em Portugal - mas se perderá
claramente em muitos outros
lugares -, recomenda à Irmã
Lúcia que esta Sua advertência
deve tornar-se conhecida por
volta de 1960, quando o
Concílio já tinha sido
anunciado.
Esta conclusão é
confirmada pelas homilias do
Papa em Fátima, em 1982 e em
2000: em 1982, o Santo Padre
disse que as bases da nossa
salvação tinham vindo a ser
minadas; e em 2000, na Sua
homilia proferida durante a
beatificação dos Bem-aventurados
Jacinta e Francisco, o Papa João
Paulo II advertiu-nos sobre os
perigos para a nossa salvação
hoje, ao dizer que «A
mensagem de Fátima é um apelo à
conversão, alertando a
humanidade para não fazer o
jogo do ‘dragão’ cuja ‘cauda
arrastou um terço das estrelas
do Céu e lançou-as sobre a
terra’» (Apoc. 12:4). E -
vejamos de novo -, onde é que
encontramos isto nos excertos já
revelados da Mensagem de Fátima?
Em parte nenhuma. Portanto, tem
de estar no Terceiro Segredo. O
Papa vem dizer-nos que o
Terceiro Segredo trata dos
perigos contra a Fé e que um
terço do Clero católico está
envolvido nisso.
O ataque parte do
interior da Igreja
Focaremos agora mais um
pormenor da essência do Terceiro
Segredo. O Papa também fez notar
que o ataque contra a Fé
Católica vem do interior
[da Igreja]. Disse-o em
1982:
«Poderá a Mãe, que deseja
a salvação de todos os homens,
com toda a força do seu amor que
alimenta no Espírito Santo,
poderá Ela ficar calada acerca
daquilo que mina as
próprias bases desta salvação?»
O verbo minar implica o
enfraquecimento dos alicerces da
nossa salvação a partir do
interior. Um inimigo de fora da
Igreja ataca do exterior; mas um
inimigo infiltrado atacará a
partir do Seu interior. No
segundo caso, o ataque é
inesperado e sem sobressaltos de
ninguém; e o atacante é visto
como se fosse um “amigo”.
Portanto, é o Papa João
Paulo II quem nos diz que a Fé
Católica está a ser minada a
partir do seu interior (13 de
Maio de 1982: «daquilo que mina
as próprias bases dessa
salvação») e pelo Clero Católico
(13 de Maio de 2000: «um terço
das estrelas do Céu»).
Concluimos este ponto
chamando a atenção para o facto
de ainda haver mais uma fonte da
qual podemos inferir este
aspecto do Terceiro Segredo. Em
1963, a publicação alemã
Neues Europa divulgou algo
que parecia ser uma parte do
Terceiro Segredo: que estaria
Cardeal contra Cardeal, Bispo
contra Bispo. Sabemos isto
porque, quando foi inquirido se
o relato da Neues Europa
deveria ou não ser
publicado, o Cardeal Ottaviani,
que também tinha lido o Terceiro
Segredo - embora fosse de uma
personalidade muito seca e
bastante indiferente á maioria
das aparições -, exclamou com
toda a ênfase: «Publiquem 10.000
exemplares! Publiquem 20.000
exemplares! Publiquem 30.000
exemplares!»18.
Depois, há também o
testemunho do falecido Padre
Malachi Martin, de que a
mensagem de Garabandal (Espanha)
contém o Terceiro Segredo ou
alguns dos seus elementos. O
Padre Martin - que era
conhecedor do Terceiro Segredo
porque ele próprio o tinha lido,
e que lera também a mensagem de
Garabandal - disse que fora
devido à decisão do Vaticano de
não divulgar o Terceiro Segredo
em 1960 que Nossa Senhora tinha
aparecido em Garabandal em 1961,
a fim de O revelar. O que está
na mensagem de Garabandal? Entre
outras coisas, a mensagem de
Garabandal diz: «muitos
Cardeais, Bispos e Sacerdotes
estão no caminho do Inferno, e
“arrastam” consigo muitíssimas
almas.» Repare-se mais uma vez
na reiteração da ideia de
arrastar almas para o
Inferno. A mesma terminologia
aparece no reparo da Irmã Lúcia
ao Padre Fuentes: «O demónio
sabe que os religiosos e os
Sacerdotes que caem na sua bela
vocação arrastam
numerosas almas para o inferno»19;
e na homilia do Papa, a 13 de
Maio de 2000, que se refere à
cena no Livro do Apocalipse na
qual a cauda do dragão arrasta
um terço das estrelas (almas
consagradas) do Céu.
Enquanto as aparições de
Garabandal não são formalmente
aprovadas, o Bispo de Santander
(que detém a jurisdição de
Garabandal) disse que nada na
mensagem era contrário à Fé
Católica.
O ataque inclui
tanto a má prática
como a má doutrina
Devemos aqui fazer notar
que não é apenas por sustentar
ou não sustentar a Fé
verbalmente que se determina se
um membro do Clero (ou do
laicado) é bom ou nocivo. Para
além da comparação do seu ensino
- ou seja: das palavras de um
Sacerdote, de um Bispo, de um
Cardeal ou do Papa - com o
ensino infalível do Magistério,
é preciso ver se essa pessoa
também professa a prática
ortodoxa da Igreja
Católica, quer pelas suas
palavras (escritas e faladas)
quer pelas suas acções e pela
conduta cristã da sua vida. É
preciso saber se acaso essa
pessoa (Sacerdote, Bispo,
Cardeal ou Papa) adere a
alguma(s) heteropraxis
- práticas contrárias à Fé -,
tal como o desrespeito para com
o Santíssimo Sacramento.
Ora
a Fé pode ser atacada por
acções, quer realizadas de
uma maneira óbvia quer subtil.
E as nossas acções têm de
confirmar as nossas palavras.
Assim, nós sustentamos a Fé se
formos fiéis às doutrinas nos
nossos pensamentos, palavras e
escritos; e também se
mantivermos as práticas piedosas
da Igreja que alimentam a nossa
Fé. Mas, se introduzirmos na
nossa Paróquia (ou na Diocese ou
Província eclesiástica local, ou
mesmo na Igreja Universal, como
alguns Doutores Católicos
escreveram que poderia
acontecer) práticas heterodoxas
que dão a impressão de
que a Fé definida não é digna de
crédito, escandalizar-se-ão “os
pequeninos” e até algumas almas
eruditas, devido a essa(s)
heteropraxis.
Por
exemplo: sabemos pelas
definições solenes do Concílio
de Trento que Deus nos dá a
certeza de que a Hóstia
Consagrada é verdadeiramente a
Presença Real de Nosso Senhor
Jesus Cristo - isto é, o Seu
Corpo, Sangue, Alma e Divindade.
Ora os Protestantes rebeldes
quiseram negar este artigo da Fé
e, ainda, influenciar outros
para que fizessem o mesmo. Foi
assim que a prática da Comunhão
na mão - inicialmente
introduzida, como prática muito
alargada, pelos hereges arianos
do Século IV, em sinal da
negação de que Nosso Senhor
Jesus Cristo é Deus - foi
re-introduzida. Por esta acção
simbólica, a sua negação seria
clara aos olhos de todos.
Nos
nossos dias, os inimigos da
Igreja têm usado da
heteropraxis para
escandalizar muitos Católicos e
para lhes fazerem perder a Fé na
Presença Real de Jesus Cristo
[na Eucaristia]. Por essa razão
é que a lei universal da Igreja
proibiu a Comunhão na mão, como
sendo um abuso, ao longo de
muitos séculos - e continua
ainda a proibi-la até hoje. O
indulto recente [ou seja: a
autorização] para ir contra a
letra da lei é apenas permitido
se esta prática não conduzir à
diminuição da Fé na Presença
Real, e se não conduzir a um
menor respeito para com essa
Presença Real de Cristo.
Todavia, o resultado é
sempre esse, como podemos
ver pela nossa experiência
diária com esta forma de
heteropraxis20.
Por
outro lado, às práticas que
sustentam a doutrina
ortodoxa da Igreja dá-se o nome
de orthopraxis (isto é,
práticas católicas ortodoxas) e
incluem: genuflexão na presença
do Santíssimo Sacramento,
dar/receber a Comunhão na boca,
conservar o tabernáculo com o
Santíssimo Sacramento como o
principal foco de atenção (e de
adoração) e como o centro do
santuário; o comportamento
solene do Clero no interior do
santuário, mostrando a devida
reverência para com a Presença
de Deus no Santíssimo
Sacramento. Estes exemplos de
orthopraxis (acções
ortodoxas que mantêm a Fé)
testemunham a verdade do
dogma de que o Santíssimo
Sacramento é a Presença
Real de Deus - Corpo,
Sangue, Alma e Divindade de
Nosso Senhor Jesus Cristo, sob a
aparência de pão - bem como o
devido respeito do Homem para
com Deus.
Exemplos de
heteropraxis contra o dogma
da Presença Real incluem (como
já vimos) a Comunhão na mão.
Esta forma de heteropraxis
veicula aos Fiéis a
mensagem errónea de que o
Santíssimo Sacramento não é
assim tão importante, visto que
Ele é só pão, e promove a
heresia de que Ele não é a
Presença Real de Deus - Corpo,
Sangue, Alma e Divindade de
Nosso Senhor Jesus Cristo sob a
aparência de pão. Outro exemplo
de heteropraxis nesta
área é afastar constantemente do
santuário o tabernáculo com o
Santíssimo Sacramento -
colocando-O numa sala ao lado,
ou então numa espécie de
“armário de vassouras”, de modo
que o foco principal de atenção
(e de adoração) no santuário
passa a ser a cadeira do
“celebrante” ou “Presidente da
assembleia”. A mensagem,
subtilmente dada e recebida, é a
de que a pessoa que se senta na
cadeira é mais importante que o
Santíssimo Sacramento. E uma vez
que o “Presidente da assembleia”
representa o povo, é subtilmente
dada a mensagem de que Deus é
menos importante do que o povo.
Estes exemplos fazem-nos
lembrar de novo as palavras do
Papa Pio XII, citadas mais
acima:
Suponha, caro amigo,
que o Comunismo [um dos
“erros da Rússia”
mencionados na Mensagem de
Fátima] foi somente o mais
visível dos instrumentos de
subversão usados contra a
Igreja e contra as tradições
da Revelação Divina (...) As
mensagens da Santíssima
Virgem a Lúcia de Fátima
preocupam-me. Esta
persistência de Maria sobre
os perigos que ameaçam a
Igreja é um aviso do Céu
contra o suicídio de alterar
a Fé na Sua liturgia, na
Sua teologia e na Sua alma
. (…) Chegará um dia em
que o Mundo civilizado
negará o seu Deus, em que a
Igreja duvidará como Pedro
duvidou. Ela será tentada a
acreditar que o homem se
tornou Deus (…) Nas nossas
igrejas, os Cristãos
procurarão em vão a
lamparina vermelha onde Deus
os espera. Como Maria
Madalena, chorando perante o
túmulo vazio, perguntarão:
“Para onde O levaram?”21
Das palavras do Papa Pio
XII parece intuir-se que as
formas de heteropraxis
(acima mencionadas) contra o
Santíssimo Sacramento eram
explicitamente mencionadas no
Terceiro Segredo de Fátima -
porque, se é certo que o Papa
Pio XII as relaciona com a
Mensagem de Fátima, elas não são
mencionadas em parte alguma
da Mensagem que já foi
publicada. Logo, têm de ser
mencionadas no Terceiro Segredo
- ou seja, na parte ainda não
publicada. O Papa Pio XII diz
claramente que é Nossa
Senhora de Fátima Quem nos
avisa contra «o suicídio de
alterar a Fé na Sua liturgia,
na Sua teologia e na
Sua alma». Portanto, o
Terceiro Segredo avisa-nos,
tanto em relação à falsa
doutrina como à
heteropraxis, como sendo
ataques contra «o dogma da Fé».
O
ataque inclui a corrupção moral
do Clero
que nós agora testemunhamos
Com a erupção pelo mundo
inteiro - como vemos hoje - de
um escândalo em massa envolvendo
um comportamento sexual
desviante de membros do Clero,
surge uma terceira linha de
ataque à Igreja neste tempo de
grande crise: a corrupção moral
de muitas almas consagradas. A
cauda da dragão arrasta almas do
Céu - caídas do seu estado
consagrado - não só por meio da
heterodoxia e da heteropraxis,
mas também por meio da
imoralidade. Lembremo-nos das
declarações da Irmã Lúcia ao
Padre Fuentes:
O demónio quer tomar
posse das almas consagradas.
Tenta corrompê-las para
adormecer as almas dos
leigos e desse modo
conduzi-los à impenitência
final.
O que aflige o
Coração Imaculado de Maria e
o Coração de Jesus é a queda
das almas religiosas e
sacerdotais. O demónio sabe
que os religiosos e
Sacerdotes que abandonam a
sua bela vocação arrastam
inúmeras almas para o
inferno.
Hoje vemos que a
corrupção alastra entre o Clero
católico e que agora se
manifesta, em escândalos sexuais
de natureza indescritível, pelas
dioceses da América do Norte, da
Europa e da África. A cauda do
dragão tem arrastado consigo
muitos membros do Clero até às
mais asquerosas espécies de
imoralidade.
Daqui resulta que a
credibilidade de muitos
Sacerdotes que honram os seus
votos e mantêm a Fé vai sendo
destruída, juntamente com a
própria credibilidade da Igreja
como Instituição. Mesmo se há
uma doutrina boa e boas
práticas, os seus benefícios são
frequentemente invalidados
quando a corrupção moral mina a
credibilidade da Igreja.
Quem é o responsável?
É
agora que se ergue a pergunta:
-Mas quem é
identificado no Terceiro Segredo
como sendo o responsável pela
derrocada da Fé através da
heterodoxia e da heteropraxis,
da corrupção moral e da queda
das almas consagradas? Em
primeiro lugar, são os membros
do próprio aparelho de estado do
Vaticano. Fazemos notar mais uma
vez a revelação do Cardeal
Ciappi, o teólogo pontifício
oficial do Papa João Paulo II,
de que «No Terceiro Segredo é
predito, entre outras coisas,
que a grande apostasia na Igreja
começará pelo cimo».
Portanto, antes de mais nada, a
responsabilidade recai sobre
certos homens do Vaticano. Vemos
nisto o cumprimento não só do
Terceiro Segredo, mas também da
advertência do Papa São Pio X na
sua encíclica de 1907,
Pascendi, onde escreve: «Os
fautores do erro não devem hoje
ser procurados entre os inimigos
declarados; mas (...) no
próprio seio e no coração da
Igreja, inimigos tanto mais para
temer quanto o são menos
abertamente». Estes
inimigos são leigos e Sacerdotes
«impregnados, até à medula, de
uma peçonha de erros bebida nos
adversários da Fé», e que se
apresentam «como renovadores
da Igreja»22.
E
São Pio X insiste:
«Inimigos da Igreja,
certamente o são, e
[podemos] dizer que ela os
não tem piores (...) Não é
de fora da Igreja, já se
notou, é de dentro que eles
tramam a sua ruína; o perigo
está hoje quase nas próprias
entranhas e nas veias da
Igreja; os seus golpes são
tanto mais certeiros, quanto
melhor sabem onde feri-La23».
«Apoderam-se de
cadeiras nos Seminários e
nas Universidades, e
transformam-nas em cátedras
de pestilência24».
«É tempo de tirar a
máscara a esses homens e de
os mostrar à Igreja
universal tais como são25».
Então perguntar-se-á:
«-Como sabemos quem, de entre o
Clero, faz parte do terço das
estrelas a que se refere,
indirectamente, o Papa João
Paulo II? Como sabemos quem são
os sequazes de erro?» E a
resposta, uma vez mais, pode
encontrar-se naquilo que foi
definido infalivelmente: aqueles
que sustentam a Fé, que se
agarram com firmeza à doutrina
de Jesus, são amigos (Apoc.
12:17); aqueles que não fazem
isto são adversários. Como Nosso
Senhor disse: «Pelos frutos os
conhecereis» (Mt. 7:16). Pode
saber-se quem é de confiança:
quem professa a Fé Católica tal
como é definida pelas definições
solenes. Outro sinal será,
também, o facto de viverem a sua
Fé Católica.
Em
conclusão, quando o Papa Paulo
VI lamentava, em 1967, que «o
fumo de Satanás entrou no Templo
de Deus» e, em 1973, que «a
abertura ao Mundo [se] tornou
uma verdadeira invasão da Igreja
pelo pensamento mundano», estava
somente a confirmar o conteúdo
do Terceiro Segredo; assim como
o fez o Papa João Paulo II nas
suas declarações, mais veladas,
de 1982 e 2000. As duas
primeiras partes do Grande
Segredo de Fátima advertem sobre
o facto de a Rússia espalhar os
seus erros pelo mundo inteiro. O
Terceiro Segredo, no seu
conteúdo completo, é seguramente
uma advertência de que aqueles
erros se infiltrarão na própria
Igreja, aí se implantando
especialmente por meio da
“abertura ao Mundo” pelo
Vaticano II. A infiltração da
Igreja Católica por elementos
homossexuais, neo-modernistas,
comunistas e maçons vê-se nos
resultados ruinosos das suas
actividades e na perda da Fé,
mesmo entre os Católicos que
frequentam a igreja.
Àqueles que troçam da
afirmação de que foi este o
desastre que se abateu sobre a
Igreja do nosso tempo, só
podemos dizer-lhes que estão
cegos, e que têm vindo a
desprezar a própria História da
Igreja, que nos mostra que algo
muito semelhante já aconteceu
anteriormente: já aludimos à
descrição que o Cardeal Newman
fez do estado da Igreja durante
a Heresia Ariana. Um extracto
mais extenso dessa descrição -
do seu livro On Consulting
the Faithful in Matters of
Doctrine - é suficiente
para provar que o estado das
coisas na Igreja de hoje tem aí
os seus precedentes:
O corpo episcopal
falhou na sua confissão da
Fé. (...) Falavam segundo
intenções diversas, um
contra o outro. Depois de
Niceia, não houve nada [que
fosse] um testemunho
consistente, invariável e
firme, durante cerca de
sessenta anos. Houve
Concílios não fidedignos,
Bispos sem Fé; houve, sim,
fraqueza, medo das
consequências, maus
conselhos, ilusão,
alucinação - que foi sem
fim, sem esperança,
estendendo-se a quase todos
os recantos da Igreja
Católica. Os
relativamente poucos que
permaneceram fiéis foram
desacreditados e afastados
para o exílio; os demais,
ou vinham enganar ou
vinham enganados26.
O
que salienta o livro do Cardeal
Newman é que foram os leigos,
agarrando-se ao dogma definido
da Fé em conjunto com alguns
Bispos fiéis - como Santo
Atanásio - que mantiveram a Fé
viva durante a Crise Ariana. E
assim acontece hoje.
Mas
uma das grandes diferenças entre
a Crise Ariana e a actual crise
da Igreja é que a Santíssima
Virgem Maria não só nos veio
avisar a este respeito muitos
anos antes da crise actual, como
também nos deu os meios para a
evitar - seguindo os Seus
pedidos, feitos em Fátima. Ora,
por terem privado a Igreja desta
advertência contida no Terceiro
Segredo de Fátima, por terem
encoberto a profecia de uma
apostasia que envolve,
precisamente, os mesmos
indivíduos que impuseram à
Igreja uma nova orientação (que
a arruinou e a deixou ser
invadida pelo inimigo) e,
consequentemente, por terem
impedido os Fiéis de
compreenderem a causa de tudo
isto, impedindo-os de se
defenderem dessa apostasia -
oferecem-nos outro
elemento-chave do grande e
terrível crime aqui em debate.
Mas, apesar disso tudo, o
encobrimento total não foi bem
sucedido: a Mensagem de Fátima
não foi sepultada; a
desconfiança de que a chamada
‘divulgação’ do Terceiro Segredo
não o foi, realmente, na sua
totalidade vai-se alargando num
crescendo. Ao verem isto, os
membros do aparelho de estado do
Vaticano (que já identificámos)
fizeram ainda mais uma tentativa
para a sepultarem a 17 de
Novembro de 2001 - agravando,
deste modo, o seu crime contra a
Igreja e contra o Mundo.
Consideraremos agora este
desenvolvimento dos factos.
Notas
1. Frère Michel de la Sainte
Trinité, The Whole Truth
About Fátima - Vol. III, p.
704.
2. Ibid., p. 687.
3. Ibid., pp. 705-706.
4. Ibid., pp. 822-823. Veja-se
também a revista Jesus,
11 de Novembro de 1984, p. 79.
Veja-se também The Fatima
Crusader, número 37, Verão
de 1991, p. 7.
5. The Whole Truth About
Fatima - Vol. III, p. 676.
6. Contre-Réforme Catholique,
Dezembro 1997.
7. Veja-se Padre Gerard Mura,
“The Third Secret of Fatima: Has
it Been Completely Revealed?”,
no jornal Catholic
(publicado pelos Redentoristas
Transalpinos, Ilhas Orkney,
Escócia, Grã Bretanha), Março de
2002.
8. Ibid.
9. As palavras entre parêntesis
deste parágrafo estão agora
inseridas na profissão da Fé
Tridentina por ordem do
Bem-aventurado Papa Pio IX, num
decreto promulgado pelo Santo
Oficio, de 20 de Janeiro de
1877. (Acta Sanctae Sedis, X
[1877] , 71 ff.).
10. No 6º Parágrafo da encíclica
Quanta Cura que foi
promulgada com o Syllabus
em 8 de Dezembro de 1864,
declarou solenemente o
Bem-aventurado Papa Pio IX: «No
meio de tão grande
multiplicidade de opiniões
perversas, lembrando-nos do
nosso apostolico cargo, e cheios
de solicitude pela nossa
santissima religiõn, pela sua
santa doutrina e pela salvação
das almas, que nos foi
divinamente confiada, julgamos
dever levantar a nossa voz
apostolica. E porque, em
virtude da nossa authoridade
apostolica, reprovamos,
proscrevemos e condemnamos todas
as opiniões e doutrinas
perversas mencionadas n'esta
carta encyclica, e cada uma em
particular, queremos e mandamos
que sejam tidas como reprovadas,
proscriptas e condemnadas por
todos os filhos da igreja
catholica.»” (itálicos
nossos) (Esta tradução
portuguesa foi da versão oficial
da Igreja Católica proveniente
do Latim original)
11. Cardeal Joseph Ratzinger,
Principles of Catholic
Theology (Ignatius Press,
San Francisco, 1987), pp.
381-382.
12. Ibid., p. 380.
13. The Balamand Statement,
Nº 30, 23 de Junho de 1993.
14. Veja-se a nota 10 deste
capítulo.
15. Concílio Vaticano I - 1870,
veja-se Denzinger (Dz.) 1836.
(Tradução nossa)
16. Concílio Vaticano I, veja-se
Dz. 1800.
17. Devido à sua negligência, o
Papa Honório foi responsável, em
grande parte, por ter grassado a
Heresia Monotelista que afirmava
que em Cristo há apenas um só
arbítrio, o arbítrio divino - um
erro que nega, implicitamente,
que Cristo é tanto verdadeiro
Deus como verdadeiro Homem -,
embora este Papa tenha entendido
isto num sentido católico, ou
seja, que não poderia haver
conflito algum entre a vontade
divina e a vontade humana de
Cristo. Todavia, a sua
formulação permitiu aos hereges
Monotelistas afirmarem que havia
em Cristo um só arbítrio e que o
Papa concordava com eles.
18. Testemunho pessoal de Mons.
Corrado Balducci do Vaticano,
aposentado, ao Padre Nicholas
Gruner, ao Dr. Christopher
Ferrara e a várias outras
testemunhas. Este facto é também
atestado por Marco Tosatti, no
seu livro Il Segreto Non
Svelato (O segredo não
revelado), (Edizioni Piemme Spa,
Casale Monferrato, Italia, Maio
2002), p. 86.
O
Senhor Marco Tosatti escreve: «O
Padre Mastrocola, director de
uma revista informativa, “Santa
Rita”, pediu ao Cardeal
Ottaviani autorização para
reimprimir as profecias
divulgadas em “Neues Europa”. A
resposta foi encorajante, mas
embaraçosa à luz da “divulgação”
do segredo feita a 26 de Junho
de 2000. “-Imprima, imprima!” -
respondeu o Cardeal encarregue
do Terceiro Segredo - “Publique
todos os exemplares que quiser,
porque a Santíssima Virgem já o
queria publicado em 1960.”
Também a Rádio Vaticano falou
deste texto em 1977, aquando do
décimo aniversario da ida do
Papa Paulo VI a Fátima. O texto
de “Neues Europa” teve uma
grande circulação tendo sido
republicado até no
L'Osservatore Romano,
edição de Domingo, 15 de Outubro
de 1978».
Cf. o original italiano: «Padre
Mastrocola, direttore di un
foglio religioso, «Santa Rita»,
chiese al cardinale Ottaviani il
permesso di riprendere
l'anticipazione fatta da «Neues
Europa». La risposta fu
incoraggiante, ma alla luce
dello «svelamento» del segreto
del 26 giugno 2000, imbarazzante.
«Fatelo, fatelo pure - rispose
il porporato custode del terzo
segreto - pubblicatene quante
copie vi pare, perché la Madonna
voleva che fosse reso noto già
nel 1960». E di quel testo parlò
anche la Radio Vaticana nel
1977, nel decennale del viaggio
di Paolo VI a Fatima. Il testo
di «Neues Europa» conobbe grande
fortuna, e venne ripreso persino
il 15 ottobre 1978 dall'«Osservatore
della Domenica»”.
19. Veja-se Francis Alban,
Fatima Priest, Primeira
Edição (Good Counsel
Publications, Pound Ridge, New
York, 1997), Apêndice III, “A
Prophetic Interview with Sister
Lucy of Fatima”, p. 312. Veja-se
também The Whole Truth About
Fatima - Vol. III, pp.
503-510, para o texto desta
entrevista a que se juntam mais
explicações por Frère Michel.
20. Veja-se Fatima Priest,
Volumes 1 e 2, Apêndice V,
“Regarding Communion in the Hand”.
Veja-se também The Fatima
Crusader, IV° 28,
Junho-Julho de 1989, pp. 33ff,
34ff, 36ff; The Fatima
Crusader, Nº 29, Set.-Nov.
de 1989, p. 16; e The Fatima
Crusader, Nº 7, Primavera
de 1981, p. 11.
21. Papa Pio XII, citado no
livro Pius XII Devant
l'Histoire, pp. 52-53.
22. Papa São Pio X, Pascendi
Dominici Gregis, para. no.
2.
23. Ibid., para. no. 3.
24. Ibid., para. no. 61.
25. Ibid., para. no. 3.
26. Cardeal John Henry Newman,
On Consulting the Faithful
in Matters of Doctrine
(Kansas City, Sheed and Ward,
1961), p. 77.
Capítulo 14
-Deixem-nos ouvir a testemunha,
pelo
amor de Deus!
Poucas revelações haverá
tão pouco convincentes como a
versão, dada pelo Vaticano,
sobre o Terceiro Segredo de
Fátima. Aqueles que, em Junho de
2000, pensavam - ou esperavam -
que o opúsculo A Mensagem de
Fátima, da Congregação para
a Doutrina da Fé (CDF), traria a
leitura final desses
acontecimentos, ficaram
provavelmente surpreendidos com
a recente efervescência na
imprensa, a propósito de Fátima.
Quando, afinal, não era caso
para surpresas: é que durante
cerca de quarenta anos, quase
todas as tácticas - silêncio,
intimidação, teologia perversa,
desinformação - foram usadas
para que ficasse sepultada a
verdadeira Mensagem de Fátima.
Mas a cortiça continua a
baloiçar, mantendo-se à tona da
água… O ataque terrorista do 11
de Setembro de 2001 [em Nova
York] despoletou uma reacção em
cadeia de histórias sobre a
Mensagem de Fátima: tanto a
imprensa como a Internet
espalharam o burburinho de que o
ataque fazia parte do Terceiro
Segredo de Fátima que ainda não
fora revelado na sua totalidade.
Que
irritação para os criadores d'A
Mensagem de Fátima (AMF)!
Estes membros da CDF insistem em
que a totalidade do Segredo está
contida naquele opúsculo. E, é
claro, o público não acredita
neles: em parte porque, já de
si, não são dignos de crédito;
mas também porque existe uma
certa percepção, um sentimento
colectivo partilhado de que está
iminente o nosso destino final.
Sabemos desde há muito que uma
“civilização do amor” é algo
utópico e desprovido de sentido.
Nunca existiu. É a verdadeira
Mensagem de Fátima que
implicitamente o confirma: o
Inferno sim, existe; e muitas
almas vão para lá «por não haver
quem se sacrifique e peça por
elas». E o ‘remédio’ posto ao
nosso alcance pelo Céu - e que
não é devidamente
publicitado nos vários encontros
inter-religiosos de oração - é a
Consagração da Rússia e sua
consequente Conversão, a devoção
ao Imaculado Coração de Maria e
a reza do Terço. A autêntica
Mensagem de Fátima não exige do
Papa mais pedidos de perdão… é,
antes, uma súplica para que
Jesus nos «perdoe as nossas
ofensas» e «[nos livre] do fogo
do Inferno». Não estamos a viver
um novo advento da Humanidade -
estamos, sim, a bordo de um
Titanic que vai adornando
até se precipitar nas trevas do
abismo; e o Mundo sente,
iminente, a catástrofe - embora
continue a acumular sobre si
motivos que clamam por um Juízo
Divino.
Ora, o 11 de Setembro de
2001 não só não impediu que o
aparelho de estado do Vaticano
implementasse a ‘decisão’ da
Linha do Partido do Cardeal
Sodano, segundo a qual Fátima
“pertence ao passado”, como
também - pelo contrário - fez
com que se intensificasse ainda
mais o esforço de impor à Igreja
a interpretação-Sodano. Talvez o
Sr. Cardeal (et al.)
tivesse reconhecido que, com o
‘abanão’ do 11 de Setembro,
alguns Católicos pudessem
‘acordar’ e dizer: “-Alto lá!… A
Mensagem de Fátima não
pode pertencer ao passado,
porque aquilo a que assistimos
não se parece, em nada, com o
Triunfo do Imaculado Coração de
Maria nem com o Seu prometido
tempo de Paz.” Consequentemente,
era preciso um “movimento de
diversão” - mas concebido para
reafirmar a credibilidade da
Linha do Partido.
E
foi assim que a 12 de Setembro
de 2001, algumas horas apenas
depois da derrocada das Torres
Gémeas, o Gabinete de Imprensa
do Vaticano emitia o seu mais
importante relato oficial desse
dia: uma “Declaração” da
Congregação para o Clero
respeitante - não aos ataques
terroristas, nem aos horrendos
escândalos que quase diariamente
irrompem das fileiras do
sacerdócio, nem à profusão de
heresias e desobediências entre
o Clero durante os últimos
quarenta anos - mas sim
respeitante ao Padre Nicholas
Gruner, “o Sacerdote de Fátima”.
Na Declaração afirmava-se ter a
mesma sido emanada «por mandato
de uma mais alta
autoridade» - modo de o Vaticano
se referir ao Secretário de
Estado, o Cardeal Sodano, e não
ao Papa (que é a mais
alta autoridade).
A
Declaração vinha pôr de
sobreaviso todo o Mundo católico
acerca de uma séria ameaça ao
Bem da Igreja - ameaça de uma
tal magnitude que a Congregação
para o Clero nem podia sequer
esperar que assentasse a poeira
no local onde antes estavam as
Torres Gémeas. E tal ameaça
consistia numa conferência
sobre Fátima e a Paz no Mundo,
a decorrer em Roma, patrocinada
pelo Apostolado do Padre Gruner.
Pois é verdade: a maior
prioridade do Vaticano, passadas
escassas horas do pior ataque
terrorista da História do Mundo,
era dizer a todos que não
participassem numa conferência
sobre a Paz no Mundo e sobre
Fátima. E porquê? Porque,
segundo a “Declaração”, a
conferência «não gozava da
aprovação da legítima autoridade
eclesiástica». Todavia, quem
redigiu tal Declaração sabia
muito bem que, pela Lei da
Igreja, não é necessária
qualquer “aprovação” para se
realizarem conferências para
Clerigos ou leigos: o Código de
Direito Canónico promulgado pelo
Papa João Paulo II (Cânones 212,
215, 278, 299) reconhece aos
Fiéis o seu natural direito de
reunião e discussão de pontos
polémicos ou que preocupem a
Igreja de hoje, sem ser precisa
a “aprovação” de ninguém. De
facto, o Vaticano nunca emitiu
qualquer anúncio sobre a “falta
de aprovação” de inúmeras
conferências - promovidas pelos
que advogam a ordenação de
mulheres e por um sem número de
outras heresias -, mesmo se os
participantes abusam desse seu
direito natural causando graves
danos morais à Igreja. Se
entrarmos nesta linha de
disparates, também poderíamos
dizer, por exemplo, que a
Conferência do Apostolado, em
Roma, não tinha sido aprovada
pela Associação Médica dos
Estados Unidos. E o que tem a
ver uma coisa com a outra?
Mas
ainda não vimos o pior: a
Declaração afirmava ainda que o
Padre Gruner tinha sido
“suspenso” pelo Bispo de
Avellino. Mas devido a quê?
Aparentemente, devido a nada,
pois não foi apresentado nenhum
fundamento para tal. No entanto,
o motivo desta curiosa omissão
era claro para quem quer que
conhecesse os procedimentos
canónicos do Padre Gruner: é que
os ditos “fundamentos” eram tão
despropositados que
apresentá-los publicamente seria
despertar publicamente o riso.
Como já referimos, o
único pretexto alguma vez
invocado para uma “suspensão”
era que o Padre Gruner devia
voltar a Avellino - Itália (onde
fora ordenado em 1976), ou seria
suspenso. E porquê? Por não ter
encontrado um outro Bispo que o
incardinasse na sua Diocese -
mas o que a “Declaração” não diz
é que, na realidade, houve três
Bispos que se ofereceram,
sucessivamente, para incardinar
o Padre Gruner com autorização
expressa para continuar com o
seu Apostolado, e que todas
essas três (eventuais)
incardinações foram bloqueadas
(ou consideradas
“não-existentes”) pelos mesmos
burocratas do Vaticano que agora
vêm anunciar a eventual
“suspensão”. Resumindo: o Padre
Gruner foi “suspenso” por não
ter “obedecido” a uma ordem
à qual os seus próprios
acusadores o impediram de
obedecer. (Para já não
falar no facto de o Bispo de
Avellino não ter qualquer
autoridade sobre o Padre Gruner
à data de 12 de Setembro de 2001
- pois este encontrava-se então
incardinado numa outra Diocese.)
Cerca de quarenta anos
após o início da “Primavera” do
Concílio Vaticano II, a
Consagração da Rússia - não do
Mundo, nem dos “jovens em busca
de um sentido para a Vida”, nem
dos “desempregados”, mas sim da
Rússia - continua por
realizar. O Mundo debate-se nas
convulsões de guerras locais, do
terrorismo islâmico e do
holocausto do aborto, tanto
assim que se torna agora mais
claro que ele se precipita num
apocalipse. Os fundamentalistas
islâmicos, a quem os diplomatas
do Vaticano preferem agora
chamar «os nossos irmãos
Muçulmanos», não só nos odeiam
como desejam subjugar-nos ou
matar-nos, de acordo com os
ditames do seu Alcorão. Passados
quase 40 anos de aprofundados e
inúteis “diálogos ecuménicos”,
as seitas protestantes estão
ainda mais fracas do que no seu
início, e os Ortodoxos estão
mais convictos que nunca em
rejeitar a submissão ao Vigário
de Cristo na Terra. Gravemente
ferida pela heresia e pelo
escândalo, a Igreja, em várias
dioceses pelo Mundo fora, perdeu
toda a Sua credibilidade por
culpa da corrupção dos Seus
membros humanos. A nova
orientação do Vaticano II é uma
catástrofe; um ruinoso fracasso.
Porém, no meio de tudo isto -
morte, caos, heresia, escândalo
e apostasia -, cada qual
atingindo agora o respectivo
apogeu, o Vaticano considerou
como imperativo imediato
alertar o Mundo para a
“ameaça” do Padre Nicholas
Gruner.
E
assim foi. No dia que se seguiu
ao 11 de Setembro de 2001, o
Padre Gruner - que não cometeu
ofensa alguma contra a Fé e a
Moral, que sempre guardou os
seus votos durante 25 anos de
Sacerdócio, que nunca abusou nem
de mulheres nem de ‘meninos de
coro’ e que nunca roubou
dinheiro nem pregou a heresia -
foi publicamente condenado
diante a Igreja inteira, numa
Declaração que não apresentava
qualquer fundamento para essa
condenação, referindo apenas o
“mandato” de uma anónima “alta
autoridade” que nem teve a
coragem e a hombridade de se
apresentar pelo seu nome. Foi
coisa que, em toda a memória
viva da Igreja, nunca aconteceu
a um Sacerdote católico e fiel.
A obsessão do Secretário de
Estado do Vaticano em destruir o
Padre Gruner - símbolo da
resistência à Linha do Partido -
atingiu o nível da obscenidade.
-Porquê? Poderia
tratar-se apenas de uma
antipatia profundamente
enraizada contra a Mensagem de
Fátima e tudo o que Ela implica
em relação à nova orientação da
Igreja - que o Cardeal Sodano
(amigo de Gorbachev) e os seus
colaboradores implementam tão
imutavelmente. Ao que parece,
esta Mensagem perturba-os muito
mais do que o actual estado da
Igreja e do Mundo - que - é
certo!- mudaria radicalmente
para o melhor possível, se os
perseguidores do Padre Gruner
satisfizessem (apenas)
os pedidos que Nossa Senhora fez
em Fátima: «Se fizerem o que Eu
disser, salvar-se-ão muitas
almas e terão Paz.»
Mas
não há dúvida de que o Cardeal
Sodano calculou mal. Naquela
condenação do “Sacerdote de
Fátima”, infundada e tornada
pública escassas horas após o 11
de Setembro, havia qualquer
coisa que ‘cheirava a esturro’ -
a ponto de muitas pessoas,
normalmente inclinadas a aceitar
a “Declaração” em si mesma,
começarem a interrogar-se sobre
ocasião tão grotesca e fora de
propósito. Numa Igreja
minada e caída em desgraça por
Clerigos traidores surgidos em
todas as nações, por que razão
estaria o aparelho de estado do
Vaticano tão preocupado apenas
com este Sacerdote, que nem
sequer vinha acusado de nenhuma
má acção específica?
Fazer do Padre Gruner um
‘bode expiatório’ não seria mais
bem sucedido do que os outros
estratagemas anti-Fátima:
contrariamente ao que desejariam
alguns Prelados do Vaticano, a
controvérsia de Fátima não pode
ser reduzida à situação de um só
Sacerdote. Nas semanas que se
seguiram à “Declaração” contra o
Padre Gruner, outros Católicos
proeminentes começaram a
expressar as suas sérias dúvidas
sobre a versão-Sodano do
Terceiro Segredo, segundo a
Linha do Partido. Não foi só a
Madre Angélica a pensar que o
Terceiro Segredo «não nos foi
revelado na totalidade.»
E
foi então, a 26 de Outubro de
2001, que a história “rebentou”,
como dizem os repórteres, quando
o serviço noticioso Inside
the Vatican (“Dentro do
Vaticano”) (juntamente com
diversos jornais italianos)
lançou um artigo intitulado: “O
Segredo de Fátima. Há mais a
esperar?”. Dizia o artigo que:
«Notícias recém-chegadas
informam que a Irmã Lúcia dos
Santos, a última vidente de
Fátima ainda viva, já há algumas
semanas enviou ao Papa João
Paulo II uma carta alegadamente
avisando-o de que a sua vida
corre perigo. Segundo fontes
do Vaticano, essa carta,
que afirma que os eventos
referidos no ‘Terceiro Segredo’
de Fátima ainda estão para
acontecer, foi entregue a João
Paulo II algum tempo depois do
11 de Setembro, pelo Bispo
emérito [aposentado] de Fátima,
D. Alberto Cosme do Amaral.»
Perguntado acerca da
carta, o actual Bispo de Fátima,
D. Serafim de Sousa Ferreira e
Silva «não negou que a Irmã
Lúcia tivesse enviado uma carta
ao Santo Padre, mas afirmou
[traçando uma distinção
verdadeiramente jesuítica] que
“nenhuma carta da vidente
exprime receio pela vida do
Papa”». O Inside the Vatican
revela também que «[Essas]
fontes sugeriram ainda que a
carta da Irmã Lúcia encoraja o
Papa a revelar totalmente o
Terceiro Segredo», e que a mesma
carta «contém, segundo se diz,
este aviso: “Em breve haverá uma
grande convulsão e um grande
castigo.”»
Ora
o artigo do Inside the
Vatican refere ainda outro
encontro secreto com a Irmã
Lúcia, atrás dos muros do
convento - só que este não segue
a linha Bertone/Ratzinger.
Segundo o Inside the Vatican,
o Padre Luigi Bianchi, Pároco
diocesano italiano, «afirma
ter-se encontrado, na passada
semana, com a Irmã Lúcia dos
Santos, na clausura do seu
Convento das Carmelitas em
Coimbra, Portugal.» Fazendo-se
eco das suspeições da Madre
Angélica, o Padre Bianchi
«especulou sobre a possibilidade
de o Vaticano não ter
revelado a totalidade do Segredo
para evitar criar pânico e
ansiedade na população: para não
assustar as pessoas.»
Quanto à “interpretação”
do Segredo manifestamente
ridícula, por Bertone/Ratzinger,
como tendo sido uma profecia do
atentado contra a vida do Papa
João Paulo II, o Padre Bianchi
afirmou que «A Mensagem não fala
apenas de um atentado contra o
Sumo Pontífice; fala, sim, de
‘um Bispo vestido de Branco’ que
caminha por entre ruínas e
corpos de pessoas martirizadas
(…) Isto significa que o Santo
Padre tem muito que sofrer, que
várias nações irão desaparecer
da face da terra, que muita
gente morrerá, e que temos de
defender o Ocidente de vir a ser
islamizado. É o que está a
acontecer nos nossos dias.»
O
Inside the Vatican teve
o cuidado de referir - tal como
o The Fatima Crusader -
que à Irmã Lúcia «não lhe é
permitido falar com ninguém
sem autorização prévia do
Vaticano (…)». Nesta ordem de
ideias, o Inside the Vatican
para não se comprometer
“jogou com um pau de dois
bicos”, ao afirmar que «não fica
automaticamente esclarecido se
Bianchi recebeu tal autorização
ou se contornou a necessidade de
a obter, ou, sequer, se ele
realmente se encontrou com a
Irmã Lúcia, como afirma.» Seja
como for, ninguém - nem a
própria Irmã Lúcia - nega que
houve de facto um encontro com o
Padre Bianchi.
Que
pelo menos algumas fontes do
Inside the Vatican se
encontram no interior da própria
Cúria é-nos dado a entender pela
resposta do Cardeal Ratzinger
aos posteriores
desenvolvimentos. O Inside
the Vatican citou o Cardeal
como tendo dito que os «recentes
rumores acerca de uma carta não
são mais que a continuação de
“uma velha polémica alimentada
por certas pessoas de
credibilidade duvidosa”, com o
objectivo de “desestabilizar
o equilíbrio interno da Cúria
romana e de perturbar o
povo de Deus.”» Note-se,
contudo, que nem o próprio
Cardeal Ratzinger nega a
existência dessa carta - da Irmã
Lúcia para o Papa.
Aliás, a observação do
Senhor Cardeal Ratzinger é muito
reveladora. Como é que pessoas
de “credibilidade duvidosa”
poderiam desestabilizar o
“equilíbrio interno da Cúria
romana”? Se a sua credibilidade
é assim tão duvidosa, a Cúria
romana dificilmente poderia ser
desestabilizada por aquilo que
dissessem. E, afinal, quem são
essas pessoas de “credibilidade
duvidosa”? A peça do Inside
the Vatican sugere que o
Cardeal Ratzinger poderia estar
a referir-se ao Padre Nicholas
Gruner. E que pensar da Madre
Angélica? E do Padre Bianchi? E
que pensar do próprio Inside
the Vatican, cujo editor,
Robert Moynihan, é
indubitavelmente uma criatura do
aparelho de estado do Vaticano,
como o próprio título da sua
revista sugere? E que pensar
daqueles milhões de Católicos
que arvoram uma bem fundada
suspeita de que Monsenhor
Bertone e o Cardeal Ratzinger
não estão a ser inteiramente
sinceros quando afirmam que as
profecias da Mensagem de Fátima
- incluindo o Terceiro Segredo -
“pertencem ao passado” e que,
portanto, o seu aviso sobre
tremendos castigos para a Igreja
e para o Mundo não nos devem
preocupar mais? Na verdade, que
Católico consciente poderia
acreditar em tal coisa, de todo
o coração, dado o perigoso
estado do Mundo nos dias de
hoje?
Apesar de um bem
concertado esforço para impor a
Linha do Partido do Cardeal
Sodano (o que agora incluía uma
declaração - ao estilo soviético
- de que o Padre Gruner deve
passar a ser olhado como uma
“não-pessoa” dentro da Igreja),
milhões de Católicos por todo o
Mundo continuam a pensar no que
terá acontecido às palavras que
se seguem à frase-chave «Em
Portugal se conservará sempre o
dogma da Fé etc.”» Porquê e o
quê é que a AMF quis
evitar, em relação a esta frase,
retirando-a da Mensagem de
Fátima e colocando-a numa nota
de rodapé? O que aconteceu
às palavras da Virgem Maria que
estão por conhecer? Onde está a
prometida conversão da Rússia?
Porque é que não houve, até
agora, um tempo de Paz para o
Mundo, como a Santíssima Virgem
prometeu?
Perante tais peguntas -
que não se desvanecem - o
aparelho de estado do Vaticano
fez ainda outra tentativa de pôr
um travão à especulação
crescente sobre a existência de
um encobrimento, antes de o
escândalo transbordar e se
tornar imparável. Com efeito, a
afirmação do Cardeal Ratzinger
acerca de uma Cúria
desestabilizada indica-nos que a
Linha do Partido ‘Anti-Fátima’
encontrava, agora, resistência
mesmo no interior da Cúria
Romana, talvez por ver a
crescente desestabilização que
grassa por todo o Mundo - o que
dificilmente se enquadra na
noção (de
Ratzinger/Bertone/Sodano) de que
as profecias de Fátima já
pertencem ao passado.
Então, desta vez o
estratagema bem poderia ser uma
entrevista secreta feita à Irmã
Lúcia, no seu convento em
Coimbra (Portugal). A
entrevista, feita a 17 de
Novembro de 2001, foi conduzida
pelo Arcebispo Bertone; mas -
por qualquer razão que
desconhecemos - o seu conteúdo
manteve-se em segredo durante
mais de um mês até que, a 21 de
Dezembro de 2001, o
L'Osservatore Romano
publicou (na sua edição
italiana) um breve comunicado de
Monsenhor Bertone sobre essa
entrevista, com o título
“Encontro de Sua Excelência
Mons. Tarcisio Bertone com a
Irmã Maria Lúcia de Jesus e do
Imaculado Coração”. A 9 de
Janeiro de 2002 saía a público,
na edição inglesa de
L'Osservatore Romano, uma
tradução em língua inglesa dessa
entrevista.
A
essência do comunicado era,
segundo Mons. Bertone, ter a
Irmã Lúcia dito que a
consagração do Mundo feita em
1984 satisfazia o pedido da
consagração da Rússia, e que
«tudo foi publicado; já não há
mais nada secreto». Ora, como
demonstrámos no Capítulo 6, uma
tal afirmação, oficial,
contradiz tudo o que a Irmã
Lúcia tem dito ao longo de quase
setenta anos. Esta segunda
declaração é apresentada como
sendo a resposta da Irmã Lúcia a
uma pergunta sobre o Terceiro
Segredo - pergunta essa que, por
muito estranho que pareça, não é
fornecida.
Ora, quando qualquer
jornal (ou revista) publica uma
entrevista de uma pessoa
importante, o que o leitor
espera encontrar é, exactamente,
uma série de perguntas completas
seguida de outras tantas
respostas completas, de modo a
poder saber claramente - e no
seu pleno contexto - aquilo que
o entrevistado (ou, neste caso,
a entrevistada) tinha para dizer
pelas suas próprias palavras
. Não foi assim neste caso.
Embora sejamos informados de que
Mons. Bertone e a Irmã Lúcia
conversaram durante “mais de
duas horas”, Mons. Bertone só
deu a público - de toda a
conversa - um resumo de sua
autoria, ‘salpicado’ apenas de
algumas palavras que são
atribuídas à Irmã Lúcia. Não foi
realizada qualquer transcrição,
gravação sonora ou em vídeo
daquela sessão de duas horas; e,
de tudo aquilo que se afirma ter
dito a Irmã Lúcia, só uns
escassos 10% tinham a ver
com a alegada finalidade da
entrevista - nomeadamente,
responder a dúvidas permanentes
no espírito de milhões de
Católicos quanto à Consagração
da Rússia e quanto à totalidade
da revelação do Terceiro
Segredo, por parte do Vaticano.
Talvez já devêssemos
estar acostumados a
irregularidades suspeitas quanto
ao modo como o aparelho de
estado do Vaticano interage com
a Irmã Lúcia, e esta
“entrevista” - revelada com
atraso e elíptica - não seria
excepção. O comunicado de Mons.
Bertone mostra bem como a Irmã
Lúcia continua a ser tratada
como se estivesse incluída no
Programa Federal de Protecção às
Testemunhas (vigente nos Estados
Unidos). É certo que se trata de
uma Freira de clausura. Mas uma
entrevista é uma entrevista, e
duas horas a falar são duas
horas a falar. Então onde está a
entrevista, e o que aconteceu às
duas horas de conversa? E como
se poderá harmonizar este
curioso substituto da verdadeira
entrevista com a afirmação de
que a Irmã Lúcia já revelou tudo
o que havia a dizer sobre a
Mensagem de Fátima? Ora, se ela
já contou tudo o que sabe, então
não há nada a esconder. E se não
há nada a esconder, por que
razão não se publica tudo o que
lhe foi perguntado e tudo o que
ela respondeu naquele espaço de
duas horas? Ou, simplesmente,
porque não deixar que a própria
Irmã Lúcia fale ao Mundo,
dissipando todas as dúvidas que
possam existir?
Porém, apesar da
publicação da AMF que,
supostamente, seria a última
palavra sobre Fátima revelando
tudo o que faltava ser
conhecido, a Irmã Lúcia
continuou ainda afastada dos
microfones e de testemunhas
neutras. Ela esteve
completamente invisível durante
o “momento da revelação” do
Terceiro Segredo, em Maio-Junho
de 2000, e continua invisível
ainda hoje, mesmo se - assim
reza a Linha do Partido - Fátima
«pertence ao passado.»
Mas
antes de abordarmos os vários
pontos da “entrevista” de
Novembro de 2001 - incluindo, na
sua grande totalidade, as
quarenta e quatro palavras
atribuídas à própria Irmã Lúcia
durante as alegadas duas
horas de conversação acerca
dos assuntos em controvérsia -
deve notar-se que o comunicado
de Mons. Bertone põe
imediatamente em causa a sua
própria credibilidade, com a
seguinte asserção: «Continuando
a discutir o problema da
terceira parte do segredo de
Fátima, ela [a Irmã Lúcia] diz
que leu atentamente e meditou
sobre o opúsculo publicado pela
Congregação para a Doutrina da
Fé [isto é, A Mensagem de
Fátima (AMF)], e confirma
tudo o que aí se diz.»
Isto não poderia
traduzir-se em outra coisa que
não fosse uma decepção. Para
começar, Mons. Bertone está a
pedir aos Fiéis que acreditem
piamente no seguinte:
-
A
Irmã Lúcia “confirma” os
elogios que o Cardeal
Ratzinger fez do Jesuíta
progressista Edouard Dhanis,
como “eminente conhecedor”
de Fátima, embora Dhanis
tenha desclassificado como
sendo “invenções
inconscientes” todos os
aspectos proféticos da
Mensagem de Fátima - desde a
visão do Inferno à predição
da Segunda Guerra Mundial, e
até à Consagração e
Conversão da Rússia. (Estes
assuntos serão discutidos
adiante com mais
profundidade).
-
A
Irmã Lúcia “confirma”, em
suma, que ela própria pode
muito bem ser apenas uma
sincera e piedosa impostora,
que mais não fez do que
imaginar que a Virgem Maria
veio pedir a Consagração e a
Conversão da Rússia - o que
torna absolutamente correcto
que AMF tenha
ignorado estes
elementos-chave da Mensagem
de Fátima, como se não
existissem.
Mas
observe-se tudo isto com
sensatez. Quando um funcionário
do Vaticano, seja qual for o seu
estatuto, vem declarar à saída
da reclusão de um convento que
uma Freira de clausura, de 94
anos, “confirma tudo” o que está
num documento de quarenta
páginas - de que esse
funcionário do Vaticano é
co-autor -, qualquer espírito
lúcido espera algo mais quanto à
maneira como é feita a
corroboração daquilo que se
afirma. E mais ainda se esse
documento de quarenta páginas
sugere, embora com certa
delicadeza, que a religiosa em
questão arquitectou uma piedosa
história que tem deixado a
Igreja em suspense
desnecessariamente durante mais
de 80 anos.
Basta só este fundamento
para podermos concluir que esta
última entrevista secreta da
Irmã Lúcia não é mais do que uma
tentativa de manipular e
explorar uma testemunha,
prisioneira, a quem ainda é
exigido um pedido de autorização
para se dirigir aos Fiéis à sua
vontade - e sem que as suas
próprias palavras sejam
‘filtradas’. Mas a última
vidente de Fátima continua
sujeita a entrevistas à porta
fechada, durante as quais está
rodeada de manipuladores, que
vêm depois relatar o seu
“testemunho” parcelarmente e aos
bocados: uma resposta sem a
pergunta, uma pergunta sem a
resposta. E agora pedem aos
Fiéis que “engulam” a grande
mentira que é acreditar que a
Irmã Lúcia - escolhida por Deus
para ser um dos pastorinhos
videntes de Fátima - concorda
com “tudo” aquilo que consta em
quarenta páginas de um
“comentário” neo-modernista que
- tal como até o Los Angeles
Times pôde verificar -
«demoliu com luva branca
o culto de Fátima»?
Embora seja claro -
apenas com base nesta
fundamentação - que a
“entrevista” de 17 de Novembro
de 2001 é altamente suspeita,
mantém-se ainda a necessidade de
o demonstrar mais amplamente,
para que conste em registo
histórico.
Para começar, a
entrevista de Bertone foi
expressamente orientada para
esmagar a dúvida que crescia
entre os Fiéis sobre a descarada
campanha do Vaticano para
empurrar a Mensagem de Fátima
para a vala comum da
História. Como o comunicado de
Monsenhor Bertone admite:
Ainda não há muitos
meses, sobretudo a seguir ao
triste acontecimento que foi
o ataque terrorista do
passado 11 de Setembro, em
jornais tanto estrangeiros
como italianos têm aparecido
artigos que referem
presumíveis novas revelações
da Irmã Lúcia, notícias
sobre cartas a avisar o
Soberano Pontífice,
reinterpretações
apocalípticas da Mensagem de
Fátima.
Mais ainda: foi dado
grande destaque à suspeição
de que a Santa Sé não teria
publicado o texto integral
da terceira parte do
‘Segredo’, e alguns
movimentos “fatimistas” têm
continuado a repetir a
acusação de que o Santo
Padre ainda não consagrou a
Rússia ao Imaculado Coração
de Maria.
Por esta razão
foi considerado necessário
organizar um encontro com a
Irmã Lúcia (...)
É
altura de relembrar que a
Mensagem de Fátima contém não
apenas promessas (se forem
honrados os pedidos da
Santíssima Virgem) como também
avisos sobre as consequências de
não se Lhe obedecer:
As
Promessas:
Se
a Rússia for consagrada
ao Imaculado Coração,
Os
Avisos:
Se
a Rússia não for
consagrada ao Imaculado Coração,
Apesar de podermos ter a
certeza de que eventualmente
as profecias de Fátima se
hão-de cumprir - «Por fim, o Meu
Imaculado Coração triunfará.
O Santo Padre consagrar-Me-á
a Rússia que se
converterá e será
concedido ao Mundo algum tempo
de Paz» -, a questão que hoje se
nos põe é se o Mundo terá
primeiro de sofrer todos os
castigos da profecia, incluindo
o aniquilamento de nações -
claramente sugerido pela cidade
meio em ruínas, no exterior da
qual o Papa é executado na visão
do Terceiro Segredo. Recordemos
ainda o facto para o qual a Irmã
Lúcia (um ano após a tentativa
de assassinato na Praça de S.
Pedro, em Roma) alerta Sua
Santidade o Papa, na suposta
carta de 12 de Maio de 1982, e
que vem reproduzida em AMF:
E se não vemos ainda,
como facto consumado, o
final desta profecia, vemos
que para aí caminhamos a
passos largos2.
Se não recuarmos no caminho
do pecado, do ódio, da
vingança, da injustiça
atropelando os direitos da
pessoa humana, da
imoralidade e da violência,
etc. E não digamos que é
Deus que assim nos castiga;
mas, sim, que são os
homens que para si mesmos
preparam o castigo.
Contudo, a entrevista de
Bertone não conseguiu conter uma
preocupação continuada e
pública, por parte da Igreja,
quanto aos avisos da Mensagem de
Fátima. Bem pelo contrário, o
que ancorava toda a posição de
Monsenhor Bertone - bem como o
próprio destino do Mundo - era a
Linha do Partido-Sodano, à qual
ele mostrava aderir
fervorosamente ao dar a público
em AMF (comentário de
sua autoria) a afirmação absurda
de que «A decisão tomada pelo
Santo Padre João Paulo II de
tornar pública a terceira parte
do “segredo” de Fátima encerra
um pedaço de história, marcado
por trágicas veleidades humanas
de poder e de iniquidade (…)».
Portanto, a entrevista de
Bertone tinha um objectivo:
persuadir o Mundo de que a Paz
hoje existe, e que a história em
torno de Fátima acabou, podendo
perfeitamente ser considerada
como pertença do passado.
Examinemos, pois, as
circunstâncias em que se deu a
entrevista, segundo os padrões
de credibilidade requeridos,
inclusivamente, pelos tribunais
civis e ateus para a aceitação
das declarações de uma
testemunha importante. Não
pretendemos sugerir que a Irmã
Lúcia devesse ser submetida a
algo semelhante à indignidade de
um julgamento civil; mas apenas
que os proponentes deste último
“testemunho” da “Irmã Lúcia”
sejam confrontados com esses
padrões mínimos de
credibilidade, se nos pedem que
acreditemos nele.
*
1ª circunstância suspeita:
Embora a Irmã Lúcia esteja
disponível para testemunhar
pessoalmente, nunca foi chamada
a depor pela parte que controla
o acesso à sua pessoa,
nomeadamente o Cardeal Joseph
Ratzinger.
O
comunicado de Bertone revela que
a Irmã Lúcia não poderia
sequer falar com o Arcebispo
Bertone sem autorização do
Cardeal Ratzinger - o que
confirma aquilo que The
Fatima Crusader tem vindo a
afirmar desde há anos e que o
artigo acima referido, no
Inside the Vatican,
igualmente aponta: a ninguém é
permitido falar com a Irmã
Lúcia, sem autorização do
Cardeal. Esta restrição à
liberdade de uma testemunha é
assaz curiosa, uma vez que essa
testemunha, ao que nos dizem,
nada mais tem a acrescentar ao
que já disse.
À
luz dos padrões mínimos de
fiabilidade nos processos civis,
as testemunhas são chamadas a
depor pessoalmente caso estejam
disponíveis, de modo a que ambas
as partes interessadas no caso,
cujos direitos podem ser
afectados por esse testemunho,
tenham oportunidade de
questionar a testemunha. Se uma
das partes exerce controle sobre
uma testemunha mas não a
apresenta, os juízes de um
tribunal civil fazem notar ao
júri que pode concluir desse
facto que o depoimento dessa
testemunha teria sido
desfavorável à parte em questão.
Ora isto não é mais do que senso
comum: qualquer das partes em
litígio não teria dificuldade
alguma em obter uma testemunha
favorável; mas já lhe seria
provavelmente bem mais difícil
apresentar uma que lhe fosse
desfavorável [porque só a
prejudicaria].
Ora
bem, a Irmã Lúcia está
disponível para ser presente “à
barra do tribunal da História”
no caso de Fátima: não se
encontra acamada, entrevada ou
de qualquer modo incapacitada de
aparecer em público. Bem pelo
contrário, o comunicado de
Bertone afirma que, à altura da
entrevista conduzida em sigilo,
a Irmã Lúcia «se encontrava em
excelente forma, lúcida e cheia
de vivacidade». Então porque é
que esta testemunha, lúcida e
cheia de vivacidade, que está
disponível para testemunhar,
nunca é apresentada pela parte
que controla todo o acesso a
ela? Porque é que o seu último
“testemunho” foi obtido à porta
fechada e apresentado, em
segunda mão, num comunicado do
Arcebispo Bertone?
O
que aconteceria num tribunal
civil, se uma das partes
oferecesse um relato fragmentado
do depoimento de uma
testemunha-chave, podendo essa
testemunha prestar depoimento
prontamente e em pessoa? O júri
concluiria de imediato que
existia algo que estava a ser
escondido. No caso de Fátima, a
inferência que pode e deve ser
esboçada é a de que a Irmã Lúcia
foi afastada “da barra das
testemunhas” porque o seu
depoimento, vívido e
incontrolável, iria contradizer
a Linha do Partido de Sodano.
Pudessem eles confiar que a Irmã
Lúcia viria repetir a explicação
oficial do “Partido”, então já
há muito que ela teria sido
trazida a testemunhar,
pessoalmente e à sua vontade,
perante a Igreja e o Mundo. Como
assim não acontece, é
Monsenhor Bertone (e não a
testemunha) quem vem depor.
Mas, mesmo partindo do
princípio de que a Irmã Lúcia
estava acamada ou de qualquer
outro modo incapacitada de
testemunhar, as restantes
circunstâncias da suposta
entrevista não deixariam de
levantar suspeitas no espírito
de qualquer pessoa que estivesse
no perfeito uso da sua razão.
Mas prossigamos.
*
2ª circunstância suspeita
: A
entrevista a esta Freira de 94
anos foi conduzida secretamente
pelo Arcebispo Bertone, figura
de autoridade e com um motivo
evidente para manipular a
testemunha.
Num
contexto do direito civil,
presume-se haver uma influência
indevida quando alguém, em
posição de autoridade ou
predomínio sobre uma pessoa
muito idosa, obtém dela um
depoimento - tal como um
testamento ou uma procuração.
Neste caso, o Arcebispo Bertone
assume-se claramente como parte
dominante, com a imponente
autoridade de um título do
Vaticano - enquanto a Irmã
Lúcia, para além de muito idosa,
é forçada pelos seus votos a
submeter-se, em santa
obediência, à vontade dos seus
superiores, por quem esteve
sempre rodeada durante aquela
sessão de duas horas.
Além do mais, é óbvio que
Mons. Bertone tinha a intenção
de usar a “entrevista” para
defender a sua credibilidade
pessoal, perante o crescente
cepticismo público face à Linha
do Partido que defendia que
Fátima estava já cumprida. Dados
os recentes acontecimentos
mundiais, o Arcebispo Bertone
estava - obviamente - a sofrer
de um descrédito substancial e
progressivo, devido à sua
inabalável (e indefensável)
afirmação em AMF de que
a decisão de tornar pública
a visão do Terceiro Segredo
«encerra um pedaço de história,
marcado por trágicas veleidades
humanas de poder e de iniquidade
(…)». Como simples ser humano
que é, Mons. Bertone tinha todos
os motivos para induzir a Irmã
Lúcia a que lhe confirmasse a
sua ridícula afirmação de que o
Mundo alcançaria a Paz, devido à
grande “realização” do Terceiro
Segredo - em 1981, quando o Papa
sobreviveu a um atentado. (Até
Paul Harvey, leigo e comentador
radiofónico, desprezou o mais
claramente possível a
“interpretação” do Terceiro
Segredo AMF dada por
Ratzinger/Bertone).
Nestas circunstâncias -
Mons. Bertone conduzindo a
“entrevista” e relatando depois
os seus resultados -, era como
um advogado de acusação que
recolhe o relato de uma
testemunha-chave para depois,
deixando-a fora da Sala do
Tribunal, vir prestar depoimento
em seu lugar. Objectivamente
falando, Mons. Bertone seria a
última pessoa que devia ter
conduzido a entrevista. A Igreja
e o Mundo têm o direito de ouvir
directamente o depoimento desta
testemunha vital - em vez de
receber relatos vindos de um
interrogador parcial com
segundas intenções.
*
3ª circunstância suspeita
: O
Comunicado de Bertone é
extremamente breve, ocupando
apenas um quarto de página de
L'Osservatore Romano.
No entanto, esse mesmo
comunicado afirma que a
entrevista se prolongou «por
mais de duas horas.»
De
que é que Bertone e a Irmã Lúcia
teriam falado durante mais de
duas horas, dado que o
comunicado pode ser lido na
íntegra em menos de dois
minutos? À guisa de comparação,
note-se que uma palestra de uma
hora, proferida num ritmo normal
de discurso, requereria
aproximadamente uma transcrição
de 14 páginas dactilografadas a
um espaço; uma entrevista de
duas horas teria requerido cerca
de 28 páginas ou,
aproximadamente, 14 mil
palavras.
Contudo, o comunicado de
Bertone referente a uma alegada
entrevista de duas horas fornece
apenas umas 463 palavras,3
supostamente da boca da Irmã
Lúcia. E essas 463 palavras
podem ser repartidas do seguinte
modo:
-
165
palavras: Uma
transcrição, palavra por
palavra, da opinião do
Cardeal Ratzinger, em
AMF (o comentário de
Ratzinger/Bertone, de 26 de
Junho de 2000), de que a
frase «O Meu Imaculado
Coração triunfará» (da qual,
como já dissemos, o Cardeal
notória e cautelosamente
retirou as palavras «Por
fim») não se referiria a
acontecimentos futuros, mas
sim ao fiat de
Maria, há 2000 anos, ao
consentir ser a Mãe de Deus.
Então agora pedem-nos que
acreditemos que a Irmã Lúcia
“confirma” que, quando Nossa
Senhora de Fátima predisse
quatro eventos futuros - «Por
fim, o Meu Imaculado Coração
triunfará. O Santo Padre
consagrar-Me-á a
Rússia, que se converterá,
e será concedido ao
Mundo algum tempo de Paz.» -,
estava a referir-se à
Anunciação, no ano 1º antes de
Cristo! E, como seria de
esperar, a ‘Lúcia de Bertone’
também “confirma” aparentemente
a supressão, feita pelo Cardeal
Ratzinger na profecia de Nossa
Senhora, das palavras-chave “Por
fim”.
Fazemos notar que a
transcrição, palavra a palavra
(e eram 165 palavras), de
AMF inclui a citação
parentética (inserida pelo
Cardeal Ratzinger) do
Evangelho de São João,
16:33. Ora bem: ou a Irmã Lúcia
desenvolveu aos 94 anos uma
memória fotográfica, ou alguém
acrescentou à sua “resposta”
essa transcrição (completa!) -
que inclui esta citação
parentética das Escrituras. (Ou
talvez AMF a tivesse
colocado diante da Irmã Lúcia,
que, em “obediência” aos seus
superiores, a devia ler em voz
alta.)
O
comunicado de Bertone
informa-nos de que há «um
pormenor ainda não publicado»
acrescentado pela Irmã Lúcia à
Mensagem de Fátima. Isso pode
até ser muito interessante; mas
o que tem esse pormenor a ver
com o assunto de uma entrevista
que fez Bertone deslocar-se a
Portugal, com base numa tão
grande emergência?
Note-se ainda que o
comunicado de Bertone anuncia
este novo pormenor com grande
alvoroço - para o que usa,
inclusivamente, o itálico. E, de
repente, a Irmã Lúcia torna-se
de novo a vidente merecedora de
total confiança - e como que se
opõe àquela criança
impressionável (segundo o
Cardeal Ratzinger) que inventa
coisas a partir do que leu em
livros de devoção. Claro que
tudo isto é uma “manobra de
diversão”, de modo a afastar o
pensamento de todos do assunto
em causa.
Uma
vez mais, isto ultrapassa o que
é essencial. Mas, seja como for,
a ‘Lúcia de Bertone’ dá esta
resposta bastante leviana: “Como
posso eu rezar durante o dia, se
não descansei de noite?” Bem: é
óbvio que ninguém afirmou que
ela não dorme de todo. Outro
tema de distracção do essencial.
Dizem que a Irmã Lúcia
terá acrescentado: “Quantas
coisas põem na minha boca!
Quantas coisas fazem parecer que
foram ditas por mim!” É verdade.
Mas quem é que está a pôr falsas
palavras na boca da Irmã Lúcia?
Quem está a atribuir-lhe acções
que ela nunca executou? Terão
sido as testemunhas objectivas e
imparciais a que nos referimos e
que com ela falaram alguns
momentos, abertamente e sem
vigilância, ou terão sido as
figuras de autoridade que
rodearam a Irmã Lúcia durante a
entrevista secreta (de 2 horas)
de Bertone?
O
leitor há-de reparar que a
‘Lúcia de Bertone’ nunca nega
que está preocupada com os
acontecimentos recentes. E quem,
no pleno uso da razão, não o
estaria? E - mais evidente ainda
- ela nunca é inquirida
sobre a carta urgente que
dirigiu ao Santo Padre
(denominamos este facto, na
entrevista, como a
omissão por demais reveladora nº
1) , nem sobre
o seu encontro, face a face, com
o Padre Bianchi, durante o
qual (segundo Bianchi) Lúcia
expressou dúvidas sobre a
interpretação dada por
Bertone/Ratzinger ao Terceiro
Segredo (esta é a
omissão por demais reveladora nº
2).
O
que têm estas reminiscências a
ver com o reiterado propósito da
emergência de uma entrevista
secreta no próprio convento da
vidente? A Irmã Lúcia já tratou
exaustivamente deste assunto nas
suas volumosas Memórias.
Foi então para obter só isto
que um funcionário do
Vaticano se deslocou a Portugal
para um encontro de duas horas?
É
realmente muito estranho que, ao
mesmo tempo que a ‘Lúcia de
Bertone’ nega ter tido qualquer
outra revelação do Céu, declare
no mesmo comunicado - e
contrariamente a todos os seus
anteriores testemunhos - que a
Consagração do Mundo feita em
1984 «foi aceite pelo Céu».
(Vejam-se as palavras que lhe
são atribuídas mais adiante
neste capítulo com o subtítulo
“21 palavras sobre a
Consagração da Rússia”).
Como saberia ela tal coisa, não
havendo quaisquer novas
revelações?
E
que dizer disto, então? E da
consagração da Rússia? Foi já
feita ou não?
Até aqui contámos 419 das
463 palavras atribuídas à Irmã
Lúcia, nas citações supostamente
feitas palavra a palavra no
comunicado. Restam apenas 44
palavras para responderem às
perguntas feitas por milhões de
Católicos.
É verdade. Por incrível
que pareça, o tão apregoado
comunicado de Bertone contém
apenas quarenta e quatro
palavras da “Irmã Lúcia”
sobre a Consagração da Rússia e
a revelação do Terceiro Segredo
- assuntos que, supostamente,
levaram Bertone a pôr-se a
caminho, pressionado pela
urgência, até ao Convento de
Coimbra. Vejamos como essas
quarenta e quatro palavras se
distribuem:
A
pergunta que levou a esta
resposta não nos é facultada. Em
vez disso, o comunicado de
Bertone declara: «Para aqueles
que possam imaginar que alguma
parte do Segredo foi ocultada,
ela respondeu:…» - seguindo-se
as nove palavras acima
transcritas.
«Respondeu» - a quê?
Sobre o quê, exactamente,
foi inquirida a Irmã Lúcia
acerca da revelação, feita pelo
Vaticano, da visão do Terceiro
Segredo? Qual seria o contexto
total onde se encaixam pergunta
e resposta? E porque não foi a
Irmã Lúcia inquirida sobre a
única pergunta sobre que se
questionavam milhões de pessoas
em todo o Mundo: - Onde
estão as palavras de Nossa
Senhora que vêm a seguir à frase
«Em Portugal se conservará
sempre o dogma da Fé etc.»? Nós
consideramos este ponto como a
omissão por demais
reveladora nº 3.
Repare-se ainda que nem
agora, chegados que estamos ao
verdadeiro núcleo da questão,
nos é mostrada nenhuma pergunta
em concreto, tal como:
-
-O
que tem a Irmã Lúcia a dizer
sobre o depoimento de
numerosas testemunhas
(incluindo o Bispo de Leiria
e o Cardeal Ottaviani), de
que o Terceiro Segredo foi
escrito numa única folha de
papel - opondo-se, deste
modo, às quatro folhas de
papel nas quais estava
escrita a visão do ‘Bispo
vestido de Branco’?
Todos
estes pormenores foram
cautelosamente suprimidos. Nem
sequer nos foram dadas a
conhecer as palavras da única
pergunta que foi feita
à vidente. Esta é a
omissão por demais
reveladora nº 4.
Com
estas palavras, a Irmã Lúcia
está supostamente a negar as
notícias divulgadas pela
imprensa segundo as quais ela
teria expressado, tanto ao Padre
Luigi Bianchi como ao Padre José
dos Santos Valinho, as suas
dúvidas sobre a interpretação do
Terceiro Segredo de AMF.
Se, por um lado, Bertone
nunca perguntou nada à Irmã
Lúcia sobre a carta que
endereçara ao Papa -
segundo relata o Padre Bianchi
-, por outro lado, ela também
nunca negou ter-se encontrado
pessoalmente com o Padre Bianchi
no seu Convento (das Carmelitas)
em Coimbra, nem que ambos
discutiram a interpretação do
Terceiro Segredo feita pelo
Cardeal Sodano.
E
espera-se, então, que
acreditemos ter Lúcia concordado
que o Terceiro Segredo foi
plenamente realizado a 13 de
Maio de 1981, com a tentativa
falhada de assassinato do Papa
João Paulo II - mesmo se ela
própria, em carta dirigida ao
Papa um ano mais tarde (a 12 de
Maio de 1982), nada diz sobre o
atentado, antes se opõe à Linha
do Partido quando afirma que «não
vemos ainda o facto
consumado do final desta
profecia»; e se, nessa mesma
carta (é bom frisá-lo), a Irmã
Lúcia não estabelece qualquer
conexão entre a tentativa de
assassinato e o Terceiro
Segredo.
Alegadamente, tais
palavras foram ditas pela Irmã
Lúcia em resposta à pergunta: «O
que tem a dizer sobre as
persistentes afirmações do Padre
Gruner, que anda a recolher
assinaturas pedindo ao Papa que
consagre finalmente a Rússia ao
Imaculado Coração de Maria,
coisa que ainda não foi feita?»
Primeiro que tudo, o
facto de o Secretário da
Congregação para a Doutrina da
Fé ter viajado até Coimbra para
obter comentários sobre o Padre
Gruner - que lhe serviriam para
uma divulgação a toda a Igreja -
é a plena demonstração de que o
aparelho de estado do Vaticano
considera o Apostolado do Padre
Gruner como um foco de oposição
(de primeira ordem) à Linha do
Partido.
Mais ainda: o que
quereria dizer a “Irmã Lúcia”
com a curiosa afirmação de que a
Consagração do Mundo fora
“aceite” pelo Céu como sendo a
Consagração da Rússia? Estará a
“Irmã Lúcia” a afirmar, com
seriedade, que o Céu “aceitou”
uma conciliação imposta pelos
diplomatas do Vaticano? Desde
quando é que o Céu aceita um
substituto, decidido pelos
Homens, para um determinado acto
ordenado por Deus? E mais: como
poderia a “Irmã Lúcia” saber que
o Céu tinha “aceite” tal
consagração, se, segundo
declaração de Mons. Bertone, ela
também afirmou não ter havido
nenhuma outra revelação celeste?
Ora
bem: pode bem ser que Deus
“aceite” a nossa recusa em
cumprir com a Sua vontade - no
sentido de que Deus nos concede
a liberdade de Lhe desobedecer
neste Mundo -, mas isso não
significa que aquilo que Deus
“aceitou” seja do Seu agrado.
E
repare-se ainda: ao dizer que o
acto de Consagração do Mundo de
1984 fora “aceite”, não estaria
a Irmã Lúcia apenas a referir-se
a uma simples “aceitação” (e
mais nada para além disso), no
mesmo sentido em que foi aceite
a Consagração do Mundo de 1942,
feita pelo Papa Pio XII, que
veio encurtar a Segunda Guerra
Mundial, mesmo não se cumprindo
o pedido de Nossa Senhora de
Fátima? Não estaria a Irmã Lúcia
a tentar responder à pergunta de
um modo que satisfizesse o
entrevistador, Mons. Bertone -
assinalando contudo que, embora
tal “aceitação” pudesse conferir
ao Mundo alguns benefícios, não
se trataria daquele tempo de Paz
que a Virgem de Fátima
prometera, se o Seu pedido
específico fosse honrado? Com
efeito, onde está aquele tempo
de Paz que a Senhora prometeu? O
facto de não existir essa Paz só
vem demonstrar que mesmo se o
Céu “aceitou” a cerimónia de
1984 por aquilo a que ela se
destinava, já, por outro lado, o
Céu não considerou tal cerimónia
como valendo pelo cumprimento do
pedido específico de Nossa
Senhora de Fátima. Portanto, é
irrelevante a autoridade de que
possam estar revestidos Mons.
Bertone e os seus colaboradores
do Vaticano: eles não podem,
pura e simplesmente, declarar a
existência de algo que os nossos
próprios sentidos nos dizem que
não existe - a conversão da
Rússia e, por todo o Mundo,
aquele tempo de Paz que se
seguiria a uma correcta
Consagração dessa Nação ao
Imaculado Coração de Maria.
Seja como for, já
demonstrámos exaustivamente que
a Irmã Lúcia testemunhou
repetidas vezes, em declarações
amplamente divulgadas, que as
cerimónias de Consagração de
1982 e de 1984 não eram o
suficiente para honrar o pedido
de Nossa Senhora, porque, em
nenhuma dessas ocasiões, nem a
Rússia fora mencionada nem houve
participação do episcopado de
todo o Mundo. Mas segundo a
entrevista de Bertone, contudo,
a vidente alterou radicalmente o
seu testemunho, declarando agora
que a cerimónia de Consagração
de 1984 «foi aceite pelo Céu.»
O
que significará, ao certo, «foi
aceite pelo Céu» é um enigma
para toda a gente. Será que o
Céu decidiu “aceitar” qualquer
coisa - menos o que Nossa
Senhora de Fátima tinha pedido -
depois de ter havido negociações
entre o Céu e o Cardeal Sodano?
Mas
o que é digno de nota é que
a Irmã Lúcia não é questionada
acerca das suas várias
declarações anteriores em que
ela afirmava o contrário,
nem se lhe pede explicação sobre
a sua suposta alteração de
testemunho. Esta é a
omissão por demais
reveladora nº 5.
Então, espera-se que
acreditemos piamente que nada do
que a Irmã Lúcia disse antes tem
qualquer valor e que, só quando
ela fala com Mons. Bertone,
em segredo, é que diz a
verdade sobre este assunto.
Bastante significativo é
o facto de a ‘Lúcia de Bertone’
não nos dizer quando, onde
ou a quem ela “já disse”
que a Consagração de 1984 - por
ela anteriormente declarada
inaceitável - é agora aceitável.
Porquê uma tal imprecisão,
quando Mons. Bertone tinha agora
uma oportunidade única de
arrumar este assunto,
apresentando um testemunho
específico? Porque não lhe pediu
ele, por exemplo, que
autenticasse algumas das
diversas cartas, escritas a
computador, que começaram
misteriosamente a aparecer em
1989, com a suposta assinatura
da Irmã Lúcia - cartas que
afirmam ter-se a Consagração da
Rússia realizado em 1984?
E o mais suspeito de tudo
é o facto de AMF, como
já fizemos notar, assentar
inteiramente numa destas
estranhas cartas, datada de 8 de
Novembro de 1989, como prova de
que a Consagração fora já
realizada. Fizemos também notar
que a credibilidade dessa carta
desfez-se por si mesma, com a
falsa afirmação de que o Papa
Paulo VI já tinha consagrado o
Mundo ao Imaculado Coração de
Maria durante a sua breve visita
a Fátima em 1967 - consagração
que nunca aconteceu. Porque
é que Bertone não fez qualquer
tentativa para autenticar esta
carta, tão candentemente
discutida, e ainda por ser a
única evidência citada em AMF?
Em
todo este relacionamento de
factos, é muito significativo
que o Apostolado do Padre Gruner
tenha provado publicamente que
essa carta (endereçada a Walter
Noelker, cujo nome nem sequer é
revelado em AMF) é uma
fraude evidente. Essa prova foi
dada a público no nº 64 da
revista The Fatima Crusader,
da qual circulavam uns 450 mil
exemplares à data da entrevista
de Bertone em Novembro de 2001.
Claro que Mons. Bertone
sabia, certamente, que The
Fatima Crusader tinha
exposto o carácter fraudulento
da referida carta de 1989; mas,
apesar disso, ele não tratou de
pedir à Irmã Lúcia que a
autenticasse - provocando, desse
modo, um considerável abalo à
credibilidade do apostolado do
Padre Gruner. Ora, esta aparente
‘falha’ poderia não ter sido um
descuido, mas sim um modo de
refutar que a posição tomada
pelo Padre Gruner e pelo seu
apostolado fora, em
primeiríssimo lugar, a
verdadeira razão de ter
sido Mons. Bertone a conduzir a
entrevista com a Irmã Lúcia.
Porque teria Mons.
Bertone desperdiçado esta
oportunidade dourada de usar a
Irmã Lúcia - a sua
“testemunha-vedeta” - para
refutar a asserção do Padre
Gruner de que a carta de 1989
tinha sido forjada? Obviamente,
porque Mons. Bertone devia saber
já que se tratava de uma
fraude e, consequentemente,
não se atreveu a pedir à Irmã
Lúcia que a autenticasse durante
a entrevista. Iremos considerar
este facto como a
omissão por demais reveladora nº
6.
Portanto, é esta a soma
total - quarenta e quatro
palavras - daquilo que a Irmã
Lúcia terá dito durante uma
entrevista de duas horas sobre
uma das maiores controvérsias da
História da Igreja. E é-nos
pedido que aceitemos, como sendo
o final da história de Fátima,
estas 44 palavras de uma
testemunha sempre ocultada -
palavras que, supostamente, se
destinavam a dissipar todas as
dúvidas, perguntas e receios de
milhões de Fiéis - mesmo se,
manifestamente, a Rússia não se
converteu, e a convergência das
forças de violência e de
rebelião contra Deus e contra a
Sua Lei ameaçam acrescidamente a
cada dia que passa.
*
4ª circunstância suspeita:
Não foi disponibilizada
qualquer gravação ou transcrição
dessa entrevista.
Porque é que não foi
apresentada nenhuma transcrição
da entrevista, nem uma gravação
áudio ou vídeo, nem qualquer
outra reprodução isenta, de modo
a mostrar com toda a precisão,
que perguntas foram feitas por
Mons. Bertone, que respostas
(completas) deu a Irmã Lúcia, a
própria sequência de perguntas e
respostas e quaisquer
comentários ou sugestões que,
tanto Mons. Bertone como os
restantes presentes, poderiam
eventualmente ter feito à Irmã
Lúcia durante as «mais de duas
horas» em que estiveram juntos
na mesma sala? Onde está
aquela troca verbal que se pode
ver em qualquer entrevista
publicada?
Mais ainda: porque
precisou Mons. Bertone de mais
de duas horas para conseguir
obter quarenta e quatro palavras
da Irmã Lúcia sobre os assuntos
em debate? Se admitirmos que a
Irmã Lúcia precisou de 1 minuto
para produzir essas 44 palavras
- então, que mais disse ela e
Mons. Bertone, o Padre Kondor e
a Madre Superiora, nos restantes
119 minutos do encontro?
Ter-se-ia feito recordar à Irmã
Lúcia o seu voto de
“obediência”? Ter-lhe-ia sido
insinuado que toda a Igreja
estava suspensa das suas
respostas, por forma a pôr termo
a esta controvérsia “divisiva”?
Ter-lhe-ia sido sugerido que a
sua lealdade “ao Santo Padre”
requeria que ela aceitasse a
Linha do Partido, mesmo se a
(supostamente sua) carta ao
Papa, de 1982, a contradiz?
Ter-lhe-ia sido dito como era
importante para a Igreja o facto
de ela garantir a toda a gente
que a Rússia já tinha sido
consagrada, apesar de tudo o
que, em contrário, ela dissera
ao longo de toda a sua vida?
Ter-lhe-ia sido dada a impressão
de que, se assim não fizesse,
estaria a contradizer o próprio
Papa?
Ou
talvez, tendo a Irmã Lúcia dado
muitas respostas que não
agradaram ao seu inquiridor,
ter-lhe-ão feito - sempre e
unicamente - as mesmas
perguntas, repetindo-as e
formulando-as de maneiras
diferentes, até ela ter
produzido as respostas
“correctas”? Até que ponto terá
a testemunha sido sujeita a
semelhante pressão, mais ou
menos subtil, durante as duas
horas em que esteve, fechada
numa sala, rodeada por
imponentes figuras de
autoridade?
Se
nada houvesse a esconder,
certamente Mons. Bertone teria
feito com que uma entrevista tão
crucial - com a única testemunha
ainda viva das aparições de
Fátima, ao tempo já com 94 anos
- fosse gravada em áudio ou em
vídeo ou, pelo menos, transcrita
palavra a palavra por
um estenógrafo, de modo a que as
declarações da testemunha
pudessem conservar-se no caso de
ela falecer - o que, atendendo à
sua idade, decerto sucederá num
futuro mais ou menos próximo.
Estamos, contudo, tentados a
afirmar que não existe gravação
alguma, nem transcrição, nem
nenhum registo independente de
toda a entrevista de Mons.
Bertone - porque, ao que parece,
há um medo terrível de deixar
que esta testemunha fale à
vontade, pelas suas próprias
palavras, em resposta a uma
série de perguntas, simples e
directas. Das quarenta e quatro
palavras da “Irmã Lúcia” que
aparecem no comunicado de
Bertone, cada uma delas é
cuidadosamente ponderada, como
que deixada cair de um
conta-gotas.
É
certo que o registo destas
declarações era de um risco
enorme. E se a Irmã Lúcia, com
toda a coerência, desse as
respostas “erradas”? E se as
respostas que ela desse tivessem
de ser ‘reconstituídas’ de entre
perguntas dirigidas ou de subtis
persuasões, quer do
entrevistador quer dos outros
assistentes? O que fazer com um
registo que revelasse tais
coisas? Como poderia ser
afastado do público ou só
parcialmente revelado? Como
poderia ser escondido ou
destruído, uma vez criado?
Sentir-nos-íamos felizes
se se pudesse demonstrar que
estamos errados. Talvez haja
uma fita ou uma transcrição
total dessa sessão de duas
horas. Mas - se há - seria
muitíssimo revelador que o
Vaticano nunca a tenha
apresentado.
*
5ª circunstância suspeita:
O comunicado italiano é
supostamente assinado por Mons.
Bertone e pela Irmã Lúcia; mas a
tradução em língua inglesa omite
a “assinatura” desta.
Em
primeiro lugar, porque é que a
Irmã Lúcia assina o comunicado
em italiano de Mons. Bertone
sobre aquilo que ela
alegadamente lhe disse em
Português? Porque é que a
Irmã Lúcia não faz nem assina
o seu próprio testemunho,
dado na sua língua materna? E se
é mesmo verdade que a Irmã Lúcia
falou com Mons. Bertone durante
mais de duas horas, porque não
preparar simplesmente uma
transcrição fidedigna das suas
palavras em Português - que ela
assinaria -, em vez do tão
conveniente comunicado de Mons.
Bertone?
Além disso, por que razão
foi omitida a “assinatura” da
Irmã Lúcia da tradução inglesa
do comunicado? Pensando bem, que
documento deveria ser por ela
assinado em primeiríssimo lugar?
- o comunicado em italiano, ou o
original português do mesmo
documento (que, por sinal, ainda
ninguém apresentou)?
E,
em suma, que valor terá a
“assinatura” da Irmã Lúcia
aposta a um documento escrito
numa língua que ela não fala - o
italiano (a Irmã Lúcia não fala
italiano), mas apenas nesta
versão -, que cita parcialmente
o seu testemunho, mas não
apresenta as perguntas completas
que lhe foram feitas nem as
respostas completas que ela deu?
A
conclusão - a que
inevitavelmente se chega - é a
seguinte: tanto Mons.
Bertone como o próprio aparelho
de estado do Vaticano não têm
qualquer intenção de, algum dia,
vir a autorizar a Irmã Lúcia a
pronunciar-se à vontade, de uma
forma completa e com as suas
próprias palavras acerca dos
assuntos fundamentais que
ficaram ainda por esclarecer,
referentes à Mensagem de Fátima.
É isto mesmo que vem ao de cima
com a circunstância suspeita que
se segue:
*
6ª circunstância suspeita:
O livro, de 303 páginas,
recém-publicado pela Irmã Lúcia
sobre a Mensagem de Fátima,
omite por completo todo e
qualquer assunto supostamente
tratado na entrevista secreta de
Bertone.
Em
Outubro de 2001, a casa editora
da Biblioteca do Vaticano
publicou um livro da Irmã Lúcia
intitulado Os apelos da
Mensagem de Fátima. A
Introdução, igualmente de sua
autoria mas revista e aprovada
pela Congregação para a Doutrina
da Fé, insiste em que é intenção
da Irmã Lúcia dar «a resposta e
elucidação às dúvidas e
perguntas que me têm sido
dirigidas.» O Prefácio, do
actual Bispo de Leiria-Fátima,
observa do mesmo modo que a Irmã
Lúcia «não conseguindo responder
individualmente a todas as
pessoas, pediu à Santa Sé
autorização, que lhe foi
concedida, para compor um
escrito onde pudesse dar
resposta, de forma global, às
múltiplas interpelações
recebidas.»
Pois a despeito do seu
reiterado propósito, aquelas 303
páginas não abordam nenhuma
das “dúvidas e perguntas”
que prevalecem acerca da
Mensagem de Fátima. Os erros da
Rússia, o Triunfo do Imaculado
Coração de Maria, a Consagração
da Rússia que resultará na sua
conversão, o período de Paz
prometido pela Santíssima Virgem
como fruto dessa Consagração e o
Terceiro Segredo nem sequer
são mencionados no livro -
e muito menos discutidos. Nem
mesmo a Visão do Inferno é
mencionada no excurso da Irmã
Lúcia sobre a vida eterna e a
busca do Perdão de Deus. Em
suma: o que o livro apresenta é
uma Mensagem de Fátima
exaustivamente expurgada,
totalmente despida de qualquer
dos seus elementos proféticos e
admoestadores - precisamente
para concordar com a Linha do
Partido. A versão da Mensagem de
Fátima que encontramos neste
livro só muito dificilmente
precisaria de um Milagre do Sol
‘para que todos acreditassem’.
Mas
o que é verdadeiramente
espantoso é que, quando a Irmã
Lúcia é autorizada a escrever um
livro (de 303 páginas) que trate
das «dúvidas e perguntas» sobre
a Mensagem de Fátima, ela nada
esclarece dessas dúvidas e
perguntas que milhões de pessoas
continuam, efectivamente, a ter.
Só quando é entrevistada -
em sigilo e por um
inquiridor pessoalmente
comprometido que, por sinal, até
é uma relevante figura de
autoridade da Igreja -, é que é
permitido à “Irmã Lúcia”
alongar-se em torno destas
dúvidas e perguntas. Mas, mesmo
então, as suas respostas são
fragmentárias e não vêm
directamente da sua boca nem no
seu próprio idioma. Em vez
disso, elas são veiculadas
através do Arcebispo Bertone
que, das duas horas de
conversação com a sua
‘testemunha em cativeiro’, nos
oferece quarenta e quatro
palavras relevantes.
Vejamos agora o somatório
das circunstâncias suspeitas que
rodeiam todo o contacto com a
testemunha-chave do ‘Caso
Fátima’:
-
Enquanto crescem as dúvidas
em torno das versões
oficiais do depoimento da
testemunha, ela é sujeita -
aos 94 anos - a uma
entrevista secreta,
orientada por uma imponente
figura de autoridade, que
vem então dar a público
fragmentos de respostas a
perguntas feitas, num
comunicado ao qual é aposta
a assinatura da vidente -
mesmo não estando o
comunicado escrito na sua
língua materna.
-
Uma das versões do
comunicado leva supostamente
a assinatura da testemunha,
logo abaixo da do seu
inquiridor - assinatura que,
por sinal, é retirada de
outras versões onde só a
primeira aparece.
-
Durante a entrevista secreta
com a testemunha, nenhuma
tentativa é feita para obter
a sua autenticação de
“cartas” que lhe são
atribuídas e cuja
autenticidade é claramente
posta em dúvida - nem sequer
nenhum esforço para se obter
a autenticação daquela
“carta” em que o próprio
inquiridor se baseou,
unicamente, como sendo
uma prova da alegada
modificação do depoimento da
testemunha [sobre a
Consagração da Rússia].
-
E
quando permitem à testemunha
publicar um livro inteiro
que trate das «dúvidas e
perguntas» que lhe foram
dirigidas a respeito da
Mensagem de Fátima, esse
livro não contém nenhuma
referência a qualquer das
dúvidas e perguntas que, na
realidade, continuam a
preocupar milhões de pessoas
- dúvidas e perguntas essas
que são, unicamente,
abordadas numa entrevista
secreta de que não
existe qualquer transcrição
ou outro registo
verdadeiramente isento.
Tanto o Arcebispo Bertone
como o Cardeal Ratzinger ocupam
altos cargos na Igreja. No
entanto, e com todo o respeito
devido a esses cargos, nada
consegue vencer a razoável
suspeita que essas
circunstâncias - e as já
mencionadas omissões por demais
reveladoras - não podem deixar
de levantar num espírito capaz
de raciocinar. Nenhum tribunal
civil aceitaria o depoimento de
uma testemunha tão rodeada por
tantos indícios de
não-fiabilidade. Ora, quanto à
Igreja, é-nos lícito esperar,
pelo menos, a mesma medida de
transparência e de abertura que
um juiz civil requereria.
-Deixem-nos ouvir a testemunha,
pelo amor de Deus!
E
nós, com toda a imparcialidade,
vemo-nos chegados a uma
conclusão - que é óbvia para
qualquer observador neutro desta
misteriosa “manipulação” da Irmã
Lúcia do Imaculado Coração: cada
uma das razões observadas nos
leva a crer que está a ser
perpetrada uma fraude; está a
ser falsificado o depoimento de
uma testemunha-chave (na
realidade, a última testemunha
ainda viva). E uma tal
falsificação fraudulenta é mais
um elemento do crime sob escopo.
Mas
porquê? Para além do motivo que
já demonstrámos - o de promover
a todo o custo a nova orientação
da Igreja que colide com a
Mensagem de Fátima -,
acreditamos que um outro motivo
existe ainda, pelo menos no caso
do Cardeal Ratzinger. Fundamos
tal conclusão no que já
debatemos no Capítulo 8: a
aprovação do Cardeal Ratzinger,
expressa em AMF, do
ponto de vista de Edouard
Dhanis, S.J. - o neo-modernista
“demolidor” de Fátima. Ao
confirmar Dhanis como um
“eminente conhecedor” de Fátima,
o Cardeal Ratzinger torna
evidente que ele (tal como
Dhanis) mantém que os elementos
proféticos da Mensagem
referentes à Rússia e a tudo o
mais - o que (recordemos) Dhanis
apoucou, chamando-lhe «Fátima
II» - são pouco mais do que
congeminações de uma pessoa
simples e bem intencionada, mas
seriamente levada por ilusões.
Como vimos, o Cardeal
Ratzinger mostra juntar-se à
linha de pensamento de Dhanis ao
afirmar, em AMF (o
comentário Ratzinger/Bertone),
que o Terceiro Segredo, no seu
todo, poderia bem ser em grande
medida uma mistificação: «A
conclusão do “segredo” lembra
imagens, que Lúcia pode ter
visto em livros de piedade e
cujo conteúdo deriva de antigas
intuições de fé.» Ora, sendo
isso verdade quanto ao Terceiro
Segredo, também poderia ser ‘a
verdade’ de toda a Mensagem de
Fátima. Pois que outra conclusão
teria o Cardeal a intenção de
sugerir?
Relembramos a propósito
que foi o mesmo Cardeal que
reduziu o culminar de toda a
Mensagem de Fátima - o Triunfo
do Imaculado Coração - apenas ao
-Fiat da Santíssima
Virgem Maria, de há 2.000 anos
(e nada mais)! Semelhantemente,
o Cardeal desconstruiu a
profecia da Santíssima Virgem de
que «Para as salvar [isto é,
salvar as almas do Inferno],
Deus quer estabelecer no
Mundo a devoção ao Meu
Imaculado Coração.» Ora, segundo
a interpretação do Cardeal (que
decerto muito agradaria a
Dhanis), a devoção ao Imaculado
Coração de Maria não significa
mais - e aqui novamente nos
confrontamos com uma blasfémia -
do que cada qual adquirir, para
si próprio, um “Imaculado
Coração”. Citando uma vez mais
AMF: «Segundo o
evangelho de Mateus (5, 8), o
“imaculado coração” é um coração
que a partir de Deus chegou a
uma perfeita unidade interior e,
consequentemente, “vê a Deus”.
Portanto, devoção ao Imaculado
Coração de Maria é aproximar-se
desta atitude do coração, na
qual o fiat - “seja
feita a vossa vontade” - se
torna o centro conformador de
toda a existência.» É o Cardeal
Ratzinger quem suprime as
iniciais maiúsculas de
“Imaculado Coração”, de modo a
reduzi-Lo a um “imaculado
coração” que qualquer um pode
conseguir para si próprio,
simplesmente por se conformar à
vontade de Deus. Com esta
exercitação de um claro e
deliberado reducionismo da
Mensagem de Fátima, o Cardeal
completa o seu ‘saneamento’
sistemático de todo e qualquer
pedacinho de conteúdo profético
católico.
Encontrámos agora o
exacto motivo adicional no ‘caso
do Cardeal’: dada a sua evidente
descrença nas autênticas
profecias da Mensagem de Fátima
- descrença que partilha com
Dhanis, o único “estudioso” de
Fátima por ele citado -,
parecerá que o Cardeal Ratzinger
não pensa sequer que está a
cometer fraude absolutamente
nenhuma. De facto, pode ser que
ele acredite que a supressão do
testemunho, total e livremente
expresso, da Irmã Lúcia seja um
real serviço que está a prestar
à Igreja. Com esta afirmação, o
que queremos frisar é que o
Cardeal Ratzinger não
acredita absolutamente nada
nos elementos proféticos da
Mensagem de Fátima: nem quanto à
necessidade da Consagração e
Conversão da Rússia, e do
Triunfo do Imaculado Coração de
Maria no nosso tempo, nem quanto
às desastrosas consequências que
haverá, na Igreja e em todo o
Mundo, pelo facto de não se
terem na devida conta,
atentamente, estes elementos de
profecia. Por conseguinte, o
Cardeal consideraria que o facto
de suprimir tais elementos seria
suprimir certas falsidades
perigosas que estão a “causar
perturbação” entre os Fiéis -
por muito que a Irmã Lúcia possa
acreditar que tudo isso é
verdade.
De
tudo quanto o Cardeal tem
afirmado se torna bastante claro
que tanto o Prefeito da
Congregação para a Doutrina da
Fé como Dhanis dão muito pouca -
ou nenhuma - credibilidade ao
testemunho da Irmã Lúcia,
segundo o qual a Virgem pedira a
Consagração e a Conversão da
Rússia, de modo a vir a
estabelecer-se no Mundo o
Triunfo do Imaculado Coração de
Maria. É evidente que o Cardeal
não acredita que, através do
Milagre do Sol, foi Deus Quem
autenticou este testemunho para
além e acima de qualquer dúvida.
Pois a que outra conclusão pode
chegar-se a partir da elogiosa
confirmação, por parte do
Cardeal, daquele mesmo “teólogo”
que tentou desacreditar toda a
profecia de Fátima?
Aqui temos, pois, um
motivo secundário para tudo
isto: no seu espírito, o que o
Cardeal considera estar a fazer
é proteger a Igreja da agitação,
a “germinar” de há muito a
partir de uma “revelação
privada” - à qual ele, tal como
Dhanis, não atribui grande peso.
Assim, o revisionismo ou a
supressão do testemunho da Irmã
Lúcia sobre estes assuntos, do
ponto de vista do Cardeal, nada
teria de errado. Pelo contrário,
o Cardeal poderá mesmo
considerar que é esse o seu
dever. E, se assim é, ele tem a
obrigação (por essa sua posição
de “chefia”) perante a Igreja e
a Humanidade, de ser cândido
sobre as suas verdadeiras
intenções. Ao que parece, o
Cardeal Ratzinger partilha da
atitude de outros “iluminados”
que povoam o interior do
Vaticano e que pensam que os
“simples Fiéis” são tão
estúpidos que não compreendem o
que é melhor para eles. E é isso
que pode explicar a razão pela
qual o Cardeal não se deu ao
trabalho de revelar os seus
preconceitos aos
“não-iluminados” - esperando,
antes, que todos eles confiem na
sua “(cor)recta” interpretação.
Em
suma, torna-se-nos impossível
concluir outra coisa senão que a
Mensagem de Fátima se encontra
agora sob custódia daqueles
que, pura e simplesmente, não
acreditam nela e que querem
vê-la terminada de uma vez por
todas, tal como também deixaram
a sua marca na nova política do
Vaticano - do ecumenismo, do
«diálogo inter-religioso», de
uma fraternidade mundial de
religiões e de uma «civilização
do amor» conduzida pelas Nações
Unidas.
Mas
o Mundo precipita-se, cada vez
mais veloz, na violência e na
devassidão moral - enquanto, por
seu lado, a não-conversão da
Rússia, cada vez mais evidente,
se ergue mais e mais, pedindo a
presença de um Deus fulminador.
Sob tais circunstâncias, devem
os Fiéis leigos - do mesmo modo
que os Sacerdotes e Bispos fiéis
- continuar a insistir com as
suas simples perguntas, bem como
a rezar e a trabalhar para que
chegue o dia em que os Homens
que tomam as rédeas do Poder no
Vaticano permitam, por fim, ao
Papa que faça precisamente
aquilo que a Mãe de Deus lhe
pediu há 74 anos atrás. Queira
Deus libertar a Igreja do mau
governo que Ela tem - e bem
depressa! Para que esteja
próximo o dia em que nós, os
Fiéis, possamos usar do direito
conferido por Deus de pedir ao
Soberano Pontífice que afaste
dos cargos que ainda ocupam os
acusados (e seus colaboradores)
desta autêntica derrocada -
solução que debateremos no
último capítulo.
Os
diários da Irmã Lúcia registam
que em Rianjo (Espanha), em
Agosto de 1931, ao falar do
reiterado adiamento dos Seus
ministros para a Consagração da
Rússia, Nosso Senhor lhe disse:
«Participa aos Meus ministros
que, dado seguirem o exemplo do
Rei de França na demora em
executar o Meu mandato, tal como
a ele aconteceu, assim o
seguirão na aflição.»
Jesus disse-lhe ainda:
«Não quiseram atender ao Meu
pedido!… Como o rei de França,
arrepender-se-ão, e fá-lo-ão,
mas será tarde.» Em que medida
será tarde, e quanto mais o
Mundo e a Igreja terão de sofrer
- isso depende daqueles que
mantêm a Mensagem de Fátima sob
custódia e controlam todo o
acesso à última testemunha,
ainda viva, dos Seus recados
vindos do Céu.
E,
em alguma medida, depende também
de cada um de nós fazer por
desmascarar e por se opor à
fraude que está a ser perpetrada
no Mundo, pondo em sério perigo
milhões e milhões de almas, e
ameaçando a Paz e a segurança de
nações inteiras.
Foi
por essa razão que escrevemos
este livro.
Notas
1. Pelo contrário, como
documenta o Padre Alonso, a Irmã
Lúcia afirmou que «tudo quanto
dizia respeito às aparições da
Senhora não era já uma simples
recordação, mas como uma
presença impressa na sua alma
como se fosse marcada a fogo. É
ela própria quem nos chama a
atenção para o facto de que tais
coisas ficavam impressas na sua
alma de tal modo que lhe seria
impossível esquecê-las. Por
isso, estas recordações da Irmã
Lúcia são mais como recontos de
algo que permanece inscrito e
para sempre gravado no mais
profundo da alma da autora. Ela
aparece como alguém que “vê”,
muito mais do que alguém que
“recorda”. A facilidade dessa
“recordação” é, de facto, tão
grande que ela só tem de “ler” -
tal como tudo se encontra - a
sua alma.» Padre Joaquin Alonso,
“Introdução”, Fátima contada
pelas palavras de Lúcia, p.
13.
2. Cf. nota 48 do Capítulo 8.
3. Ocasionalmente, ao referir-se
ou citando o comunicado de
Bertone, este Capítulo por vezes
utiliza a tradução inglesa, de
Dezembro de 2001, dos
Serviços de Informação do
Vaticano, a partir do
original italiano. Outras vezes,
serve-se de L'Osservatore
Romano, na sua versão
inglesa de 9 de Janeiro de 2002.
E, muito raramente, é também
usada a nossa própria tradução,
a partir da versão italiana.
Capítulo 15
Deitando contas ao nosso tempo
«Por fim, o Meu Imaculado
Coração triunfará. O Santo Padre
consagrar-Me-á a Rússia, que se
converterá, e será concedido ao
Mundo algum tempo de Paz.» Foi
isto o que a Mãe de Deus
prometeu em Fátima.
Mas houve qualquer coisa
que correu mal. As profecias de
Fátima, realizadas na íntegra em
todos os outros aspectos, não se
cumpriram neste ponto. Seria a
Mãe de Deus que nos enganou? Ou
seriam antes os homens - certos
homens - que nos enganaram?
A
3 de Março de 2002, a revista
Time noticiava que «um
mês depois dos ataques do 11 de
Setembro, as chefias militares
federais receavam que uma arma
nuclear, obtida do arsenal
russo, tivesse entrado
clandestinamente em Nova York».
Segundo a mesma revista, «o
Grupo de Segurança
Anti-Terrorismo da Casa Branca,
pertencente ao Conselho Nacional
de Segurança, foi alertado do
perigo por um agente de nome de
código DRAGONFIRE; mas nem os
funcionários de Nova York nem os
dirigentes do FBI receberam
qualquer informação, numa
tentativa de evitar o pânico.»
Embora tal comunicação
fosse mais tarde considerada
incorrecta, em Washington, D.C.,
foi instalado um
“governo-sombra” em abrigos
subterrâneos e, pelos Estados
Unidos, foram dispostos
detectores nucleares em
posições-chave - numa
antecipação daquilo que o
Presidente e os seus assessores
acreditavam ser um ataque
inevitável, e ainda muito mais
mortífero, dos terroristas
islâmicos. Nessa mesma data de 3
de Março de 2002, o The
Washington Post noticiava:
«Alarmada pela crescente
suspeita de uma progressão da
Al-Qaeda com o fim de obter uma
arma nuclear ou radiológica, a
Administração Bush dispôs, a
partir de Novembro [de 2001],
centenas de sofisticados
censores ao longo das linhas de
fronteira, nas instalações no
estrangeiro e nos pontos de
possível bloqueio em torno de
Washington. Também a “Força
Delta”, unidade de Comandos de
elite da Nação, foi posta em
novo alerta de emergência, com a
missão de tomar o controle de
materiais nucleares que os
sensores pudessem detectar».
Baseando-se em informações
dos Serviços de Protecção e
Segurança do Estado - falíveis,
porque humanos -, estes líderes
políticos mostraram ter a
prudência suficiente para se
prepararem para o pior, que
sabiam estar iminente. Porém, no
aparelho de estado do Vaticano,
os revisionistas de Fátima,
seguindo a Linha do Partido de
Sodano, afirmam-nos que podemos,
em toda a segurança, não dar
qualquer importância a este
outro “Serviço de Protecção e
Segurança” - vindo do Céu e, por
isso, infalível - que nos avisa
acerca do aniquilamento de
nações. Pior: eles escondem da
Igreja uma parte vital da
informação vinda desse “Serviço
de Protecção” celeste - as
palavras do Terceiro Segredo que
ainda falta conhecer -, ao mesmo
tempo que nos garantem que já
tudo foi revelado. E enquanto o
Mundo se precipita em direcção a
uma catástrofe, não falta à
Igreja, ao que parece, um número
considerável de idiotas úteis,
todos contentes a papaguearem a
Linha do Partido - enquanto,
muito convenientemente, vão
denunciando todos aqueles que a
questionam.
Considere o leitor que, na
altura em que escrevemos,
passaram já dezoito anos desde a
suposta consagração da Rússia, a
25 de Março de 1984, em
cerimónia realizada no Vaticano
da qual foi deliberadamente
omitida toda e qualquer menção à
Rússia. No decurso dos útimos
dezoito anos nem houve o Triunfo
do Imaculado Coração de Maria
nem a Rússia se converteu. Pelo
contrário: durante todo este
tempo, o aparelho de estado do
Vaticano repudiou abertamente,
como “eclesiologia
ultrapassada”, qualquer
tentativa de conversão ao
Catolicismo na Rússia.
Não apenas na Rússia como
por todo o Mundo, as chamas do
holocausto do aborto erguem-se
cada vez mais alto aos olhos de
Deus. Houve pelo menos 600
milhões de vítimas desta guerra
contra ‘os que não puderam
nascer’, desde a “consagração”
de 1984; e o sangue de cada uma
destas vítimas clama ao Céu pela
justa vingança.
Nem sequer a catástrofe do
11 de Setembro de 2001 nem a
ameaça de piores males pôde
dissuadir o aparelho de estado
do Vaticano de continuar com a
nova orientação “pós-Fátima” da
Igreja. Em vez da consagração da
Rússia, o Vaticano apresentou ao
Mundo mais um encontro
pan-religioso de oração: o Dia
Mundial de Oração pela Paz, em
Assis, a 24 de Janeiro de 2002.
Católicos, Ortodoxos,
Protestantes, Hindus,
Muçulmanos, Judeus, Animistas
africanos, Budistas,
Shintoístas, Confucionistas,
Tenrikyoístas e Zoroastrianos
foram embarcados no ‘vai-vem’
entre o Vaticano e Assis,
naquilo a que L'Osservatore
Romano chamou “um comboio
de Paz”. E estes ditos
“representantes das religiões do
Mundo” - de que até um
feiticeiro tribal fazia parte -
todos eles fizeram os seus
sermões sobre a paz no Mundo, do
alto de um grande púlpito de
madeira erguido na parte mais
baixa da Praça da Basílica de
São Francisco. Como parte do
evento, foi facultada a cada
“religião” não-cristã uma sala
do Santo Convento de São
Francisco, para aí oferecerem
orações pela paz e realizarem os
seus rituais pagãos aos mais
variados deuses e espíritos. No
final do encontro, os
“representantes das religiões do
Mundo” colocaram pequenas
lâmpadas de azeite acesas sobre
uma mesa, simbolizando o seu
suposto empenhamento na
fraternidade inter-religiosa e
na paz no Mundo - retirando-se
em seguida.
Depois disto,
evidentemente, não houve Paz
nenhuma. Logo no dia seguinte,
os Israelitas começaram a
bombardear os alvos
palestinianos, o conflito
israelo-árabe continuou a
progredir em direcção a uma
guerra aberta, ao mesmo tempo
que a Índia testava um míssil
nuclear. E nas semanas que se
seguiram, Hindus e Muçulmanos -
cujos “representantes” foram a
Assis depositar sobre a mesa as
suas lâmpadas de azeite -
começaram a chacinar-se uns aos
outros na Índia Ocidental; em
apenas três dias de distúrbios,
o total de mortos subiu a cerca
de 3001.
Não há Paz no Mundo e não
há Paz na Rússia. Mas antes,
como o Papa João Paulo II disse
em Fátima em 1982, estamos
confrontados com «ameaças quase
apocalípticas que pesam sobre as
nações e sobre a humanidade». É
esta a consequência de ignorar
os avisos que o nosso “Serviço
de Protecção” celeste comunicou
ao mundo em Fátima.
E
a Paz no interior da própria
Igreja? Também neste aspecto a
Virgem de Fátima nos deixou o
Seu aviso. E também quanto a
este aspecto esse aviso foi
ignorado pelos homens que nos
dizem que o Terceiro Segredo de
Fátima “pertence ao passado”.
Hoje é a corrupção e o colapso
do elemento humano da Igreja
durante os últimos quarenta anos
que irrompe em plena luz, dando
azo a que o Mundo inteiro os
ponha diariamente em crónicas,
para servirem de irrisão e de
troça. Ora isto está a acontecer
porque os próprios Clerigos
rejeitaram totalmente a Mensagem
de Fátima, que nos dava os meios
para saber com antecedência e
tomar as medidas necessárias
para evitar a infiltração no
Clero da homossexualidade - que
hoje aí prolifera em proporções
fora de controle.
É
bem sabido que os Católicos, de
há longa data e na sua maioria,
vítimas de décadas de
disparatadas “reformas”
litúrgicas e ecuménicas,
deixaram de ter Fé na Divina
Eucaristia, tal como deixaram de
ver a sua Igreja como diferente,
em essência, da dos
protestantes; também já não se
sentem obrigados a seguir os
ensinamentos da Igreja sobre o
casamento e a procriação. Mas no
ano de 2002 é que a Igreja
sofreria um abalo devastador
para a Sua credibilidade.
Estava este livro quase a
ser concluído quando rebentou na
imprensa o escândalo da
pedofilia em massa na
Arquidiocese de Boston - onde
durante décadas o Cardeal Law
escondeu as actividades destes
Sacerdotes-predadores. E
evidentemente, na América do
Norte, num pânico sobre qualquer
potencial responsabilidade,
diocese atrás de diocese começou
subitamente a fornecer às
autoridades legais listas de
Padres suspeitos de abuso sexual
- depois de anos de encobrimento
destas informações, quer às
vítimas quer às famílias, e
fazendo deslocar os presumíveis
culpados de um lugar para outro.
Esta verificação, diocese por
diocese, de abusos sexuais de
Sacerdotes sobre rapazinhos foi
divulgada em grandes títulos
pelo Newsweek e pela
National Review, e por
um grande número de histórias
nos jornais nacionais e locais.
Pode imaginar-se o que estará
por baixo da ponta deste
iceberg.
Tanto na América do Norte
como na Europa, os Seminários e
Conventos estão praticamente
vazios ou fechados - excepto os
que são dirigidos por pequenas
ordens “tradicionalistas” (como
a Sociedade de São Pio X e a
Fraternidade Sacerdotal de São
Pedro) que seguem “as velhas
tradições”. Não há, nem de
perto, vocações suficientes para
substituirem os Sacerdotes mais
velhos, que morrem ou se
aposentam, na Igreja
“conciliar”. E é amplamente
conhecido que, entre os poucos
homens que chegam a entrar em
Seminários que seguem as
reformas pós-conciliares, há uma
grande percentagem de
homossexuais. O Padre Donald
Cozzens, Reitor do Seminário de
Santa Maria em Cleveland, Ohio,
estava apenas a admitir aquilo
que é evidente a qualquer
pessoa, quando, no seu livro
The Changing Face of the
Catholic Priesthood,
referiu que:
No começo do século
XXI, há uma percepção cada
vez maior de que o
sacerdócio é, ou está a
tornar-se, uma profissão de
homossexuais (…) Os
seminaristas heterossexuais
sentem-se pouco à vontade,
devido ao número de
homossexuais que os rodeia.
(…) Um seminarista
heterossexual sente-se ali
deslocado, e pode
interpretar essa sua
perturbação interior como um
sinal de que é ele que não
tem vocação para o
sacerdócio. (…) Contactos
sexuais e uniões românticas
entre seminaristas
homossexuais criam teias
intensas e complicadas de
intriga e inveja2.
A
praga de abusos e perversões
sexuais entre o Clero está longe
de se limitar à América do
Norte. Também a Inglaterra, a
França e a Espanha tiveram os
seus escândalos envolvendo
Sacerdotes homossexuais e
pedófilos; e até um importante
Arcebispo polaco foi denunciado
ao Vaticano pelos Sacerdotes que
ele forçara ou de quem abusara
sexualmente. E em África: um
vasto escândalo envolvendo
Padres africanos que abusaram de
Freiras foi relatado na imprensa
mundial e admitido pelo
Vaticano. O porta-voz do
Vaticano, Padre Bernardo
Cervellera (director do
Fides, o serviço noticioso
missionário do Vaticano), disse,
apresentando-o como uma defesa
ultrajante, que «o problema se
limitava à África Sub-Saariana e
se relacionava com a visão
cultural negativa aí existente,
tanto da mulher como do celibato
(…) Não se trata de casos de
violência ‘psicopática’ contra
mulheres, mas sim de um ‘modo de
vida étnico’ que é comum por
toda a região (…)». Portanto, o
facto de Padres africanos
abusarem de religiosas é só “um
modo étnico de viver” em África!
Portanto, os Padres africanos só
não apreciam o “valor” do
celibato! Segundo a agência
Reuter, o Vaticano está “a
acompanhar a situação (…) mas
não foi exercida nenhuma acção
directa”3.
Quer dizer: o Vaticano não
exerceu qualquer acção directa
contra Padres que violentam
Freiras; no entanto, o Padre
Nicholas Gruner foi declarado
“suspenso” no único
pronunciamento público da
Congregação para o Clero no
respeitante à “disciplina” - o
único dos 260.000 Sacerdotes
diocesanos que a Igreja contava
no ano de 2001 -, pelo crime de
divulgar a autêntica Mensagem de
Fátima. Tais são as prioridades
do Vaticano, segundo a nova
orientação da Igreja Católica.
Embora esta nova orientação
da Igreja seja, em todos os
aspectos, um erro desastroso,
nada produzindo para além dos
frutos mais amargos, os membros
do aparelho de estado do
Vaticano que movem perseguição
ao Padre Gruner continuam sempre
em busca de ruinosas novidades.
Por isso, e pelo que lhes diz
respeito, não haverá um regresso
ao “modelo” da Igreja
representado pela Mensagem de
Fátima. Não haverá nenhuma
“embaraçosa” consagração pública
da Rússia. Não haverá nenhuma
“ultrapassada” conversão da
Rússia à Fé Católica. Não haverá
o Triunfo do Imaculado Coração
de Maria, porque isso seria um
recuo no “diálogo ecuménico” com
Protestantes e Ortodoxos. Por
isso também a Rússia não se
converteu e não há Paz no Mundo,
e a Igreja Católica permanece
num estado próximo do caos - sem
dúvida como foi predito no
Terceiro Segredo.
Na
Rússia, depois de uns quarenta
anos de irresponsável “diálogo
ecuménico”, os Ortodoxos Russos
estão mais ferozes que nunca na
sua rejeição ao primado do Papa
e na sua oposição à Igreja
Católica. Da Hierarquia ortodoxa
russa veio uma explosão de
ultrages quando, em Fevereiro de
2002, o Vaticano anunciou que as
suas “administrações
apostólicas” na Rússia seriam
designadas ‘dioceses’ - que nem
sequer o seriam no sentido
tradicional católico. Assim, por
exemplo, haveria apenas uma
“Arquidiocese da Mãe de Deus
em Moscovo”; e o Arcebispo
à cabeça desta estrutura não
seria chamado Arcebispo de
Moscovo, para que o Vaticano não
ofendesse Alexy II, antigo
agente do KGB e o actual
Patriarca ortodoxo russo de
Moscovo.
Depois da criação dessas
“dioceses” católicas, a fúria
anti-católica da Hierarquia
ortodoxa russa - ilícita
herdeira das paróquias católicas
e dos Fiéis roubados à
verdadeira Igreja à força de
armas, por Josef Stálin -
tornou-se imparável. A visita do
Cardeal Kasper a Moscovo foi
cancelada, em protesto contra a
criação das dioceses. Na sua
comunicação escrita anunciando o
cancelamento, Kyrill, o
Metropolita Ortodoxo de Smolensk
- designado para liderar a
delegação ortodoxa russa em mais
uma série de inúteis negociações
“ecuménicas” -, declarou
agressivamente que «não temos
nada para dizer um ao outro».
Conclusão apropriada de uma
iniciativa que não valia a pena
ter começado. No dia 2 de Março
de 2002, Sábado, o Papa celebrou
no Vaticano uma cerimónia de
oração que foi transmitida por
satélite para a Rússia. A
transmissão foi totalmente
inutilizada pelos próprios
canais de televisão russos,
agora sob as ordens de Vladimir
Putin. Só enviando para esse
país um equipamento especial
(que foi retido na alfândega até
ao último momento) é que alguns
milhares de Católicos puderam
ver o Papa nos écrans
de televisão colocados na
Catedral da Assunção, em
Moscovo. Soube-se pela BBC que
«o Patriarca Alexy da Igreja
Ortodoxa Russa disse que isso (a
transmissão por satélite) era
uma ‘invasão da Rússia’, e
referiu-se à antiga ocupação de
Moscovo pela Polónia no início
do século XVII. Ora João Paulo
II é de origem polaca»4.
Depois de muitos anos de
Ostpolitik e de “diálogo
ecuménico”, a Hierarquia
ortodoxa não consentiu sequer em
tolerar, na Rússia, uma imagem
vídeo do Papa. Isto é
que é a conversão da Rússia que
Nossa Senhora de Fátima nos
prometeu?
Tentando repor um sorriso
no fiasco da Rússia, o Arcebispo
Tadeusz Kondrusiewicz, que agora
está à frente da “Arquidiocese
da Mãe de Deus em
Moscovo”, afirmou: «Isto é tudo
um mal-entendido»: a Igreja
Católica não tem intenção alguma
de fazer conversões entre os
Ortodoxos; e não tem intenção
alguma de procurar a conversão
da Rússia. Afinal de contas,
este Arcebispo Kondrusiewicz era
o mesmo que publicamente
declarara em 1998 (como
referimos) que «O Concílio
Vaticano II decretou que a
Igreja Ortodoxa é a nossa Igreja
Irmã e tem os mesmos meios de
salvação. Assim sendo, não há
razão alguma para haver uma
política de proselitismo». Uma
história da Associated Press
acerca da reacção de
Kondrusiewicz à hostilidade
ortodoxa referia que «Alguns
paroquianos foram ter
recentemente com Kondrusiewicz,
em lágrimas, queixando-se de que
a retórica indignada dos líderes
ortodoxos nos noticiários
nacionais desde o dia 11 de
Fevereiro os fazia ter medo de
praticarem a sua Fé»5.
E enquanto os Prelados ortodoxos
se inflamavam contra a Igreja
Católica nos noticiários
nacionais, «os
ultra-nacionalistas uniram
forças com a Igreja Ortodoxa
Russa para criticarem a Igreja
Católica pelo seu ‘proselitismo’
[e] um grupo parlamentar está a
organizar uma investigação»6.
Ora isto não é como se os
Prelados ortodoxos da Rússia
defendessem uma Igreja vibrante
que fosse sua: quase todos os
que se intitulam ‘ortodoxos
russos’ não praticam a sua
religião. The Economist
indica que «A Rússia está a
sofrer uma crise de fé.» Segundo
esta revista, «94% dos Russos
entre os 18 e os 29 anos não
frequentam a igreja»7.
A degeneração moral da sociedade
russa - a que já nos referimos -
continua em plena intensidade:
dois abortos por cada nado-vivo
(uma média de cinco ou seis
abortos para cada mulher russa);
um crescente alcoolismo e morte
prematura por doença ou crime
violento; um crescendo epidémico
de SIDA, depois da legalização
da homossexualidade por Boris
Yeltsin; um florescimento da
indústria de pornografia
infantil; e assim por diante.
Mas à Igreja Católica não
será permitido preencher o vácuo
espiritual que a Ortodoxia Russa
não consegue ocupar. A lei russa
de “liberdade de consciência” de
1997 continua a garantir um
especial estatuto legal à
Ortodoxia Russa, ao Judaísmo, ao
Islamismo e ao Budismo, enquanto
proibe o “proselitismo” católico
e exige o registo das igrejas
católicas na burocracia local. A
Igreja Católica tem um perfil
tão discreto na Rússia que o
gabinete em Moscovo onde o
Arcebispo Kondrusiewicz trata
dos assuntos da Igreja está
«entaipado por detrás de um
outro gabinete, de um comandante
militar, e não tem qualquer
sinal que indique ser ali a sede
da liderança da Igreja Católica
Russa»8.
No
ano de 2002, os Católicos
continuam a ser uma diminuta e
obscura minoria na Rússia. Há
talvez 500 mil Católicos (de
nome) numa nação de 144 milhões
de pessoas. A pequena
percentagem de Católicos que
ainda vai à Missa ao Domingo (a
maioria na Sibéria) depende
quase totalmente de Sacerdotes
que não são Russos, e a quem é
permitido entrar na Rússia só
com vistos de
visitantes - o que requer uma
saída do país de três em três
meses, para obter uma renovação
que lhes pode ser negada em
qualquer altura, por um motivo
qualquer ou mesmo sem motivo
nenhum. Ao próprio Secretário da
Conferência dos Bispos católicos
na Rússia, o Padre Stanislaw
Opiela, foi-lhe negado por três
vezes o visto de
entrada sem qualquer explicação:
«Eu não tenciono tentar outra
vez. Não vale a pena» - disse
ele - «Talvez venha a fazer-se
algum tipo de protesto»9.
Depois, em Abril de 2002, o
Bispo Jerzy Masur, designado
pelo Vaticano para administrar a
vasta (mas escassamente povoada)
região da Sibéria, foi expulso
da Rússia e o seu visto
de entrada confiscado sem
qualquer explicação. O Bispo
Masur veio a saber que o seu
nome tinha sido acrescentado a
uma “lista” secreta de pessoas
consideradas “indesejáveis” e
que não mais lhe seria permitido
entrar em território russo.
Toda esta evolução de
acontecimentos na Rússia
habilitou o Arcebispo
Kondrusiewicz a elaborar um
protesto formal em nome da
Conferência de Bispos católicos
na Rússia intitulado “A
liberdade religiosa na Rússia
está em grande perigo”. Esse
protesto declara:
Os Católicos na Rússia
perguntam a si próprios: O
que irá acontecer a seguir?
As garantias constitucionais
serão válidas também para
eles, incluindo a liberdade
de consciência e o direito a
terem os seus próprios
pastores de almas - o que
implica convidá-los do
exterior, sendo que, durante
81 anos, a Igreja Católica
se viu privada do direito de
formar e de ordenar os seus
próprios Sacerdotes? Ou o
Estado considerará realmente
os Católicos como cidadãos
de segunda classe? Estarão
eles (o Estado) a voltar aos
tempos de perseguição da Fé?
(…) A expulsão de um Bispo
católico que não violou lei
alguma ultrapassa todos os
limites imagináveis das
relações civilizadas entre o
Estado e a Igreja. (…) Com
grande preocupação,
expressamos o nosso protesto
decidido com respeito à
violação dos direitos
constitucionais dos
Católicos10.
Com efeito, pelos finais de
2002, o porta-voz pessoal do
Santo Padre, Joaquín
Navarro-Valls, declarou que as
acções levadas a cabo contra a
Igreja Católica pelas
autoridades russas tinham
atingido o nível de “uma
autêntica perseguição”.
Portanto, enquanto o Cardeal
Sodano e os seguidores da sua
Linha de Partido insistem em que
a Rússia foi consagrada ao
Imaculado Coração de Maria já há
uns 18 anos e que o estado
actual das negociações na Rússia
é o “milagre” da “conversão”
que, obviamente, decorre desta
“consagração”, tanto o mais alto
Prelado católico na Rússia como
o porta-voz pessoal do Papa
denunciam publicamente a
perseguição da Igreja na Rússia
e alertam para o facto de a
liberdade religiosa dos
Católicos russos estar em grave
perigo. A única palavra para
descrever esta situação é:
‘loucura’.
E
é ainda pior para a Igreja
Católica das vizinhas “antigas
Repúblicas Soviéticas”. Na
Roménia, pelo menos onze igrejas
paroquiais católicas (roubadas
por Stálin) foram arrasadas até
ao chão, só para não serem
devolvidas aos seus
proprietários por direito,
depois da “queda do Comunismo”
em 199011. Na
Bielorrússia, o Serviço
Noticioso Católico Mundial
informava, a 10 de Janeiro de
2002, que havia «indicações
perturbadoras de uma nova
hostilidade contra a Igreja
Católica» e que a «transmissão
da Missa Dominical nos serviços
radiofónicos do Estado tinha
sido cancelada sem qualquer
aviso.» Tal como a CWN noticiou,
«A Bielorrússia é oficialmente
um estado secular (…) Embora o
seu Presidente autoritarista
Aleksandr Lukashenko se
auto-proclame ateu, encara no
entanto a Igreja Ortodoxa como
suporte da sua política de
integração da Bielorrússia na
Rússia.” Os exemplos de
perseguição da Igreja Católica
na Bielorrússia, no Cazaquistão,
na Moldávia, na Roménia, na
Transilvânia e em todo o lado na
“antiga União Soviética”
poderiam multiplicar-se
indefinidamente.
E,
no meio de tudo isto, onde está
o Presidente Russo Vladimir
Putin? Muito atarefado a reunir
os elementos - nunca
completamente desmantelados - de
uma ditadura de estilo
soviético. Como noticiou a
edição online do
Times de Londres em 12 de
Janeiro de 2002, «A última
estação de televisão
independente da Rússia foi
encerrada ontem, deixando todas
as transmissões do país sob o
controle do Kremlin» - as mesmas
estações televisivas que tinham
vindo a denunciar a Igreja
Católica a propósito da questão
das dioceses na Rússia. E como
se se tratasse de um esquema
previamente acordado, está a
acontecer a mesma coisa na
Ucrânia. A 21 de Dezembro de
2001, o World Net Daily
noticiou que «A chama da
liberdade tem-se vindo a apagar
cada vez mais na antiga
República Soviética da Ucrânia -
assim como pela maior parte
dos territórios da antiga URSS
- com o silenciamento, por
parte do governo, do último
órgão de comunicação e difusão
independente, e com a contínua
controvérsia em torno do
assassinato de um jornalista
muito popular que expunha
livremente os factos.» É que
houve muitos assassínios e
“acidentes” fatais envolvendo
jornalistas, desde a “queda do
Comunismo”».
Em
conjunção com esta sistemática
tomada de controle dos meios de
comunicação social sob pretexto
de “pagamento de dívidas” e
“fuga aos impostos”, Putin
restaurou o hino nacional
soviético, consolidou o controle
do Kremlin sobre as províncias
russas e assinou, com a China
Vermelha, um tratado de
“amizade” militar e diplomático.
Putin ordenou ainda a edição de
um Calendário comemorativo
glorificando a era soviética, a
Prisão de Lubyanca (cúpula do
gulag soviético) e o
‘carniceiro’ da Era Soviética,
Felix Dzerzhinsky, que fundou o
KGB, autorizou a tortura e a
execução de Sacerdotes
católicos, e se encarregou da
liquidação da classe média
russa, ordenada por Lénin. Este
calendário serve para uso nos
gabinetes do KGB - que,
estrategicamente, mudou o nome
para FSB.
E
como por mágica coincidência, um
culto nacional por Vladimir
Putin está a emergir
“espontaneamente” - como se lê
no Electronic Telegraph
de 8 de Maio de 2001:
[O] culto pessoal pelo
Presidente Putin recebeu
ontem um novo ímpeto, quando
milhares de estudantes
comemoraram o primeiro
aniversário da sua tomada de
posse à sombra das muralhas
do Kremlin. A manifestação,
na qual muitos usavam
T-shirts decoradas com
a cara do Senhor Putin,
atingiu um nível ainda mais
baixo na adulação do antigo
coronel do KGB, que está já
imortalizado nos livros para
crianças, em esculturas e em
elogiosa divulgação pelos
meios de comunicação social.
Os oradores tentaram
superar-se uns aos outros em
elogios ao grande líder,
tendo a sua retórica
revelado novas perspectivas
do pensamento dos
partidários de Putin que
agora dominam a burocracia,
o Parlamento e as emissoras
estatais.
Yelena Bonner, viúva do
físico soviético dissidente
Andrei Sakharov, resumiu todos
estes acontecimentos nas
seguintes palavras: «Sob o poder
de Putin, deu-se início a uma
nova etapa na introdução de
um Estalinismo modernizado.
O autoritarismo está a impor-se
com maior dureza, a sociedade
está a ser militarizada, o
orçamento militar está a
aumentar». Yelena Bonner avisou
que «sob o actual governo, o
nosso país pode esperar, num
futuro previsível, perturbações
sociais destruidoras que
igualmente poderão afectar os
países vizinhos»; e traçou ainda
paralelos evidentes entre esta
Rússia “convertida” e a Rússia
estalinista: «durante a era de
Stálin, cerca de um terço da
população trabalhava de graça ou
recebia um pagamento simbólico.
Na Rússia moderna, dois terços
da população encontram-se nos
limites da pobreza. O Sistema de
Saúde estatal é pior hoje do que
nos anos 50. Stálin assassinou
cerca de 20 milhões [na verdade,
o número aproxima-se dos 50
milhões] de pessoas; mas na
Rússia de hoje a população
decresce cerca de um milhão de
pessoas por ano»12.
E
enquanto a Rússia adere a um
Estalinismo modernizado, o
Cardeal Sodano reiterando a
mentira de afirmar que a Rússia
“tem vindo a converter-se” a
partir da consagração do Mundo
de 1984, continua o seu programa
de aliar a Igreja Católica com
as forças da emergente Nova
Ordem Mundial. Os órgãos dos
meios de comunicação católicos
relataram, com consternação, que
o Secretariado de Estado do
Vaticano apoia activamente o
recém-criado Tribunal Criminal
Internacional (TCI) - ao ponto
de oferecer um contributo
financeiro para os seus cofres13.
Comentadores católicos houve, a
que se juntaram comentadores
políticos leigos, que alertaram
de há muito sobre o facto de o
TCI constituir uma ameaça
directa aos direitos das nações
soberanas e dos seus povos, por
sustentar jurisdição que permite
conduzir processos politicamente
orientados - de que não haverá
apelo - de cidadãos de qualquer
nação, com base numa lista
(sempre crescente) de “delitos”
passíveis de processo judicial14.
Tais processos seriam efectuados
sem qualquer salvaguarda
processual quer quanto à
admissão de provas quer quanto
ao direito de contra-interrogar
testemunhas consideradas
essenciais para o devido
procedimento legal15.
Por toda a parte - na
Igreja, na Rússia, no Mundo - os
praticantes da Linha do Partido
de Fátima do Cardeal Sodano vêem
a evidência do seu fracasso. Mas
mesmo assim, quer os
colaboradores de Sodano, no
aparelho de estado do Vaticano,
quer, por toda a Igreja, os
revisionistas de Fátima - seus
‘ingénuos’ seguidores -,
continuam a insistir que a
Rússia foi consagrada ao
Imaculado Coração de Maria há 18
anos atrás, que os recentes
acontecimentos na Rússia são “um
milagre”, que o Terceiro Segredo
e a Mensagem de Fátima, no seu
todo, “pertencem ao passado” -
portanto, já não nos dizem
respeito. Os Católicos que, como
o Padre Gruner, continuam a
chamar a atenção para o óbvio
estão a ser sujeitos ao
equivalente a um ‘saneamento
estalinista’, devido à sua falta
de fidelidade à Linha do
Partido: são denunciados como
“desobedientes” e “cismáticos”,
e a sua “fidelidade ao Papa” é
posta em dúvida - mesmo se o
Santo Padre nunca confirmou nem
impôs a Linha do Partido de
Fátima de Sodano, antes tem
fornecido indicações sobre a sua
total falsidade.
Como se poderão apurar os
custos da loucura desta
conspiração para pôr de lado as
profecias da Mãe de Deus em
Fátima? O preço do sofrimento
físico e dos danos causados às
almas fica já para além de todo
o cálculo humano: na Rússia, a
miséria do povo e a continuada
perseguição do Estado aos
Católicos; o holocausto dos
abortos em todas as nações; uma
crescente maré de violência por
todo o Mundo; a perda de
inúmeras almas, através da
destruição da sua Fé Católica; e
a corrupção do Clero católico,
exibida agora perante o Mundo
inteiro. Todavia, tudo tinha já
sido predito, sem qualquer
dúvida, naquela parte do
Terceiro Segredo que não nos foi
permitido conhecer; e tudo
poderia ter sido evitado, se os
homens que hoje governam a
Igreja tivessem seguido (e não
desprezado) os pedidos - tão
simples - da Virgem de Fátima.
E
quais serão os custos nos dias
futuros, se o percurso da Igreja
- que os acusados estabeleceram
- não for rapidamente corrigido?
Nossa Senhora de Fátima
respondeu já a esta pergunta:
guerras e a perseguição da
Igreja, o martírio dos
Católicos, o sofrimento do Santo
Padre, o aniquilamento de nações
e a perda de mais milhões de
almas.
Aqueles que arquitectaram a
nova orientação da Igreja e
impuseram a Linha do Partido
sobre Fátima insistem para que
ignoremos estes avisos de Deus,
mesmo se eles nos foram
transmitidos pela própria Mãe de
Deus e autenticados por um
milagre público sem precedentes
na História humana. Não, não
podemos ignorar tais avisos.
Chegou o tempo de declararmos
que não é a Mensagem de Fátima
que devemos ignorar, mas sim as
palavras, humanas e totalmente
falíveis, desses homens.
Pelos frutos os conhecereis - e
os frutos da sua política e dos
seus julgamentos aqui estão,
para todos verem: a Igreja
chegou ao fundo da Sua pior
crise em 2.000 anos e o Mundo
precipita-se num apocalipse.
Expusemos o nosso caso o
melhor que pudemos;
descarregámos o nosso dever de
consciência, perante a Igreja e
o ‘tribunal’ da História. E
agora cremos que um dever
impende sobre si, leitor.
Pedimos-lhe que pondere as
provas que lhe apresentámos e dê
o seu veredicto: o veredicto de
que existe uma boa razão para
pedir que a mais alta autoridade
da Igreja submeta a julgamento
as acções destes homens, corrija
os danos que delas advieram e
faça justiça à Igreja e ao
Mundo.
Todavia, enquanto esperamos
que se faça justiça, devemos
fazer tudo o que estiver ao
nosso alcance para nos
protegermos - a nós, aos nossos
entes queridos, aos outros
Católicos e a todo o Mundo - de
outros males.
Ora isto quer dizer,
primeiro que tudo, que devemos
rejeitar o falso conselho
daqueles que, tendo autoridade,
tentaram substituir as palavras
da Mãe de Deus pelas suas
próprias palavras, e o plano do
Céu para a obtenção da Paz pelo
seu próprio plano. Conhecemos já
os ruinosos resultados da sua
falível sabedoria humana - que
eles continuam a querer impor à
Igreja contra a evidência dos
nossos sentidos, contra os
ditames da nossa razão, e contra
as palavras mesmas da própria
Mãe de Deus. Com o devido
respeito pelos cargos que detêm
dentro da Igreja, o que temos a
dizer destes homens é que -
quanto à Mensagem de Fátima e às
suas consequências para a Igreja
e para o Mundo - foram eles que
deitaram totalmente a perder a
própria credibilidade. Não
devemos, portanto, segui-los.
Tal como vimos pela
adequada descrição que o Cardeal
Newman fez da Crise Ariana, a
crise actual não constitui a
primeira vez, na História da
Igreja, em que foi deixado aos
leigos o encargo de perpetuar a
Fé - sem o apoio da alta
Hierarquia nem mesmo da maioria
dos Bispos, mas confiando apenas
no seu sensus catholicus
-, juntamente com alguns
bons Sacerdotes e Prelados que
não tinham sucumbido à confusão
reinante. Durante a Crise
Ariana, quase toda a Hierarquia
tinha perdido a visão de algo
tão fundamental como a Divindade
de Cristo; e os leigos, para
salvarem a sua alma, viram-se na
necessidade de não seguir,
durante pelo menos 40 anos,
aqueles que detinham a
autoridade. Ora, é manifesto ter
surgido nos nossos dias uma
situação semelhante. Olhando com
objectividade para a actual
condição da Igreja, poderá
alguém negar com seriedade a
crise de Fé e de disciplina que
Ela está a atravessar e que não
é menos grave que a do tempo de
Arius?
Em
Reform of the Roman Liturgy,
o ilustre liturgista Monsenhor
Klaus Gamber, lamentando a
destruição eclesial causada
pelas “reformas” litúrgicas do
Papa Paulo VI, observava o
seguinte:
A
confusão é grande! Quem pode
ainda ver claro nesta
escuridão? Onde estão, na
nossa Igreja, os chefes
capazes de nos mostrarem o
caminho certo? Onde estão os
Bispos suficientemente
corajosos para cortarem o
foco canceroso da Teologia
modernista que se implantou
e que está a supurar no seio
da celebração dos mistérios
mais sagrados, antes que o
cancro se espalhe e cause
ainda maiores danos? Do que
nós precisamos hoje é de um
novo Atanásio, um novo
Basílio - Bispos como
aqueles que, no século IV,
lutaram corajosamente contra
a Heresia Ariana, quando
quase toda a Cristandade
tinha sucumbido à heresia16.
Até que uma tal liderança
consiga emergir na Igreja, até
que a presente crise tenha
terminado e tudo se componha de
novo, devemos educar-nos a nós
próprios e aos outros sobre a
Fé, defendendo-a o melhor que
pudermos. No nosso tempo, essa
tarefa requer que defendamos
também a Mensagem de Fátima,
pois, como São Tomás ensina,
para cada época Deus envia
profetas - não para trazerem uma
nova doutrina, mas para
lembrarem aos Fiéis aquilo que
devem fazer para salvarem a
alma. Ora o grande Profeta da
nossa época é Nossa Senhora de
Fátima. Foi mesmo a Irmã Lúcia
quem disse, na famosa entrevista
ao Padre Fuentes, em 1957:
-
Senhor Padre, a Santíssima
Virgem está muito triste por
ninguém fazer caso da Sua
Mensagem, nem os bons nem os
maus: os bons (…) continuam
no seu caminho (…) mas sem
fazer caso desta Mensagem
(…)
Diga-lhes, Senhor
Padre, que a Santíssima
Virgem (…) - tanto aos meus
primos Francisco e Jacinta
como a mim - nos disse: Que
muitas nações
desaparecerão da face da
terra, que a Rússia
seria o instrumento do
castigo do Céu para todo o
Mundo se antes não
alcançássemos a conversão
dessa pobre Nação.
A
conversão da Rússia não foi
obtida. Qualquer pessoa com dois
dedos de testa o pode
reconhecer. Assim sendo, a
aniquilação de nações é decerto
iminente - a menos que os Homens
que governam a Igreja arrepiem
caminho, abandonem as suas
inovações destruidoras e, muito
simplesmente, cumpram aquilo que
a Mãe de Deus veio pedir em
Fátima. Agora o que nós não
podemos fazer é continuar a
correr o risco de ‘descansar’
sobre a opinião dos que estão
determinados a ignorar os
verdadeiros “sinais dos tempos”
- os sinais de um crescente
apocalipse predito pela Virgem
Santíssima em Fátima. Deste
modo, e implorando a Graça de
Deus, somos nós que temos que
avançar com a causa da
verdadeira Paz no Mundo, sem a
ajuda dos nossos superiores -
muitos dos quais ficaram cegos
na sua busca de uma nova (e
alienada) visão da Igreja.
Para um tal empreendimento,
todos nós, reunidos sob o manto
de Nossa Senhora de Fátima,
devemos orar incessantemente
pela Sua intercessão em tempos
tão confusos como os que
vivemos, e nunca esquecer as
fidelíssimas promessas que a
Senhora fez à Igreja e ao Mundo.
-
Nossa Senhora de Fátima, rogai
por nós!
Notas
1. New York Times, 2 de
Março de 2002.
2. Donald Cozzens, The
Changing Face of the Catholic
Priesthood (Liturgical
Press, Collegeville, Minnesota,
2002), p. 135.
3. CNN, 21 de Março de 2001.
4. BBC on-line, 2 de Março de
2002.
5. AP News, 1 de Março de 2002.
6. Zenit News, 17 de Fevereiro
de 2002.
7. Zenit News, 22 de Dezembro de
2000.
8. AP reportagem e fotografia,
28 de Fevereiro de 2002.
9. Catholic News Service
Report, 8 de Maio de 2001.
10. National Catholic
Register Edição on-line, 28
de Abril a 5 de Maio de 2002.
11. CWNews, 2 de Março de 2002.
12. Electronic Telegraph,
2 de Março de 2000.
13. Reportagem de Zenit News, em
3 de Julho de 2002: “Vatican
Contributes to International
Criminal Court” (ICC).
14. “World Court Now a Reality”,
por Mary Jo Anderson, 11 de
Abril de 2002, WorldNetDaily, e
“Stopping the International
Criminal Court”, por Mary Jo
Anderson, em
(www.catholic.education.org/articles/social_justice/sj0003.html).
15. “The International Criminal
Court vs. the American People”,
por Lee A. Casey e David B.
Rivkin, Jr., uma reportagem da
Foundação Heritage datada de 5
de Fevereiro de 1999, que se
pode encontrar-se em
(www.heritage.org/Research/InternationalOrganization/BG1249.cfm).
16. Msgr. Klaus Gamber, The
Reform of the Roman Liturgy,
(Foundation For Christian Reform,
Harrison, New York), 1993, p.
113.
Capítulo 16
Delineando uma acusação formal
Grande é a calamidade que
agora aflige a Santa Igreja e a
vastidão do Mundo. Nestes tempos
estranhos - tal como nos da
Crise Ariana -, o laicado deve
meter ombros a fardos que, em
épocas normais, não lhe
competiriam.
Como membros do Corpo
Místico de Cristo, temos o dever
de tomar medidas positivas de
oposição a essa crise, de acordo
com o nosso estado de vida. Se
assim fizermos, não poderemos
ser destroçados por esse falso
apelo à piedade que nos incita à
condescendência, na errónea
presunção de que “É Deus Quem
cuida da sua Igreja” - falso
apelo se com isso se quer
significar que o comum dos
Católicos nada deve fazer para
se opor aos erros e às
injustiças praticados por
membros da Hierarquia; mas,
antes, submeter-se cegamente a
qualquer decisão da autoridade,
por mais destruidoras que sejam
as consequências.
O
nosso dever em Justiça e
Caridade
Ora, não é isto o que um
Católico deve fazer. Não foi
isto o que fizeram os leigos e o
Clero fiéis durante a Crise
Ariana, e não é isto o
que nós devemos fazer hoje. O
nosso silêncio e aquiescência em
face deste progressivo desastre
seria, antes de mais, uma
injustiça para com a Igreja e a
traição do nosso dever solene de
Justiça, decorrente da nossa
condição de Católicos
confirmados como soldados de
Cristo.
Tal dever de Justiça é,
também, obrigação nossa em
Caridade para com os nossos
irmãos Católicos, incluindo os
nossos superiores na Hierarquia.
É nosso dever em Caridade
para com os nossos superiores
opormo-nos àquilo que está a
acontecer na Igreja, mesmo se
tal oposição implica dar o passo
- extremo - de ter de censurar,
em público, esses mesmos
superiores.
Como disse São Tomás de
Aquino: «se a Fé está em perigo,
qualquer súbdito tem o dever
de censurar o seu Prelado,
mesmo publicamente.» E porque é
que será ao mesmo tempo Justiça
e Caridade que, nestes
casos, um súbdito censure o seu
Prelado, mesmo que o faça
publicamente? Neste ponto, São
Tomás observa que a censura
pública a um Prelado «pareceria
ter o sabor de um orgulho
insolente; mas não há
presunção alguma no facto de
alguém pensar de um modo melhor
sobre determinado assunto,
porque nesta vida não há
ninguém que não tenha algum
defeito. Devemos também
lembrar-nos de que, quando uma
pessoa censura o seu Prelado
inspirada pela Caridade, isso
não significa que ela se julgue,
porventura, melhor; mas apenas
que está a oferecer a sua ajuda
a quem, “estando de entre vós em
posição mais alta, por isso
mesmo se encontra em maior
perigo”, como Santo
Agostinho observa na sua Regra,
supra citada1.» Claro
que há também perigo para os
nossos irmãos católicos - o
perigo mais grave possível -,
vindo do actual curso de
inovações destrutivas que é
seguido por certos membros do
aparelho de estado do Vaticano
que voltaram as costas não só à
Mensagem de Fátima como a todo o
passado da Igreja.
A
lição de São Tomás, sobre o
dever de censurarmos os nossos
superiores sempre que as suas
acções ameacem prejudicar a Fé,
reflecte o ensinamento unânime
dos Santos e dos Doutores da
Igreja. Dizia São Roberto
Belarmino, Doutor da Igreja, na
sua obra sobre o Pontífice
Romano, que até o Papa
pode ser alvo de censura e de
oposição, se for uma ameaça e
perigo para a Igreja:
Do mesmo modo que é
lícito opor-se a um
Pontífice que agride o
corpo, é também lícito
opor-se àquele que agride as
almas ou perturba a ordem
pública ou que, acima de
tudo, atenta no sentido da
destruição da Igreja. Afirmo
que é lícito
opor-se-Lhe, não fazendo o
que Ele ordena e evitando
que a Sua vontade seja
executada; já não é
lícito, contudo, julgá-lo,
puni-lo ou depô-lo, uma vez
que tais actos são da
competência de um superior2.
Semelhantemente, o eminente
teólogo do séc. XVI, Francisco
Suárez (que recebeu do Papa
Paulo V a elogiosa designação de
Doctor Eximius et Pius,
“Doutor Excepcional e Piedoso”)
ensinou o seguinte:
E
desta segunda maneira o Papa
podia ser cismático, se Ele
não quisesse estar em união
normal com todo o corpo da
Igreja, como seria se Ele
quisesse excomungar toda a
Igreja ou, como observa
tanto Cajetan como
Torquemada, se Ele quisesse
subverter os ritos da
Igreja baseados na Tradição
Apostólica. (…) Se [o
Papa] der uma ordem
contrária aos bons costumes,
Ele não deve ser obedecido;
se Ele tentar fazer algo
manifestamente contrário à
Justiça e ao Bem comum, será
legítimo resistir-Lhe;
se Ele atacar pela força, é
pela força que deve ser
repelido, [embora] com a
moderação apropriada a uma
justa defesa3.
Ora, se até ao Papa se
pode, legitimamente, oferecer
oposição quando (ou se) toma
medidas que iriam fazer mal à
Igreja, quanto mais aos Prelados
a quem temos o dever de acusar
aqui. Muito simplesmente, como
disse o Papa São Félix III, «Não
se opor ao erro é aprová-lo; e
não defender a verdade é
suprimi-la.» Os membros do
laicado e do baixo Clero não
estão isentos desta injunção.
Todos os membros da Igreja estão
sujeitos a ela.
Por isso temos um dever: o
de falar abertamente. Temos o
dever de chamar a atenção do
Santo Padre para aquilo que, em
consciência, acreditamos ser uma
bem fundada acusação aos
Prelados mencionados neste livro
(e aos seus muitos
colaboradores) de terem causado
- e estarem na iminência de
continuar a causar - um grande
mal à Igreja e ao Mundo, com os
seus ataques à Mensagem de
Fátima. Temos o dever de
suplicar ao Santo Padre que
repare o crime que, segundo
cremos, estes homens cometeram.
Estamos, pois, a apresentar
o caso à sua consideração,
leitor, como membro da Santa
Igreja Católica. Iremos agora
sumariar brevemente aquilo que
as provas demonstram, em geral,
e o que elas evidenciam, em
particular, das acções daqueles
que acusámos nesta obra.
Na
generalidade, demonstrámos o
seguinte:
Primeiro:
a Mensagem de Fátima é uma
verdadeira profecia, autêntica,
e de vital importância para a
Igreja e o Mundo, nesta época da
História humana. A Mensagem foi
trazida, em pessoa, pela Mãe de
Deus, e autenticada por milagres
públicos indiscutíveis e
testemunhados por dezenas de
milhar de pessoas; foi
pronunciada como digna de
crédito pela Igreja e recebeu a
confirmação de uma série de
Papas, incluindo o Papa João
Paulo II. Em suma: a
Mensagem de Fátima não pode,
simplesmente, ser ignorada.
Foi Ele próprio quem disse que
«a Igreja se sente interpelada
por essa Mensagem».
Segundo:
a Mensagem de Fátima apela ao
estabelecimento no Mundo da
devoção ao Imaculado Coração de
Maria - isto é, da Fé
Católica - por todo o
Mundo. Para esse fim, o
próprio Deus decretou as
seguintes coisas para o nosso
tempo: a Consagração pública e
solene da Rússia - específica e
unicamente a Rússia - ao
Imaculado Coração de Maria, pelo
Papa em união com todos os
Bispos; a conversão da Rússia ao
Catolicismo; e o consequente
Triunfo do Imaculado Coração,
tanto na Rússia como em toda a
parte.
Terceiro:
o Terceiro Segredo de Fátima (na
porção ainda por revelar) prediz
aquilo que os Católicos vêem à
sua volta nos dias de hoje: uma
catastrófica perda de Fé e de
disciplina na Igreja - heresia,
escândalo, apostasia, que
atingem quase cada canto do
mundo católico. Para além de uma
montanha de outras evidências
que sobre este ponto
apresentámos, há uma delas que,
por si só, o prova cabalmente: a
frase crucial da Mensagem que os
acusados ocultaram e tentaram
fazer esquecer de todos: «Em
Portugal, se conservará sempre o
dogma da Fé etc.» - em Portugal,
sim; mas não em outros países,
como estamos a ver.
Quarto:
a Irmã Lúcia insistiu para que o
Terceiro Segredo fosse tornado
público em 1960, porque nesse
ano ele seria «mais claro».
Quinto:
em 1960 foi convocado o Concílio
Vaticano Segundo. Os homens que
governaram a Igreja a partir de
1960 deram ao Seu elemento
humano uma orientação
inteiramente nova - o que foi
feito por meio de uma “abertura
ao Mundo”, através da qual o
“diálogo” com hereges,
cismáticos, comunistas, ateus e
outros oponentes da única e
verdadeira Igreja substituiu,
de facto, a oposição ao
erro - que, antes, a Igreja
tinha mantido intransigentemente
-, assim como a Sua obrigação de
transmitir às gerações seguintes
a Fé Católica, total e
inviolada, como Cristo lhes
mandara que fizessem. E, não
contentes com ignorar o seu
solene dever de conservar e
transmitir a Fé, eles
perseguiram ainda aqueles que
procuravam aderir a esse dever.
Sexto:
já em 1973, o Papa Paulo VI era
forçado a admitir: «A abertura
ao Mundo transformou-se numa
verdadeira invasão da Igreja
pelo pensamento mundano» - ou
seja, pelo liberalismo. Esta
invasão da Igreja pelo
liberalismo, e o consequente
colapso da Fé e da disciplina no
interior da Igreja, constituem o
ansiado objectivo da Maçonaria
organizada e do Comunismo: não a
completa aniquilação da Igreja,
que eles sabiam ser impossível,
mas a Sua adaptação às
ideias liberais. O estado
presente da Igreja é,
precisamente, o que essas forças
haviam audazmente anunciado que
iriam conseguir e, precisamente
também, aquilo que uma longa
linha de Papas pré-conciliares
avisara ser o objectivo das suas
conspirações.
Sétimo:
em vez de lutarem contra essa
nova orientação que adapta a
Igreja às ideias liberais, os
homens da Igreja pós-conciliar
(incluindo aqueles que aqui
acusamos) continuaram,
inflexivelmente, a segui-la,
tomando e implementando decisões
em nome do Concílio Vaticano II,
o que inclui a Ostpolitik,
uma política pela qual muitos
membros da Igreja foram forçados
a evitar qualquer condenação ou
oposição activa aos regimes
comunistas; a “iniciativa
ecuménica” e o “diálogo
inter-religioso” que, de
facto, significam o
abandono da conversão dos
não-Católicos à única e
verdadeira religião, e do dogma
de que a Igreja Católica é a
única Igreja verdadeira, fora da
qual não há salvação; a
introdução, em documentos
conciliares e pós-conciliares,
de uma novel terminologia cuja
ambiguidade (tal como as
fórmulas dos Arianos, no século
IV) está a enfraquecer
insidiosamente a crença nos
dogmas da Fé; uma “reforma” da
liturgia sem quaisquer
precedentes, que consistiu em
abandonar o Rito Latino
tradicional; permissão ou
tolerância de diversas formas de
heteropraxis (práticas
condenáveis) - tais como receber
a Comunhão na mão, haver
raparigas no serviço do altar,
retirar o Sacrário do seu lugar
no altar, etc. - que destroem a
crença na Sagrada Eucaristia e
no Sacerdócio sacrificial.
Oitavo:
a Mensagem de Fátima - com o seu
simples apelo a uma pública
Consagração da Rússia ao
Imaculado Coração de Maria feita
pelo Papa e pelos Bispos, a
conversão da Rússia ao
Catolicismo, e o Triunfo do
Imaculado Coração (e, com Ele,
da Igreja Católica) por todo o
mundo - não pode conciliar-se
com a nova orientação da Igreja,
na qual a Ostpolitik, o
“diálogo ecuménico” e o “diálogo
inter-religioso” impedem a
Igreja de declarar publicamente
que a Rússia deve ser consagrada
e convertida à verdadeira
religião, para o bem dessa nação
e de todo o mundo.
Nono:
os eclesiásticos que
implementaram a nova orientação
(incluindo os acusados) tentaram
“rever” a Mensagem de Fátima
para a conformarem àquela nova
orientação - o que foi feito
insistindo numa “interpretação”
da Mensagem que elimina:
qualquer consagração da Rússia
pelo seu nome (o que eles
consideraram uma intolerável
ofensa “ecuménica” ou uma
“provocação” aos Ortodoxos
Russos), qualquer conversão da
Rússia à Fé Católica (o que
expressamente abandonaram, como
uma eclesiologia
“ultrapassada”), e qualquer
Triunfo do Imaculado Coração de
Maria por todo o mundo (o que
consideram “triunfalista”,
embaraçoso e “não-ecuménico”).
Décimo:
o actual Secretário de Estado do
Vaticano, o Cardeal Sodano - que
assumiu de facto o
controle do governo quotidiano
da Igreja, desde a reorganização
da Cúria Romana pelo Cardeal
Jean Villot (maçom e Secretário
de Estado do Papa Paulo VI) -
ditou uma Linha Partidária sobre
Fátima, segundo a qual a
Mensagem de Fátima em geral e o
Terceiro Segredo em particular
devem ser ‘enterrados’, por via
de uma “interpretação” que
elimina as profecias de
acontecimentos futuros -
transformando-as em eventos
passados, e reduzindo o seu
conteúdo especificamente
católico a uma genérica e
simples piedade “cristã” que não
ofende nem os Ortodoxos Russos
nem os Protestantes.
Décimo
primeiro: a Linha do Partido
sobre Fátima deste Secretário de
Estado foi citada nada menos que
quatro vezes no comentário sobre
a Mensagem de Fátima e o
Terceiro Segredo dado a público
pelo Cardeal Ratzinger e por
Monsenhor Bertone, a 26 de Junho
de 2000.
Décimo
segundo: assim, de acordo
com a Linha do Partido sobre
Fátima, o Terceiro Segredo foi
só parcialmente revelado (se é
verdade que aquilo que foi dado
a público faz parte dele), e a
visão do “Bispo vestido de
Branco” a ser executado por
soldados no exterior de uma
cidade meio em ruínas foi
“interpretada” como tendo sido
apenas aquele atentado - falhado
- há 21 anos, à vida do Papa
João Paulo II, por um só
assassino.
Décimo
terceiro: essa porção do
Terceiro Segredo que contém “as
palavras da Santíssima Virgem”
(assim referida pelo Vaticano,
em 1960) - palavras que, ao que
tudo indica, se seguem à frase
incompleta «Em Portugal se
conservará sempre o dogma da Fé
etc.» -, tem sido retida e
negada aos fiéis.
Décimo
quarto: na realidade, o
Terceiro Segredo foi revelado na
sua essência - não só pelo
depoimento de numerosas
testemunhas mas até pelo próprio
Papa João Paulo II que (em
sermões em Fátima) por duas
vezes relacionou explicitamente
a Mensagem de Fátima com o Livro
do Apocalipse e, em particular,
com a queda de um terço das
estrelas (almas consagradas) do
Céu, depois de arrastadas e
derrubadas “pela cauda do
dragão” (Apoc. 12:3,4) -
acontecimento nunca apercebido
em citação alguma das duas
primeiras partes da Mensagem e,
portanto, indubitavelmente
percepcionado no Terceiro
Segredo.
Décimo
quinto: numa vã tentativa de
abafar as legítimas dúvidas
levantadas pela Linha do Partido
sobre Fátima, o aparelho de
estado do Vaticano conduziu uma
“entrevista” secreta com a Irmã
Lúcia - da qual não há
transcrição nem outro registo
completo - onde, ao que parece,
ela foi essencialmente induzida
a “concordar” ter sido ela a
inventar aqueles elementos da
Mensagem de Fátima que
contradizem a Linha do Partido
e, ainda, induzida a repudiar
(sem a mais leve explicação) o
seu testemunho - inalterável
durante 60 anos - de que a
Consagração da Rússia requer que
o nome da Rússia seja
explicitado e que nela
participem tanto o Papa como os
Bispos do Mundo, numa cerimónia
pública conjunta.
Décimo
sexto: aqueles que não
cederem à nova orientação da
Igreja, o que inclui a adesão à
Linha do Partido sobre Fátima,
estão sujeitos a perseguição e
“saneamento”, através de
“suspensão”, ameaças de
“excomunhão” e outras formas de
injusta disciplina, enquanto os
que seguem a nova orientação e a
Linha do Partido sobre Fátima
são deixados em paz ou mesmo
recompensados - mesmo no caso de
promoverem a heresia, ou se
manterem em clara desobediência
à Liturgia ou a outras Leis da
Igreja, ou cometerem indizíveis
escândalos sexuais. Tal como no
tempo da Heresia Ariana,
vemo-nos perante a mesma
situação que São Basílio Magno
lamentava: «Só uma ofensa é
agora vigorosamente castigada:
uma observância estrita às
tradições dos nossos Pais. Por
causa disto, os piedosos são
exilados dos seus países e
levados para desertos.»
Décimo
sétimo: como resultado
directo deste esforço concertado
de rever, obscurecer e enterrar
a Mensagem de Fátima em prol da
nova orientação - a Rússia, não
tendo sido consagrada, não se
converteu, mas só se degenerou
ainda mais; a Igreja está nos
abismos de uma crise sem
precedentes, e muitas almas
estão em risco de se perderem. É
que Nossa Senhora de Fátima
disse: «Se fizerem o que Eu
disser, salvar-se-ão muitas
almas.» E acrescentou ainda:
«Vão muitas almas para o
Inferno, por não haver quem se
sacrifique e peça por elas.» Com
respeito à sua própria missão, a
Irmã Lúcia disse ao Padre
Fuentes a 26 de Dezembro de
1957: «(…) a minha missão não é
indicar ao Mundo os castigos
materiais que decerto virão
sobre a terra, se, antes, o
Mundo não fizer oração e
penitência. Não. A minha missão
é indicar a todos o perigo
iminente em que estamos de
perder para sempre a nossa alma,
se persistirmos em continuar
agarrados ao pecado.»
Consequentemente, o Mundo está
perante a aniquilação de várias
nações - que, segundo avisou
Nossa Senhora de Fátima, seria o
resultado da rejeição dos Seus
pedidos.
Agora, com respeito aos
Prelados que nos vemos
compelidos a acusar nominalmente
diante da Igreja, ficou
estabelecido o seguinte mediante
provas substanciais:
Quanto ao Cardeal Angelo Sodano
Primeiro:
como Secretário de Estado do
Vaticano, o Cardeal Sodano é, em
absoluto, a figura de maior
poder na Igreja de hoje, dada a
reorganização da Cúria romana
sob o papado de Paulo VI; assim,
e em especial devido ao
enfraquecimento da saúde do Sumo
Pontífice, o Cardeal Sodano é,
de facto, quem governa
os assuntos do quotidiano da
Igreja.
Segundo:
devido às mesmas reformas
curiais do Papa Paulo VI, o
Cardeal Sodano está no Vaticano
à cabeça de cada dicastério,
incluindo a Congregação para a
Doutrina da Fé (CDF)
que (quando tinha a designação
de Santo Ofício) era formalmente
encabeçada pelo Papa.
Terceiro:
foi o Cardeal Sodano quem ditou
aquilo a que chamámos a Linha do
Partido sobre Fátima, isto é, a
falsa ideia de que a Mensagem de
Fátima, incluindo o Terceiro
Segredo, pertence inteiramente
ao passado, e que ninguém deve,
pois, continuar a pedir a
Consagração da Rússia. Sabemos
isto porque:
-
foi o Cardeal Sodano, e não
o Papa, quem anunciou ao
Mundo, a 13 de Maio de 2000,
que o Terceiro Segredo iria
ser revelado, mas só depois
de um “comentário” -
preparado pela CDF - que,
como é sabido, lhe está
também subordinado;
-
foi a “interpretação” do
Terceiro Segredo feita pelo
Cardeal Sodano que foi
citada, nada menos do que
quatro vezes, no comentário
A Mensagem de Fátima
(AMF) da Congregação
para a Doutrina da Fé.
Quarto:
o Cardeal Sodano, na condição de
quem governa, de facto,
os assuntos do quotidiano da
Igreja, reforçou vigorosamente a
nova orientação da Igreja no que
respeita a Fátima. Sabemos isto
porque:
-
foi o Cardeal Sodano que
assumiu o controle da
“interpretação” do Terceiro
Segredo e da sua falsa
redução a uma coisa do
passado, tal como o resto da
Mensagem de Fátima.
-
no
dia seguinte à publicação de
AMF, o Cardeal
Sodano demonstrou de modo
incisivo a sua adesão à nova
orientação da Igreja
convidando a estar presente
no Vaticano Mikhail
Gorbachev, o ex-ditador
soviético pró-aborto, para
uma suposta “conferência de
imprensa” (não eram
permitidas perguntas)
durante a qual o Cardeal
Sodano, Gorbachev e o
Cardeal Silvestrini não
fizeram senão cumular de
elogios um elemento-chave da
nova orientação,
desenvolvido pelo
predecessor de Sodano, o
Cardeal Casaroli: a chamada
Ostpolitik -
segundo a qual a Igreja
“dialoga” com os regimes
comunistas em vez de se lhes
opor, e mantém um silêncio
diplomático face à
perseguição da Igreja pelos
Comunistas.
-
em
1993, o Cardeal Cassidy,
representante do Cardeal
Sodano, negociou a
Declaração de Balamand que
declara que o regresso dos
Ortodoxos a Roma representa
uma “eclesiologia
ultrapassada” - como o
seria, então (no dizer do
Cardeal Sodano), a conversão
da Rússia à Fé Católica,
pedida por Nossa Senhora de
Fátima.
-
foi o Cardeal Sodano quem
superintendeu à perseguição
do Padre Nicholas Gruner -
talvez o maior divulgador,
dentro da Igreja, da
autêntica Mensagem de Fátima
-, como o demonstram os
seguintes factos:
|
A “suspensão” não
fundamentada do
Padre Gruner foi
anunciada “por
mandado de uma mais
alta autoridade” (a
designação do
Vaticano para o
Secretário de
Estado), a 12 de
Setembro de 2001. |
|
Documentos
denunciando
falsamente o Padre
Gruner e
pressionando
Sacerdotes e Bispos
a boicotarem as suas
conferências de
apostolado foram
postos a circular
por todo o mundo, e
durante anos, por
Núncios Apostólicos
que são “diplomatas”
eclesiásticos
ligados ao
Secretário de
Estado. |
|
A perseguição ao
Padre Gruner começou
em 1989, com o que o
seu Bispo, ao tempo,
designou como
“sinais
preocupantes” do
Secretário de Estado
do Vaticano.
|
Quanto ao Cardeal Joseph
Ratzinger
Primeiro:
o Cardeal Ratzinger, como chefe
da Congregação para a Doutrina
da Fé, reiterou em inúmeras
ocasiões o seu comprometimento
com a nova orientação da Igreja
- que ele descreveu como a
“demolição de bastiões”, num
livro publicado logo que se
tornou chefe da CDF.
Segundo:
em concordância com esta
“demolição de bastiões”, o
Cardeal Ratzinger declarou
abertamente que, segundo ele, o
Beato Pio IX e São Pio X “viram
apenas um dos lados” aquando das
Suas solenes e infalíveis
condenações do liberalismo, e
que os Seus ensinamentos foram
“refutados” pelo Concílio
Vaticano II. Declarou ainda que
a Igreja Católica não mais
procuraria converter todos os
Protestantes e cismáticos, que
Ela não tinha o direito de
“absorver” as suas “igrejas e
comunidades eclesiais”, antes
deveria dar-lhes um lugar numa
“unidade na diversidade” - ponto
de vista obviamente
irreconciliável com a
consagração e a conversão da
Rússia à Fé Católica. O ponto de
vista do Cardeal Ratzinger é, no
mínimo, suspeito de heresia.
Terceiro:
um dos “bastiões” que o Cardeal
Ratzinger desejava “demolir” era
a compreensão tradicional
católica da Mensagem de Fátima.
Quarto:
e o Cardeal Ratzinger desejou
fazer essa demolição do bastião
de Fátima em AMF,
comentário que ele publicou.
Quinto:
AMF tenta destruir o
autêntico conteúdo católico e
profético da Mensagem,
servindo-se das seguintes
fraudes exegéticas:
-
O
Cardeal Ratzinger retirou as
palavras “Por fim” da
profecia da Santíssima
Virgem: «Por fim, o
Meu Imaculado Coração
triunfará.»
-
O
Cardeal Ratzinger cortou
também, da profecia de
Fátima, as palavras que se
seguem imediatamente
àquelas: «O Santo Padre
consagrar-Me-á a
Rússia, que se
converterá, e será
concedido ao Mundo um
tempo de paz.»
-
Tendo deliberada e
fraudulentamente alterado as
palavras da Mãe de Deus, o
Cardeal Ratzinger declarou
que o Triunfo do Imaculado
Coração de Maria (predito
para o futuro) significava
apenas o fiat da
Santíssima Virgem, há 2.000
anos, ao consentir ser a Mãe
do Redentor;
-
pelo que o Cardeal
Ratzinger, deste modo,
ignorou propositadamente a
profecia da Virgem sobre
quatro acontecimentos
futuros em torno da
Consagração e da conversão
da Rússia e,
propositadamente também,
reduziu-os, todos eles, a um
único evento - o Seu
fiat, pronunciado no
ano 1 a. C.
-
Com respeito à devoção ao
Imaculado Coração - que
Nossa Senhora de Fátima
anunciou que Deus queria
estabelecer no Mundo
-, o Cardeal Ratzinger
teve a desfaçatez de dizer
que essa Devoção ao único e
Imaculado Coração de Maria
nada mais significa do que
seguirmos o exemplo de
Maria, obtendo para cada
um de nós um “imaculado
coração”, por meio da
“unidade interior” com Deus.
-
Com esta “interpretação”
grotesca e blasfema, o
Cardeal Ratzinger rebaixa a
própria Mãe de Deus, para
cortar com qualquer ligação
entre a Devoção no Mundo
ao Imaculado Coração de
Maria e o apelo de Nossa
Senhora de Fátima para que a
Rússia se converta à
Religião Católica - ora a
conversão desta nação deve
preceder a verdadeira
devoção ao Imaculado
Coração, uma vez que a
religião ortodoxa russa não
reconhece o dogma da
Imaculada Conceição.
Sexto: o
Cardeal Ratzinger sustentou, em
AMF, que «devemos
supor, como afirma o Cardeal
Sodano, que “(…) os
acontecimentos a que faz
referência a terceira parte do
‘segredo’ de Fátima pareçam
pertencer já ao passado”»; e que
o Terceiro Segredo culminou com
a tentativa falhada de
assassinato [do Papa João Paulo
II] em 1981.
Sétimo:
ao adoptar a Linha do Partido do
Cardeal Sodano acerca do
Terceiro Segredo, o Cardeal
Ratzinger contradiz, em
absoluto, o seu próprio
testemunho de 1984 - três anos
depois da tentativa de
assassínio -, segundo o qual o
Terceiro Segredo é uma “profecia
religiosa”, referente a «perigos
que ameaçam a Fé e a vida do
Cristão e, consequentemente, do
Mundo» - não tendo dado a
entender, de modo algum, nessa
ocasião que o Segredo se referia
à tentativa de assassinato de
1981 nem a qualquer outro
acontecimento passado.
Oitavo:
reforçando a Linha do Partido, o
Cardeal Ratzinger, na
conferência de imprensa de 26 de
Junho de 2000, esforçou-se por
criticar o Padre Nicholas Gruner
informando a imprensa mundial de
que o este Sacerdote “deve
submeter-se ao Magistério” e
aceitar a alegada consagração do
Mundo, de 1984, como uma
consagração da Rússia. Isto é:
para o Cardeal Ratzinger, o
Padre Gruner tem de se submeter
à Linha do Partido do Cardeal
Sodano. Tal alegação do Cardeal
Ratzinger é falsa, por não ter
havido nenhum pronunciamento com
autoridade do Magisterium: nem
do Papa, nem de um Concílio, nem
do Magisterium Ordinário e
Universal.
Nono: em
suma, o Cardeal Ratzinger, pondo
em prática a Linha do Partido,
abusou conscientemente da sua
posição de chefe da Congregação
para a Doutrina da Fé para dar a
falsa aparência de peso e
validade teológicos a uma
vergonhosa “desconstrução” da
Mensagem de Fátima - uma atitude
tão descarada que até o Los
Angeles Times pôs como
subtítulo à sua notícia de
AMF e da conferência de
imprensa de 26 de Junho de 2000
o seguinte:
«O maior teólogo do
Vaticano demoliu, com luva
branca, o relato de uma
Freira sobre uma sua visão
de 1917 que alimentou
décadas de especulação.»
Quanto a Monsenhor Tarcisio
Bertone
Na sua qualidade de Secretário
da Congregação para a Doutrina
da Fé, também Mons. Bertone pôs
em prática a Linha do Partido
ditada pelo Cardeal Sodano.
Primeiro:
Mons. Bertone perpetrou uma
fraude (demonstrável) ao afirmar
em AMF que «A Irmã
Lúcia confirmou pessoalmente que
este acto, solene e universal,
de consagração [do Mundo, em
1984] correspondia àquilo que
Nossa Senhora queria: “Sim, está
feita tal como Nossa Senhora a
pediu, desde o dia 25 de Março
de 1984” (carta de 8 de Novembro
de 1989). Por isso, qualquer
discussão e ulterior petição
[para a consagração da Rússia]
não tem fundamento.»
Segundo:
ora a fraude é demonstrável, uma
vez que a citada «carta de 8 de
Novembro de 1989» foi impressa
em computador - coisa que a
idosa Irmã Lúcia não utiliza, e
contém um erro de facto que a
Irmã Lúcia nunca poderia ter
cometido: ou seja, que o Papa
Paulo VI realizou uma
consagração do Mundo durante a
sua visita a Fátima em 1967 -
quando este Papa não consagrou
coisa alguma nesta Sua rápida
passagem pela Cova da Iria.
Terceiro:
Mons. Bertone baseia-se apenas e
propositadamente na «carta de 8
de Novembro de 1989» que é
claramente falsa, embora ele (e
todo o aparelho de estado do
Vaticano), uma vez que tinha um
total acesso à Irmã Lúcia em
Abril-Maio de 2000, pudesse
ter-lhe pedido então que
confirmasse se a consagração do
Mundo de 1984 era suficiente
como substituto da consagração
da Rússia - contrariamente ao
que ela testemunhou, de modo
consistente, durante décadas.
Quarto:
Mons. Bertone que, segundo a
Linha do Partido do Cardeal
Sodano, considerou que Fátima
«pertence ao passado», toma a
ousadia de afirmar em AMF
que «A decisão (…) [do]
Santo Padre João Paulo II» em
publicar o conteúdo do Terceiro
Segredo a 26 de Junho de 2000,
«encerra um pedaço de história,
marcado por trágicas veleidades
humanas de poder e de
iniquidade» - asserção
displicente, absurda e
fraudulenta, que ignora a
realidade e contribui para a
presente exposição ao perigo,
tanto da Igreja como de todo o
Mundo.
Quinto:
em resposta à crescente dúvida
do público, sobre se teria sido
completa a revelação do Terceiro
Segredo e da Consagração da
Rússia pelo Vaticano, Mons.
Bertone preparou uma
“entrevista” secreta com a Irmã
Lúcia no seu convento em
Coimbra, cujos alegados
resultados não foram dados a
público senão passado mais de um
mês.
Sexto:
ora, embora a “entrevista” tenha
supostamente durado mais de duas
horas, Mons. Bertone fornece
apenas quarenta e quatro
palavras da Irmã Lúcia
relacionadas com a Consagração
da Rússia e o Terceiro Segredo -
palavras essas que são
apresentadas sem qualquer
contexto, pelo que nos é
impossível saber exactamente o
que teria sido perguntado à Irmã
Lúcia e como terá ela
exactamente respondido.
Sétimo:
entre outras coisas incríveis,
esperam que nós acreditemos que,
nesta entrevista de duas horas
da qual nos são fornecidas
apenas quarenta e quatro
palavras,
-
a
Irmã Lúcia repudiou o seu
testemunho, inabalável
durante toda a vida, de que
Nossa Senhora pedira a
Consagração da Rússia,
feita pelo Papa e por todos
os Bispos do Mundo - e não a
Consagração do Mundo, pelo
Papa e alguns Bispos.
-
a
Irmã Lúcia “confirma tudo o
que está escrito” em AMF,
incluindo a sugestão que aí
é feita de que foi ela quem
arquitectou a visão do
Terceiro Segredo a partir de
coisas vistas em livros, e
de que Edouard Dhanis é um
“eminente conhecedor” de
Fátima - mesmo tendo Dhanis
afirmado que a Irmã Lúcia
virtualmente ‘cozinhou’ cada
um dos elemento proféticos
da Mensagem de Fátima.
-
a
Irmã Lúcia “confirma” que o
Triunfo do Imaculado Coração
de Maria não tem nada a ver
com a consagração e a
conversão da Rússia - mas
unicamente com o fiat
da Virgem Maria, há
2.000 anos
Oitavo:
da tal “entrevista” de duas
horas não foi publicada
transcrição alguma, nem outra
qualquer gravação [ou registo];
apenas um sumário, em língua
italiana, em L'Osservatore
Romano, assinado por Mons.
Bertone e (alegadamente) pela
Irmã Lúcia - que nem sequer fala
Italiano. (A “assinatura” da
Irmã Lúcia não aparece na
tradução inglesa do “sumário”.)
Nono:
foi Mons. Bertone quem conduziu
essa “entrevista”, embora ele
estivesse pessoalmente
interessado em coagir a Irmã
Lúcia a apoiar a Linha do
Partido e em defender a sua
absurda afirmação de que a
conferência de imprensa de 26 de
Junho de 2000 «encerra um pedaço
de história, marcado por
trágicas veleidades humanas de
poder e de iniquidade (…)».
Quanto ao Cardeal Dario
Castrillón Hoyos
O principal papel do Cardeal
Castrillón Hoyos neste assunto
foi pôr em prática a Linha do
Partido [do Cardeal Sodano] e
servir a nova orientação da
Igreja procurando, na sua
qualidade de chefe da
Congregação para o Clero,
esmagar o apostolado de Fátima e
destruir o bom nome do Padre
Nicholas Gruner - que representa
o maior foco de ‘resistência’
perante o esforço de sepultar a
Mensagem de Fátima. As provas
demonstram que:
Primeiro:
a nova orientação da Igreja
permitiu que o Clero católico
fosse completamente infiltrado
por homossexuais, pederastas e
hereges, que não trazem senão a
vergonha à Igreja - em
detrimento de tantos bons
Sacerdotes que, tal como o Padre
Gruner, têm respeitado os seus
votos e guardado a Fé.
Segundo:
a despeito da crise de Fé e
disciplina que grassa entre o
Clero, varrendo todos os
continentes, este Cardeal
Castrillón Hoyos tem emitido
condenações públicas, avisos de
“suspensão” e, até, uma ameaça
de excomunhão, respeitante a um
único Sacerdote da Igreja
Católica: o Padre Nicholas
Gruner (Nota do editor: talvez
agora haja mais um), que não
cometeu ofensa alguma contra a
Fé nem a Moral, que honrou o seu
voto de celibato, que conservou
a Fé e que não fez absolutamente
nada merecedor de qualquer
castigo - quanto mais a punição
cruel e invulgar que lhe foi
imposta pelo Cardeal Castrillón
Hoyos, sob as ordens do Cardeal
Sodano que, de facto,
se arrogou a si próprio o poder
do Papado.
Terceiro:
os únicos Sacerdotes que o
Cardeal Castrillón Hoyos,
durante o seu mandato, sujeitou
a medidas disciplinares duras e
imediatas são Padres
“tradicionalistas” que ele
considerou insuficientemente
“inseridos” na “realidade
eclesial de hoje” e na “Igreja
do nosso tempo” - isto é, a nova
orientação, pela qual ele
exercita um zelo muito mais
diligente do que em prol da
integridade moral e doutrinal do
sacerdócio.
Quarto:
na sua carta ao Padre Gruner, a
5 de Junho de 2000, o Cardeal
Castrillón Hoyos ameaçava-o com
a excomunhão - apenas alguns
dias antes da (já referida)
conferência de imprensa de 26 de
Junho de 2000, convocada, sob a
direcção do Cardeal Sodano, para
“demolir com luva branca” a
Mensagem de Fátima.
Quinto:
a 16 de Fevereiro de 2001, o
Cardeal Castrillón Hoyos enviou
nova carta ao Padre Gruner,
reiterando a ameaça de
“excomunhão” e exigindo-lhe que
“publicamente retractasse” a sua
crítica, quer ao Cardeal Sodano
quer a outros assuntos de livre
opinião na Igreja encontrados em
alguns artigos da The Fatima
Crusader - exigência sem
precedentes e que não deixa de
ser risível, considerando a
profusão de literatura herética
que hoje é promovida por Padres
infiéis e até por Bispos, em
relação aos quais o Cardeal
Castrillón Hoyos não toma medida
alguma.
Sexto:
nessa mesma carta, o Cardeal
Castrillón Hoyos revelou o
motivo que o levava a promover a
Linha do Partido enquanto
criticava duramente o Padre
Gruner por não aceitar a nova
versão de Fátima: «a Mãe
Santíssima apareceu a três
pequenos videntes na Cova da
Iria no princípio do século XX,
e delineou um programa para
a Nova Evangelização na
qual a Igreja inteira se
encontra empenhada e que se
torna ainda mais urgente no
dealbar do terceiro milénio.»
Sétimo:
ora Nossa Senhora de Fátima nada
disse sobre nenhuma “Nova
Evangelização”, mas apenas sobre
a consagração da Rússia, a
conversão desta nação ao
Catolicismo e o Triunfo do Seu
Imaculado Coração - elementos
que, todos eles, o Cardeal
Castrillón Hoyos ignorou
deliberadamente, do mesmo modo
que os restantes acusados.
Oitavo:
numa Igreja tomada de assalto
por uma alargada corrupção do
Clero por ele tolerada na
generalidade, o Cardeal
Castrillón Hoyos tentou destruir
a obra de toda uma vida e o bom
nome do Padre Nicholas Gruner,
Sacerdote fiel, única e
simplesmente porque o Padre
Gruner não aceitará uma
falsificação da Mensagem de
Fátima ditada pelo Cardeal
Sodano.
Em relação a todos os acusados
As evidências que apresentámos
mostram que todos os quatro
acusados - Cardeal Angelo
Sodano, Cardeal Joseph
Ratzinger, Mons. Tarcisio
Bertone e Cardeal Dario
Castrillón Hoyos - conspiraram
de comum acordo para levarem a
cabo vários actos que não fazem
qualquer sentido, a menos que
sejam vistos segundo o prisma do
motivo que aqui provámos: e o
motivo é eliminar a Mensagem de
Fátima, compreendida no seu
sentido tradicional católico, da
memória da Igreja, de modo a
abrir caminho a uma nova
orientação eclesial que não pode
coexistir com aquilo que a
autêntica Mensagem diz.
Os acusados tentaram livrar-se
da Mensagem de Fátima
precisamente naquele momento
histórico em que a
correspondência da Igreja aos
seus pedidos evitaria aquilo
que, como pode ver-se, é o
advento de uma catástrofe à
escala mundial. As autoridades
civis do Mundo, tendo apenas por
base de defesa os relatórios
falíveis (e humanos) dos
operacionais dos Serviços de
Defesa do Estado, são
suficientemente sensatas para se
prepararem para o pior. Porém,
os acusados - que estão na posse
de um “relatório” infalível,
enviado pelos nossos “Serviços
de Defesa Celestes”, sobre o
aniquilamento de nações que se
avizinha - afirmam-nos que esse
“relatório” só fala de
acontecimentos passados, que
provavelmente não é fiável e que
de qualquer modo, pode
perfeitamente ser ignorado.
E, ao mesmo tempo, há a prova
esmagadora de que os acusados
estão ainda a ocultar-nos uma
parte do “relatório” destes
nossos “Serviços de Defesa
Celestes”: a parte que aponta
directamente as acções e
omissões dos acusados como sendo
a causa de uma crise sem
precedentes na Igreja, uma crise
cujos terríveis efeitos são
agora visíveis no Mundo inteiro
- que se limita a olhá-los com
um misto de troça e desprezo.
Onze mentiras
Prova a evidência que os
acusados perpetraram pelo menos
onze mentiras distintas -
mentiras que já causaram um
grave dano à Igreja e a toda a
humanidade, e que, de modo
iminente, ameaçam com males
ainda mais graves cada homem,
mulher e criança, tal como a
própria Virgem Maria nos avisou.
Essas mentiras são as seguintes:
Mentira nº 1:
|
A
visão do «Bispo vestido
de Branco», dada a
público a 26 de Junho de
2000, compõe a
totalidade do Terceiro
Segredo de Fátima.
|
De uma forma criminosa, esta
mentira priva a Igreja e o Mundo
dos óbvios avisos proféticos da
visão, que só podem ser
explicados através das palavras
omissas da Santíssima Virgem -
palavras que não só explicariam
a visão como também nos diriam o
modo de evitar a futura
catástrofe aí representada, que
inclui a execução de um Papa (ou
de um Bispo vestido de Branco)
por um pelotão de soldados, no
exterior de uma cidade meio
arruinada.
Numa exibição de clara
duplicidade, os acusados
dizem-nos, por um lado, que a
visão deve ser interpretada de
modo “simbólico” (representando
a perseguição da Igreja durante
o século XX), enquanto, por
outro lado, eles próprios a
interpretam à letra, como sendo
a representação da tentativa
falhada de assassínio do Papa,
em 1981. Pura e simplesmente,
eles fingem ignorar como, no
texto publicado da visão, a Irmã
Lúcia a explica dizendo que «o
Papa é morto». E aqui
ignoram também a alegada carta
da Irmã Lúcia de 12 de Maio de
1982 - por eles próprios
apresentada como prova em
AMF! -, supostamente
escrita um ano depois
da tentativa de assassinato, na
qual a vidente dizia: «E se
não vemos ainda o facto
consumado do final desta
profecia, vemos que para aí
caminhamos a passos largos.»
Ao ocultar as palavras da Virgem
Maria que claramente faltam no
Terceiro Segredo, os acusados
privam-nos de uma orientação
preciosa vinda do Céu, neste
tempo de crise única para a
Igreja - só para tentarem
esconder o quanto contribuiram,
para provocarem essa crise, que
o Segredo - conhecido na sua
totalidade - sem dúvida
revelaria.
Mentira nº 2:
|
O
Terceiro Segredo
representa
acontecimentos que
«pertencem ao passado»,
incluindo o atentado
falhado à vida do Papa
João Paulo II.
|
O esforço para “interpretar” a
visão de um futuro desastre que
se abate sobre o Papa e a
Hierarquia (o que inclui uma
execução pública) como,
unicamente, uma tentativa
falhada de assassinato, há
mais de 20 anos, é a fraude mais
gritante envolvida no crime que
nos ocupa. Como demonstrámos
abundantemente, esta mentira é o
aspecto mais perigoso do crime,
porque fará com que toda a
Igreja desça pelo caminho
florido que leva à ruína, só por
dizer a todos os Fiéis que não
devem preocupar-se mais com o
que constitui, afinal, avisos
proféticos em plena vitalidade
(inclusive a aniquilação de
várias nações) e que,
seguramente, ainda não pertencem
ao passado.
Esta fraude - quase risível pela
sua audácia - é exposta
unicamente pela descrição que o
próprio Cardeal Ratzinger fez do
conteúdo do Terceiro Segredo, em
1984. Curiosamente, nesta altura
Ratzinger nada disse sobre a
“interpretação” vulgarizada de
que o Terceiro Segredo culminou
em 1981, com a referida
tentativa de assassinato.
Torna-se óbvio, portanto, que
esta “interpretação” foi forjada
posteriormente com o fim de
desorientar e enganar os Fiéis.
Mentira nº 3:
|
A
Mensagem de Fátima não
oferece orientações
específicas para a
actual crise na Igreja e
no Mundo, para além de
se possuir uma piedade
genérica em forma de
oração e penitência, e
de se ser “puro de
coração”. |
Os acusados e os seus
colaboradores querem fazer crer
que Nossa Senhora de Fátima não
pediu especificamente, por
vontade expressa de Deus
Todo-Poderoso, a
Consagração da Rússia ao
Imaculado Coração de Maria, pelo
Papa em união com todos os
Bispos católicos do Mundo, e ao
mesmo tempo; e a Devoção dos
Cinco Primeiros Sábados, com a
Sagrada Comunhão em Reparação
dos pecados cometidos contra o
Imaculado Coração de Maria,
entre os quais se situam todas
as blasfémias dos Homens contra
o Imaculado Coração.
Fica provado que os acusados e
os seus colaboradores enterraram
e ignoraram estes pedidos vindos
do Céu, porque tais coisas são
católicas demais aos olhos da
nova orientação da Igreja,
“ecuménica” e mundialmente
espalhada, que eles
obstinadamente perseguem e
promovem. E aqui está como os
próprios meios que Deus
determinou para se obterem, no
nosso tempo, Graças especiais
para as almas se salvarem do
Inferno foram, criminosamente,
ocultadas da vista de todos.
Mentira nº 4:
|
Todos os pedidos da
Virgem de Fátima foram
honrados. |
Pelo contrário, os Seus pedidos
foram repelidos pelos acusados.
Tanto eles como os seus
colaboradores substituiram
arrogantemente a consagração da
Rússia - a ser feita pelo Papa
conjuntamente com todos os
Bispos católicos de todo o
Mundo, numa solene cerimónia
pública - por uma consagração do
Mundo. O que eles fizeram foi
“adaptar” aquilo que a Mãe de
Deus pedira com a autoridade do
Seu Divino Filho, de modo a
enquadrar-se nos seus planos e
iniciativas - humanos, sujeitos
a erro e, portanto, sem valor -,
incluindo um “ecumenismo”
absolutamente estéril que nada
mais produziu do que um contínuo
desrespeito pelo Papa, por parte
da Hierarquia Ortodoxa Russa -
não convertida e controlada pelo
Kremlin.
Em vez de procurarem a conversão
da Rússia, o Triunfo do
Imaculado Coração de Maria e a
reparação pelos pecados que Deus
lhes pedira em Fátima, os
acusados participaram na fraude
desta “nova embalagem” da
Mensagem de Fátima que a
apresenta como um suave e
insignificante “programa para a
nova Evangelização” (para
recordar a ridícula asserção do
Cardeal Castrillón Hoyos a este
respeito).
Tal como demonstrámos, “a nova
Evangelização” abandona o
constante ensinamento da Igreja
segundo o qual não só os
Ortodoxos Russos mas também
todos os cismáticos e hereges
deverão voltar ao seio da Igreja
Católica, e que os Muçulmanos,
Judeus e pagãos precisam
igualmente da conversão, da Fé
em Jesus Cristo e do Baptismo
para serem livres do Inferno. Em
suma: “a nova Evangelização” -
muito à maneira dos slogans
comunistas - significa o oposto
daquilo que se lê: o que “a nova
Evangelização” significa é
nenhuma Evangelização - de
ninguém! - e, consequentemente,
não honrar os pedidos da
Santíssima Virgem respeitantes à
Conversão da Rússia.
Mentira nº 5:
|
A
situação alarmante
vivida na Igreja e no
Mundo é o melhor que se
pode esperar da
falsamente declarada
“obediência” à Mensagem
de Fátima. |
É um crime tentar enganar os
Fiéis dizendo-lhes que a actual
situação da Rússia e do Mundo em
geral representa, de qualquer
modo que seja, o cumprimento das
promessas da Mãe de Deus em
Fátima. Deste modo, a Igreja e o
Mundo são roubados de indizíveis
benefícios temporais e
espirituais que Deus lhes
concederia se a Mensagem de
Fátima fosse respeitada e
obedecida. Foi-nos dada uma
demonstração de tais benefícios
no caso de Portugal - uma nação
miraculosamente transformada
numa ordem social católica, a
seguir à sua consagração ao
Imaculado Coração de Maria, em
1931; resultado que, segundo
explicitamente declarou o chefe
da Hierarquia portuguesa, se
veria por todo o mundo, se, do
mesmo modo, a Rússia fosse
consagrada. Ora, não deixa de
ter um sabor a blasfémia
atribuir a horrenda situação
espiritual e moral da Rússia e
do Mundo inteiro ao Triunfo do
Imaculado Coração de Maria.
Mentira nº 6:
|
A
Mensagem de Fátima não
oferece qualquer solução
em concreto para a crise
na Igreja e no Mundo,
sem ser oração e
penitência. |
Neste ponto, os pedidos
específicos da Mãe de Deus são
deliberada e fraudulentamente
ocultados, para que ninguém
requeira às autoridades da
Igreja que os reafirme
publicamente. Tal ocultação
fraudulenta dos meios de auxílio
espiritual enviados pelo Céu
para o nosso tempo tem causado
perdas incalculáveis para a
Igreja e o Mundo.
Mentira nº 7:
|
Nada podemos fazer para
evitar o grande castigo
anunciado por Nossa
Senhora de Fátima que
inclui a aniquilação de
várias nações, a não ser
o oferecimento
individual de orações e
penitências.
|
E deste modo os acusados,
deliberada e premeditadamente,
ocultaram da Igreja e do Mundo
dois meios concretos que o Céu
determinou para a protecção de
males temporais e a obtenção de
graças extraordinárias nesta
época da História da Igreja -
nomeadamente a Consagração da
Rússia, e a prática generalizada
da Devoção dos Cinco Primeiros
Sábados.
Assim os acusados - de um modo
frio, deliberado e cruel -
colocaram tanto a Igreja como a
sociedade civil naquele mesmo
percurso seguido pelos
infortunados Reis de França que
não prestaram atenção à ordem de
Nosso Senhor para que a França
fosse consagrada ao Seu
Sacratíssimo Coração, em solene
cerimónia pública.
A execução do Rei de França
[Luís XVI] pelos
revolucionários, em 1793, é um
espelho do que espera o Papa e
muitos membros da Hierarquia,
como mostra a visão do Terceiro
Segredo: a execução do Papa e
dos seus ministros por soldados,
no exterior de uma cidade meio
arruinada. É este acontecimento
futuro que os acusados tentaram
criminosamente deturpar,
dando-o, simplesmente, como a
representação da tentativa
falhada de assassínio do
Papa - sozinho e há mais de
vinte anos!
Mentira nº 8:
|
A
Mensagem de Fátima é uma
simples “revelação
privada”, que não impõe
aos membros da Igreja
qualquer obrigação de
nela acreditarem ou de
lhe obedecerem.
|
O Cardeal Ratzinger assevera em
AMF que a Mensagem de
Fátima é apenas (e unicamente)
«uma ajuda que é oferecida,
mas não é obrigatório fazer uso
dela.» Quer isto dizer que
o Cardeal Ratzinger declara
abertamente não estar a Igreja
obrigada a respeitar os pedidos
da Virgem de Fátima, incluindo a
Consagração da Rússia e os Cinco
Primeiros Sábados - asserção com
que os outros acusados
concordam.
Ora, enquanto eles nos dizem que
ninguém tem obrigação de
acreditar ou de honrar a
Mensagem de Fátima, já o próprio
Papa vem declarar que «a Igreja
se sente interpelada por essa
Mensagem» - e, para o
demonstrar, inseriu no novo
Missal Romano a Festa de Nossa
Senhora de Fátima, que a Igreja
Católica celebra todos os anos a
13 de Maio. Consequentemente, e
segundo a afirmação fraudulenta
dos acusados, a Igreja celebra
uma Festa em honra de uma
aparição na qual ninguém tem de
acreditar!
Sustentar que os avisos do Céu
acerca de um grande castigo, que
«várias nações serão
aniquiladas» e que a perda de
milhões de almas não merecem
qualquer crédito (se resolvermos
não querer acreditar nisso) -
mesmo se tais avisos foram
autenticados por um milagre
público sem precedentes, e
testemunhado por 70 mil pessoas
- é o cúmulo da insanidade
humana. Então, todos nós
sofreremos terríveis castigos,
incluindo a aniquilação de
várias nações - e já sofremos a
Segunda Guerra Mundial, a Guerra
da Coreia, a Guerra do Vietname,
etc., já sem falar da Guerra
contra os que não chegam a
nascer, com a chacina de mais de
600 milhões de crianças
inocentes -, tudo isto e muito
mais são as consequências deste
arrogante rebaixamento dos
conselhos da Mãe de Deus em
Fátima.
Mentira nº 9: |
A
Mensagem de Fátima é, em
suma, de pouca
importância nos seus
pormenores proféticos; e
o Terceiro Segredo não
contém “nenhum grande
mistério”, nem
“quaisquer surpresas”,
nem avisos relativos ao
futuro. |
Com esta mentira, os Fiéis são
criminosamente privados dos
avisos do Céu e de prescrições
da mais alta importância para a
Igreja no nosso tempo. Tivesse a
Mensagem de Fátima sido honrada,
e incalculáveis danos, temporais
e espirituais, se teriam
evitado. Ao continuarem a
insistir nesta mentira, os
acusados deixam a Igreja e o
Mundo impotentes para impedir a
grande punição que há-de afectar
gravemente todos os homens,
mulheres e crianças -
nomeadamente a (literal)
“aniquilação de várias nações” e
a escravidão a que serão
submetidas, na totalidade e por
todo o mundo, as populações
sobreviventes; já sem mencionar
a perda de milhões de almas
condenadas ao Inferno por toda a
eternidade. Nossa Senhora
advertiu que esta seria a
consequência última de não serem
satisfeitos os Seus pedidos.
Mentira nº 10:
|
Estas pessoas aqui
acusadas acreditam, elas
próprias, na verdadeira
Mensagem de Fátima.
|
Ao mesmo tempo que se escondem
por detrás de uma falsa
aparência de crença na Mensagem
de Fátima, as palavras e os
actos objectivos dos acusados
revelam em si uma tentativa
sistemática para rebaixar e
destruir toda a crença no
conteúdo profético - e
explicitamente católico - da
Mensagem. A sua verdadeira
intenção revela-se quando citam
Dhanis como “eminente
conhecedor” de Fátima; quando
Dhanis lançou a dúvida sobre
cada um dos aspectos proféticos
da Mensagem. Assim, ao citarem
Dhanis como a sua grande
autoridade, os acusados dão a
conhecer aos seus
correligionários “iluminados”
(mas não ao público em geral e
não informado) que eles olham a
Mensagem de Fátima
essencialmente como uma piedosa
congeminação da Irmã Lúcia, cuja
afirmação de ter falado com a
Virgem Maria sobre a consagração
e a conversão da Rússia (e por
aí fora…) não pode ser
considerada digna de crédito
pelos homens “iluminados” da
Igreja pós-Conciliar.
O facto de os acusados não
admitirem abertamente que, na
verdade, não acreditam na
autêntica Mensagem de Fátima - e
se propõem, mesmo, interpretá-la
para nós -, não é apenas de uma
grande hipocrisia, mas sim de
uma fraude ultrajante feita à
Igreja. Ora bem: tal como, no
tribunal, os juízes e os
potenciais membros do júri devem
apresentar quaisquer eventuais
pré-conceitos que haja em
relação ao caso que têm entre
mãos, também aqui os acusados
deveriam revelar abertamente os
seus juízos previamente
formados, antes de pretenderem
ser juízes isentos da Mensagem
de Fátima.
Mentira nº 11:
|
Os
Católicos que não
concordarem com os
acusados no que respeita
a Mensagem de Fátima são
“desobedientes” ao
“Magistério”.
|
Por “Magistério”, os acusados
compreendem apenas as opiniões
que têm sobre a Mensagem de
Fátima - opiniões essas que
contradizem mesmo aquilo que o
Santo Padre tem dito e tem feito
para confirmar a autenticidade
da Mensagem, como, mais
recentemente, a instituição da
Festa de Nossa Senhora de Fátima
no calendário litúrgico da
Igreja.
Assim (e ironicamente…), são os
acusados que são
desleais ao Magisterium, quando
procuram despromover Fátima até
ao estatuto de uma “revelação
privada”, podendo ser
negligenciada por toda a Igreja
numa completa segurança.
Um crime de
dimensões incalculáveis
Como poderá
compreender-se bem a magnitude
do crime cometido por aqueles
que iriam sepultar, em falsas
representações e num
encobrimento, uma preciosa
Mensagem vinda do Céu e trazida
pela Mãe de Deus em Pessoa, para
o Bem temporal e a Salvação
eterna dos Seus Filhos? Este
crime é de dimensões
incalculáveis, porque envolve
não só calamidades temporais
como também a perda de
incontáveis milhões de almas - o
que poderia ser evitado
cumprindo os pedidos da
Santíssima Virgem Maria quanto à
Consagração da Rússia e aos
outros pedidos que a Senhora fez
em Fátima (incluindo a Devoção
dos Cinco Primeiros Sábados que
os acusados e seus colaboradores
se recusam a promover). Quem os
acusa é a própria Virgem de
Fátima: «Se fizerem o que Eu
disser, salvar-se-ão muitas
almas e terão Paz.» Não fizeram
o que a Senhora disse e,
portanto, estes homens (mais os
seus colaboradores) são os
responsáveis pelas
consequências: para a Igreja,
para o Mundo, e para incontáveis
milhões de almas que foram
roubadas às Graças que Nossa
Senhora de Fátima veio
providenciar-lhes, em nome do
Seu Divino Filho.
Um mistério de
iniquidade
Mas por que razão estarão os
acusados, e os que com eles
trabalham em prol da nova
orientação da Igreja, tão
irredutíveis na sua recusa em
permitir que o Papa e os Bispos
façam uma coisa tão simples como
a que Nossa Senhora de Fátima
pediu? Porque removem montanhas
só para impedir que a palavra -
Rússia - seja
pronunciada numa consagração
pública “desta pobre nação”? Que
temos nós a perder, se
cumprirmos o pedido da
Santíssima Virgem à letra, sem
correcções impostas por
diplomatas do Vaticano e por
ecumenistas? Nada. Que temos nós
a ganhar? Tudo.
De facto, não existe uma
explicação legítima para tão
perversa resistência à
Consagração da Rússia pelo seu
nome. Algo não-natural está
presente aqui. Sem julgar os
motivos subjectivos dos
acusados, é-se levado à
conclusão de que a sua recusa -
de outro modo inexplicável e
aparentemente sem sentido - de
permitir que seja pronunciada
uma simples palavra - a única
que Nossa Senhora de Fátima
pediu - é o resultado de uma
intervenção preternatural
no seio da Igreja. É uma
intervenção do próprio Inimigo
que, como disse a Irmã Lúcia,
«está travando uma batalha
decisiva contra a Virgem Maria.»
Este derradeiro combate envolveu
a penetração na Igreja de forças
organizadas que a longo prazo A
foram conduzindo à ruína. Em
face deste tremendo desenrolar
dos acontecimentos, até o Papa
Paulo VI se viu na contingência
de lamentar publicamente que
«Por alguma fresta o fumo de
satanás entrou no Templo de
Deus.»
Quer os acusados tivessem ou
não, subjectivamente, essa
intenção, o facto é que actuaram
de um modo que apenas serve os
propósitos do pior inimigo da
Igreja. O resultado das suas
acções fala por si: «Pelos seus
frutos os conhecereis.» (São
Mateus, 7:16). E quais são os
frutos da sua governação da
Igreja? Basta olhar para a
situação da Igreja de hoje para
conhecer a resposta.
Juntamente com muitos outros
detentores de elevadas posições
na Hierarquia, os acusados têm
presidido à pior crise de Fé e
da Moral da História da Igreja.
Na sua ânsia das ruinosas
novidades que acarretaram
consigo a crise, os acusados
rejeitam uma ‘receita’ celeste
que viria recuperar a saúde da
Igreja e trazer a Paz a um mundo
em guerra. Em vez de darem
ouvidos aos avisos da Mãe de
Deus em Fátima, eles dinamizam
mais e mais o seu “ecumenismo”
totalmente estéril, o “diálogo
inter-religioso” e o “diálogo
com o mundo” - bem como o seu
conluio com homens sangrentos
como Mikhail Gorbachev - cuja
presença profanou o Vaticano, um
dia apenas depois de os acusados
terem tentado ver-se livres da
Mensagem de Fátima. Ora,
enquanto os acusados e seus
companheiros mantêm conversas
infindáveis com as forças do
mundo, almas sem conta que,
tanto na Rússia como em toda a
parte, precisam da luz de Cristo
para a sua Salvação, assim se
ficam, deixadas na escuridão.
Então os inimigos da Igreja
todos se deleitam ao vê-La,
deste modo, quase impotente para
se lhes opor.
A Igreja recua à medida que as
forças do Mundo continuam a
avançar sobre Ela. E, para mais,
os acusados e seus colaboradores
persistem na sua tentativa
suicida de abraçarem o mundo -
em vez de o conquistarem
espiritualmente para Cristo Rei,
como Nossa Senhora de Fátima os
teria levado a fazer. Os homens
que hoje controlam o aparelho de
estado do Vaticano não querem
ofender os Ortodoxos Russos nem
qualquer outra pessoa com
mostras de alguma militância
católica por eles considerada
embaraçosa e “ultrapassada” -
para empregar uma das suas
expressões favoritas. O abjecto
recuo da Igreja perante o
combate alegra o coração dos
Maçons e dos Comunistas que,
durante gerações, têm trabalhado
na esperança de verem a Igreja
reduzida, precisamente, a esta
patética condição.
Para mais, não falta sequer
militância aos acusados e seus
colaboradores. Enquanto, nos
últimos quarenta anos, não
fizeram praticamente nada para
suster aqueles que, infiltrados
na Igreja, espalhavam com
virtual impunidade a heresia e a
corrupção moral - nesse
entretanto, implacavelmente
perseguiam, denunciavam e
ostracizavam quem quer que se
opusesse aberta e efectivamente
à sua desastrosa política de
“reforma”, “abertura” e
“renovação”. Para os acusados e
outros membros da alta
Hierarquia que presidiram à
derrocada pós-conciliar, parece
que a única “heresia” que resta,
a única ofensa merecedora de
dura punição, é questionar os
seus juízos ao imporem à Igreja
a nova orientação - orientação
da qual excluiram, total e
definitivamente (pelo menos,
assim o consideram), a Mensagem
de Fátima no seu tradicional
significado católico.
A
que ‘remédios’ podem os Fiéis
legitimamente recorrer
O que pedimos nós ao Santo
Padre, como remédio para os
actos e as omissões dos homens
que já identificámos? Aquilo que
buscamos é o seguinte:
Primeiro:
A Consagração da Rússia
- ainda há tempo!
O que queremos dizer com isto é,
precisamente, o que Nossa
Senhora de Fátima pediu: a
imediata Consagração da Rússia -
pelo seu nome e
inequivocamente - ao
Imaculado Coração de Maria, numa
solene cerimónia pública
efectuada pelo Papa
conjuntamente com todos os
Bispos católicos do Mundo
inteiro.
Pedimos ao Papa que, sob pena de
excomunhão, ordene a todos os
Bispos católicos (excepto os que
estejam presos ou impedidos por
séria enfermidade) que consagrem
a Rússia - solene, pública e
especificamente - de acordo com
o pedido de Nossa Senhora de
Fátima, ou seja: conjuntamente
com o Papa; no mesmo dia e à
mesma hora que o Santo Padre
indicar.
Alguns dirão que já é tarde
demais para obter a Consagração,
e que continuar a pedi-la está
fora de questão. Mas acontece
que não é assim. Na Sua
revelação à Irmã Lúcia em Rianjo
(Espanha), em Agosto de 1931,
foi Nosso Senhor Mesmo que lho
fez saber:
Participa aos Meus
ministros que, dado seguirem
o exemplo do Rei de França
na demora em executa o Meu
mandato, tal como a ele
aconteceu, assim o seguirão
na aflição. (…) Não quiseram
[os ministros da Igreja
Católica] atender ao Meu
pedido! (…) Como o Rei de
França, arrepender-se-ão, e
fá-la-ão, mas será tarde. A
Rússia terá já espalhado os
seus erros pelo Mundo,
provocando guerras,
perseguições à Igreja: O
Santo Padre terá muito que
sofrer4.
Mas, no entanto, como Nosso
Senhor também revelou à Irmã
Lúcia nessa ocasião, “Nunca
será tarde para recorrer a Jesus
e a Maria.” Isto é, mesmo
se nós estamos a sofrer as
consequências na demora no
cumprimento dos pedidos do Céu,
o pior dessas consequências - o
que inclui a aniquilação de
várias nações - pode ainda ser
evitado, se for honrado o pedido
da Consagração da Rússia, embora
o seja tardiamente.
É ultrajante que o respeito
humano - o receio de ofender os
Ortodoxos Russos - tenha, até
agora, conseguido impedir a
Igreja do cumprir o plano do Céu
para alcançar a Paz no nosso
tempo. E nós, como membros da
Igreja militante, não podemos
permitir por mais tempo que
aqueles que se afirmam ser a voz
do nosso Papa, tão doente,
declarem que “o Papa” pronunciou
- de maneira inequívoca, com
autoridade e definitivamente -
que a Consagração foi efectuada.
Já demonstrámos como, em
público, o próprio Papa disse
precisamente o contrário.
Devemos, portanto, implorar a
Sua Santidade que repudie os
conselhos, manifestamente maus,
que lhe foram dados por aqueles
que o rodeiam, para seguir antes
os conselhos do Céu.
Segundo:
A Revelação - completa e
integral
- do Terceiro Segredo de Fátima
Esta revelação teria de incluir
o texto com as palavras da
Santíssima Virgem explicando a
visão que foi publicada no dia
26 de Junho de 2000. Que este
texto existe, prova-o uma
montanha de evidências directas
e circunstanciais que atingem
uma certeza moral como cada uma
delas aponta para um texto que
falta: de uma página, com cerca
de 25 linhas e o aspecto de uma
carta - e que contém as palavras
da Santíssima Virgem, em pessoa.
A Igreja e o Mundo têm o direito
de conhecer o conteúdo do
Terceiro Segredo - que,
obviamente, contém salutares
avisos sobre a actual crise na
Igreja. As claras indicações do
Santo Padre de que o Segredo se
relaciona com a apostasia e a
queda das almas consagradas, a
que se refere o Livro do
Apocalipse, indiciam que também
ele foi constrangido a não
revelar o Segredo na sua forma
completa, mas, antes, induzido a
apenas sugerir o seu conteúdo. E
entretanto, aqueles que
realmente controlam os assuntos
diários da Igreja - em
primeiríssimo lugar, o Cardeal
Sodano - continuam a sepultar a
verdade sobre o seu falhado
governo da Igreja.
Terceiro:
Um apelo à reza diária do Terço
O Rosário é infinitamente mais
poderoso do que qualquer arma
inventada pelo Homem. Não há
dificuldade que não possa ser
ultrapassada, nem batalha que
não possa ser ganha com a ajuda
do Santo Terço. Se um número
suficiente de Católicos rezar o
Terço com recta intenção, os
inimigos da Igreja serão
totalmente derrotados e
obrigados a sair dos “fortes”
que ocupam no Seu interior. Como
a própria Mensagem de Fátima nos
aponta, é por desígnio de Deus
que a Virgem Maria é o nosso
refúgio e a nossa força em
tempos de crise. E nesta que é a
mais grave de todas as crises, a
Igreja inteira deve recorrer a
Ela mediante a reza diária do
Terço.
Se, por um lado, não podemos nem
devemos esperar mais - e
instituir na Igreja, a todos os
níveis e o mais depressa
possível, uma Cruzada Perpétua
do Rosário -, por outro lado,
podemos dirigir petições ao
Santo Padre no sentido de que
seja Ele a instituir essa
campanha por toda a Igreja
escrevendo em cada ano
Encíclicas sobre o Rosário, como
o fez o Papa Leão XIII, formando
um dicastério chefiado por um
Cardeal que promovesse a reza do
Terço dinamizando várias
iniciativas, através da
concepção de uma rede de lugares
de devoção católica e de
Sacerdotes marianos (quer
religiosos, quer diocesanos).
Evidentemente que tais
iniciativas devem ser pensadas
em estrita obediência à doutrina
e às práticas católicas,
promovendo, todas elas, os
grandes privilégios de Nossa
Senhora.
O Terço deveria incluir,
evidentemente, aquela oração que
Nossa Senhora de Fátima ensinou
para se acrescentar à reza do
Terço: «Ó meu Jesus,
perdoai-nos, livrai-nos do fogo
do Inferno. Levai as almas todas
para o Céu, especialmente as que
mais precisarem.» Contudo,
aquando da “entrega” do Mundo ao
Imaculado Coração de Maria em
Outubro de 2000, a recitação
pública do Terço no Vaticano
omitiu notoriamente esta oração
- embora nessa ocasião a Irmã
Lúcia tenha recitado aquela
oração no seu convento. Foi
ainda mais um sinal da nova
orientação, que detesta qualquer
referência ao Inferno ou à
condenação.
Quarto:
Promover a Devoção dos Cinco
Primeiros Sábados
Todos aqueles que se propuseram
“rever” a Mensagem de Fátima
tentaram sepultar no silêncio
esta parte da Mensagem,
juntamente com outros elementos
explicitamente católicos. Na
verdade, o próprio conceito de
ser o Homem a oferecer reparação
a Deus e à Santíssima Virgem
Maria pelas blasfémias e outros
pecados foi muito e gravemente
diminuido na nova orientação da
Igreja. (Um dos elementos-chave
cuja importância foi obscurecida
na nova liturgia é ser a Santa
Missa um sacrifício
propiciatório oferecido a
Deus em reparação dos pecados, e
não apenas um “sacrifício de
louvor”.)
A devoção dos Primeiros Sábados
é um dos meios escolhidos pelo
Céu para restaurar, no nosso
tempo, o sentimento da
necessidade de Reparação pelos
pecados cometidos pelos membros
da Santa Igreja. Quem poderá pôr
em dúvida que a Igreja, agora
mais do que nunca, deve reavivar
esforços no sentido de oferecer
Reparação a Deus e à Imaculada
Virgem Sua Mãe, suspendendo
deste modo a Ira de Deus? E aqui
temos outro assunto - a Ira de
Deus - sobre o qual nada dizem
os Clerigos modernos. Ao
promover a devoção dos Cinco
Primeiros Sábados, o Santo Padre
chefiará o Poder da Igreja no
sentido de oferecer reparação
pelo pecado, neste tempo crítico
da história do Mundo.
Quinto:
Restabelecer por toda a Igreja a
Devoção do único
Imaculado Coração: o Imaculado
Coração de Maria
A vergonhosa tentativa do
Cardeal Ratzinger de igualar o
único e verdadeiro Imaculado
Coração de Maria ao coração
daqueles que se arrependem dos
seus pecados é coisa típica da
nova orientação da Igreja, que
tanto aborrece o conceito de
Pecado Original como a
existência do Inferno, ou a
condenação.
Só o Imaculado Coração de Maria
foi preservado de qualquer
mácula do Pecado Original, assim
como nunca esteve sob o domínio
de Satanás. Contemplando a
glória do Imaculado Coração de
Maria, o único sem mancha de
pecado, somos também levados não
só a ter consciência da nossa
própria miséria como a ver a
necessidade do Baptismo e de
outros Sacramentos da Santa
Igreja para conservar em nós um
estado de graça.
A devoção (unicamente católica)
ao Imaculado Coração de Maria é,
em si mesma, uma censura à nova
orientação da Igreja cujo
“ecumenismo” faz com que o dogma
da Imaculada Conceição (e da
Assunção) fiquem fora do
respeito que Lhe é devido pela
humanidade - por respeito para
com as sensibilidades dos
não-Católicos. E é exactamente
por isso que, como disse Nossa
Senhora de Fátima, Deus deseja
estabelecer no Mundo a
devoção ao Seu Imaculado
Coração. Deus quer que o Mundo
veja que é a Igreja Católica - e
não uma outra qualquer - que é a
Arca da Salvação.
Sexto:
A resignação dos acusados e dos
seus colaboradores
Como acabámos de provar, o
Cardeal Sodano, o Cardeal
Ratzinger, o Cardeal Castrillón
e o Arcebispo Bertone
conspiraram, de comum acordo,
para destruirem a Mensagem de
Fátima no seu sentido
tradicional católico:
manipularam o significado das
próprias palavras da Mãe de
Deus, sepultaram no silêncio e
na obscuridade todos os
elementos proféticos e
explicitamente católicos da
Mensagem, e perseguiram aqueles
que ofereciam oposição
fundamentada ao seu programa
revisionista - ou seja, a sua
Linha do Partido sobre Fátima.
Procedendo deste modo, para além
de terem já causado danos
indizíveis à Igreja, os acusados
expuseram-na, e a todo o Mundo,
aos mais graves perigos que é
possível conceber, incluindo a
perda de milhões de almas e a
aniquilação de várias nações - o
que Nossa Senhora predissera
como consequência de não
atenderem aos Seus pedidos.
Pois, como a Santíssima Virgem
interpelou a Igreja, «Se
não atenderem a Meus pedidos, a
Rússia espalhará seus erros pelo
Mundo, promovendo guerras e
perseguições à Igreja. Os bons
serão martirizados; o Santo
Padre terá muito que sofrer;
várias nações serão aniquiladas
(…)» Mas a Santíssima Virgem
Maria também prometeu: «Se
fizerem o que Eu disser
salvar-se-ão muitas almas e
terão Paz.» Ora, persistindo
obstinadamente os acusados em
manter a conduta que têm tido,
estão a ameaçar a Igreja e o
Mundo com a iminência de danos
incalculáveis. Então, para o bem
da Igreja, estes homens deveriam
receber ordem do Santo Padre
para abandonarem os cargos que
ocupam - e imediatamente.
Contudo, no caso de alguém
objectar que é por arrogância
que alguns simples membros do
laicado vêm pedir ao Papa que
destitua Prelados de tão elevado
estatuto na Hierarquia, diremos
que, pelo contrário, é nosso
dever como Católicos
suplicar ao Papa o afastamento
dos Prelados que, caídos no
erro, fazem perigar todo o
rebanho.
O exemplo de S.
João Gualberto
Porém, é um Santo da Igreja
Católica que nos indica o
exemplo a seguir quando os Fiéis
são confrontados com um Prelado
rebelde que traz males à Igreja5.
S. João Gualberto viveu no
século XII. Não é apenas um
Santo; é também o fundador dos
Beneditinos Valambrosianos. A
sua festa celebra-se a 12 de
Julho no calendário antigo. A
heroicidade da virtude cristã de
S. João Gualberto fica
demonstrada por ele ter perdoado
o assassino de seu irmão:
encontrando-o um dia sem armas e
sem defesa num beco sem saída,
S. João Gualberto (que ainda nem
sequer era monge) sentiu-se
movido ao perdão quando o outro,
erguendo para ele os braços em
forma de cruz, lhe pediu
misericórdia por amor de Cristo
crucificado. E S. João perdoou
àquele homem, apesar de ter
andado em sua busca com um bando
de soldados, a fim de executar
vingança. Era Sexta-Feira Santa
- foi então que S. João
Gualberto viu uma imagem de
Cristo crucificado que, tomando
vida, lhe fazia com a cabeça um
sinal de assentimento. Nosso
Senhor transmitiu nesse momento
a S. João uma extraordinária
Graça especial que o levou a
perdoar ao assassino de seu
irmão. Foi também esse momento
de Graça que o levou a tornar-se
monge.
Como vemos, S. João Gualberto é
o exemplo acabado do perdão de
Cristo: quem pode perdoar o
assassino do seu irmão pode
perdoar qualquer ofensa. Ele foi
ainda um homem de considerável
importância na Hierarquia da
Igreja, tendo conseguido fundar
um Mosteiro e uma Ordem de
monges que ainda existe nos
nossos dias. A Ordem tinha - e
ainda tem - a seu cargo uma
igreja em Roma, a Igreja de
Santa Praxedes, onde foi
descoberta nada mais nada menos
do que a coluna a que ataram
Cristo para ser açoitado. É
nesta igreja, mesmo ao virar a
esquina da Igreja de Santa Maria
Maior, que se encontra uma
pintura do Santo perdoando ao
assassino de seu irmão - evento
claramente muito importante na
História da Igreja.
No entanto, para além da sua
exemplar misericórdia cristã e
da sua relevante estatura na
Igreja, S. João Gualberto não
hesitou em procurar obter o
afastamento de um Prelado
corrupto do seu tempo: foi a
Latrão (residência do Papa,
quando ainda não se tinha criado
o enclave do Vaticano) pedir que
o Arcebispo de Florença fosse
afastado, por ser indigno do seu
cargo. O fundamento para o
pedido de S. João era ter o
Arcebispo subornado com dinheiro
certas pessoas influentes, de
modo a ser ele designado
Arcebispo - isto é, ele comprara
o seu cargo eclesiástico, o que
constitui um grave pecado de
simonia.
Ora, não tendo os funcionários
do Papa em Latrão - inclusive S.
Pedro Damião - feito nada para
afastar esse Arcebispo,
invocando uma suposta falta de
provas, S. João recebeu de Deus
uma especial inspiração: como
prova de que S. João dizia a
verdade sobre o Arcebispo, Deus
havia de dar um sinal. Um dos
seus frades, o Irmão Pedro,
caminharia pelo meio de uma
fogueira de onde emergiria
miraculosamente sem qualquer
queimadura, em testemunho de que
era verdadeira a acusação de S.
João Gualberto contra o
Arcebispo. Então o Santo chamou
todo o povo da cidade
dizendo-lhes que fizessem uma
enorme fogueira com uma estreita
passagem pelo meio; e
explicou-lhes qual a razão de
tudo aquilo e o que iria
acontecer. Então o Irmão Pedro,
sob santa obediência, passou
pela estreita passagem ardente e
saiu, são e salvo, pelo outro
lado; devido à sua grande Fé foi
o Irmão Pedro beatificado
(celebrando-se a sua festa a 8
de Fevereiro no Martirológio
Romano). Quando os fiéis -
leigos - viram este sinal
milagroso, ergueram-se todos à
uma e expulsaram de Florença o
Arcebispo: este teve de pôr a
sua vida a salvo; e o Papa teve
de designar um digno substituto.
O
afastamento de
Prelados rebeldes já nos nossos
dias
O que é que este acontecimento
da História da Igreja nos diz
sobre a nossa actual situação?
Mostra-nos que os leigos têm o
direito e o dever de se
protegerem de Prelados que,
transviados, estão a causar
males à Igreja e às almas devido
ao seu comportamento desviante.
Neste tempo sem paralelo de
crise na Igreja, dificilmente
estaremos sozinhos na busca -
episódica - deste remédio que o
Papa nos pode dar.
Vejamos: em Março de 2002, o
Santo Padre recebeu uma petição
canónica de diversos membros dos
fiéis da Arquidiocese de San
Antonio [Estados Unidos],
solicitando o afastamento do
Arcebispo Flores do seu cargo,
com o fundamento de ele ter
encoberto actos criminosos de
abuso sexual por parte de Padres
homossexuais sob a sua
jurisdição e de ter pago com
milhões de dólares o silêncio
das vítimas destes predadores. A
petição levada ao Papa acusa o
Arcebispo Flores de ter «sido
gravemente negligente no
exercício do seu cargo
episcopal, de não ter
devidamente protegido os bens
temporais da Arquidiocese e de
ter prejudicado a Fé das
pessoas que, devido ao seu cargo
de Arcebispo, lhe estavam
entregues, ao deixar
predadores sexuais à rédea solta
no seio do Clero6.»
Semelhantemente, milhares de
Fiéis apelaram à resignação do
Cardeal Law da Arquidiocese de
Boston, pela sua cumplicidade ao
dar cobertura a dúzias de
predadores homossexuais,
livrando-os não só de serem
desmascarados como de uma
punição7.
Seria possível alguém acusar os
Fiéis das Arquidioceses de San
Antonio, ou de Boston, de
arrogância - pelo facto de terem
exercido o seu direito, canónico
e dado por Deus, de exigirem o
afastamento de Prelados cujos
actos e omissões tanto mal
causaram à Igreja e a inúmeras
vítimas inocentes? Então, por
que peculiar padrão de justiça
estarão os Prelados do aparelho
de estado do Vaticano isentos de
prestar contas ao Santo Padre
pelas suas acções? É evidente
que eles não estão isentos.
Todavia, se o abuso sexual de
membros do rebanho pelos seus
próprios pastores é um dos
escândalos mais graves, a ponto
de justificar um movimento de
leigos contra os Padres que
cometem tais actos abomináveis,
e contra os Bispos ou mesmo
Cardeais que têm acobertado os
malfeitores, sucede que há um
escândalo ainda maior que este.
Referimo-nos ao escândalo que é
a rejeição das próprias
prescrições que a Mãe de Deus
trouxe pessoalmente à Igreja, em
Fátima - prescrições essas que,
tivessem elas sido seguidas,
teriam evitado o escândalo
sexual que agora despedaça a
Igreja assim como toda a crise
eclesial e mundial que agora
vemos. E referimo-nos também ao
escândalo do Vaticano, cujo
aparelho de Estado nada faz para
combater os verdadeiros inimigos
da Igreja no seu próprio seio,
enquanto persegue o seu Clero
fiel e tradicional, pelo
“delito” de este se conservar
muito estritamente fiel ao
Catolicismo, tendo em conta a
“realidade eclesial de hoje” -
para evocar uma vez mais a
inconfidência do Cardeal
Castrillón Hoyos. Não foi por
mais razão nenhuma, senão para
evitar este colapso da Fé e da
disciplina na Igreja que nós
hoje testemunhamos, que Nossa
Senhora desceu a Fátima. Ora foi
precisamente à Mensagem de
Fátima que os acusados dedicaram
tanto tempo e esforço só para a
sepultarem - não tendo feito
virtualmente nada quanto à crise
eclesial que tudo devastava em
seu redor.
O exemplo de S. João Gualberto
ensina-nos também que, quando
Deus envia um sinal através de
um mensageiro - por Ele
escolhido -, os leigos ficam
autorizados a apoiar-se nesse
sinal, mesmo se os mais altos
Prelados da Igreja preferirem
ignorá-lo. É o caso da Mensagem
de Fátima, em favor da qual não
podia haver maior sinal do Céu
do que o Milagre do Sol. A
Mensagem de Fátima envolve
claramente um aviso acerca da
apostasia e da prática do mal
entre os membros da mais alta
Hierarquia, assim como da queda
de muitas almas consagradas do
seu posto. Neste preciso
momento, nós bem podemos
testemunhar o cumprimento desta
profecia. Logo, estamos
autorizados a apoiar-nos no
sinal do Céu que veio autenticar
essa profecia para além de toda
a dúvida racional - não
importando o que os detractores
da Mensagem de Fátima possam
clamar no Vaticano.
Conhecendo o que o Céu nos fez
saber em Fátima, é um dever
nosso, como membros da Igreja,
tentar convencer o Papa a
afastar os conselheiros
desviantes que o rodeiam, em
especial os acusados, e a seguir
preferencialmente as
recomendações da Mãe de Deus em
Fátima. Devemos instar com o
Papa para que faça a consagração
da Rússia ao Imaculado Coração
de Maria exactamente da maneira
que a Virgem pediu, sem
alteração por parte de algum
desses sábios mundanos que estão
no aparelho de estado do
Vaticano. E mais: temos o
dever de pedir ao Santo Padre
que, se necessário for, destitua
do seu cargo qualquer Prelado do
Vaticano que intente impedir o
Papa de honrar os pedidos da
Virgem Santíssima.
Devemos ainda, semelhantemente,
pedir ao Papa que afaste dos
seus cargos todos os que, como
os acusados, têm conspirado para
evitar a plena revelação do
Terceiro Segredo de Fátima -
que, obviamente, é da mais alta
importância, não só para
compreender e combater a crise
da Igreja como para nos
protegermos dos seus efeitos
espirituais devastadores (dos
quais os crimes nefandos
cometidos por tantos Padres não
são mais do que uma
manifestação). Os Fiéis
estão, pois, credenciados para
exigirem saber o que é que o
próprio Céu deseja que façam,
para a sua salvação espiritual.
As acções concertadas dos que
querem evitar a revelação
completa do Terceiro Segredo são
crimes graves não só contra a
Igreja e contra a Bem-Aventurada
Sempre Virgem Maria, mas também
contra o próprio Deus
Todo-Poderoso.
A
Igreja precisa urgentemente de
Prelados militantes
A Igreja precisa, hoje mais do
que nunca, de verdadeiros
soldados de Cristo - homens que
possuam uma inabalável
militância católica, que não
tenham medo de um confronto com
as forças do Mundo que invadiram
a Igreja, enquanto os acusados,
e os seus muitos colaboradores
no aparelho de estado do
Vaticano, ali ficavam sem fazer
nada a não ser encorajar essa
invasão. E a Igreja precisa de
homens prontos a actuar
decisivamente para arrancarem
pela raiz a heresia e o
escândalo pandémicos que se
instalaram na Igreja, em vez de
perseguirem e oprimirem o Clero
tradicional católico que se
recusa a ser “inserido” na
“realidade eclesial de hoje” do
Cardeal Castrillón Hoyos. Do que
a Igreja precisa é de
combatentes espirituais, e não
de especialistas no “diálogo”,
no “ecumenismo” e na
Ostpolitik.
A Mensagem de Fátima é, em si
mesma, uma chamada a uma cruzada
espiritual - a um combate que
vai culminar na Consagração e na
Conversão da Rússia, e no
Triunfo do Imaculado
Coração de Maria. Os acusados
olham tudo isto com a irritação
própria de quem se julga mais
iluminado do que todas as
gerações de Santos, Doutores da
Igreja, Mártires e Papas da
Santa Igreja Católica cuja
militância, percorrendo os
séculos, é um testamento vivo
das próprias palavras de Jesus
Cristo:
«Se o Mundo vos
aborrece, sabei que,
primeiro do que a vós, me
aborreceu a Mim. Se fôsseis
do Mundo, o Mundo amaria o
que era seu; mas, porque não
sois do Mundo, antes Eu vos
escolhi do meio do Mundo,
por isso o Mundo vos
aborrece.» (S. João,
15:18-20)
«Não julgueis que Eu
vim trazer a paz à terra;
não vim trazer a paz, mas a
espada. Porque Eu vim
separar o filho de seu pai,
e a filha de sua mãe, e a
nora da sua sogra. Assim, os
inimigos de cada homem
habitarão na sua própria
casa.» (S. Mateus, 10:34-36)
Tempo demais já sofreu a Igreja
sob o governo daqueles que nos
querem fazer crer que não há
combate algum entre, por um
lado, Cristo e a Sua Igreja e,
por outro, o Mundo. Tempo demais
se deixaram estes homens
perseguir e promover a sua falsa
visão de uma Igreja reconciliada
com o Mundo - de preferência a
um Mundo reconciliado com a
Igreja. Tempo demais estes
homens puseram à Igreja o freio
da visão utópica da paz no Mundo
entre os homens de todas as
religiões (ou sem religião
alguma), em vez da verdadeira
Paz que só pode existir quando a
alma dos Homens foi já
conquistada pela Graça de
Cristo-Rei - da qual Ele se
digna fazer mediadores para os
Homens o Imaculado Coração de
Maria e a Santa Igreja Católica.
Fátima mostra-nos o caminho para
esta verdadeira Paz no Mundo.
Porém, os homens a que nos
referimos bloquearam-nos o
caminho impedindo-nos de o
seguir, expondo a Igreja e o
Mundo inteiro ao perigo de uma
calamidade - que será a
derradeira. Ora, se as vítimas
de escândalo e de abuso sexual
por parte de membros do Clero
têm o direito de lutar pelo
afastamento dos Prelados por
cuja negligência se instalou o
escândalo, muito mais estamos
nós habilitados a lutar por um
mesmo tratamento para aqueles
Prelados que presidiram à
escandalosa campanha de
invalidar a Mensagem de Fátima.
São esses homens que
maliciosamente obstaram a que se
cumprisse a Mensagem de Fátima -
eles, e não os Católicos em
geral - que têm falta de visão.
São eles, e não nós, que são de
espírito tacanho. São eles, e
não nós, que não conseguem ver a
realidade. Por isso, são eles
que devem ser afastados, para o
Bem de toda a Humanidade.
Notas
1. Summa Theologiae,
São Tomás de Aquino, Q. 33, Art.
V, Pt. II-II.
2. S. Roberto Belarmino, De
Romano Pontifice, Livro II,
Cap. 29.
3. De Fide, Disp. X,
Sec. VI, N. 16.
4. The Whole Truth About
Fatima - Vol. II: The
Secret and the Church, pp.
543-544. Veja-se ainda Toute
la vérité sur Fatima - Vol.
II: Le Secret et l'Église,
pp. 344-345.
5. Cf. Coralie Graham, “Divine
Intervention”, The Fatima
Crusader, nº 70, Primavera
de 2002, p. 8 e segs.
6. “Abuse Victims File Petition
Seeking Removal of Archbishop”,
The Wanderer, 4 de
Abril de 2002.
7. «Documentos internos da
Igreja revelaram que, desde
meados dos anos 80 e continuando
pelos anos 90, o Cardeal Law e
os seus mais altos assessores
tinham conhecimento dos
problemas em torno do Padre
Geoghan, eventualmente acusado
de molestar mais de 130 crianças
num total de 30 anos. Em
Fevereiro foi condenado entre 9
e 10 anos de prisão por manter
carícias ilícitas com um menino
de 10 anos. Logo que foi
conhecido o papel da Igreja
[isto é, o papel das chefias da
Arquidiocese de Boston]
encobrindo o Padre Geoghan, o
Cardeal entregou à acusação os
nomes de mais de 80 sacerdotes
acusados, desde há décadas, de
abusos sexuais.» Citado de “As
Scandal Keeps Growing, Church
and Its Faithful Reel”, New
York Times, 17 de Março de
2002.
Capítulo 17
-
E entretanto
o que podemos fazer?
Se bem que dirigir
petições ao Papa, do modo como o
indicámos, seja um passo
importante, é evidente não haver
garantia alguma de que os homens
que rodeiam o Santo Padre o
deixem, ao menos, ler as nossas
petições - devido sobretudo ao
progressivo declínio da sua
saúde física, o que o levou a
ir-se apoiando cada vez mais no
Cardeal Sodano para governar a
Igreja1. Embora este
obstáculo não nos deva
desanimar, o certo é que nos
vemos obrigados a lidar com a
crise por nós próprios - até que
este Papa (ou o seu sucessor)
promova acções definitivas para
lhe pôr fim. Recordamos aqui a
descrição, feita pelo Cardeal
Newman, do estado da Igreja
durante a Crise Ariana:
O Episcopado
fracassou na sua confissão
da Fé. (…) Os Bispos falavam
de modos diferentes, cada um
contra o outro; não havia
nada, depois de Niceia e
durante cerca de sessenta
anos, que fosse um
testemunho firme, invariável
e constante. Havia Concílios
que não eram fiáveis, Bispos
que não eram fiéis; havia
fraqueza, medo das
consequências,
desorientação, ilusão,
alucinação, sem fim, sem
esperança, a estender-se
quase por todo o lado na
Igreja Católica.
Aqueles (relativamente
poucos) que permaneciam
fiéis eram desacreditados e
forçados ao exílio; os que
restavam, ou vinham
enganar ou vinham enganados2.
Então o que podemos nós,
Católicos, fazer,
especificamente, neste tempo de
escuridão para a Igreja,
enquanto esperamos que aqueles
que A conduzem A reponham no Seu
recto caminho? Devemos fazer
seja o que for que esteja ao
nosso alcance. Segundo o estado
de vida de cada um de nós,
podemos fazer - pelo menos - o
seguinte:
Acima de tudo,
Oração
Primeiro e antes de mais
nada, há o poder da oração -
especialmente a oração
eficassísima: a do Santo
Rosário.
Nunca será demais
salientar a importância do
Rosário e de outras formas de
oração católica neste combate. É
que estamos a lidar com forças e
circunstâncias que, humanamente
falando, parecem impossíveis de
vencer: o nosso Santo Padre está
enfermo, e há uma vigília
ansiosa junto do seu leito. O
Sumo Pontífice está rodeado por
homens poderosos que, até agora,
têm impedido com sucesso o
cumprimento da Mensagem de
Fátima. O próximo Papa ainda
terá como oponentes estes mesmos
homens ou os seus sucessores,
com semelhantes intenções - pois
os inimigos internos da Igreja
são agora uma legião.
Então como poderemos nós,
leigos ou simples Sacerdotes,
ter esperança em inverter o
actual curso dos acontecimentos,
tanto na Igreja como no Mundo?
Como poderemos nós garantir que
se faça a Consagração da Rússia
quando tantos - entre os
notáveis e poderosos - se lhe
opõem? Humanamente falando, não
é possível. Mas com a força do
Santo Rosário já nos é possível.
Pois não foi este o motivo pelo
qual Nossa Senhora de Fátima,
tendo claramente em vista as
nossas actuais circunstâncias,
veio pedir a reza diária do
Terço? E, falando de Si na
terceira pessoa, Nossa Senhora
declarou: «Só Nossa Senhora do
Rosário lhes poderá valer!»
Portanto, em primeiro
lugar rezem o Terço por
intenção do advento do Triunfo
de Nossa Senhora sobre a crise
na Igreja e no Mundo, através do
cumprimento dos Seus pedidos,
feitos em Fátima; e instem com
os amigos, conhecidos e vizinhos
para que rezem o Terço pela
mesma intenção. Se 10% dos
Católicos de todo o Mundo
rezarem o Terço todos os dias
por esta mesma intenção, esta
batalha vencer-se-á. A História
regista ter sido graças a uma
Cruzada do Rosário, organizada
por 10% da população da Áustria,
que se deu o recuo miraculoso (e
de outro modo inexplicável) de
um exército soviético invasor,
depois do fim da Segunda Guerra
Mundial. Assim, pois, comecem de
imediato a organizar uma Cruzada
do Rosário entre os amigos e
conhecidos, e também na vossa
Paróquia: uma Cruzada do Rosário
pela Consagração da Rússia e
pelo advento do Triunfo do
Imaculado Coração de Maria.
Como complemento da
poderosa oração do Terço, os
Católicos devem ainda pôr em
prática obras espirituais
diversas, como as devoções ao
Sagrado Coração de Jesus - fazer
as Nove Primeiras Sextas-Feiras,
ter em casa as sagradas Imagens
de Jesus e visitar com
frequência o Santíssimo
Sacramento -, isto,
evidentemente, para além da
devoção dos Cinco Primeiros
Sábados, indicada por Nossa
Senhora de Fátima. Por estes
meios desagravamos
espiritualmente Nosso Senhor dos
muitos sacrilégios e ultrages
que contra Ele são cometidos,
especialmente contra Nosso
Senhor presente na Divina
Eucaristia e aí inúmeras vezes
aviltado pelo sacrilégio da
Comunhão na mão - uma das
manifestações da actual crise de
Fé e de disciplina na Igreja. Ao
fazermos reparação deste modo,
estaremos a apressar o advento
do Triunfo do Imaculado Coração
de Maria.
Há
também os Sacramentais da
Igreja, mediante os quais os
Católicos podem ganhar
benefícios espirituais para si
ou para os outros. Entre estes
se inclui o Escapulário Castanho
(do Carmo) e o Escapulário Verde
- sacramentais outorgados pelo
próprio Céu, mas praticamente
esquecidos nestes tempos de
desorientação diabólica na
Igreja.
E
por fim, claro, cada um de nós
se deve esforçar por levar uma
vida mais santa, pela recepção
frequente dos Sacramentos da
Santa Igreja Católica, cuja
Graça nos arma para as batalhas
que hão-de vir e nos defende das
armadilhas que vitimaram tantos
outros durante esta crise.
Em
suma: através da oração
(especialmente do Rosário) e da
vida sacramental, devemos fazer
todo o possível para nos
tornarmos mais fervorosos na Fé
e para fazermos com que os
outros sejam mais fervorosos
também. Porque esta nossa luta,
primeiro e antes de tudo, é um
combate espiritual onde cada
alma é necessária - mas onde
cada alma se encontra em perigo.
O que fazer na
prática
Os
Católicos devem, naturalmente,
reforçar a sua oração com as
boas obras. Como dizia Santo
Inácio, ‘devemos rezar como se
tudo dependesse de Deus, e
trabalhar como se tudo
dependesse de nós’. Que coisas
podem, então, fazer os
Católicos, cada qual segundo o
seu estado de vida?
Como
simples leigos, podemos:
-
retirar o
apoio financeiro às
paróquias e dioceses onde se
permite que continue a
existir corrupção doutrinal
e moral, e abusos litúrgicos
- iniciativa que muitos
Católicos já tomaram, como
resposta aos escândalos
sexuais que agora afligem o
Sacerdócio;
-
pedir a substituição
dos Sacerdotes ou
Bispos moral ou
doutrinalmente corruptos,
usando, como leigos, do
direito conferido por Deus
de dirigir uma petição às
autoridades eclesiásticas,
incluindo o Soberano
Pontífice, para que
desagrave a Igreja dos males
que a afligem;
Como
Sacerdotes ou Religiosos,
podemos:
-
apelar aos nossos
superiores, incluindo o
Papa, para que honrem a
Mensagem de Fátima e tomem
outras medidas para acabar
com a crise moral e
doutrinal na Igreja, o que
inclui ‘arrancar pela raiz’
os chefes moral e
espiritualmente corrompidos
- seja qual for o estatuto
em que estes lobos se
encontrem no meio das
ovelhas.
Como
jornalistas, autores e editores
católicos, podemos:
-
publicar, com a extensão que
nos for possível, e através
dos vários órgãos de
comunicação social ao nosso
alcance, a verdade sobre
Fátima - incluindo a verdade
contida neste livro.
Como
Católicos - quer sejamos leigos,
líderes políticos, dirigentes de
indústria, comércio ou finanças;
diplomatas ou chefes militares
-, podemos:
-
implorar junto do Papa para
que siga o plano de Paz
vindo do Céu, tal como
nos foi transmitido em
Fátima - em vez da
diplomacia falhada e de
negociações humanas apenas,
nas quais estão implicados
simples homens (como os
diplomatas do Vaticano, de
que faz parte o Cardeal
Sodano);
Um acto de Justiça e de
Misericórdia
Foi
o Papa São Gregório Magno quem
declarou «É melhor que o
escândalo rebente do que a
verdade fique por dizer.» Seja
qual for o nosso estado de vida,
cada um de nós é membro da
Igreja militante, um soldado de
Cristo. Por isso, cada um de nós
tem por dever defender a Igreja
na medida das suas capacidades.
Como o Papa São Félix III
afirmou: «Não se opor ao erro é
aprová-lo e não defender a
verdade é suprimi-la; com
efeito, não denunciar o erro
daqueles que praticam o pecado -
quando o podemos fazer - não é
pecado menor do que apoiá-los.»
Deveria ser evidente para
qualquer Católico que o tempo
está a esgotar-se - quer para os
elementos humanos da Igreja quer
para toda a civilização em
geral. Tal como afirmou São
Paulo, “Deus não será
escarnecido”. Se alguma coisa
aprendemos da História da
Salvação, é que: sempre que os
Homens se rebelam contra Deus -
numa escala maciça como a que
estamos agora a testemunhar -, o
Mundo será rápida e
terrivelmente punido com um
castigo vindo de Deus. Ora a
Mensagem de Fátima não é senão
um aviso de que um tal castigo
está iminente no nosso tempo, se
os Homens não se afastarem do
pecado.
A
Virgem de Fátima facultou-nos os
meios de evitar essa punição,
embora nós saibamos que foram
homens da Igreja que
desdenhosamente rejeitaram essa
oferta do Céu. Tal como os Reis
de França - que desdenharam do
pedido, tão simples, de Nosso
Senhor para que essa Nação fosse
consagrada ao Seu Sagrado
Coração - os homens que hoje
controlam o aparelho de estado
do Vaticano traçaram uma rota
com destino à catástrofe - uma
catástrofe incomparavelmente
maior do que aquela que se
abateu sobre a França.
Mas
ainda há tempo de arrepiar
caminho. Foi a suprema urgência
da nossa situação que nos moveu
a escrever este livro e a
apresentar as sérias acusações
que ele contém.
Apresentámos-lhe, leitor, o
nosso caso - não como um acto de
provocação meramente gratuito,
nem sequer com base na justiça
inerente a esta causa; mas
também como um acto de
misericórdia - misericórdia
não só para com as vítimas do
grande crime contra Fátima, mas
também para com os próprios
acusados, que à Caridade ficam
devedores de uma oportunidade de
serem confrontados com a
magnitude daquilo que fizeram,
de modo a poderem mudar o seu
percurso e começarem a reparar
os seus erros antes que seja
tarde demais para eles - e para
nós. Evocamos aqui os
ensinamentos de São Tomás:
«Devemos ainda lembrar-nos de
que, quando alguém censura
caridosamente o seu Prelado,
isso não significa que pense ser
melhor do que ele; mas sim que
está simplesmente a oferecer a
sua ajuda a quem, ‘estando entre
todos em mais alta posição, está
por isso mesmo em maior
perigo’ como observa Santo
Agostinho…» Os actos e as
omissões dos acusados não só
põem em perigo a segurança
temporal da Igreja e do Mundo
como a salvação eterna de almas
sem conta. Como poderíamos nós
ficar calados diante deste
perigo?
Pedimos-lhe o seu
veredicto
Chegou assim o momento,
leitor, de nos dar aquilo a que
chamámos ‘o seu veredicto’. Tal
como dissemos no início deste
livro, não pedimos (nem podemos)
um veredicto de culpa semelhante
a um pronunciamento jurídico,
porque isso não nos compete a
nós nem a si, leitor. Pedimos
apenas a sua concordância, na
nossa condição de filhos ou
filhas da Santa Igreja Católica,
em como aquilo que os acusados
fizeram justifica que se faça
uma petição ao Sumo Pontífice
João Paulo II, ou ao Seu
sucessor, para que se investigue
e se dê, efectivamente, remédio
ao que é - objectivamente
falando - um crime contra a
Igreja e contra a humanidade.
Acreditamos que as provas
que apresentámos impõem um dever
que não pode ser ignorado pelos
Católicos de boa vontade. É já
agora impossível permanecer
neutral neste ponto crítico da
luta pela Igreja e pelo Mundo.
Acabámos de lhe mostrar as
provas - que são esmagadoras. E,
tendo-as visto, tem de tomar uma
decisão.
Oramos para que a sua
decisão seja a de se juntar a
nós, neste esforço, embora
humilde, de começar a endireitar
o que tem andado tão
terrivelmente mal. Nós (por nós
mesmos) somos de pequenina
importância no grande drama de
Fátima; mas trabalhamos pela
causa d'Aquela que - pela
vontade de Deus - se afirma no
centro mesmo da Mensagem. E a
Senhora não faltará ao que
prometeu, se os Seus filhos,
libertos dos desígnios de homens
que laboram no erro, fizerem
aquele poucochinho que Ela lhes
pedira: «Se fizerem o que Eu
disser, salvar-se-ão muitas
almas e terão Paz. (…) Por fim,
o Meu Imaculado Coração
triunfará.»
Para além de obedecer
àquilo que Nossa Senhora de
Fátima lhe pediu pessoalmente,
leitor - como seja rezar o Terço
todos os dias -, outra acção
prática que pode ser feita é
fotocopiar e assinar a petição
que se segue, (veja-se capítulo
18) e enviá-la ao editor deste
livro* que a encaminhará para o
Papa.
Esta petição serve ainda
como um sumário das questões
fundamentais que apresentámos
neste livro, e pode ser usada
para, através de fotocópias,
divulgar o seu conteúdo junto
daqueles que não têm tempo ou
inclinação para ler este livro
na íntegra.
*Associação Missionária, c/ R.
Feliciano de Castilho. No
111,
2o Esq., 3030-325
Coimbra, Portugal
Notas
1. Cf. Newsweek, 8 de
Abril de 2002, que refere
(citando um funcionário do
Vaticano) que o Papa está de tal
modo enfraquecido que «lê seja o
que for que lhe dêem para ler. A
maior parte das vezes, assina
(…) o que quer que lhe dêem para
assinar.»
2. John Henry Newman, On
Consulting the Faithful in
Matters of Doctrine, p. 77.
Capítulo 18
Petição ao Sumo Pontífice
O
que pode fazer, leitor, faça-o
agora!
- respeitante às acções
de -
Cardeal Angelo Sodano,
Cardeal Joseph Ratzinger,
Cardeal Dario Castrillón Hoyos
e Arcebispo Tarcisio Bertone
Santíssimo Padre:
Nós, como fiéis membros
da Santa Igreja Católica,
sentimo-nos compelidos em
consciência a entregar esta
Petição a Vossa Santidade, na
qualidade de juiz, em última
instância, de assuntos em
controvérsia na Igreja.
Tal
Petição é uma iniciativa
extraordinária, de Católicos que
não têm um representante que por
eles interceda junto de Vossa
Santidade - no meio da crise de
Fé e de disciplina sem
precedentes que se seguiu ao
Concílio Vaticano Segundo.
A
Petição foi realizada no
exercício do direito dos
Católicos - conferido por Deus
no seu Santo Baptismo - de
recorrerem directamente ao Sumo
Pontífice sem intervenção de
quaisquer procedimentos
canónicos. (Concílio Vaticano
Primeiro - a.D. 1870, Dz. 1830,
D.S. 3063; Segundo Concílio de
Lion - a.D. 1274, Dz. 466;
Código do Direito Canónico de
1983, cân. 212, cân. 1417 §1)
Os
fundamentos para esta Petição
encontram-se no ensaio O
derradeiro combate do Demónio
- documento que apresenta
provas válidas e acusações bem
fundadas contra os Cardeais
Angelo Sodano, Joseph Ratzinger,
Dario Castrillón Hoyos e contra
Mons. Tarcisio Bertone (os
acusados), todos eles
pertencentes ao aparelho de
estado do Vaticano, a quem
compete assistir a Vossa
Santidade no justo e prudente
governo da Igreja.
Consideradas, pois, essas
provas, nós ficámos persuadidos
da certeza moral dos seguintes
pontos:
Primeiro:
a Mensagem de Fátima é uma
profecia vital para o nosso
tempo, e a sua veracidade está
acima de qualquer dúvida pelas
próprias circunstâncias,
absolutamente extraordinárias,
da sua revelação (que incluem um
milagre público testemunhado por
70.000 pessoas), pelo facto de a
sua autenticidade ter sido
aprovada pelas autoridades
competentes da Igreja, pela sua
aceitação e incorporação na vida
da Igreja, e pelas próprias
afirmações e acções de Vossa
Santidade em pessoa - incluindo
a instituição no calendário
litúrgico, a 13 de Maio, da
Festividade de Nossa Senhora de
Fátima.
Segundo:
os acusados (e numerosos
colaboradores) congeminaram e
conspiraram numa tentativa de
impor à Igreja - usando de má
interpretação, obscurantismo e
secretismo - uma compreensão da
Mensagem de Fátima que a
privaria inteiramente do seu
conteúdo especificamente
católico e profético. Em
particular (e com a ajuda de um
“comentário teológico” do
Cardeal Ratzinger), os acusados
perpetraram uma “interpretação”
da Mensagem de Fátima que:
a)
dispensa a Consagração da Rússia
pedida em Fátima por Nossa
Senhora e que, arbitrariamente,
a substitui pela Consagração do
Mundo - tendo sido
deliberadamente omitida toda e
qualquer referência à Rússia,
por razões ditas
políticas, mas superficiais.
b)
declara, fraudulentamente, que o
Triunfo do Imaculado Coração -
que, como Nossa Senhora
profetizou, se seguiria à
Consagração da Rússia - a nada
mais se refere do que ao
fiat da Santíssima Virgem
há 2.000 anos, ao aceitar ser a
Mãe de Deus.
c)
ousa igualar o único e Imaculado
Coração de Maria ao coração de
qualquer pessoa que esteja
incluída entre os “puros de
coração” - no sentido limitado
das Bem-Aventuranças -, ao mesmo
tempo que reduz a devoção ao
Imaculado Coração de Maria
(devoção essa que Nossa Senhora
de Fátima disse que Deus queria
estabelecer no Mundo) a uma
simples busca da “unidade
interior” com Deus.
d)
assevera (ridiculamente) que a
visão do Terceiro Segredo, ao
mostrar o Papa e inúmeros
membros da Hierarquia a serem
executados por um pelotão de
soldados no exterior de uma
cidade em ruínas, a nada mais se
refere do que ter Vossa
Santidade escapado à morte,
há cerca de 21 anos, às mãos de
um assassino isolado.
e)
e conclui (com base nestas
“interpretações”) que os eventos
representados no Terceiro
Segredo - tal como a Mensagem de
Fátima no seu todo - «pertencem
ao passado».
Terceiro:
os acusados agiram tendo por
motivo sacrificar a Mensagem de
Fátima, com o seu conteúdo
profético explicitamente
católico, a uma nova orientação
da Igreja - não-espiritual,
liberal, ecuménica e
pan-religiosa - que, tanto eles
como os seus muitos
colaboradores, incessantemente
promovem em nome do Concílio
Vaticano II. Esta nova
orientação é o resultado da
“demolição dos bastiões” que o
próprio Cardeal Ratzinger tanto
elogiou.
Quarto:
os acusados e seus colaboradores
impediram, sistematicamente e
acima de tudo, a Consagração da
Rússia ao Imaculado Coração de
Maria - o que a nova orientação
exclui como sendo uma
“provocação” desnecessária à
Igreja Ortodoxa Russa e uma
ameaça ao novel “ecumenismo” e
ao “diálogo” - absolutas
novidades que, todavia, não
produziram bons frutos e que só
perpetuaram a oposição à Igreja,
tanto na Rússia como em toda a
parte.
Quinto:
a nova orientação representa,
claramente, uma substancial
conquista do alvo declarado dos
piores inimigos da Igreja, tal
como chamaram a atenção diversos
Papas e Prelados antes do
Concílio. Esse alvo é
liberalizar e “instrumentalizar”
a Igreja, de modo a que Ela não
só deixaria de oferecer
resistência efectiva, como
também acabaria por se colocar -
Ela própria - ao serviço do
processo da secularização
universal, e da apostasia que
tem destruído grande parte da
antiga Cristandade e que agora
ameaça subjugar o Mundo inteiro
a um universal secular
colectivo, no qual a Igreja
deixaria de ter qualquer
autoridade ou influência.
Sexto
(e nada surpreendentemente): a
“demolição dos bastiões”
preconizada pelo Cardeal
Ratzinger só trouxe confusão,
perda de Fé e de disciplina, bem
como a ruina para a unidade da
Igreja - de que o actual e
generalizado escândalo sexual
implicando Sacerdotes e Bispos é
apenas uma das suas inúmeras
manifestações. Como até o Papa
Paulo VI se viu na contingência
de ter de admitir pouco depois
do Concílio, «Por alguma fresta
o fumo de satanás entrou no
Templo de Deus. (…) A abertura
ao Mundo transformou-se numa
verdadeira invasão da Igreja
pelo modo de pensar da
materialidade mundana. Nós
fomos, talvez, demasiado fraco e
imprudente.» E aquela situação
que, já muito antes, o Papa Pio
XII previra à luz de Fátima,
acabou por se realizar como
qualquer pessoa pode ver.
Sétimo:
numa tentativa de encobrir a
cumplicidade do aparelho de
estado do Vaticano no actual
descalabro da Igreja, os
acusados escamotearam
fraudulentamente, aos olhos da
Igreja e do Mundo, o
conhecimento de um texto que é
parte integrante do Terceiro
Segredo de Fátima. Esse texto
contém, com toda a
probabilidade, as palavras
omissas na fala incompleta da
Santíssima Virgem, constante da
Quarta Memória da Irmã Lúcia:
«Em Portugal se conservará
sempre o dogma da Fé etc.» -
palavras que, estamos convictos,
não apenas predizem a actual
crise na Igreja como fornecem os
meios de a evitar ou de acabar
com ela. Foi isto o que o futuro
Papa Pio XII previu, à luz da
Mensagem de Fátima:
As mensagens da
Santíssima Virgem a Lúcia de
Fátima preocupam-me. Esta
persistência de Maria sobre
os perigos que ameaçam a
Igreja é um aviso do Céu
contra o suicídio de alterar
a Fé na Sua liturgia, na Sua
teologia e na Sua alma. (…)
Chegará um dia em que o
Mundo civilizado negará o
seu Deus, em que a Igreja
duvidará como Pedro duvidou.
Ela será tentada a acreditar
que o homem se tornou Deus.
Nas nossas igrejas, os
Cristãos procurarão em vão a
lamparina vermelha onde Deus
os espera. Como Maria
Madalena, chorando perante o
túmulo vazio, perguntarão:
“Para onde O levaram?”
Aquilo que o Papa Pio XII
predisse, aconteceu. E, dado que
ele previu tais acontecimentos à
luz de Fátima, é porque eles
devem estar mencionados no
Terceiro Segredo - porque os
textos da Mensagem de Fátima até
agora revelados nada dizem
acerca de tais acontecimentos no
seio da Igreja.
Também Vossa Santidade,
no sermão que proferiu em Fátima
a 13 de Maio de 2000, parece ter
aludido ao Terceiro Segredo, que
avisa a Igreja para que Ela se
defenda do dragão cuja cauda
arrasta consigo um terço das
estrelas do Céu - imagem
comummente interpretada como
sendo as almas consagradas, de
Sacerdotes e Religiosos.
Aparentemente, Vossa Santidade
terá sido constrangido pelos
Seus conselheiros (incluindo um
ou mais dos acusados) a ficar-se
por uma referência, velada
apenas, acerca de um trecho do
Terceiro Segredo até agora por
revelar - e cuja revelação os
conselheiros de Vossa Santidade
teriam sugerido vivamente que a
não fizesse.
Oitavo:
seguindo essa nova orientação,
os acusados (agora com a
especial participação do Cardeal
Castrillón, na sua qualidade de
chefe da Congregação para o
Clero) têm perseguido e tentado
ostracizar da comunidade dos
Fiéis o Padre Nicholas Gruner -
o rosto da legítima oposição
àquela tentativa de eliminar a
Mensagem de Fátima no seu
significado católico
tradicional. Ao mesmo tempo, os
acusados e seus colaboradores
abstiveram-se de impor qualquer
disciplina efectiva aos
verdadeiros inimigos da Igreja -
abrigados dentro da Sua própria
estrutura - que (recordando as
lamentações do Papa Paulo VI)
abriram a Igreja ao fumo de
Satanás e chefiaram a invasão da
Santa Igreja pelo pensamento
mundano.
Nono:
num esforço para manterem a sua
interpretação errónea da
Mensagem de Fátima, os acusados
impuseram um injusto regime de
silêncio e secretismo à Irmã
Lúcia, tentando sempre
pressioná-la a adoptar a sua
falsa interpretação. E durante
este tempo, a nenhuma parte
isenta é permitido o acesso à
Irmã Lúcia para investigar das
alegadas “alterações súbitas” ao
seu testemunho - firme, durante
mais de 60 anos -, de que Nossa
Senhora de Fátima pediu a
Consagração só da
Rússia e não do Mundo: é que
Deus queria mostrar ao Mundo que
era, precisamente, pelo poder da
Sua Graça, da qual Nossa Senhora
é a Medianeira, que a Rússia se
tinha miraculosamente convertido
à Fé Católica. Mais: quase todos
os 24 volumes de documentos
sobre Fátima compilados pelo
Padre Alonso que,
indubitavelmente, respondem a
muitas perguntas sobre o
Terceiro Segredo e sobre a
Mensagem de Fátima no seu todo,
permanecem ainda fechados ‘a
sete chaves', passados mais de
25 anos depois da sua conclusão.
Décimo:
esta verdadeira conspiração dos
acusados para privarem a Igreja
dos benefícios da autêntica
Mensagem de Fátima fez com que
Ela não cumprisse os pedidos da
Virgem Santíssima: a Consagração
da Rússia - pelo seu nome - ao
Imaculado Coração de Maria, a
consequente Conversão da Rússia,
o Triunfo do Imaculado Coração,
a salvação de muitas almas e a
Paz para o Mundo. «Se fizerem o
que Eu disser, salvar-se-ão
muitas almas e terão Paz. (…)
Por fim, o Meu Imaculado Coração
triunfará. O Santo Padre
consagrar-Me-á a Rússia, que se
converterá, e será concedido ao
Mundo algum tempo de Paz.»
Décimo
primeiro: como resultado
directo das acções dos acusados,
a Igreja e o Mundo inteiro
sofreram a perda de inúmeros
bens temporais e espirituais -
apenas vagamente sugeridos pela
miraculosa transformação de
Portugal a seguir à Consagração
pública desta Nação ao Imaculado
Coração de Maria, em 1931 -,
benefícios que o então Cardeal
Patriarca de Lisboa (Portugal)
declarou, juntamente com a Irmã
Lúcia, se espalhariam por todo o
Mundo, se a Rússia tivesse do
mesmo modo sido consagrada.
Décimo
segundo: fosse qual fosse a
sua intenção subjectiva, os
acusados cometeram,
objectivamente falando, um crime
de uma gravidade incalculável
contra a Igreja Católica e
contra a humanidade. A subversão
que fizeram da Mensagem de
Fátima expõe-nos a todos à
iminente ameaça de guerras,
fome, mais perseguições à
Igreja, mais sofrimento para
Vossa Santidade ou o Seu
sucessor, a aniquilação de
várias nações e a perda de mais
milhões de almas - tudo aquilo
que Nossa Senhora de Fátima nos
anunciou que se seguiria a uma
recusa em honrar os Seus
pedidos.
Décimo
terceiro: pelas razões
expostas, o continuado exercício
de autoridade pelos acusados
representa um perigo evidente e
actual para a Igreja, e para um
Mundo que só Vossa Santidade
pode endireitar.
Pedimos, pois,
insistentemente a Vossa
Santidade que faça justiça
quanto ao seguinte:
-
A
destituição dos acusados dos
cargos que ocupam, e sua
substituição por Prelados
que se proponham cooperar
com o Santo Padre - honrando
os pedidos da Virgem de
Fátima - em vez de tentarem
conformar a Mensagem de
Fátima, recebida do Céu, a
decisões humanas falíveis,
daí nascendo a ruinosa nova
orientação da Igreja.
-
O
final da perseguição movida
ao Padre Nicholas Gruner e a
outros Sacerdotes fiéis que,
com toda a justiça,
perseveram no ensinamento e
nas práticas tradicionais da
Igreja e que, em
consciência, resistem à nova
orientação (incluindo a
tentativa de
‘des-catolicização’ da
Mensagem de Fátima).
-
A
imediata intervenção do
Vaticano - através de
visitações apostólicas,
investigações e prontas
medidas disciplinares - de
modo a punir os culpados e
não os inocentes, e a
restaurar os muitos
elementos da tradição
católica (o que inclui a
tradição na vida dos
Seminários e na formação
sacerdotal) que foram
abandonados, na sequência
dessa nova orientação, desde
o Concílio Vaticano II. Este
processo deve começar,
obviamente, por uma acção
efectiva do Vaticano
para livrar os
Seminários, Paróquias e
organismos católicos de
homossexuais e pedófilos
infiltrados, que têm
molestado inúmeras vítimas
inocentes e trazido a
vergonha para a Igreja.
Tal
é a nossa Petição a Vossa
Santidade. Submetemo-la ao Vosso
julgamento com todo o respeito e
reverência devidos ao Vosso
excelso cargo de Vigário de
Cristo, mas também com toda
aquela insistência que a nossa
perigosa situação exige: porque
o sofrimento presente da Igreja
e do Mundo nada é, comparado com
aquele que se seguirá se não
houver uma correcção na rota dos
acontecimentos, traçada por
aqueles que têm desprezado a
profecia de Nossa Senhora de
Fátima.
Somos
Vossos súbditos fiéis em Cristo,
É
favor dirigir esta
correspondência (ou outra
qualquer na qual expresse a sua
opinião sobre O Derradeiro
Combate do Demónio) para o
seguinte endereço:
Associação
Missionária
c/ R. Feliciano de Castilho. No
111, 2o Esq.
3030-325 Coimbra
Portugal
Apêndice
Uma cronologia
do encobrimento de Fátima
Breve história
das intervenções de Nossa
Senhora de Fátima para
trazer a verdadeira Paz a
toda a humanidade, e da
campanha incessante para
impedir, silenciar,
falsificar e obstruir a Sua
Mensagem de Paz, Esperança,
Júbilo e Salvação.
O
ataque terrorista sem
precedentes ocorrido na América
a 11 de Setembro de 2001 e os
relatos, credíveis, de que os
terroristas islâmicos possuem
não só bombas nucleares como
armas biológicas e químicas,
trazem imediatamente ao espírito
o aviso de Nossa Senhora
(veja-se a inserção sobre Fátima
nas páginas 278-279): se a
Rússia não for consagrada ao Seu
Coração Imaculado, “várias
nações serão aniquiladas”, e só
por meio da Consagração da
Rússia o Mundo poderá alcançar a
verdadeira Paz no nosso tempo.
Mais de oitenta e seis
anos volvidos sobre a primeira
aparição de Nossa Senhora em
Fátima, o Seu pedido de
Consagração da Rússia continua
por cumprir, e a Sua mensagem
continua a passar despercebida.
E
para cúmulo, enquanto o Mundo se
dirige, cada vez mais, para um
acontecimento apocalíptico
final, certos elementos no
Vaticano parecem mais
determinados do que nunca a
ligar a Mensagem de Fátima ao
passado, e a perseguir aqueles
que a continuam a proclamar.
Repare-se: logo no dia a
seguir ao ataque terrorista de
11 de Setembro, 2001 que roubou
mais de 3.000 vidas e aturdiu o
Mundo inteiro - passado só um
dia sobre este facto! - o
Gabinete de Imprensa do Vaticano
tornava pública uma condenação
do Padre Nicholas Gruner e do
seu apostolado de Fátima, e
declarava que ninguém deveria
assistir à conferência do
apostolado (calendarizada entre
7 e 13 de Outubro de 2001) sobre
a Paz no Mundo através
da Mensagem de Fátima!
Será que estes
funcionários do Vaticano têm
mais medo de Fátima que do
terrorismo mundial? Estarão eles
mais preocupados com uma
conferência sobre Fátima, a
realizar em Roma, do que com a
heresia e o escândalo que estão
a dilacerar a Igreja pelo Mundo
inteiro - e sob os seus olhares?
É evidente que estes
funcionários do Vaticano
perderam todo e qualquer sentido
das proporções, quanto à
situação em que se encontra o
Mundo e a Igreja a que presidem.
Apresentamos aqui os
acontecimentos-chave na longa
história de um grande e terrível
paradoxo: os esforços de alguns
homens para, actuando no seio da
própria Igreja Católica,
suprimir, reinterpretar e
impedir o cumprimento dos
desejos do Céu para se alcançar
a verdadeira Paz no nosso tempo.
1929 - 1964
13
de Junho, 1929 - Doze
anos depois das Suas aparições
originais em Fátima, e em
cumprimento do que aí prometera
a 13 de Julho de 1917, Nossa
Senhora de Fátima aparece de
novo à Irmã Lúcia em Tuy
(Espanha). Nossa Senhora, de pé
sobre uma nuvem, junto ao Seu
Divino Filho, Jesus crucificado,
disse:
«É chegado o momento
em que Deus pede para o
Santo Padre fazer, em união
com todos os Bispos do
Mundo, a consagração da
Rússia ao Meu Imaculado
Coração, prometendo
salvá-la, por este dia de
oração e reparação mundial.»
Agosto, 1931- É Nosso
Senhor que Se dirige
pessoalmente à Irmã Lúcia,
dizendo-lhe, a respeito da
Consagração da Rússia:
«Participa aos Meus
ministros que, dado seguirem
o exemplo do rei de França
na demora em executar o Meu
mandato, tal como a ele
aconteceu, assim o seguirão
na aflição».
21
de Janeiro, 1935 - A
Irmã Lúcia escreve ao seu
confessor, o Padre Gonçalves,
respondendo às perguntas que
este lhe fez: «Quanto à Rússia,
parece-me que dará muito gosto a
Nosso Senhor, trabalhando para
que o Santo Padre realize os
Seus desejos (...) (O senhor
Padre pergunta-me) se acho bem
que insista com o Senhor Bispo?
Acho bem, e parece-me que será
muito agradável a Nosso Senhor
(...) Se se deve modificar
alguma coisa? Acho que deve ser
tal qual Nosso Senhor a
pediu...»
Maio, 1936 - Nosso
Senhor fala de novo à Irmã Lúcia
e diz-lhe que a Rússia só se
converterá quando for solene e
publicamente consagrada ao
Coração Imaculado de Maria, pelo
Papa em conjunto com todos os
Bispos. Em outra ocasião, é
Nossa Senhora que diz à Irmã
Lúcia que a Rússia iria ser um
instrumento de castigo para o
Mundo, a menos que, previamente,
a conversão «dessa pobre nação»
fosse obtida por meio da
Consagração.
31
de Outubro e 8 de Dezembro, 1942
- O Papa Pio XII,
sozinho, consagra o Mundo (mas
não a Rússia) ao Imaculado
Coração de Maria. Algumas
semanas depois, Winston
Churchill observa que “a roda da
fortuna” tinha virado a seu
favor; e os aliados começaram a
ganhar a maior parte das
batalhas contra os exércitos de
Hitler. Na primavera de 1943,
Nosso Senhor diz à Irmã Lúcia
que a Paz no Mundo não virá
desta consagração (embora a
guerra tivesse sido abreviada):
a Segunda Guerra Mundial
continuará ainda por mais dois
anos.
Setembro, 1943 – A Irmã
Lúcia está muito doente. O Bispo
de Fátima receia que ela venha a
morrer e leve consigo para o
túmulo o Terceiro Segredo de
Fátima. (Veja-se a inserção nas
páginas 278-279) Então,
sugere-lhe que o escreva num
papel e o guarde num envelope
lacrado. Ela responde que não se
atreveria a tomar uma tal
iniciativa — mas que, se o
Senhor Bispo tomasse a
responsabilidade dando-lhe
formalmente essa ordem, nesse
caso ela obedeceria de boa
vontade.
Outubro, 1943 - Depois
de um mês de oração e reflexão,
o Bispo de Fátima, Dom José da
Silva, dá à Irmã Lúcia uma ordem
formal, por escrito, para
escrever o Terceiro Segredo. A
Irmã Lúcia tenta obedecer
imediatamente, mas, durante mais
de dois meses, foi
misteriosamente incapaz de
passar ao papel o texto do
Terceiro Segredo.
2
de Janeiro, 1944 -
Nossa Senhora aparece de novo à
Irmã Lúcia, e pede-lhe que
escreva a terceira parte do
Segredo que Ela lhe confiara em
Fátima, em Julho de 1917 - e que
ficou a ser conhecida como o
Terceiro Segredo de Fátima. A
Virgem pede a Lúcia que o
Terceiro Segredo seja revelado
ao Mundo, o mais tardar em 1960.
Quando, mais tarde, perguntaram
à Irmã Lúcia por que razão
deveria o Terceiro Segredo ser
revelado em 1960, ela declara:
«Porque a Santíssima Virgem
assim o quer,» e «Ele (o
Terceiro Segredo) será mais
claro nessa altura».
9
de Janeiro, 1944 - A
Irmã Lúcia escreve ao Bispo de
Fátima e diz-lhe que, depois de
meses de incapacidade para o
fazer (o que causou ao Senhor
Bispo uma tão longa espera),
pôde finalmente obedecer à sua
ordem de pôr por escrito o
Terceiro Segredo.
17
de Junho, 1944 - Como a
Irmã Lúcia não deixaria que
qualquer pessoa (excepto um
Bispo) levasse ao Bispo de
Fátima essa carta - de uma só
página, contendo as palavras de
Nossa Senhora no Terceiro
Segredo -, por esse motivo não a
tinha ainda entregue até esta
data. Mas, neste dia, andava um
Bispo de visita próximo do
Convento de Tuy, e a Irmã Lúcia
confia-lhe o Segredo a ele. De
regresso e nesse mesmo dia, ele
próprio o entrega a Dom José da
Silva, Bispo de Fátima - que,
embora com autorização para ler
o Segredo, prefere não o fazer.
15
de Julho, 1946 - Em
resposta a uma pergunta do
Professor William T. Walsh, a
Irmã Lúcia salienta que Nossa
Senhora não pediu a
consagração do Mundo (como
fez o Papa Pio XII, em 1942),
mas só e especificamente da
RÚSSIA. «Se isto se fizer»,
acrescenta a Irmã Lúcia, Nossa
Senhora promete «converter a
Rússia; e terão Paz.»
7
de Julho, 1952 - O Papa
Pio XII consagra,
especificamente, a Rússia, mas
não o faz em conjunto com os
Bispos Católicos de todo o Mundo
- porque, não lhe tendo sido
dito que tal era necessário, não
lhes pediu que participassem. A
guerra na Coreia continua, e
outras guerras lhe seguem.
2
de Setembro, 1952 - O
Padre Schweigl, que fora enviado
pelo Papa Pio XII em missão
especial, vem a Coimbra
(Portugal) ao convento onde se
encontra a Irmã Lúcia,
interrogá-la sobre o Terceiro
Segredo. De volta ao Russicum,
em Roma, o Padre Schweigl confia
a um dos seus colegas: «Não
posso revelar nada do que ouvi
sobre Fátima no que respeita ao
Terceiro Segredo, mas posso
dizer que tem duas partes:
uma fala do Papa. A outra,
logicamente - embora eu não deva
dizer nada -, teria de ser a
continuação das palavras: Em
Portugal se conservará sempre o
dogma da Fé».
17
de Maio, 1955 - O
Cardeal Ottaviani, chefe do
Santo Oficio do Vaticano, é
enviado por Pio XII ao Convento
das Carmelitas de Coimbra, para
interrogar a Irmã Lúcia quanto
ao conteúdo do Segredo. O
interrogatório do Cardeal
Ottaviani será seguido por uma
ordem para o texto do Terceiro
Segredo ser transferido para o
Vaticano.
Março, 1957 - Pouco
antes de se efectuar essa
transferência para o Vaticano, o
Bispo Dom João Venâncio observa
cuidadosamente à transparência,
contra uma forte luz eléctrica,
o envelope que contém o Terceiro
Segredo, e repara que o Segredo
tem, mais ou menos, 25 linhas, e
que está escrito numa só
folha de papel, com
margens de 7.5 milímetros
de cada lado.
16
de Abril, 1957 - O
texto do Terceiro Segredo,
lacrado no envelope original e
colocado noutro envelope
exterior, é transferido para o
Vaticano. O texto é colocado
dentro de um cofre, nos
aposentos do Papa, como mostrou
uma foto da época na revista
Paris-Match.
A Mensagem de
Fátima
nossa
única esperança contra o
terrorismo e a guerra
As aparições e a mensagem
de Nossa Senhora de Fátima são
uma luz de Esperança, Júbilo e
Paz para o nosso Mundo
perturbado. A nossa obediência à
mensagem é a nossa única
esperança para a Paz no Mundo e
para que ele se liberte do
terrorismo.
Deus operou o grande
Milagre do Sol no dia 13 de
Outubro de 1917, para ser uma
prova segura de que toda a
mensagem tem, de facto, a
garantia da autenticidade e vem
de Deus.
Esta mensagem profética
começou durante a Primeira
Guerra Mundial, quando o Papa
Bento XV - depois de três anos
de terríveis padecimentos, na
maior guerra que o Mundo
conhecera até então - suplicou,
em grande angústia, à Santíssima
Virgem, em oração pública no dia
5 de Maio de 1917, que lhe
mostrasse, a ele e a toda a
humanidade, o caminho da Paz.
Ele bem sabia que os esforços
humanos, por si só, nunca são
suficientes.
E a resposta veio oito
dias depois: a Virgem cheia de
Graça confiou, em Fátima, uma
mensagem que é «dirigida a todos
os homens» - como diz o Papa
João Paulo II.
A Senhora confiou esta
mensagem a três pastorinhos,
Lúcia, Jacinta e Francisco.
Nossa Senhora apareceu uma vez
cada mês, entre 13 de Maio e 13
de Outubro de 1917; mais tarde,
voltou a aparecer à Irmã Lúcia
(a única dos três pastorinhos
que ainda é viva) a 10 de
Dezembro de 1925 e a 13 de Junho
de 1929, para explicar melhor e
completar os Seus pedidos para a
Paz no Mundo (veja-se acima, na
cronologia, o que se passou em
1929).
Nesse dia 13 de Julho de
1917, Nossa Senhora confiou
também aos pastorinhos (e à
Lúcia, que era quem dialogava
com a Virgem Santíssima) um
segredo que deveria ser revelado
mais tarde ao Papa e a todos os
fiéis. Ora é este Segredo que
contém a chave para a Paz no
Mundo. O segredo divide-se em
três partes: as duas primeiras
foram reveladas pela Irmã Lúcia
em 1941; a terceira parte
deveria ser tornada pública mais
tarde, como vamos ver neste
apêndice.
Nossa Senhora prometeu:
«Se fizerem o que Eu vos disser,
salvar-se-ão muitas almas e
terão Paz». Mas também mostrou
que loucura seria ignorar a Sua
mensagem: «Se não atenderem aos
Meus pedidos, os bons serão
martirizados, o Santo Padre terá
muito que sofrer, várias nações
serão aniquiladas.»
Ora, porque Deus foi
publicamente insultado pela
revolução russa de 1917 - que
excluiu Deus da Rússia, e armou
uma conspiração para lutar
contra Deus e contra os Seus
fiéis em qualquer lugar da terra
- é que Ele insistiu, na
Mensagem de Fátima, num acto
público de reparação por este
crime contra a Sua Divindade. E
a 13 de Junho de 1929 - em Tuy
(Espanha), onde a Irmã Lúcia se
encontrava - Nossa Senhora de
Fátima, na presença da
Santíssima Trindade,
explicou-lhe que Deus pedia a
Consagração da Rússia ao
Imaculado Coração de Maria.
(Veja-se 13 de Junho, 1929; e
também os acontecimentos de
1931, 1935 e 1936, anotados
acima, na cronologia.)
É neste acto que Deus
insiste, como Acto de Reparação
pelo crime do ateísmo imposto
pelo estado; caso contrário, os
nossos pecados atrairão sobre
nós as consequências da terrível
apostasia, das heresias, dos
vícios e pecados terríveis que
assolam o Mundo. Este acto de
obediência é a nossa única
esperança de nos vermos livres
de guerras e terrorismos, tal
como é a nossa única esperança
para obter a Paz para o Mundo -
não por ser algo difícil de
realizar, mas, precisamente, por
ser tão fácil de cumprir, é que
todos hão-de ver que a Paz que
daí resulta se deve,
inteiramente, a Deus e à
intercessão da Bem-Aventurada
Sempre Virgem Maria.
Na Mensagem de Fátima,
Deus insiste que só «por este
meio» é que teremos Paz e nos
libertaremos do terrorismo e da
guerra: porque Deus quer
estabelecer no Mundo a devoção
ao Imaculado Coração de Maria,
para salvar do Inferno muitos
pecadores.
26
de Dezembro, 1957 - O
Padre Fuentes entrevista a Irmã
Lúcia, que lhe fala de muitas
nações que desaparecerão da face
da terra e de muitas almas que
irão para o Inferno, como
resultado de ser ignorada a
Mensagem de Nossa Senhora de
Fátima.
1958 - O Padre Fuentes
publica a entrevista com a Irmã
Lúcia, com o Imprimatur
do Bispo de Fátima que é
amplamente lida, e cuja
autenticidade ninguém questiona.
9
de Outubro, 1958 -
Faleceu o Papa Pio XII.
2
de Julho, 1959 -
Subitamente, a entrevista do
Padre Fuentes com a Irmã Lúcia é
denunciada como fraudulenta, em
notícia anónima
dimanada do gabinete da cúria de
Coimbra. Durante mais de 40
anos, e até hoje, ninguém
assumirá oficialmente a
responsabilidade desta notícia.
8
de Fevereiro, 1960 -
Apesar do pedido de Nossa
Senhora a Lúcia e, mais tarde,
das repetidas promessas do Bispo
de Fátima e do Cardeal Patriarca
de Lisboa, alguém no
Vaticano anuncia
anonimamente que o Terceiro
Segredo já não será revelado e
que, provavelmente, «ficará para
sempre sob absoluto sigilo.» A
notícia (divulgada pela agência
noticiosa A.N.I.) descreve o
texto do Terceiro Segredo deste
modo:
«Acaba de ser
declarado em círculos
altamente fidedignos do
Vaticano que é muito
possível que nunca venha a
ser aberta a carta
em que a Irmã Lúcia escreveu
as palavras que Nossa
Senhora confiou aos
três pastorinhos, como
segredo, na Cova da Iria.»
1960 - A Irmã Lúcia é
oficialmente proibida de falar
acerca do Terceiro Segredo, e
não pode receber visitas, a não
ser pessoas de família ou que
conheça de há muito tempo. O seu
próprio confessor de muitos
anos, o Padre Aparício, regressa
do Brasil e não lhe é permitido
vê-la.
1961 - Apesar de
apoiado pelo Cardeal Primaz do
México e por Dom Pio Lopez, o
seu próprio Arcebispo, o Padre
Fuentes é destituído de
Postulador da Causa de
Beatificação da Jacinta e do
Francisco, com base na tal
notícia anónima, proveniente da
cúria de Coimbra e datada de 2
de Julho de 1959.
Outubro, 1962 - O
Vaticano - precisamente antes da
abertura do Concílio Vaticano II
-, entra em acordo com Moscovo
nos seguintes termos: o Concílio
não condenará a Rússia soviética
nem o comunismo em geral; em
troca, dois membros da Igreja
Ortodoxa Russa assistirão ao
Concílio como observadores,
segundo o desejo do Papa João
XXIII. Este acordo lança a
[política da] Ostpolitik,
segundo a qual o Vaticano fica
impedido de se opor abertamente
ao Comunismo (designando-o pelo
nome), tal como fica impedido de
condenar os regimes comunistas
que perseguem os Católicos. A
nova política do Vaticano é a
favor do “diálogo” e das
negociações com os comunistas -
afastando-se, portanto, do
ensinamento dos Papas Pio XII,
Pio XI, São Pio X, Leão XIII e
do Beato Pio IX acerca do dever
que a Igreja tem de condenar e
de se opor abertamente ao
comunismo, bem como de se abster
de qualquer colaboração com os
comunistas, que tiram sempre
partido de tal colaboração para
mais infiltrar a sua guerra
contra Cristo e a Sua Igreja.
21
de Novembro, 1964 - O
Papa Paulo VI, durante as
cerimónias de encerramento da
terceira sessão do Concílio
Vaticano II, consagra de novo o
Mundo. Em harmonia com a
Ostpolitik, não há qualquer
menção à Rússia, com receio de
que os comunistas se ofendam. A
Paz no Mundo continua adiada. A
guerra do Vietname prolonga-se
até aos anos 70.
1965-1983
8
de Dezembro, 1965 -
Encerramento do Concílio
Vaticano Segundo.
1966 - No rescaldo do
Concílio, o Bispo de Fátima, Dom
João Venâncio, compreende então
a necessidade e a urgência de
defender a autêntica mensagem de
Nossa Senhora contra os pérfidos
ataques dos progressistas -
todos eles discípulos do Padre
Édouard Dhanis, um Jesuíta
modernista. Para defender a
Mensagem de Fátima dos
revisionistas, em 1966, o Bispo
encarrega o Padre Joaquim
Alonso, um erudito Sacerdote
claretiano, de elaborar uma
história crítica completa das
revelações de Fátima. Dez anos
depois, o Padre Alonso terminará
a sua obra, intitulada
Textos e estudos críticos sobre
Fátima. O total da obra
apresenta 5.396 documentos,
ordenados cronologicamente desde
o início das aparições de Fátima
até 12 de Novembro de 1974.
Segundo o Abade René Laurentin
que pessoalmente os consulta, os
manuscritos do Padre Alonso eram
«muito bem preparados» (isto é,
rigorosamente compostos ou
transcritos).
15
de Novembro, 1966 -
Novas revisões no Código do
Direito Canónico permitem que
qualquer pessoa que pertença à
Igreja Católica publique obras
sobre as aparições marianas,
incluindo as de Fátima, e sem
necessidade de haver um
Imprimatur. Assim sendo, de
todo um bilião de Católicos
existentes no Mundo, só a Irmã
Lúcia - a única pessoa que
recebeu a Mensagem de Fátima -
continua proibida de revelar o
Segredo de Fátima, apesar de
Nossa Senhora ter expressado a
Sua vontade de que o Segredo
fosse revelado, à Igreja e ao
Mundo inteiro, o mais tardar em
1960. E até hoje a Irmã Lúcia
continua submetida a um voto de
silêncio, e proibida de falar
abertamente sobre Fátima, sem
uma autorização especial do
Vaticano especificamente do
Cardeal Ratzinger ou do Papa.
1967 - São publicadas
as Memórias da Irmã Lúcia
onde ela revela o pedido de
Nossa Senhora, em 1929, da
Consagração da Rússia. Começa,
de imediato, uma enorme campanha
pública de recolha de milhares
de assinaturas, pedindo ao Papa
a consagração da Rússia.
11
de Fevereiro, 1967 -
Numa conferência de imprensa, o
Cardeal Ottaviani, que leu o
Terceiro Segredo, revela que ele
está escrito numa única
folha de papel.
13 de Maio, 1967 -
A Irmã Lúcia
encontra-se com o Papa Paulo VI
no espaço aberto do Santuário de
Fátima, durante a sua visita e
peregrinação àquele lugar. Na
presença de 1.000.000 de
peregrinos, ela pede para falar
ao Papa. Chora quando o Papa a
recebe mal e lhe diz apenas:
«-Fale com o seu Bispo». De
acordo com, pelo menos, um
perito de Fátima, a Irmã Lúcia
suplicou ao Papa Paulo VI que
tornasse conhecido o Terceiro
Segredo; mas ele recusou.
1975 - Depois
de 10 anos dedicados a estudar
os arquivos de Fátima, o Padre
Alonso declara publicamente que
a entrevista (publicada em 1957)
do Padre Fuentes à Irmã Lúcia é
um relato autêntico e cuidadoso
das declarações desta,
respeitantes ao conteúdo da
Mensagem de Fátima.
1975 - Os 24
volumes, de oitocentas páginas
cada, elaborados pelo Padre
Alonso estão prontos para
publicação. Esta obra monumental
sobre a Mensagem de Fátima
inclui, pelo menos, 5.396
documentos. O que acontece é que
a tipografia é - literalmente -
mandada parar pelo novo Bispo de
Fátima, Mons. D. Alberto Cosme
do Amaral, impedindo assim que a
pesquisa que o Padre Alonso
efectuara ao longo de dez anos
chegasse ao grande público. Dos
vinte e quatro volumes, só dois
virão eventualmente a ser
publicados (em 1992 e em 1999,
respectivamente), mas apenas em
edições alteradas.
16
de Outubro, 1978 - O
Papa João Paulo II é eleito. Lê
o Terceiro Segredo alguns dias
após a sua eleição, segundo virá
a declarar (em Maio de 2000) a
“Associated Press”, pelo seu
porta-voz, Joaquin Navarro-Valls
- declaração que será desmentida
por Monsenhor Bertone, da
Congregação para a Doutrina da
Fé, que afirma que o Papa nunca
lera o Terceiro Segredo antes de
18 de Julho de 1981. Estas duas
declarações em conflito sugerem
a possibilidade da existência de
dois textos distintos que falam
do Terceiro Segredo in toto.
Ao que parece, o Papa terá lido
o texto do Segredo que foi
guardado no cofre dos aposentos
papais em 1957.
1980 - Em apenas três
anos, e graças a uma ampla
campanha patrocinada pelo
Cardeal Josyf Slipyj, as
subscrições públicas a favor da
Consagração da Rússia reunem
mais de três milhões de
assinaturas - que chegam ao
Vaticano.
13
de Maio, 1981 - O Papa
João Paulo II é alvejado a tiro,
neste dia aniversário da
primeira aparição de Nossa
Senhora de Fátima. Os disparos
deram-se no preciso instante em
que o Papa se volta para ver uma
estampa de Nossa Senhora de
Fátima, presa à camisola de uma
menina. As balas falham o
objectivo. O Papa reconhece que
Nossa Senhora de Fátima
interveio para lhe salvar a
vida.
7
de Junho, 1981 - O Papa
faz a consagração do Mundo, mas
não da Rússia, quando está ainda
convalescente dos ferimentos
sofridos.
18
de Julho, 1981 -
Segundo Monsenhor Bertone (que,
como já foi dito, contradiz
neste ponto o porta-voz do Papa,
Joaquin Navarro-Valls), o Papa
João Paulo II lê o Terceiro
Segredo pela primeira vez.
12
de Dezembro, 1981 - O
Padre Alonso morre. No entanto,
pôde ainda publicar um certo
número de artigos e opúsculos
sobre Fátima. Aqui estão alguns
extractos das conclusões mais
importantes a que chegou na sua
pesquisa sobre o Terceiro
Segredo:
«No período que
precede o grande triunfo do
Coração Imaculado de Maria,
sucederão coisas tremendas
que são objecto da terceira
parte do Segredo. Que coisas
serão essas? Se “em
Portugal, se conservará
sempre o dogma da Fé,”...
pode claramente
deduzir-se destas palavras
que, em outros lugares da
Igreja, estes dogmas vão
tornar-se obscuros ou
chegarão mesmo a perder-se
... »
«Seria, então, de
toda a probabilidade que,
nesse período ‘intermédio’ a
que nos estamos a referir
(depois de 1960 e antes do
triunfo do Imaculado Coração
de Maria), o texto (do
Terceiro Segredo) faça
referências concretas à
crise da Fé na Igreja e à
negligência dos Seus
próprios Pastores.» O
Padre Alonso fala ainda de
«lutas intestinas no seio da
própria Igreja e de
graves negligências
pastorais por parte das
altas Hierarquias» e,
mesmo, de «deficiências
na alta Hierarquia da Igreja
...»
«Falaria o texto
original (e inédito) de
circunstâncias concretas? É
muito possível que não só
fale de uma verdadeira
‘crise de fé’ na Igreja
durante este período
intermédio, mas ainda, como
acontece com o segredo de La
Salette, por exemplo, que
haja referências mais
concretas às lutas internas
dos Católicos ou às
deficiências de Sacerdotes e
Religiosos. Talvez se
refira, inclusivamente, às
próprias deficiências da
alta Hierarquia da Igreja.»
«Por isso, nada disto é
alheio a outros comunicados
que a Irmã Lúcia tenha feito
sobre este assunto.»
Significativamente, a
Irmã Lúcia nunca corrigiu estas
conclusões do Padre Alonso -
quando nunca hesitou em corrigir
outras declarações de Clerigos e
de vários autores sobre Fátima,
sempre que estavam enganados.
Ora o Padre Alonso teve acesso
tanto aos documentos como à
própria Irmã Lúcia. Assim, o seu
testemunho é de importância
capital.
21
de Março, 1982 - A Irmã
Lúcia encontra-se com o Núncio
Apostólico, acompanhado por
outro Bispo e pelo Dr. Lacerda,
e informa-os dos requisitos para
uma Consagração da Rússia que
seja válida, de acordo com o
pedido de Nossa Senhora de
Fátima. Ora esta mensagem da
Irmã Lúcia não é totalmente
transmitida ao Papa pelo
Núncio, porque o Bispo que o
acompanhava lhe disse para não
mencionar o requisito de os
Bispos de todo o Mundo deverem
participar na Consagração.
12
de Maio, 1982 - Na
véspera da visita do Papa João
Paulo II a Fátima,
L'Osservatore Romano - o
próprio jornal do Papa - publica
um artigo do Padre Umberto Maria
Pasquale, S.D.B., sobre uma das
conversas que teve com a Irmã
Lúcia e sobre uma carta que ela
depois lhe escreveu a propósito
do assunto da Consagração da
Rússia. É aí que o Padre
Pasquale revela ao Mundo que a
Irmã Lúcia lhe dissera nessa
entrevista, clara e
precisamente, que Nossa Senhora
de Fátima nunca pediu a
consagração do Mundo, mas
só a consagração da Rússia. O
Padre Pasquale publica também a
reprodução fotográfica de uma
nota manuscrita, do punho da
Irmã Lúcia, a atestar este ponto
da conversa.
O
Padre Umberto Maria Pasquale,
Sacerdote salesiano bem
conhecido, conhecia a Irmã Lúcia
desde 1939 e, até este momento
(1982), tinha recebido umas 157
cartas dela. Aqui está o seu
testemunho pessoal, tal como foi
publicado em L'Osservatore
Romano:
«Gostaria de
clarificar a questão da
Consagração da Rússia, uma
vez que tenho recurso à
fonte. A 5 de Agosto de
1978, no Carmelo de Coimbra,
tive uma longa entrevista
com a vidente de Fátima,
Irmã Lúcia. A certa altura,
disse-lhe: ‘-Irmã, gostaria
de lhe fazer uma pergunta.
Se não puder responder-me,
paciência! Mas se puder,
ficaria muito agradecido se
me esclarecesse um pormenor
que também não parece claro
a muita gente... Alguma vez
Nossa Senhora lhe falou da
consagração do Mundo ao Seu
Imaculado Coração?’ ‘-Não,
Padre Umberto! Nunca! Na
Cova da Iria, em 1917, Nossa
Senhora prometeu: Eu
virei pedir a consagração da
Rússia … para impedir que
ela espalhe os seus erros
pelo Mundo, que haja guerras
entre várias nações e
perseguições à Igreja …
Em 1929, em Tuy, tal como
tinha prometido, Nossa
Senhora voltou para me dizer
que chegara o momento de
pedir ao Santo Padre que
fizesse a consagração
daquela nação (a Rússia)’ …»
Depois desta conversa, e
no desejo de ter uma declaração
por escrito da Irmã Lúcia, o
Padre Pasquale escreveu-lhe,
perguntando: «Alguma vez Nossa
Senhora lhe falou da consagração
do Mundo ao Seu Coração
Imaculado?» O Padre Pasquale
recebeu, então, da Irmã Lúcia,
uma resposta escrita, datada de
13 de Abril de 1980.
[Encontra-se, abaixo, uma cópia
reproduzida].
Aqui vai a transcrição da
secção pertinente da nota
escrita pelo punho da Irmã
Lúcia:
J+M
Rev. do Senhor P. Humberto,
“Respondendo à sua pergunta
esclareço:
Nossa Senhora, em Fátima, no Seu
pedido, só Se referiu à
consagração da Rússia.”
…
Coimbra 13 IV-1980
(assinado) Irmã Lúcia
12
de Maio, 1982 - Ainda
neste dia, a Irmã Lúcia escreve
uma carta, alegadamente «ao
Santo Padre». O documento do
Vaticano datado de 26 de Junho
de 2000 apresentará uma
reprodução fotográfica desta
carta manuscrita, afirmando que
ela foi dirigida ao Papa João
Paulo II. Todavia, uma
comparação cuidada deste
manuscrito em português (do qual
se mostra um excerto abaixo) com
as versões fornecidas pelo
Vaticano (em inglês, em italiano
e também em português) revela
que uma passagem crucial - prova
de que esta carta nunca poderia
ter sido escrita ao Papa - foi
omitida em todas as 3 versões.
Mostramos abaixo, em
reprodução fotográfica, o texto
correspondente, na versão
portuguesa, fornecido pelo
Vaticano;
Das
versões divulgadas pelo
Vaticano, foi omitido
intencionalmente o excerto
sublinhado da já mencionada
carta da Irmã Lúcia: «A terceira
parte do segredo, que
tanto ansiais por conhecer,
é uma revelação simbólica …»
Este excerto omitido
chama a atenção para o facto de
a pessoa a quem se dirigia a
carta continuar a «ansiar
conhecer (o Segredo)» – o que é
estranhíssimo, pois o Papa João
Paulo II já o teria lido: ou em
1978, dias antes de se tornar
Papa (segundo Joaquín
Navarro-Valls, secretário de
imprensa do Vaticano), ou no dia
18 de Julho de 1981 (segundo
Mons. D. Bertone). Ora, se o
Papa já leu o Terceiro Segredo
em 1981, por que razão ansiaria
conhecer o seu conteúdo em 1982?
Além do mais, como poderia a
Irmã Lúcia sequer afirmar que o
Papa ansiava conhecer o Segredo,
quando ele poderia obter o texto
quer dos arquivos do Vaticano,
quer do cofre dos aposentos
papais, em qualquer momento que
o desejasse?
E a
mesma carta continua: «E se não
vemos ainda, o facto consumado,
do final desta profecia, vemos
que para aí caminhamos a passos
largos.» Por que razão diria a
Irmã Lúcia ao Papa João Paulo
II, em 1982, que a profecia do
Terceiro Segredo poderia não ter
sido ainda cumprida, se ela já o
tivesse sido totalmente, pela
tentativa (falhada) de
assassinato do Papa, a 13 de
Maio de 1981 (como mais tarde o
Cardeal Ratzinger e o Mons.
Bertone afirmarão, a 26 de Junho
de 2000)?
13
de Maio, 1982 - O Papa
João Paulo II consagra o Mundo,
mas não a Rússia, em Fátima. Os
Bispos do Mundo não participam.
19
de Maio, 1982 - Em
L'Osservatore Romano, o
Santo Padre como explicação do
motivo de não ter consagrado a
Rússia especificamente, declara
que «tinha tentado fazer tudo o
que era possível, dentro das
circunstâncias concretas.»
Julho/Agosto 1982 - A
revista do Exército Azul,
Soul, publica uma alegada
entrevista com a Irmã Lúcia, na
qual ela supostamente afirma que
a Consagração da Rússia foi
realizada na cerimónia de 13 de
Maio de 1982.
1982-83 - Em comentário
privado a amigos e familiares, a
Irmã Lúcia nega repetidamente
que a Consagração tenha sido
feita. Tendo-lhe sido pedido,
nos inícios de 1983, que o
dissesse publicamente, a Irmã
Lúcia responde ao Padre Joseph
de Sainte Marie que precisa de
ter a «autorização oficial do
Vaticano» antes de poder fazer
tal declaração.
19
de Março, 1983 - A
pedido do Santo Padre, a Irmã
Lúcia encontra-se de novo com o
Núncio Pontifício, o Arcebispo
Portalupi, com o Dr. Lacerda e,
desta vez, também com o Padre
Messias Coelho. Durante este
encontro, a Irmã Lúcia confirma
que a Consagração da Rússia
não foi feita, porque nem a
Rússia foi mencionada como sendo
o objecto específico da
consagração, nem os Bispos do
Mundo nela participaram. Explica
ainda que não o pôde dizer
publicamente mais cedo, por
não ter tido autorização do
Vaticano.
Maio-Outubro, 1983 -
Tanto o Padre Caillon como o
Padre Gruner publicam vários
artigos apresentando a
entrevista publicada na revista
Soul de Julho/Agosto
1982 como falsa.
1984
25
de Março, 1984 - Em
Roma, diante de 250.000 pessoas,
o Santo Padre consagra novamente
o Mundo ao
Coração Imaculado de Maria; e,
logo a seguir, saindo do texto
que preparara, reza: «Iluminai
especialmente aqueles povos cuja
consagração e confiada entrega
Vós esperais de nós». Deste
modo, o Papa reconhece
publicamente que Nossa Senhora
de Fátima ainda está à
espera da Consagração da
Rússia. (Veja-se a foto de
L'Osservatore Romano na
página seguinte).
26
de Março, 1984 - O
jornal pontifício,
L'Osservatore Romano,
publica as palavras que, acima,
demos a conhecer, exactamente
como o Santo Padre as disse.
27
de Março, 1984 -
Segundo foi noticiado no
Avvenire, jornal dos Bispos
italianos, em 25 de Março, pelas
4 da tarde, três horas
depois de ter consagrado o
Mundo, o Santo Padre reza na
Basílica de São Pedro pedindo a
Nossa Senhora que abençoe
«aqueles povos para quem Vós
Mesma estais à espera
do nosso acto de consagração e
de confiada entrega». Portanto,
o Papa admite que a Consagração
da Rússia ainda não se fez.
Maio, 1984 - O Padre
Messias Coelho, perito de
Fátima, escrevendo sob um
pseudónimo, insiste publicamente
em que a Consagração ainda não
foi feita (Mensagem de
Fátima, Número 158, Maio de
1984). Manterá firmemente esta
posição até ao Verão de 1989.
10
de Setembro, 1984 - D.
Alberto Cosme do Amaral, Bispo
de Leiria-Fátima, declara numa
sessão de perguntas e respostas,
na Aula Magna da
Universidade Técnica de Viena de
Áustria: «O conteúdo (do
Terceiro Segredo) diz respeito,
unicamente, à nossa Fé ... A
perda de Fé de um continente é
pior do que o aniquilar de uma
nação; e a verdade é que a Fé
está continuamente a diminuir na
Europa». As suas observações são
publicadas na edição de
Fevereiro de 1985 da revista
Mensagem de Fátima pelo
Padre Messias Coelho.
11
de Novembro, 1984 - É
publicada na revista Jesus,
das Irmãs Paulinas, uma
entrevista do Cardeal Ratzinger
com o título “Aqui está o motivo
de a Fé estar em crise”. Essa
entrevista, publicada com
explicita autorização do Cardeal
Ratzinger, afirma que a crise da
Fé está a afectar a Igreja pelo
Mundo inteiro. Ora, neste
contexto, ele revela ter lido o
Terceiro Segredo, e que o
Segredo se refere aos
«perigos que ameaçam a Fé e a
vida do Cristão e,
consequentemente, do Mundo».
Deste modo, o Cardeal
confirma a tese do Padre Alonso,
de que o Segredo aponta para uma
apostasia, generalizada a toda a
Igreja. Na mesma entrevista, o
Cardeal Ratzinger diz que o
Segredo também refere «a
importância dos Novíssimos (os
últimos tempos/as últimas
coisas)» e que «Se [o Segredo]
não foi tornado público - pelo
menos por agora - foi para
impedir que a profecia religiosa
viesse a descambar no
sensacionalismo ...». Além
disso, o Cardeal revela que «o
conteúdo deste ‘Terceiro
Segredo’ corresponde ao que é
anunciado nas Sagradas
Escrituras e que tem sido dito,
muitas e muitas vezes, em várias
outras aparições de Nossa
Senhora, a começar por esta, de
Fátima ...»
Ora
bem: se, neste excerto da
entrevista de 1984 (cf. a foto
que na página 289 mostramos), o
Cardeal Ratzinger diz que o
‘Terceiro Segredo’ contém uma
«profecia religiosa» que não
pode ser revelada «para impedir
que viesse a descambar no
sensacionalismo», já em 26 de
Junho de 2000, o mesmo Cardeal
Ratzinger afirma que o Terceiro
Segredo se refere, unicamente, a
acontecimentos já passados (a
culminar na tentativa de
assassinato do Papa, em 1981 -
antes da entrevista de 1984) e
que não contém profecia alguma
referente ao futuro.
No dia 8 de
Dezembro de 1983, o Papa
João Paulo II escreveu a
todos os Bispos do
Mundo, pedindo-lhes que
se reunissem a ele a 25
de Março de 1984, a fim
de consagrarem o Mundo
ao Imaculado Coração de
Maria. Incluído na mesma
carta, o Papa enviava a
todos o texto da
consagração que tinha
composto. Ora, nesse dia
25 de Março de 1984, o
Papa, ao fazer a
consagração diante da
imagem de Nossa Senhora
de Fátima, afastou-se
do texto que preparara,
para incluir as palavras
que acima destacamos e
abaixo traduzimos.
Como pode ver-se, foram
publicadas em
L'Osservatore Romano
as palavras aí
acrescentadas que
indicam com toda a
clareza que, nesse
momento, o Papa sabia
que a consagração do
Mundo feita nesse dia
não ia de encontro aos
pedidos de Nossa Senhora
de Fátima. Depois de
fazer a consagração do
Mundo propriamente dita
(cf. alguns parágrafos
acima), o Papa
acrescentou as palavras
que destacamos e que
traduzimos: «Iluminai
especialmente aqueles
povos cuja consagração e
confiada entrega Vós
esperais de nós.» –
o que mostra claramente
que ele sabe que Nossa
Senhora espera que o
Papa e os Bispos Lhe
consagrem, a Ela, certos
povos: isto é, os povos
da Rússia.
Reprodução
da edição do dia 26 de Março de
1984 de L'Osservatore Romano,
com tradução, ampliada, das
palavras do Papa João Paulo II.
Os oponentes da Consagração da
Rússia, porque lhes convém,
desde 1984 até hoje, calaram não
só aquilo que o Papa, com
efeito, disse, como também que
ele não fez a Consagração da
Rússia como fora pedido por
Nossa Senhora de Fátima.
-
Que terá acontecido para obrigar
o Cardeal Ratzinger a alterar
totalmente o seu testemunho
anterior? Porque terá insinuado,
a 26 de Junho de 2000, que o
Terceiro Segredo poderia não ser
mais do que o resultado da
imaginação da Irmã Lúcia?
Acreditará ele, realmente, na
Mensagem de Fátima? Se não
acredita, poderá a sua
interpretação pessoal da
Mensagem de Fátima ser de
confiança?
1985 – 1988
Junho, 1985 - Esta
mesma entrevista da revista
Jesus de Novembro de 1984 é
agora publicada num livro
intitulado The Ratzinger
Report (O relatório de
Ratzinger) - onde,
misteriosamente, foram,
suprimidas referências cruciais
respeitantes ao conteúdo do
Terceiro Segredo. O livro é
publicado em Inglês, Francês,
Alemão e Italiano, e atinge mais
de 1.000.000 de exemplares.
Embora as revelações referentes
ao Terceiro Segredo tenham sido,
portanto, censuradas, o livro
admite que a crise da Fé - que o
Padre Alonso nos diz constar da
profecia do Terceiro Segredo -
já se despoletou, e envolve o
Mundo inteiro.
Setembro, 1985 - Em
entrevista à revista Sol de
Fátima (uma publicação de
amigos do “Exército Azul” de
Espanha), a Irmã Lúcia afirma
que a Consagração da Rússia
ainda não foi feita,
porque, mais uma vez, nem a
Rússia foi, claramente, o
objecto da consagração de 1984,
nem o episcopado do Mundo
participou.
1985 - O Cardeal
Gagnon, entrevistado pelo Padre
Caillon, reconhece que a
Consagração da Rússia ainda não
foi feita.
1986 - Maria do
Fètal refere publicamente o que
a Irmã Lúcia, sua prima, lhe
dissera: que a Consagração da
Rússia ainda não foi feita -
afirmação que Maria do Fètal
solidamente manterá até Julho de
1989.
1986-1987 - O
Padre Paul Leonard Kramer
escreve, em Junho de 1986, “The
Plot to Silence Our Lady” (O
plano secreto para calar Nossa
Senhora) e, em Abril de 1987,
como que em continuação do mesmo
tema, o artigo sob o título “The
(USA) Blue Army Leadership Has
Followed a Deliberate Policy of
Falsifying the Fatima Message”
(O comando do “Exército Azul”
dos EUA tem seguido uma política
deliberada de falsificação da
Mensagem de Fátima). Ambos os
artigos expõem a entrevista
falsificada de 1982, da revista
Soul, e as subsequentes
deturpações acerca da
Consagração pedida por Nossa
Senhora, emitidas pelo “Exército
Azul” dos Estados Unidos.
20 de Julho, 1987 -
Em breve entrevista
fora do seu convento, aquando de
uma saída para ir votar, a Irmã
Lúcia confirma ao jornalista
Enrico Romero que a Consagração
da Rússia ainda não tinha sido
feita.
25 de Outubro, 1987 -
Também o Cardeal Mayer,
numa audiência a um grupo de dez
líderes católicos, reconhece
publicamente que a Consagração
ainda não tinha sido feita de
acordo com o pedido expresso de
Nossa Senhora.
FOTO DO EXTRACTO ITALIANO
ORIGINAL
DA REVISTA “JESUS”
Aqui tem, leitor, a
reprodução fotográfica da parte
crucial da entrevista do Cardeal
Ratzinger, tal como foi aprovada
por Sua Eminência nos inícios de
Outubro de 1984 e publicada no
número de 11 de Novembro da
revista Jesus,
referente ao Terceiro Segredo.
Logo em 1985, a revista The
Fatima Crusader publicava
essa entrevista em tradução
inglesa, no no 18,
Outubro-Dezembro; republicou-a
mais recentemente, no
37, Verão de 1991, sendo a
tradução acompanhada do texto
original italiano em reprodução
fotográfica. Este no
37 de The Fatima Crusader
teve uma tiragem de um milhão de
exemplares — e o conteúdo da
entrevista sobre o Terceiro
Segredo nunca foi contestado por
ninguém. Veja-se a tradução
portuguesa na próxima página.
26
de Novembro, 1987 - Por
sua vez, num encontro privado, o
Cardeal Stickler confirma que a
Consagração ainda não foi feita,
por faltar ao Papa o apoio dos
Bispos. «Eles não lhe
obedecem.», diz o Cardeal
Stickler.
1988 - O Cardeal Gagnon
ataca o Padre Gruner, por ter
publicado o relatório do Padre
Caillon que cita a sua
declaração de 1985 em como a
Consagração ainda não tinha sido
feita. Embora o Cardeal Gagnon
admita que é verdade ter falado
com o Padre Caillon, e também
não negue a verdade do que o
relatório publica, diz que essa
conversa não era para ser dada a
público.
1989 - 1990
1989 - Mais de 350
Bispos Católicos respondem a uma
carta do Padre Gruner,
confirmando-lhe o seu desejo de
fazer a consagração da Rússia
juntamente com o Papa, tal como
foi pedida por Nossa Senhora, em
Fátima.
1989 - Segundo
estimativas conservadoras, foi
recebido no Vaticano, desde
1980, mais 1 milhão de
assinaturas, em petições de
súplica ao Papa para que,
juntamente com os Bispos, faça a
Consagração da Rússia
ao Coração Imaculado de Maria.
Julho, 1989 - Na
presença de três testemunhas, o
Padre Messias Coelho, no Hotel
“Solar da Marta”, em Fátima,
revela que o que se passa é que
a Irmã Lúcia recebera uma
“instrução” anónima proveniente
de pessoas não-identificadas da
burocracia do Vaticano,
consistindo essa “instrução” em
que tanto a Irmã Lúcia como as
outras religiosas da sua
comunidade têm de dizer agora
que a Consagração da Rússia foi
realizada na cerimónia de 25 de
Março de 1984 - embora a Rússia
nunca tenha sido mencionada, nem
os Bispos do Mundo tenham
participado.
Apresentamos aqui, pois,
a entrevista tal como foi
aprovada por Sua Eminência o
Cardeal Ratzinger, nos
princípios de Outubro.
A uma das quatro secções
da Congregação (para a Doutrina
da Fé) cabe ocupar-se das
aparições de Nossa Senhora.
«-Cardeal Ratzinger, o
Senhor Cardeal leu o chamado
“Terceiro Segredo de Fátima”,
aquele texto que a Irmã Lúcia
enviou ao Papa João XXIII e que
este, não o querendo revelar,
ordenou que fosse depositado nos
arquivos do Vaticano?» (Em
resposta, o Cardeal Ratzinger
disse:)
«-Sim, li-o.» (Uma
resposta dada com tanta
franqueza originou mais uma
pergunta:)
«-Porque não foi, então,
revelado?» (A isto, o Cardeal
deu uma resposta sumamente
esclarecedora:) «-Porque, de
acordo com a apreciação dos
Papas, não acrescenta nada de
novo (literalmente: “nada
diferente”) àquilo que cada
Cristão deve saber com respeito
à Revelação: uma chamada radical
à conversão; a absoluta
seriedade da História; os
perigos que ameaçam a Fé e a
vida do Cristão, e,
consequentemente, do Mundo. E,
também, a importância dos
‘novíssimos’ (ou seja, os
últimos acontecimentos no fim
dos tempos). Se [o Segredo] não
foi tornado público - pelo menos
por agora - foi para impedir que
a profecia religiosa viesse a
descambar no sensacionalismo.
Mas o conteúdo deste ‘Terceiro
Segredo’ corresponde ao que é
anunciado nas Sagradas
Escrituras e que tem sido dito,
muitas e muitas vezes, em várias
outras aparições de Nossa
Senhora, a começar por esta, de
Fátima, no seu conteúdo já
conhecido. Conversão e
penitência são as condições
essenciais para a ‘Salvação’.»
Depois deste desenrolar
dos acontecimentos, as diversas
testemunhas (incluindo, como se
afirma, a própria Irmã Lúcia)
começam a negar as suas
declarações anteriores de que a
Consagração não tinha sido
feita. Ora essas testemunhas
tinham anteriormente afirmado,
sem qualquer dúvida, que a
Rússia não poderia ter sido
consagrada conforme pedia a
Mensagem de Fátima, por ter
faltado a menção da Rússia pelo
seu nome e ainda a participação
dos Bispos de todo o Mundo.
Começa agora um processo
“revisionista” que altera o
pedido de Nossa Senhora, mudando
a Consagração da Rússia pela
Consagração do Mundo. Ao mesmo
tempo, forças poderosas
pertencentes ao aparelho do
poder do Vaticano começam a
atacar o Padre Gruner e o seu
apostolado, tentando
suprimi-lo(s).
Julho, 1989 - Neste
mesmo mês de Julho, o Núncio
Pontifício em Portugal é
substituído. Pouco tempo depois,
e de acordo com a “instrução”
anónima da burocracia interna do
Vaticano, é a vez da Maria do
Fètal alterar, subitamente, tudo
aquilo que dissera,
contradizendo todas as
declarações anteriores
respeitantes ao facto de sua
prima, a Irmã Lúcia, estar
convencida que a Consagração não
tinha sido feita. Agora, é Maria
do Fètal que afirma que a Irmã
Lúcia está convicta de que a
consagração do Mundo, em 1984,
satisfez o pedido de Nossa
Senhora de Fátima.
10
de Julho, 1989 - O
Padre Gruner recebe uma carta
(datada de 29 de Maio de 1989)
do novo Bispo de Avellino,
dizendo que o Cardeal Secretário
de Estado do Vaticano tem
enviado “sinais de preocupação”
acerca do trabalho do Padre
Gruner em promover a Mensagem de
Fátima - trabalho que inclui,
especialmente, a divulgação da
forma correcta de consagração da
Rússia, tal como foi pedida por
Nossa Senhora de Fátima, e o
pedido de que seja revelado, na
sua forma completa, o Terceiro
Segredo.
Em
primeiro lugar, não há
explicação possível para que a
carta tenha levado um mês a
chegar às mãos do Padre Gruner!
No entanto o Padre Gruner
responde com o devido respeito,
chamando a atenção do Sr. Bispo
para o facto de ter uma
autorização escrita de Dom
Pasquale Venezia, anterior Bispo
da Diocese de Avellino, para
estar no Canadá.
O
novo Bispo parece desconhecer
totalmente a autorização, dada
ao Padre Gruner pelo seu
antecessor, para viver fora da
Diocese de Avellino enquanto se
ocupasse do seu Apostolado de
Fátima.
24
de Julho, 1989 - O
Cardeal Innocenti escreve ao
Padre Gruner, repreendendo-o por
este recusar um “convite” para
visitar o Núncio Pontifício no
Canadá. Curiosamente, o Núncio
nunca emitira qualquer ordem
para o Padre Gruner o ir ver. O
Cardeal Innocenti ameaça,
inclusivamente, o Padre Gruner
com uma possível suspensão, a
menos que se incardinasse numa
diocese canadiana; ou, então,
que regressasse a Avellino até
30 de Setembro de 1989.
9
de Agosto, 1989 -
Inesperadamente, o Bispo Fulton,
do Canadá, envia ao Padre Gruner
uma oferta de incardinação (que
ele não solicitara), mas
impondo-lhe, como condição, que
cesse o seu trabalho de
divulgação da Mensagem de
Fátima. Como tudo leva a crer,
tal oferta de incardinação seria
resultante de pressão exercida
pelo Cardeal Secretário de
Estado do Vaticano sobre o Bispo
de Avellino, impelindo aquele,
por sua vez, a transmitir ao
Bispo Fulton a intenção
desejada.
21
de Agosto, 1989 - O
Padre Gruner responde à carta do
Cardeal Innocenti (datada de 24
de Julho de 1989 e recebida só
depois do dia 14 de Agosto),
salientando que não só o Senhor
Cardeal não tem autoridade para
interferir num assunto sobre o
qual o próprio Bispo de Avellino
não deu qualquer ordem directa,
como também que ele, Padre
Gruner, está a agir em
conformidade com a Lei da
Igreja. Por isso, o Padre Gruner
apela ao Papa contra o abuso de
autoridade por parte do Cardeal
Innocenti. Depois disso, o
Cardeal Innocenti nunca mais
respondeu nem escreveu de novo
ao Padre Gruner, tendo dado
ordens a todos no seu gabinete
para que não lhe fosse
mencionado o nome do Padre
Gruner, nunca mais.
1
de Setembro, 1989 -
The Fatima Crusader (“A
Cruzada de Fátima”) chama a
atenção para o direito que cada
Sacerdote tem de publicar a
verdade sobre a Mensagem de
Fátima. É de acordo com esta
afirmação que a resposta (de dez
páginas) do Padre Gruner ao
Cardeal Innocenti é publicada
neste número de The Fatima
Crusader.
Finais de Agosto - Princípios de
Setembro, 1989 - Dá-se
o chamado “golpe de estado” em
Moscovo - ou seja, o regime
comunista segue um esquema
anteriormente planeado com a
intenção de enganar o Ocidente.
Sabemos isso porque esse plano,
parcialmente escrito em 1958,
foi publicado em 1984 por
Anatoliy Golitsyn, desertor da
KGB e que fizera parte, em 1958,
da sessão de planeamento. O seu
livro New Lies for Old
(Mentiras novas em vez das
antigas) apresenta 148 acções,
como estando previstas no plano
dos comunistas russos na sua
estratégia para enganar o
Ocidente. Pelo ano de 1993, 139
dessas acções teriam já sido
realizadas.
Esse plano - que Golitsyn
revelou - viria a ser bem
sucedido por conseguir enganar
muitas pessoas que acreditam em
Nossa Senhora de Fátima,
levando-as a acreditar que as
mudanças meramente políticas de
1989 faziam parte do Triunfo do
Imaculado Coração de Maria,
anunciado por Nossa Senhora.
Mas, na realidade, as mudanças
ocorridas na Rússia durante o
período de 1989-2003 só vieram
mostrar um aumento de perversão
na sociedade russa - não a
conversão da Rússia.
Ora, não é por mera
coincidência que, em 1989 - no
mesmo ano em que começa o
astucioso e estratégico plano da
Rússia -, começa também uma
campanha organizada para abafar
ou alterar a Mensagem de Fátima,
que inclui intenções de
silenciar o Padre Gruner e o seu
apostolado, e começam a
aparecer, subitamente, cartas da
Irmã Lúcia escritas à máquina
(ela, que não escreve à
máquina!), a declarar que a
Consagração da Rússia foi
efectivamente realizada, em
cerimónias onde nem sequer é
mencionada a Rússia.
Agosto, 1989 - Novembro, 1989 -
Notas e cartas feitas a
computador e à máquina de
escrever, supostamente assinadas
pela Irmã Lúcia, aparecem
subitamente, a contradizer
redondamente todas as
declarações que fizera, durante
mais de 60 anos, acerca da
Consagração. Ora estes escritos
contêm erros factuais que a Irmã
Lúcia nunca poderia ter cometido
(e.g. a declaração falsa de que
o Papa Paulo VI consagrou o
Mundo ao Coração Imaculado de
Maria, aquando da sua visita a
Fátima, em 1967), bem como
fraseologia que ela nunca tinha
usado antes. Até hoje, a “Irmã
Lúcia” nunca utilizara máquinas
de escrever ou computadores (de
que não se sabe servir …) para a
sua correspondência, e, além
disso, continua a escrever tudo
o mais, inclusive as suas longas
memórias, à mão.
29
de Janeiro, 1990 - Às
oito e meia da manhã, em Fátima,
a Maria do Fètal afirma ao Padre
Pierre Caillon que «estava a
inventar», quando anteriormente
relatou a declaração da Irmã
Lúcia (sua prima) de que a
consagração do Mundo, em 1984,
não fora em conformidade com o
pedido de Nossa Senhora, que era
sobre a consagração da Rússia.
11
de Outubro, 1990 - A
própria irmã de sangue da Irmã
Lúcia, Carolina, avisa, em
Fátima, o Padre Gruner de que
pouca ou nenhuma confiança pode
ser posta em qualquer carta da
Irmã Lúcia escrita à máquina,
porque ela nem sequer sabe
escrever à máquina.
22
de Outubro, 1990 - Um
perito forense altamente
reputado indica, em relatório
escrito, que a assinatura da
Irmã Lúcia que aparece numa
carta escrita a computador, e
com data de Novembro de 1989,
foi forjada. Ora, já em Março de
1990, excertos dessa carta
tinham sido publicados por uma
revista católica Italiana que os
fez circular amplamente, sendo
citados como “prova” de que a
Consagração tinha sido feita;
aproveitada por diversos
noticiários, a versão da revista
italiana torna-se uma notícia
fraudulenta divulgada pelo Mundo
inteiro.
Novembro, 1990 - O
Padre Gruner e a Cruzada
Internacional do Rosário de
Fátima lançam uma campanha, por
todo o Mundo, para libertar a
Irmã Lúcia da sua prova de
silêncio de 30 anos, e para
animar o Santo Padre a tornar
conhecido o Terceiro Segredo de
Fátima.
1991 - até ao
presente
13
de Maio, 1991 - A Irmã
Lúcia declina o convite para ir
a Fátima durante a visita do
Papa, mas é-lhe dada ordem para
que vá, sob santa obediência. O
Papa João Paulo II visita Fátima
pela segunda vez, e tem um
encontro de meia hora com a Irmã
Lúcia. Depois desse encontro,
nem o Papa nem a Irmã Lúcia
fazem qualquer declaração acerca
de a Consagração da Rússia ter
sido feita - declaração que
teria sido feita de imediato, se
as “cartas da Irmã Lúcia” de
1989-90 (à máquina ou a
computador) fossem autênticas.
O
silêncio do Papa e da Irmã Lúcia
acerca da Consagração da Rússia
é por demais revelador: há um
evidente desacordo entre a Irmã
Lúcia e determinado sector do
aparelho do Vaticano que tem
tentado, por todos os meios,
sugerir que a Consagração da
Rússia já foi feita - pelo que
não há mais nada a dizer (ou a
fazer); e embora a Irmã Lúcia
tenha, alegadamente, concordado
em que a Consagração fora feita,
o certo é que ela continua
limitada pela ordem que lhe foi
imposta, em 1960, de se manter
em silêncio, pelo que não pode
defender-se publicamente contra
estes rumores - porque o seu
silêncio forçado continua. Os 24
volumes do Padre Alonso, com
5.396 documentos inéditos sobre
Fátima, continuam ainda
proibidos de serem publicados.
8
de Outubro, 1992 -
Realiza-se a Conferência para a
Paz, da The Fatima Crusader.
De imediato, L'Osservatore
Romano publica declarações
falsas e enganadoras do Cardeal
Sanchez e do Arcebispo Sepe, que
sugerem ser necessária uma
autorização eclesiástica para se
realizar a Conferência - quando
tal não é necessário segundo a
Lei da Igreja. Falsidades
semelhantes são publicadas,
também, na imprensa portuguesa
entre 7 e 9 de Outubro. Apesar
disso, mais de 100 Bispos
aceitam o convite e o custo das
viagens para virem a Fátima à
Conferência para a Paz. Porém,
enquanto 65 Bispos a ela
assistem realmente, outros 35
são “persuadidos” a não
assistirem, por acção do
establishment anti-Fátima e
de certos membros da Secretaria
de Estado do Vaticano.
10
de Outubro, 1992 - Uns
‘servidores’ do Santuário de
Fátima dão uma tareia ao Padre
Gruner, tendo um deles mais
tarde confessado que actuou sob
as ordens do Reitor do
Santuário, Mons. Luciano Guerra.
Quatro meses depois, Mons. Dom
Alberto Cosme do Amaral, é
aposentado do seu cargo de Bispo
de Fátima; mas o Mons. Luciano
Guerra continua como Reitor do
Santuário.
11
de Outubro, 1992 - A
Irmã Lúcia dá uma entrevista
(que levanta dúvidas) perante o
Padre Pacheco, o Cardeal
Padiyara, Mons. D. Michaelappa e
um motorista, o Senhor Carlos
Evaristo - da qual, mais tarde,
o Senhor Evaristo publica uma
versão alterada e que ele
próprio admite ter sido
«reconstruída». Entre outras
falsidades, essa “entrevista”
contém a afirmação da “Irmã
Lúcia” de que Mikhail Gorbachev,
ajoelhado diante do Santo Padre,
lhe pediu perdão pelos seus
pecados - declaração que foi
denunciada como uma falsificação
total pelo porta-voz do Papa,
Joaquín Navarro-Valls. É então
que o Padre Pacheco se apressa
a, publicamente, repudiar o
facto de a “entrevista” ser
considerada falsa.
Frère François, um
erudito de Fátima, chegou à
conclusão de que a “entrevista”,
premeditada pelo Reitor do
Santuário, tinha a finalidade de
acabar com as petições para que
se fizesse a Consagração da
Rússia. Hoje, finalmente, a
entrevista totalmente
desacreditada do Senhor Evaristo
já não é mencionada como “prova”
da alegada afirmação da Irmã
Lúcia de que a Consagração tinha
sido feita.
1992 - É publicado (com
muitas alterações) o primeiro
volume dos documentos críticos
do Padre Alonso sobre Fátima,
ficando os outros 23 volumes
fechados a sete chaves.
31
de Julho, 1993 - Um
Bispo ilustre da Índia dá
credenciais escritas do seu
desejo de incardinar o Padre
Gruner - o que, aparentemente,
iria fazer abortar qualquer
tentativa dos mandatários do
poder estabelecido anti-Fátima
do Vaticano de forçar o Padre
Gruner a regressar a Avellino,
em Itália.
3
de Novembro, 1993 - O
Bispo de Avellino, Mons. D.
Antonio Forte, confessa ao Padre
Gruner que está a ser impedido
de lhe aprovar a transferência
para fora da sua Diocese, porque
tanto o Cardeal Sanchez como o
Arcebispo Sepe, da Congregação
do Clero do Vaticano, não o
permitiram. O Cardeal Sanchez e
o Arcebispo Sepe estão a
‘manobrar’, juntamente com o
Secretariado de Estado do
Vaticano, no sentido de
silenciar o Padre Gruner e o seu
apostolado - actuações que
violam a jurisdição do Bispo de
Avellino e que não tem
fundamentação no Direito
Canónico. Nenhum outro
Sacerdote, em toda a Igreja
Católica, está a ser sujeito a
este tipo de intervenção, e só
por causa de uma transferência
de uma diocese para outra.
13
de Janeiro, 1994 -
Mons. D. Antonio Forte diz ao
Padre Gruner que nada tem contra
ele; e quando o Padre Gruner lhe
pergunta o que deve fazer, o
Bispo diz-lhe que volte para o
Canadá.
14
a 31 de Janeiro, 1994 -
O Cardeal Sanchez, o Arcebispo
Sepe e Mons. D. Antonio Forte
estão a congeminar, contra o
Padre Gruner, as últimas
“jogadas” deste “xadrez da
incardinação”: mandam-lhe
procurar outro Bispo; então,
obstruem-lhe a incardinação por
vários Bispos; e, ao mesmo
tempo, recusam-lhe a
excardinação de Avellino. Só
falta o “xeque-mate”: declaram
que, como o Padre Gruner
“falhou” por não ter conseguido
ser incardinado em outro lugar,
só lhe resta agora voltar a
Avellino ou, então, ser suspenso
do sacerdócio.
31
de Janeiro, 1994 - Em
carta enviada ao Padre Gruner,
Mons. D. Antonio Forte acusa-o
de ser um Sacerdote vagus
(errante), por não ter
saído do Canadá e regressado a
Avellino - embora, 18 dias
antes, o próprio Mons. D.
Forte tivesse dito ao Padre
Gruner que voltasse para o
Canadá. Este comportamento
inacreditável, que vem explicado
em Fatima Priest (O
Sacerdote de Fátima), continua
ainda hoje, e está ainda sob
apelação nos tribunais do
Vaticano e perante do Papa.
Outubro, 1994 - O
Secretário de Estado do Vaticano
e os Núncios Pontifícios
escrevem aos Bispos de todo o
Mundo, dando-lhes instruções no
sentido de não assistirem à
segunda Conferência para a Paz,
da Cruzada de Fátima, que iria
ocorrer no México. Além disso,
são-lhes negados os visas, e
outros obstáculos são postos no
caminho de mais de 100 Bispos
católicos que aceitaram o
convite para essa Conferência.
1995 - Numa comunicação
pessoal a um certo Professor de
Salzburgo, Áustria, chamado
Baumgartner, o Cardeal Mario
Luigi Ciappi - nada mais nada
menos que o teólogo pessoal do
Papa João Paulo II - revela que:
«No Terceiro Segredo é predito,
entre outras coisas, que a
grande apostasia na Igreja
começará pelo cimo.»
12 de Julho, 1995 -
A primeira Carta
Aberta ao Papa é publicada
em Il Messaggero, um
importante jornal diário de
Roma. Preenche duas páginas
inteiras, e protesta
publicamente contra o violento
abuso de poder, posição e
prestígio, por parte dos
burocratas anti-Fátima do
Vaticano, entre 1992 e 1994. É
assinada por dois Bispos, e por
milhares de Sacerdotes e leigos.
O Papa não reage (ou é impedido
de reagir), embora circule a
notícia, em privado, de que Sua
Santidade leu essa Carta
Aberta.
Novembro, 1996 -
A terceira Conferência
para a Paz, da Cruzada de
Fátima, teve lugar em Roma e, de
novo, todos os Bispos foram
convidados a assistir, com todas
as despesas pagas. Apesar da
constante repetição das mesmas
falsidades que, em 1992 e 1994,
foram postas a circular por
certos membros do
establishment anti-Fátima
no aparelho do poder do Vaticano
- em acção combinada com
pressões, exercidas pelo Cardeal
Gantin, por vários Núncios
Pontifícios e por outros
burocratas do Vaticano, para não
assistirem à Conferência -,
apesar de tudo isto, mais de 200
Bispos, Sacerdotes e leigos
chegam a participar.
20 de Novembro, 1996 -
A acusação canónica
apresentada pelo Padre Gruner
contra o Cardeal Sanchez, o
Arcebispo Sepe e seus cúmplices
é colocada nas mãos do Papa, tal
como se vê em fotografia
reproduzida em Fatima Priest
e publicada, a 2 de Abril
de 1998, em Il Messaggero.
26
de Fevereiro, 1997 -
Coralie Graham, editora da
The Fatima Crusader, envia
ao Cardeal Gantin uma carta
registada que contém sete
perguntas pertinentes,
respeitantes à ilegalidade das
suas tentativas de proibir tanto
Bispos como Sacerdotes de
assistirem à Conferência para a
Paz. Passados já mais de 6 anos,
essa carta (que é inteiramente
respeitosa) nunca obteve
resposta.
2
de Abril, 1998 - Uma
segunda Carta Aberta,
de duas páginas, é publicada, em
italiano, em Il Messaggero.
Desta vez, são recolhidas
assinaturas de 27 Bispos e
Arcebispos, de 1.900 Sacerdotes
e Religiosos e de mais de 15.000
leigos. Milhares de cartazes
ostentando a Carta Aberta
são afixados à volta do
Vaticano durante este ano de
1998.
Entretanto, o caso
canónico do Padre Gruner
continua a seguir pelo sistema
de tribunais do Vaticano.
Pormenores dos procedimentos
“arquitectados” e de uma
injustiça absurda são dados a
conhecer em Fatima Priest.
Durante o processo, o Arcebispo
Grochelewski, agora juiz
principal no caso (depois de o
Cardeal Agustoni ter sido
forçado a recusar esse lugar,
por parecer ter, sobre o caso,
um juízo já formado), reconhece
que, na realidade, o caso não é
sobre a incardinação do Padre
Gruner, mas sim sobre aquilo que
ele diz (acerca de Fátima). Este
é o real motivo dos numerosos e
ilícitos procedimentos sem
precedentes contra o Padre
Gruner, embora isso não conste
(por escrito) em lugar algum dos
autos. É sabido que um princípio
básico da justiça natural é que
todo o acusado tem de ser
informado das acusações precisas
feitas contra ele, para se poder
defender. Então, pôr o Padre
Gruner em tribunal por uma
alegada “ofensa” referente à sua
incardinação, quando o
verdadeiro assunto é aquilo que
ele diz acerca da Mensagem de
Fátima, é ridicularizar este
princípio legal.
Outubro, 1998 -
As várias mentiras, insinuações
e acusações contra o Padre
Gruner são sumariadas num longo
documento acusatório. Quem o
prepara e promulga é um Promotor
de Justiça nomeado expressamente
pelo aparelho do poder do
Vaticano, para preparar um
sumário (supostamente
“imparcial”) das posições
canónicas de ambas as partes. É
dito ao Padre Gruner que não
pode sequer ter uma cópia deste
documento “imparcial,” a menos
que preste um juramento de
completo sigilo. Este estranho
pedido é emanado do próprio
Tribunal. (Uma cópia
desta exigência do tribunal em
guardar sigilo está disponível a
qualquer Bispo que a peça.)
Como o Padre Gruner se
recusa a prestar esse juramento
de sigilo, vê-se obrigado a
examinar o documento do Promotor
na presença do seu advogado
canónico - que, para esse
efeito, tem de ir de Roma ao
Canadá e, depois, regressar a
Roma com o documento, sem deixar
uma cópia.
10 de Outubro, 1998 -
O documento do Promotor
revela, pela primeira vez, a
existência de umas 20 cartas que
circulam em segredo contra o
Padre Gruner e o seu apostolado.
Essas cartas, cheias de falsas
interpretações e de mentiras
mais que evidentes, provêm de
certos membros da Congregação do
Clero, do Secretariado de Estado
do Vaticano e até mesmo da
Congregação do Cardeal
Ratzinger, e vêm já desde os
inícios dos anos oitenta.
10
de Dezembro, 1998 - Apesar dos
obstáculos (quase impossíveis de
transpor) e de um tempo muito
limitado para a resposta,
o Padre Gruner entrega
para apreciação uma resposta
canónica de oitenta páginas ao
documento do Promotor, a
refutar, de modo conclusivo,
todas as suas alegações: o
documento do Promotor nunca mais
é mencionado pelo Tribunal.
Dezembro, 1998 - Por
correio registado, o Padre
Gruner pede que lhe enviem cópia
daquelas cerca de 20 cartas,
dimanadas, contra si, da
Congregação do Clero e do
tribunal - cartas que nunca lhe
são fornecidas. É nas suas
costas que continuam a circular
mentiras que impedem grandemente
os seus esforços de persuadir os
Bispos de que a Consagração da
Rússia tem de ser feita de
maneira correcta, para evitar a
aniquilação de nações, tal como
adverte Nossa Senhora de Fátima.
Agosto, 1999 - O Padre
Gruner fornece ao Bispo de
Avellino uma nova prova
documental que demonstra que ele
está incardinado: não em
Avellino, mas em outro lugar.
3
de Setembro, 1999 - A
Signatura Apostólica publica uma
decisão, pós-datada como tendo
sido de 10 de Julho de 1999. A
manifesta carência de
fundamentos de que a decisão dá
provas é demonstrada quer por um
capítulo de Fatima Priest,
“A Law For One Man” (Uma lei
para um só homem), quer por
documentos anexados à refutação
que o Padre Gruner fará a 14 de
Outubro de 1999 (reproduzido
também em Fatima Priest,
edição de 2000) - a que a
Signatura Apostólica não dá
qualquer resposta. Entretanto,
sendo pressionado, o terceiro
advogado canónico do Padre
Gruner acaba por se voltar
contra ele (o mau comportamento
dos dois primeiros canonistas é
igualmente pormenorizado em
Fatima Priest). É útil
saber que, para defender 400.000
Sacerdotes católicos na
Signatura, são só permitidos 16
canonistas; daí, ser fácil
exercer pressão sobre estes
advogados, ameaçando-os de lhes
ser impedido o acesso a esse
Tribunal.
12 a 18 de Outubro, 1999
- A “Conferência para a
Paz” promovida pelo apostolado
em Hamilton, Ontário (Canadá), é
sujeita às mesmas formas de
perseguição, de abuso de
autoridade e de falsidades
calculadas - as mesmas
que impediram as anteriores
conferências do apostolado sobre
Fátima. Assistem alguns
Bispos e Sacerdotes, mas em
número reduzido: é que foi
muitíssimo difícil divulgá-la
junto de Sacerdotes e Bispos,
devido à campanha do Vaticano
para denegrir a reputação do
Padre Gruner e do seu
apostolado. Tomam parte da
Conferência mais de 300 pessoas,
na sua maioria, leigos.
22 de Novembro, 1999 -
O Padre Gruner envia ao
Papa uma segunda acusação
canónica, registada, e da
estação de correios do Vaticano.
Esta queixa envolve o nome dos
Cardeais Agustoni, Innocenti e
Sanchez, os Arcebispos Sepe e
Grochelewski, e Mons. D. Antonio
Forte.
Dezembro, 1999 -
O segundo volume dos
manuscritos do Padre Alonso é
finalmente publicado, mas
tremendamente modificado. Os
outros 22 volumes continuam por
publicar (passados 25 anos),
embora em 1975 estivessem já
totalmente prontos para
imprimir.
20
de Abril, 2000 - O
Padre Gruner invoca a lei 1506
do Direito Canónico, segundo a
qual o Papa é obrigado a aceitar
as acusações canónicas contra os
referidos Cardeais e Bispos.
Assim, as acusações são
consideradas aceites sob o
Direito Canónico - em Maio de
2000, quando tinha já passado o
prazo limite. Apesar de obrigado
a responder pela lei que ele
mesmo promulgou, o Papa não o
faz, quando até mesmo ele deve
obediência à Lei prevalecente da
Igreja, até ao momento em que
ele próprio venha a promulgar
uma nova lei que substitua a
anterior.
13
de Maio, 2000 - Durante
as cerimónias de Beatificação
dos Pastorinhos Jacinta e
Francisco, o Cardeal Sodano
anuncia que o Terceiro Segredo
de Fátima será revelado. (Já
anteriormente o Secretariado de
Estado tinha tentado afastar de
Fátima as cerimónias de
Beatificação, deslocando-as para
o Vaticano e incluindo-as numa
cerimónia de beatificação de
grupo que envolvia outros
Beati sem qualquer relação
com as aparições de Fátima.)
Todavia, o “Terceiro
Segredo” que é revelado é uma
versão enganadora, pois o
Cardeal Sodano afirma que ele
consiste numa visão, na qual «o
Papa cai por terra, como morto».
Ora, o verdadeiro texto da visão
(que será revelado no mês
seguinte) afirma que o Papa é
assassinado. O Cardeal
Sodano está claramente a
preparar o caminho para uma
“interpretação” errada, segundo
a qual o culminar do Terceiro
Segredo se deu em 1981, com o
atentado (frustrado) contra a
vida do Papa, e que todos os
acontecimentos profetizados no
Segredo - e passo a citar:
«pereçam pertencer já ao
passado».
5
de Junho, 2000 - Neste
dia o Cardeal Castrillón Hoyos
assina uma carta ameaçando o
Padre Gruner com uma
«excomunhão», para a qual não há
qualquer fundamento. A carta é
entregue em casa do Padre Gruner
por um emissário do Vaticano, no
dia 21 de Junho, às 10 horas da
noite. E esse emissário,
enquanto se dirige para a sala
de estar do Padre Gruner, mente
ao dizer que trazia boas
notícias “do Santo Padre”.
26
de Junho, 2000 - Numa
conferência de imprensa, o
Vaticano publica um texto que,
segundo afirma, é a totalidade
do Terceiro Segredo: o texto
descreve uma visão na qual o
Papa (um «Bispo vestido de
Branco») é assassinado
por um pelotão de soldados que o
abatem a tiro, estando ele
ajoelhado aos pés de uma grande
cruz de madeira situada no cimo
de um monte, e depois de ter
atravessado uma cidade meio
arruinada e cheia de cadáveres.
À execução do Papa segue-se a
execução de muitos Bispos,
Sacerdotes e leigos.
As
perguntas abundam. (Veja-se o
artigo de Andrew Cesanek em
The Fatima Crusader, nº
64.) Uma dessas perguntas é:
-Por que razão é que o relato da
visão, dado a público, não
contém palavras de Nossa
Senhora? Até porque o próprio
Vaticano, ao anunciar que o
Segredo não seria revelado em
1960, se referiu às «palavras
que Nossa Senhora confiou aos
três pastorinhos como segredo.»
Esse relato da visão omite as
palavras que vêm imediatamente a
seguir a: «Em Portugal se
conservará sempre o dogma da Fé
etc.» - frase que a Irmã Lúcia
incluiu na sua quarta memória
como parte do texto integral do
Terceiro Segredo de Fátima. Ora,
essa frase acerca do dogma da Fé
em Portugal é misteriosamente
“despromovida” a nota de rodapé
no comentário do Vaticano sobre
o Segredo, tendo sido ignorada
tanto pelo Cardeal Ratzinger
como por Mons. D. Bertone,
co-autores do comentário.
Na
parte do comentário que redigiu,
o Cardeal Ratzinger declara,
especificamente, que ele e
Monsenhor D. Bertone seguem a
“interpretação” do Cardeal
Sodano: i.e., que a Mensagem de
Fátima (e o Terceiro Segredo em
particular) se relaciona
inteiramente com acontecimentos
que, agora, pertencem ao
passado. Assim sendo, o Cardeal
Ratzinger afirma que o facto de
o Papa ter escapado à morte em
1981 é o que a visão representa:
o Papa a ser morto. Até
os próprios meios de
comunicação social leigos
reconhecem a falsidade desta
interpretação.
O
texto da visão agora dado a
público não contém nenhum
dos elementos descritos
pelo Cardeal Ratzinger na
entrevista, misteriosamente
censurada na revista Jesus,
de 1984: nada se diz sobre «os
perigos que ameaçam a Fé e a
vida do Cristão, e,
consequentemente do Mundo», nem
sobre «a importância dos
‘novíssimos’», nem sobre o que
está contido em «várias outras
aparições de Nossa Senhora»
aprovadas pela Igreja, nem sobre
as profecias «anunciadas nas
Sagradas Escrituras». Além
disso, enquanto em 1984 (três
anos depois do atentado
à vida do Papa) o Cardeal
Ratzinger diz que o Terceiro
Segredo contém «uma profecia
religiosa», agora vem afirmar
que não se trata de profecia
nenhuma, mas apenas de uma
descrição de acontecimentos do
passado, que culminam na
tentativa de assassinato de
1981.
Ainda por cima, o
comentário do Cardeal Ratzinger
escandaliza gravemente os Fiéis,
ao afirmar que o Triunfo do
Coração Imaculado de Maria não é
mais do que a vitória do amor
sobre as bombas e as armas, e
que a devoção ao Coração
Imaculado de Maria nada mais
significa do que fazer cada
pessoa a vontade de Deus,
adquirindo para si, deste modo,
um ‘coração imaculado’. Quanto à
conversão da Rússia ao
Catolicismo e à difusão por todo
o Mundo da devoção ao (único)
Imaculado Coração de Maria, nem
sequer são mencionados no
comentário do Cardeal Ratzinger.
A
única “autoridade” acerca de
Fátima a que Ratzinger se refere
é o Padre Édouard Dhanis, S.J.,
um Jesuíta modernista que gastou
vários anos a insinuar a dúvida
sobre os elementos proféticos da
Mensagem de Fátima no que diz
respeito à Rússia. Dizia ele que
esses elementos da Mensagem eram
invenções piedosas da Irmã
Lúcia. Resta dizer que o Padre
Dhanis se recusou a estudar os
arquivos oficiais de Fátima ou a
consultar outros documentos
privados que estariam à sua
disposição, só para não ter que
desdizer a sua falsa tese.
Seguindo os erros do Padre
Dhanis, que reduzem Fátima a uma
piedade genérica sem qualquer
profecia de acontecimentos
futuros, o Cardeal Ratzinger
conclui a parte do comentário da
sua autoria afirmando que toda a
Mensagem de Fátima se resume a:
oração e penitência.
Depois, a pasmosa
afirmação de Mons. D. Bertone,
assessor do Cardeal Ratzinger na
elaboração deste comentário
(parcialmente reproduzida na
foto acima, extraída do folheto
do Vaticano A Mensagem de
Fátima), mostra quão
profundamente tanto Mons.
Bertone como todo o
establishment anti-Fátima
caíram no erro e no
revisionismo. Diz ele que a
promessa de Nossa Senhora, de
que seria concedido aos homens
um período de Paz, estava
dependente de ser tornado
público o Terceiro Segredo - o
que é falso. O que Nossa Senhora
disse foi que seria concedido ao
Mundo um período de paz,
só quando a Rússia
tivesse sido consagrada ao Seu
Coração Imaculado e,
consequentemente, se tivesse
convertido. Quem não
tivesse visto, impressas, as
palavras de Mons. D. Bertone,
teria duvidado que qualquer
teólogo católico ou qualquer
elemento do Clero, em plena
lucidez, avançasse uma
interpretação tão falsa e tão
grave da Mensagem de Fátima: em
vista do actual estado do Mundo,
a afirmação de Mons. D. Bertone
de termos chegado ao fim de «um
pedaço de história, marcado por
trágicas veleidades humanas de
poder e de iniquidade» toca as
raias da mais completa tolice.
Pensará ele que vivemos hoje uma
época de paz e de tranquilidade?
Além de tudo isto, Mons.
Bertone chega a afirmar, na sua
parte do comentário, que «é sem
fundamento» qualquer pedido de
Consagração da Rússia. Como
única prova daquilo que afirma,
cita uma pretensa “carta da Irmã
Lúcia” dirigida, em 1989, a um
destinatário não identificado -
“prova” que se destrói a si
mesma por (falsamente) declarar
que o Papa Paulo VI, aquando da
sua visita a Fátima em 1967,
consagrou o Mundo inteiro ao
Coração Imaculado de Maria,
coisa que nunca aconteceu. E a
Irmã Lúcia nunca poderia ter
cometido um tal erro, uma vez
que assistiu, na totalidade, à
breve visita a Fátima do Papa
Paulo VI.
Por
incrível que pareça, a Irmã
Lúcia foi a única pessoa que não
participou na “revelação”
pública do Terceiro Segredo, a
26 de Junho de 2000: ainda não
lhe é permitido falar, embora se
diga publicamente que a Mensagem
de Fátima foi totalmente
revelada e que agora já não há
mais nada oculto; nunca foi
pedido o seu testemunho (que
seria crucial) sobre a
Consagração da Rússia, embora
tanto os Cardeais Sodano e
Ratzinger, como o Mons. D.
Bertone e outros membros do
aparelho do poder do Vaticano
tivessem estado em Fátima
semanas antes, e lhe pudessem
ter falado acerca do assunto. Só
a carta de 1989 - que, como
vimos, não merece crédito algum
- é a única evidência em que,
expressamente, assenta a
confiança destes funcionários do
Vaticano para a sua pretensão de
que a Consagração foi,
realmente, feita. Ora, é curioso
verificar que até hoje, nunca
ninguém pediu à Irmã Lúcia para
declarar a autenticidade desta
carta.
Ao
concluir esta conferência de
imprensa (26 de Junho de 2000),
o Cardeal Ratzinger menciona o
Padre Gruner pelo seu nome,
afirmando que ele tem de se
submeter ao «Magistério da
Igreja», quanto ao que foi
afirmado a respeito de Fátima e
da Consagração da Rússia. No
entanto, não há qualquer
afirmação do Papa no sentido de
ele próprio ter proclamado a
Consagração como já feita e dada
por concluída. Também o
Papa não assume qualquer papel
nem nesta conferência de
imprensa de 26 de Junho, nem no
comentário de Ratzinger/Bertone:
logo, não se trata de um
documento do Magistério da
Igreja (da função doutrinal do
Papa, ou do Papa juntamente com
todos os Bispos em união com
ele) - pelo que ninguém tem a
obrigação de acreditar na
interpretação de Ratzinger e
Bertone. Aliás, o próprio
Cardeal Ratzinger o admite.
11/12 de Julho, 2000 -
O Padre Gruner continua a
oferecer resistência à infundada
ameaça de excomunhão feita pelo
Cardeal Castrillón Hoyos, e
publica a resposta que lhe
dirige. É de notar que o Padre
Gruner é o único Sacerdote a
sofrer um ataque público tão
directo por parte de um Cardeal
do Vaticano; e que, por outro
lado, o Vaticano fecha os olhos
aos inúmeros Sacerdotes que, em
todas as nações, espalham
heresias e se entregam a
comportamentos inexprimivelmente
escandalosos.
14
de Julho, 2000 - O
Padre Gruner tem notícia de que
o Cardeal Castrillón Hoyos dá
ordens a vários Núncios para
que, de todo o Mundo,
chovam falsas acusações
flagelando o Padre Gruner: o
Núncio das Filipinas, por
exemplo, faz circular a mentira
de que o Padre Gruner forjou
documentos do Secretariado de
Estado do Vaticano, para
implicar o Vaticano na aprovação
do seu apostolado – coisa
manifestamente absurda. Todas
estas mentiras são refutadas na
declaração publicada pelo
apostolado. (Veja-se Fatima
Priest.) O Padre Gruner
pede repetidamente ao Cardeal
Castrillón Hoyos que se
retracte, quanto à falsa
acusação que lhe fez de ter
falsificado documentos. O
Cardeal não faz mais do que
ignorar esses pedidos e, em vez
de se retractar, apenas altera a
acusação transformando-a num
alegado “uso inapropriado” de
documentos genuínos,
recusando-se, assim, a admitir
que a acusação anteriormente
feita tinha sido uma mentira.
Todas as acusações do Cardeal
Castrillón Hoyos se encontram
refutadas na resposta do
apostolado; no entanto, ele
recusa-se a retractar qualquer
uma das suas falsas alegações.
15 de Julho, 2000 -
O número 64 de The
Fatima Crusader é publicado
pelo Padre Gruner. Este número
demonstra que o texto do
Terceiro Segredo que foi
revelado a 26 de Junho está
incompleto. (Veja-se,
especialmente, o artigo sobre a
existência de dois textos, por
Andrew Cesanek. Há cópias
disponíveis deste artigo em
Italiano, Inglês, Espanhol,
Frances e Português, no site
de Fátima na Internet:
www.fatima.org. Veja-se também o
capítulo 12.)
8 de Agosto a 16 de
Outubro, 2000 - O
Cardeal Castrillón Hoyos não só
se recusa a retirar a ameaça de
excomunhão, como, a meados de
Outubro, diz que vai entregar o
assunto a uma «mais alta
autoridade». Recusa-se a
identificar quem seja essa «mais
alta autoridade», mas é evidente
que se trata do Secretário de
Estado do Vaticano.
31
de Agosto, 2000 - Padre
Gruner apresenta ao Santo Padre
um segundo memorando, acerca da
sua queixa canónica e do recurso
ao Papa contra os Cardeais
Innocenti, Sanchez e Agustoni,
os Arcebispos Sepe e
Grochelewski, e Mons. D. Antonio
Forte, ao abrigo da Lei 1506 do
Direito Canónico, com o
fundamento de abuso de poder e
violação do devido procedimento
canónico. A acusação faz notar
que (a menos que / e até que o
Papa promulgue uma nova lei) o
próprio Papa é obrigado, pelas
leis que já promulgou, a ouvir o
caso.
8
de Outubro, 2000 - Uma
nova consagração do Mundo, mas
não da Rússia, é realizada no
Vaticano, numa cerimónia chamada
uma “dedicação”. Embora os
propagandistas anti-Fátima digam
que a Consagração da Rússia é
impossível, cerca de 1.400
Bispos e 76 Cardeais estão, a
esta data, reunidos no Vaticano,
e podem facilmente mencionar a
Rússia pelo seu nome durante a
“dedicação”. Na verdade, alguns
Bispos pensam que é exactamente
isso que vão fazer; mas o texto
da dedicação, tornado público só
na véspera da cerimónia, a 7 de
Outubro, não faz qualquer
referência à Rússia. Menciona,
sim, uma «dedicação» do Mundo,
«dos desempregados», «da
juventude que busca um sentido
para a vida» e outros objectos
de «dedicação» - tudo e todos,
menos a Rússia.
30
de Novembro, 2000 - A
revista Inside the Vatican
revela que um Cardeal,
referido como «um dos
conselheiros mais próximos do
Santo Padre» confessa que Sua
Santidade foi aconselhado a não
mencionar a Rússia em qualquer
cerimónia de consagração, porque
isso ofenderia os Ortodoxos
Russos. Deste modo foi
confirmado, por um prelado do
Vaticano, que foi a
Ostpolitik e a diplomacia
do Vaticano que impediram a
Consagração específica da
Rússia.
20
de Dezembro, 2000 - A
esta data, o Padre Gruner acaba
a redacção de uma queixa
canónica, que dirige a Sua
Santidade o Papa João Paulo II,
contra o Cardeal Castrillón
Hoyos, por crimes contra a Lei
da Igreja; e pede formalmente,
utilizando a devida fórmula
canónica, a demissão do referido
Cardeal do lugar que ocupa. Para
tanto, invoca os Cânones 1405,
1406 e 1452 §1, ao abrigo dos
quais o único juiz competente em
tais casos é o Papa, e que o
Papa é obrigado a decidir a
queixa.
16
de Maio, 2001 - Como um
reflexo do crescente cepticismo
de milhões de Católicos, Madre
Angélica declara, nesta data, no
programa (em directo) que mantém
na televisão nos E.U.A., que não
acredita que o Vaticano tenha
revelado a totalidade do
Terceiro Segredo:
«Com respeito ao
Segredo, acontece que eu
sou uma daquelas pessoas que
pensa que não nos foi
revelado na totalidade.
Já lhes digo! Claro que cada
um tem o direito à sua
própria opinião, não é,
Senhor Padre? Pois esta é a
minha opinião. É que eu
acho que [o Terceiro
Segredo] é assustador.
E penso que a Santa Sé não
iria anunciar qualquer coisa
de que não há a certeza que
aconteça, mas que talvez vá
acontecer. Então, que fará
[a Santa Sé] se tal não se
realizar? O que eu quero
dizer é que a Santa Sé não
possui, em si mesma, os
meios que lhe permitam fazer
profecias.»
30
de Agosto, 2001 - O
Centro de Fátima envia uma carta
a milhares de jornalistas e
líderes mundiais, contendo o
seguinte aviso, à luz da
Mensagem de Fátima:
«Virá um dia, e mais
cedo do que se pensa, em que
as bombas começarão a
explodir, mesmo nas regiões
‘pacíficas’ do Mundo.»
11
de Setembro, 2001 -
Terroristas tomam de assalto
dois aviões e lançam-nos de
encontro às torres gémeas do
World Trade Center, em Nova
York, provocando o seu total
desmoronamento. Outro avião,
igualmente desviado, vai
despenhar-se sobre o Pentágono.
Mais de 3.000 pessoas são
mortas, no acto terrorista mais
sangrento que o Mundo jamais
viu. Este acto de guerra é uma
prova cabal de que a Consagração
da Rússia, que Nossa Senhora
prometeu traria a Paz ao Mundo,
ainda não foi feita - embora o
establishment
anti-Fátima insista que a
Mensagem de Fátima já foi
plenamente cumprida com a
consagração do Mundo em 1984, e
que o triunfo do Imaculado
Coração de Maria está iminente.
12
de Setembro, 2001 –
Pondo a claro a sua
estranhíssima obsessão pelo
Padre Gruner e pelo seu
apostolado de Fátima, o Gabinete
de Imprensa do Vaticano,
pressionado por certos
funcionários, publica, logo
no dia a seguir ao pior
ataque terrorista da História,
uma “Declaração” a todo o Mundo,
dizendo que o Padre Gruner foi
“suspenso” do sacerdócio, e que
ninguém deve tomar parte numa
conferência para a paz
relacionada com Fátima e
organizada pelo apostolado em
Roma, de 7 a 13 de Outubro de
2001. Mais se afirma que essa
“Declaração” foi divulgada por
«um mandato de uma mais alta
autoridade». O artigo indefinido
uma, cuidadosamente
inserido na frase «uma
mais alta autoridade», indica
claramente que a “autoridade” em
questão não é a mais alta
“autoridade” da Igreja - ou
seja, o Papa. A expressão “uma
mais alta autoridade” é a voz
subtil do Vaticano, na pessoa do
Secretário de Estado - o Cardeal
Sodano. Mas em toda e qualquer
circunstância, dentro da lei da
Igreja, um “mandato” emanado por
um anónimo é nulo e sem qualquer
força legal.
Mais: a “Declaração” não
fornece bases para a dita
“suspensão” do Padre Gruner, não
havendo outra fundamentação que
não seja a acusação, falsa, de
que ele não se esforçou por
conseguir encontrar outro Bispo
que o quisesse incardinar, pelo
que deve “regressar” a Avellino,
após 23 anos. Esta “falha” que é
apontada ao Padre Gruner é
exactamente a mesma que a
burocracia do Vaticano tinha
engendrado aquando da sua
interferência (sem precedentes)
nas ofertas de incardinação
apresentadas, ao longo dos anos,
por uma série de Bispos - todos
eles amigos do Padre Gruner e
desejosos de encorajar o seu
trabalho de apostolado.
O
aviso proveniente do Vaticano
afirma que esta Conferência de
Roma, não «goza da aprovação da
autoridade eclesiástica» -
declaração, evidentemente,
calculada para enganar, pois
estes funcionários do Vaticano
sabem perfeitamente que não é
precisa aprovação nenhuma ao
abrigo da Lei da Igreja (Cânones
212, 215, 278, 299), que garante
o direito natural de Clerigos e
leigos se associarem para
discutirem assuntos preocupantes
no seio da Igreja. Por incrível
que pareça, os funcionários do
Vaticano nunca tomaram medidas
tão drásticas; ou, melhor, nunca
tomaram quaisquer medidas para
impedir as inúmeras conferências
ou outros encontros que
constantemente e por toda a
parte se realizam, no seio da
Igreja, por iniciativa de
Sacerdotes, Religiosas e leigos
- e que divergem abertamente da
sã doutrina Católica. Quer isto
dizer que estes mesmos
funcionários parecem ver na
Mensagem de Fátima a maior
ameaça à Igreja actual.
O
facto de o Vaticano aumentar a
perseguição ao Padre Gruner
apenas algumas horas depois de
milhares de Americanos terem
sido chacinados num ataque
terrorista sem precedentes
demonstra - para além de
qualquer dúvida - a total
perversidade da oposição à
Mensagem de Fátima por parte de
certos elementos da burocracia
do Vaticano: nem a propagação de
heresias, nem os inúmeros
escândalos sexuais que têm
envolvido membros do Clero
durante os últimos quarenta
anos, nunca provocaram uma tal
reacção destes mesmos elementos
do Vaticano, de quem, por
obrigação e dever, se espera que
protejam a Igreja dos seus
verdadeiros inimigos. É um
mistério de iniquidade que o
primeiro imperativo destes
funcionários do Vaticano, embora
no meio do derramamento de
sangue e da apostasia que se
multiplicam pelo Mundo inteiro,
se tenha tornado a supressão da
Mensagem de Fátima - o único
meio pelo qual esse derramamento
de sangue e essa apostasia podem
ser evitados.
13
de Setembro, 2001 - O
Centro de Fátima responde à
“Declaração” publicada pelo
Gabinete de Imprensa do
Vaticano, fazendo notar, entre
outras coisas, que o Padre
Gruner parece ter sido o único
Sacerdote que, na memória viva
da Igreja, foi denunciado
publicamente ao Mundo devido a
uma “ofensa” não especificada,
por «uma mais alta autoridade» -
que, afinal, ninguém sabe quem
é.
21
de Setembro, 2001 -
Depois de ter recebido uma
«chamada telefónica
eclesiástica» de alguém da
burocracia do Vaticano (como
depois confessou em privado),
uma funcionária da Universidade
Católica do Sagrado Coração, em
Roma, envia uma carta a avisar
que não atenderão ao contrato
com o apostolado para obter
facilidades para a Conferência
para a Paz no Mundo, de 7 a 13
de Outubro de 2001, em Roma -
recusando-se, assim, a honrar o
seu contrato escrito. Tudo isto
menos de três semanas antes do
começo da Conferência, e depois
de o apostolado ter gasto mais
de 100.000 dólares em
publicidade e preparativos
diversos. Pressionada para que
dê uma explicação para esta
dissolução do contrato, a
Universidade Católica do Sagrado
Coração responde que tinha
(subitamente, surgiu-lhe essa
urgência imprevisível de
organizar uma «inspecção
estrutural» das condições que
poderia oferecer - inspecção que
decorreria, precisamente,
durante a semana prevista para a
Conferência do apostolado!
28
de Setembro, 2001 - O
Padre Gruner recebe uma carta
datada de 24 de Agosto de 2001
directamente do Bispo Dziwisz,
secretário pessoal do Papa, que
é reproduzida fotograficamente,
assim como a sua tradução
portuguesa, na página seguinte.
Nesta carta, o Bispo Dziwisz
deseja calorosamente ao Padre
Gruner o melhor êxito para a já
próxima Conferência, em Roma,
sobre Fátima e a Paz no Mundo, e
a expressar a sua pena por não
estar presente na Conferência
devido ao Sínodo dos Bispos - a
ocorrer exactamente ao mesmo
tempo. Ora a expressão de apoio
e os desejos de bom sucesso
dirigidos ao Padre Gruner pelo
Senhor Bispo Dziwisz - que tem
exercido as funções de
secretário pessoal do Papa João
Paulo II há já uns bons 35 anos
e que, para o Santo Padre, é
como um filho - demonstram bem
que a denúncia (sem fundamento)
do Padre Gruner, publicada a
“mando de uma mais alta
autoridade” em 12 de Setembro de
2001, nunca poderia ter sido
emanada da Casa Pontifícia.
Logo, resta o Cardeal Sodano
como a única outra “mais alta
autoridade” que poderia ter
instigado tão infundada
denúncia.
25
de Outubro, 2001 - O
Cardeal Ratzinger admite haver
uma “desestabilização [d]o
equilíbrio interno da Curia
Romana” devido ao conteúdo
de uma carta da Irmã Lúcia
dirigida ao Papa (logo a seguir
ao ataque terrorista de Nova
York, a 11 de Setembro)
respeitante ao Terceiro Segredo
e aos perigos que ameaçam o
Mundo e a própria pessoa do
Papa. Ratzinger não nega
explicitamente a existência
desta carta. Ora o facto de o
admitir indica que a onda de
cepticismo que envolve a
revelação feita pelo Vaticano da
alegada Terceira Parte da
Mensagem de Fátima se estende,
visivelmente, ao interior da
própria Cúria.
Dezembro, 2001 - O
Padre Gruner dá uma entrevista à
Directora da The Fatima
Crusader num artigo
intitulado “Não dispare sobre o
mensageiro”. Destaca-se a
seguinte declaração: «A lei de
Deus e a própria lei da Igreja
Católica (o Direito Canónico)
dizem claramente [vejam-se os
Cânones 221, 1321, 1323] que, na
Igreja Católica, nenhum
Sacerdote pode ser castigado com
punição alguma se esse Sacerdote
não cometeu um acto criminoso,
ou uma transgressão da lei ou de
algum preceito da Lei
Eclesiástica. Uma vez que o
Padre Gruner jamais cometeu um
tal crime ou transgressão, é
absolutamente claro e certo que
o Padre Gruner não está suspenso
a divinis. Qualquer um,
mesmo um Cardeal, que diga que o
Padre Gruner está suspenso, ou
está mal informado ou é mal
intencionado.»
Castel
Gandolfo, 24 de Agosto de 2001
“Reverendo Padre:
“Na
carta do passado dia 10 de Julho
convidou-me V. Rev.ª a
participar na Quinta Conferência
para a Paz no Mundo que terá
lugar em Roma, de 7 a 13 de
Outubro.
“Agradeço-lhe vivamente e
até este momento mantenho a
esperança de que esta reunião,
que aborda um tema tão
importante como a Paz no Mundo,
seja coroada de grande êxito.
“Não me será possível
estar presente nesse evento
porque, nessa altura, o Sínodo
de Bispos estará a decorrer
aqui, no Vaticano.
“Com cordiais saudações,
e na esperança de que Nosso
Senhor, pela intercessão de
Nossa Senhora de Fátima, conceda
a todos todo o Bem que desejam.”
(Assinado)
(Bispo)
† Stanislaw Dziwisz
20
de Dezembro, 2001 - Em
resposta ao crescente cepticismo
público sobre a totalidade da
revelação do Terceiro Segredo
pelo Vaticano, é subitamente o
próprio aparelho de Estado do
Vaticano que sai a público com
uma “entrevista” secreta da Irmã
Lúcia, supostamente conduzida
pelo Arcebispo Bertone - e
efectuada mais de um mês antes
(a 17 de Novembro) no Convento
das Carmelitas em Coimbra. Essa
“entrevista” consiste -
unicamente - no relato de
Bertone, em Italiano, sobre
aquilo que a Irmã Lúcia
supostamente terá dito em
Português. Segundo o que diz
Bertone, a Irmã Lúcia terá dito
que a Consagração do Mundo feita
em 1984 foi “aceite pelo Céu”
(com que fundamento foi “aceite”
é que ela não disse), e que
“tudo tinha sido publicado”.
Essa “entrevista”, que
Bertone afirma ter-se prolongado
por duas horas, contém
apenas 44 palavras
alegadamente provindas da boca
da Irmã Lúcia, respeitantes aos
assuntos em controvérsia (a
Consagração da Rússia e o
Terceiro Segredo). Não é
facultada qualquer transcrição
ou outro registo independente
dessa “entrevista”, tornando
impossível determinar com
precisão que perguntas terão
sido feitas à Irmã Lúcia durante
um interrogatório de duas horas
à porta fechada, ou qual o
contexto em que se encontram
inseridas essas tais 44 palavras
que ela alegadamente pronunciou
durante essas duas horas - das
quais não há qualquer registo
gravado. [As inúmeras
circunstâncias suspeitas desta
“entrevista” secreta
encontram-se analisadas no
artigo intitulado “Deixem-nos
ouvir a Testemunha, pelo amor de
Deus!”, do Dr. Christopher A.
Ferrara, no Número 70 do The
Fatima Crusader (Primavera
de 2002). Veja-se também o
Capítulo 14 deste livro.]
Janeiro de 2002 -
Apesar de o Vaticano ter
afirmado que o Terceiro Segredo
foi publicado na íntegra, a Irmã
Lúcia continua sob a ordem de
não falar em público da Mensagem
de Fátima sem prévia autorização
do Cardeal Ratzinger ou,
pessoalmente, do Papa. E como o
Mundo se precipita na violência
e na falta de Deus, a
Consagração da Rússia continua
por fazer. Por isso, a
aniquilação das nações está
suspensa da balança e o Mundo
prepara-se para a guerra. Na
altura em que se está a imprimir
este livro, em Agosto de 2003, a
ameaça de guerra cresce cada vez
mais e a Irmã Lúcia continua,
ainda, obrigada ao silêncio.
Qual
é o estado da questão?
É
este o estado da questão, mais
de 86 anos depois de a Mensagem
de Fátima ter sido confiada aos
três pastorinhos pela Mãe de
Deus:
-
O
pedido, tão simples, da
Santíssima Virgem, de que a
Rússia como nação -
e não o Mundo, nem os
desempregados, nem a
juventude à procura de
significado - seja
consagrada ao Coração
Imaculado de Maria, ainda
tem que ser honrado. Esta
não-realização é tão
inexplicável como a dos Reis
de França, em 1689, perante
o pedido de Nosso Senhor
para a Consagração de França
ao Seu Sacratíssimo Coração.
Todavia, esta
não-consagração da Rússia
trará consequências
infinitamente mais ruinosas
do que as que aconteceram à
França durante a Revolução
Francesa.
-
Somos testemunhas de uma
tentativa sistemática de
alterar a Mensagem de
Fátima, para eliminar
qualquer referência à
consagração ou à conversão
da Rússia, e para reduzir a
Mensagem a um simples relato
de eventos passados e a uma
chamada de atenção para a
piedade individual. Este
revisionismo de Fátima é
acompanhado de facto
por um “saneamento” que
parte da própria Igreja:
quer por meio de chamadas à
“obediência,” para negar a
verdade, quer por meio de
ameaças de excomunhão, quer
pelo assassínio do carácter
de qualquer pessoa que
contradiga a “linha do
partido” do Secretariado de
Estado do Vaticano, quando
afirma que Fátima pertence
ao passado e que a
Consagração da Rússia não
deve ser mencionada nunca
mais.
-
A
suposta revelação do
Terceiro Segredo pelo
establishment
anti-Fátima do Vaticano
provoca mais perguntas do
que aquelas a que responde.
A visão ambígua de «um Bispo
vestido de Branco», relatada
em quatro páginas e tornada
pública a 26 de Junho de
2000, não tem qualquer
semelhança com o documento
de uma só página que contém
«as palavras que Nossa
Senhora confiou aos três
pastorinhos como segredo» -
um documento que foi visto
por várias testemunhas e que
foi descrito, com
considerável pormenor, pelo
Cardeal Ratzinger, em 1984.
A “interpretação” da visão
pelo poder anti-Fátima
instalado no Vaticano - de
que o assassinato do “Bispo
vestido de Branco”, bem como
de muitos outros Bispos,
Sacerdotes, Religiosos e
leigos, por um bando de
soldados, representa o
atentado fracassado
contra a vida do Papa João
Paulo II, por um só
assassino - é francamente
difícil de acreditar e,
obviamente, inventada para
abrir caminho à “linha do
partido” de que a Mensagem
de Fátima pertence ao
passado.
-
Entretanto, passados quase
20 anos depois da alegada
“consagração” de 1984, o que
vemos na Rússia? Há dois
abortos por cada
recém-nascido vivo, e a
população diminui cerca de
700.000 almas por ano;
Vladimir Putin assinou um
pacto de amizade com a China
vermelha; a Rússia tornou-se
um centro mundial de
produção de pornografia
infantil; a Igreja Católica
é rodeada por restrições
legais insustentáveis e está
proibida de pregar a
conversão ou, ainda, de ter
Sacerdotes e Bispos
permanentes e residentes no
país (só lhes sendo
permitido ficar por prazos
de três meses). Sugerir que
uma nação que faz tais
coisas começou já a sua
conversão por meio da
Consagração da Rússia ao
Imaculado Coração de Maria é
uma pretensão tão blasfema
como absurda.
-
Como os revisionistas de
Fátima continuam a insistir
que a Mensagem de Fátima
pertence ao passado, as
guerras encarniçam-se por
todo o globo e o Mundo vai
descendo, cada vez mais
rapidamente, a um abismo de
corrupção total. O ataque
contra a América a 11 de
Setembro de 2001 é um aviso
extremo de que o Mundo se
está a aproximar, mais e
mais, daquela aniquilação de
várias nações que Nossa
Senhora de Fátima anunciou
seria o resultado de não
obedecer ao Seu pedido de
Consagração.
-
Houve sempre quem se tenha
oposto à Mensagem de Nossa
Senhora sobre a Paz no
Mundo, através da
consagração e conversão da
Rússia; por isso, se
rejeitaram os avisos que a
Senhora de Fátima deu ao
Mundo em 1917. Já ao tempo
das Aparições, é bem
conhecido o caso da prisão
brutal dos três pastorinhos,
pelas autoridades
representantes do governo
português. Igualmente bem
documentadas são as
perseguições impiedosas que,
em todo o Mundo, têm sofrido
os que acreditam em Fátima,
sob regimes comunistas e
maçónicos.
Menos familiar a muitos,
todavia, é a luta, dentro da
própria Igreja, por causa da
Mensagem de Fátima e da sua
importância - que perdura e tem
toda a actualidade nos nossos
dias. Apesar da aprovação
oficial das Aparições de Fátima,
ainda hoje existe, dentro da
Igreja, um grupo pequeno mas
poderoso que age activamente no
sentido de suprimir a Mensagem
completa de Nossa Senhora.
No
entanto, milhões de almas olham
ainda para a Mensagem de Fátima
com Fé e com esperança, e
continuam a acreditar que a Mãe
de Deus não veio à nossa terra
em vão. Unidas numa grande
cruzada, mais de CINCO MILHÕES
de pessoas têm dirigido petições
ao Papa, para que faça a
Consagração da Rússia, e a
divulgação pública e completa do
Terceiro Segredo.
Apresentámos esta
cronologia na esperança de dar a
todos os Católicos, e a outras
pessoas de boa vontade, a
oportunidade de julgarem os
factos por si próprios. Não
incluímos nenhum testemunho sem
fundamento, nem documento algum
cuja autenticidade seja
questionável.
Encorajamos vivamente
todos os que procuram a luz
salvadora da Mensagem de Nossa
Senhora de Fátima a juntarem-se
a nós, pedindo ao Santo Padre, o
Papa, e a outros líderes da
Igreja que libertem a Irmã
Lúcia da obediência da sua
pesada ordem de silêncio que
dura há mais de 43 anos,
para que possa dar a público o
Terceiro Segredo de Nossa
Senhora de Fátima na sua
totalidade.
Pedimos piedosamente a
sua ajuda: leve esta informação
à sua família, amigos e
associados, e chame-lhes a
atenção para a sua tremenda
importância – que não poderia
ser maior: ou a Paz para o
Mundo, ou a aniquilação de
várias nações; ou a salvação de
milhões de almas, ou a
condenação desses milhões de
almas por toda a eternidade.
Como sempre, Deus deixa
nas nossas mãos a decisão: a
escolha entre o Bem e o Mal. Ele
nos dará a Graça para actuar,
mas não nos obriga a fazer o que
é justo: porque fazer o que é
justo é a nossa obrigação como
Católicos, diante de Deus.
Façamos a justiça, respeitando a
Mensagem do Céu que desceu a
Fátima - para a nossa salvação,
dos nossos entes queridos, da
América, das nossas Pátrias e do
Mundo inteiro.
Em
Jesus, Maria e José,
Padre Paul Kramer,
B.Ph., S.T.B., M. Div.,
S.T.L. (Cand.)
Se
deseja receber mais exemplares
desta Cronologia para
distribuição gratuita entre os
seus amigos e familiares, queira
fazer o pedido para o seguinte
endereço:
Associação
Missionária
c/ R. Feliciano de Castilho. No
111, 2o Esq.
3030-325 Coimbra
Portugal
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organizações e
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Termos e
organizações ecclesiásticos
Anátema: Condenação de
uma pessoa que rejeita qualquer
dogma da Fé Católica,
separando-se desta maneira da
Igreja Católica.
Apostasia: Abandono
total da Fé Católica.
Apostolado: Actividade
organizada, quer pelo Clero,
quer por leigos, para promover
algum aspecto da Fé Católica.
Arianismo: Heresia do
século IV que negava o dogma de
que Cristo é consubstancial com
Deus Pai.
Cânone: Lei da Igreja
Católica.
Canónico: Relativo aos
cânones (leis) da Igreja
Católica.
Cismático: Pessoa que
foi desligada da comunhão com a
Santa Igreja Católica - por
exemplo, membros das várias
Igrejas Ortodoxas, que rejeitam
a primazia jurisdicional do Papa
sobre todos os Bispos (ou seja,
a autoridade para mandar nos
Bispos e nos seus súbditos,
dentro das suas próprias
dioceses).
Comissão Ecclesia Dei:
Comissão do Vaticano,
estabelecida oficialmente para
dar apoio aos fiéis “ligados” à
Missa Latina tradicional, e que
deve supostamente pôr em prática
o desejo do Papa João Paulo II,
expresso na sua carta
Ecclesia Dei, de que todos
os Católicos que desejem
assistir à Missa tradicional
devem ter acesso a ela.
Comunhão reparadora: O
acto de receber a Sagrada
Comunhão em estado de graça, com
a intenção de A oferecer a Deus
em reparação dos sacrilégios e
ofensas cometidos contra Ele e
das blasfémias contra a Virgem
Maria, tal como foi pedido por
Nossa Senhora nas Suas aparições
em Fátima.
Conciliar: Relativo a
um Concílio geral da Igreja
Católica, autorizado pelo Papa e
a que assistem os Bispos do
mundo; e, mais recentemente,
relativo ao Concílio Vaticano II
(1962-1965).
Congregação do Clero:
Departamento da Cúria Romana que
tem por fim verificar se as
actividades dos Sacerdotes
Católicos no mundo, sejam eles
diocesanos ou seculares, estão
de acordo com a Fé e a Moral da
Igreja Católica.
Congregação para a Doutrina da
Fé (CDF): Antes da
reorganização da Cúria Romana em
1967, este departamento (que
superintendia em todas as outras
congregações da Cúria Romana)
chamava-se Santo Ofício, tendo à
sua frente o Papa. A partir de
1967, o chefe da CDF é um
Cardeal Prefeito, de menor
importância que o Secretário de
Estado.
Consagrar: Em sentido
lato, separar uma coisa ou
pessoa do meio comum ou profano,
para lhe atribuir uma finalidade
sagrada; ou dedicar (uma)
pessoa(s) ou coisa(s) ao serviço
de Deus ou à Bem-Aventurada
Virgem Maria, por meio de
orações, ritos e cerimónias. No
caso de um Bispo, é comum
dizer-se frequentemente “foi
sagrado Bispo”, sendo entendido
como “consagrado”.
Cúria Romana: A
administração central, sujeita à
autoridade do Papa, que ajuda ao
governo da Igreja no Vaticano.
Dogma: Doutrina que foi
definida infalivelmente pela
Igreja, e em que os Católicos
devem acreditar para serem
Católicos. Os dogmas da Fé são o
que se contém nas definições
solenes e infalíveis do
Magistério – dadas apenas pelo
Papa, ou pelo Papa juntamente
com um Santo Concílio.
Doutor da Igreja: Um
santo católico que, por ser
considerado de grande
preeminência no seu conhecimento
da Fé, deve ser tomado como
mestre fidedigno por todos os
Católicos, sendo explicitamente
declarado como tal por decreto
do Papa.
Excardinar: Desligar
oficialmente um Sacerdote ou
diácono da jurisdição do seu
ordinário, como, por exemplo, o
Bispo. A Igreja Católica foi
sempre da opinião de que não se
pode negar a excardinação a um
Sacerdote ou diácono, a não ser
que para tal haja uma razão
justa.
O
fiat de Maria:
O acordo da Virgem Maria em ser
a Mãe de Deus, acordo este que
Ela exprimiu durante a aparição
do Arcanjo Gabriel, ao dizer:
“Faça-se comigo segundo a tua
vontade”.
Heresia: Negação ou
dúvida obstinada de qualquer
dogma ou dogmas da Fé Católica.
Idiota Útil: Pessoa que
apoia o programa de outrem e
denuncia quem o põe em questão,
não compreendendo que o referido
programa é hostil a si próprio.
Lénine inventou este termo para
descrever os não-comunistas e
anticomunistas que, por falta de
compreensão e/ou de diligência,
acabam por apoiar na prática a
causa comunista.
Imprimatur:
Declaração de aprovação, dada
por um Bispo ou outra autoridade
competente da Igreja,
certificando que um escrito
católico não contém erros contra
a Fé ou a Moral.
Incardinar: Ligar
oficialmente um Sacerdote ou
diácono a uma diocese específica
da Igreja Católica ou a uma
comunidade religiosa
reconhecida, sujeitando esse
Sacerdote ou diácono à
autoridade legítima do Bispo da
referida diocese ou ao Superior
da comunidade religiosa.
Indulto: Privilégio ou
licença dada segundo a
legislação eclesiástica, como
excepção ou mitigação da lei, em
circunstâncias específicas.
Latae Sententiae:
Frase latina que identifica uma
sanção do direito canónico que
entra em acção automaticamente,
sem carecer de uma declaração da
autoridade eclesiástica (por
exemplo, a excomunhão de um
Católico que dê assistência
material a um aborto).
Magistério: Do latim
magister, ‘mestre’. A
função docente da Igreja,
especialmente quando é exercida
apenas pelo Papa, exprimindo-se
de um modo que obriga a Igreja
Universal a acreditar no que Ele
está a pronunciar; do mesmo modo
quando é exercida pelo Papa em
união com todos os Bispos
Católicos num Concílio Ecuménico
que faça tais declarações com
poder vinculativo.
Motu Proprio:
Frase latina que significa “de
sua própria vontade”. Aplica-se
a cartas papais com a assinatura
pessoal do Pontífice e que
contém quaisquer advertências ou
instruções específicas.
Distinguem-se das encíclicas,
por estas terem uma finalidade
docente mais genérica.
Núncio Apostólico:
Embaixador do Estado do
Vaticano, ligado à Secretaria de
Estado do Vaticano.
Ostpolitik: A
política propagada pelo
Secretário de Estado do Vaticano
em 1962 e seguida por todos os
seus sucessores, pela qual a
Igreja abandonou toda e qualquer
condenação e oposição aos
regimes comunistas em favor do
“diálogo” e da “diplomacia
discreta”.
Pontífice Romano: O
Papa.
Prefeito: O chefe de
uma congregação, no Vaticano.
Sé
Apostólica: A Santa Sé,
que compreende o Papado e vários
subordinados imediatos do Papa
no Vaticano, a quem foram
delegados certos encargos.
Secretário de Estado: O
Cardeal que preside à Secretaria
de Estado, do Vaticano que trata
dos assuntos do Estado do
Vaticano e de todas as
congregações da Cúria Romana.
Pessoas
Alonso, C.M.F., Padre
Joaquín María:
Encarregado pelo Bispo D. João
Venâncio em 1966 de organizar
uma história crítica completa
das revelações de Fátima, passou
os dez anos seguintes a estudar
os arquivos de Fátima. A sua
obra monumental, compreendendo
24 volumes de cerca de 800
páginas cada e incluindo, pelo
menos, 5.396 documentos
originais, estava pronta a ser
publicada em 1975. Desde então,
22 volumes foram retirados de
publicação; só os dois primeiros
foram publicados nos anos 90,
mas numa edição fortemente
censurada. Faleceu em 12 de
Dezembro de 1981.
Amaral, Bispo D. Alberto
Cosme do: Nasceu em
Touro (Portugal) em 12 de
Outubro de 1916; foi sagrado
Bispo em 23 de Agosto de 1964;
foi nomeado terceiro Bispo de
Leiria-Fátima em 1 de Julho de
1972; aposentou-se em 2 de
Fevereiro de 1993.
Bertone, S.D.B.,
Arcebispo Tarcisio:
Nasceu em 2 de Dezembro de 1934
em Romano Canavese (Itália); foi
sagrado Bispo em 1 de Agosto de
1991; foi nomeado Secretário da
Congregação para a Doutrina da
Fé pelo Papa João Paulo II em
1995. Mantinha este cargo em
Dezembro de 2002.
Bianchi, Padre Luigi:
Sacerdote diocesano italiano que
afirma ter-se avistado com a
Irmã Lúcia muitas vezes, tendo-a
entrevistado e falado com ela
sobre o Terceiro Segredo, entre
outras coisas, na clausura do
seu Convento de Carmelitas em
Coimbra. Esteve com ela pela
última vez em Outubro de 2001.
Castrillón Hoyos, Cardeal Dario:
Nascido em 4 de Julho de 1929 em
Medellín (Colômbia); foi sagrado
Bispo em 18 de Julho de 1971;
nomeado Prefeito da Congregação
do Clero por decisão do Papa
João Paulo II em 1 de Outubro de
1996 (ainda mantinha este cargo
em Dezembro de 2002); foi
elevado a Cardeal em 21 de
Fevereiro de 1998. Para mais
informações, vejam-se as notas
em “Apêndice: Uma Cronologia do
encobrimento de Fátima”,
referentes a 5 de Junho, 11/12
de Julho, 14 de Julho, 8 de
Agosto, 16 de Outubro e 20 de
Dezembro de 2000.
Ciappi, O.P., Cardeal Mario
Luigi: Nasceu em 6 de
Outubro de 1909 em Florença
(Itália); foi sagrado Bispo em
18 de Junho de 1977; foi elevado
a Cardeal pelo Papa Paulo VI em
27 de Junho de 1977; serviu como
teólogo papal sob Paulo VI, João
Paulo I e João Paulo II; e
faleceu em 1996.
Forte, O.F.M., Bispo Antonio:
Nasceu em 9 de Julho de 1928 em
Polla (Itália); foi sagrado
Bispo em 10 de Setembro de 1988;
foi nomeado Bispo de Avellino em
20 de Fevereiro de 1993.
Francisco Marto, Bem-Aventurado:
(1909-1919) Um dos três videntes
das aparições de Fátima, irmão
da Bem-Aventurada Jacinta Marto
e primo de Lúcia dos Santos
(hoje Irmã Lúcia); foi
beatificado em 13 de Maio de
2000.
François de Marie des Anges,
Frère: Estudioso de
Fátima e autor de FATIMA
Joie Intime Événement Mondial,
sumário em um volume da obra
monumental de Frère Michel de la
Sainte Trinité, Toute La
Vérité Sur Fatima, em três
volumes. O livro de Frère
François foi publicado em inglês
com o título Fatima:
Intimate joy, world event,
em quatro pequenos livros.
Fuentes, Padre Agustín:
Em 1957 era Vice-Postulador da
Causa da Beatificação de Jacinta
e Francisco. Entrevistou a Irmã
Lúcia em 26 de Dezembro de 1957,
altura em que esta fez várias
declarações de grande
importância sobre o Terceiro
Segredo. A entrevista foi
publicada em 1958 com um
imprimatur do Arcebispo
Sánchez de Veracruz (México) e
com a aprovação do Bispo de
Fátima.
Galamba de Oliveira, Cónego José:
(1903-1984) Foi professor no
Seminário de Leiria. Em Setembro
de 1943 convenceu o Bispo D.
José Correia da Silva, seu amigo
pessoal, que sugerisse à Irmã
Lúcia que escrevesse o Terceiro
Segredo. Naquela altura, esta
estava doente com pleurisia, e o
Bispo de Fátima receava que ela
falecesse sem revelar o Segredo.
Jacinta Marto, Bem-Aventurada:
(1910-1920) A mais nova dos três
pastorinhos das aparições de
Fátima, era irmã do
Bem-Aventurado Francisco Marto e
prima de Lúcia dos Santos (hoje
Irmã Lúcia). Jacinta foi
beatificada em 13 de Maio de
2000.
Lúcia dos Santos, O.C.D., Irmã:
A mais velha dos três videntes
das aparições de Fátima em 1916
e 1917. Nascida em 28 de Março
de 1907, a Irmã Lúcia é Freira
carmelita na clausura do
convento do Penedo da Saudade,
em Coimbra. Por altura da
publicação deste livro, já conta
96 anos.
Magee, Bispo John:
Nasceu em 24 de Setembro de 1936
em Newry (Irlanda); foi sagrado
Bispo em 17 de Março de 1987;
foi Secretário dos Papas Paulo
VI, João Paulo I e João Paulo
II.
Michel de la Sainte Trinité,
Frère: Estudioso de
Fátima e autor da obra
monumental Toute La Vérité
Sur Fatima; em tradução
inglesa: The Whole Truth
About Fatima (3 volumes de
cerca de 800 páginas cada). O
Volume III concentra-se no
Terceiro Segredo, tem mais de
1.150 notas e cita numerosos
documentos, testemunhas e
depoimentos.
Oddi, Cardeal Silvio:
Nasceu em 14 de Novembro de 1910
na diocese de Piacenza (Itália);
foi sagrado Bispo em 27 de
Setembro de 1953; foi elevado a
Cardeal pelo Papa Paulo VI em 28
de Abril de 1969; foi nomeado
Prefeito da Congregação do Clero
pelo Papa João Paulo II em 28 de
Setembro de 1979; aposentou-se
em 1987; e faleceu em 2001.
Ottaviani, Cardeal Alfredo:
Prefeito do Santo Ofício durante
os pontificados dos Papas Pio
XII, João XXIII e Paulo VI. Em
11 de Fevereiro de 1967 declarou
numa conferência de imprensa na
Academia Pontifícia Mariana, em
Roma, que tinha lido o Terceiro
Segredo e que este estava
escrito numa só folha de papel.
Também encorajou a publicação da
versão da Neues Europa
do Terceiro Segredo, e, em
conjunto com o Cardeal Bacci,
escreveu um Prefácio a Breve
estudo crítico da nova ordem da
Missa que apresentou a
Paulo VI.
Pasquale, S.D.B., Padre Umberto
Maria: Conhecido
Sacerdote salesiano, que
conheceu a Irmã Lúcia desde 1939
e dela recebeu 157 cartas até
1982. Avistou-se com a Irmã
Lúcia em 1978, para discutir a
Consagração da Rússia, e
publicou o conteúdo da
entrevista em 12 de Maio de 1982
em L'Osservatore Romano,
na Cidade do Vaticano.
Pierro, Bispo Gerardo:
Nasceu em 26 de Abril de 1935 em
Mercato, San Severino (Itália);
foi sagrado Bispo em 2 de Agosto
de 1981; foi Bispo de Avellino
de 28 de Fevereiro de 1987 até
25 de Maio de 1992, altura em
que foi promovido a Arcebispo de
Salerno.
Ratzinger, Cardeal Joseph:
Nasceu em 16 de Abril de 1927 na
vila de Marktl am Inn, diocese
de Passau (Alemanha); foi
sagrado Bispo em 28 de Maio de
1977; foi elevado a Cardeal pelo
Papa Paulo VI em 27 de Junho de
1977; foi nomeado Prefeito da
Congregação para a Doutrina da
Fé pelo Papa João Paulo II em 25
de Novembro de 1981. Continuava
a ter este cargo em Dezembro de
2002, embora já passasse da
idade limite de 75 anos. Ainda
como Padre, Ratzinger foi
peritus do Concílio
Vaticano II, e ainda em 1987
defendeu a supressão dos
“bastiões” da Igreja Católica.
Schweigl, S.J., Padre Joseph:
O Papa Pio XII confiou-lhe em
1952 uma missão secreta para
interrogar a Irmã Lúcia sobre o
Terceiro Segredo.
Silva, Bispo D. José Alves
Correia da: Foi o
primeiro Bispo de Leiria-Fátima;
recebeu da Irmã Lúcia, em 1944,
um envelope contendo o Terceiro
Segredo, que manteve na sua
posse até Março de 1957. Faleceu
em 1957.
Sodano, Cardeal Angelo:
Nasceu em 23 de Novembro de 1927
em Isola d'Asti (Itália); foi
sagrado Bispo em 15 de Janeiro
de 1978; foi elevado a Cardeal
pelo Papa João Paulo II em 28 de
Junho de 1991; foi nomeado
Secretário de Estado do Vaticano
em 1 de Dezembro de 1990. Ainda
mantinha este cargo em Dezembro
de 2002, apesar de ter
ultrapassado os 75 anos, idade
da aposentação. Sodano louvou o
arqui-hereje Hans Küng em 25 de
Março de 1998; promoveu o
Tribunal Criminal Internacional
(TCI); e foi o anfitrião numa
conferência de imprensa com
Mikhail Gorbachev, no Vaticano,
em 27 de Junho de 2000.
Valinho, S.D.B., Padre José dos
Santos: Sobrinho da
Irmã Lúcia.
Venâncio, Bispo D. João Pereira:
Nasceu em 8 de Fevereiro de 1904
em Monte Redondo; foi sagrado
Bispo (e nomeado Bispo Auxiliar
de Leiria-Fátima) em 8 de
Dezembro de 1954; foi nomeado
segundo Bispo de Leiria-Fátima
em 13 de Setembro de 1958;
aposentou-se em 1 de Julho de
1972; e faleceu em meados da
década de 80. Em Março de 1957
viu, contra uma luz forte, o
envelope contendo o Terceiro
Segredo e anotou cuidadosamente
que o Segredo estava escrito em
cerca de 25 linhas numa só folha
de papel, com margens de 7.5
milímetros de ambos os lados.
Venezia, Bispo Pasquale:
Nasceu em 4 de Junho de 1911;
foi sagrado Bispo em 15 de Abril
de 1951; e foi Bispo de Avellino
(Itália) de Junho de 1967 a 28
de Fevereiro de 1987.
ÍNDICE ONOMÁSTICO E
TEMÁTICO
Acordo
Luterano-Católico, 56
Acordo
Vaticano-Moscovo, 49-50, 82, 86,
280
“Adaptação, A”, 85-87, 90, 92,
116-117, 120, 122-126, 128, 237
Agca, Ali,
135
Agustoni,
Cardeal Gilberto, 296, 298, 302
Alexy II,
Patriarca, 89, 227
Alonso,
Padre Joaquín María, 24-26,
28-29, 32, 49, 113, 146, 155,
158, 160-161, 172, 272-273,
280-283, 286, 294, 298-313, 323,
326-327, 329, 331, 341
Alta
Vendita (e a sua Instrução
Permanente), 35, 37, 42,
48, 57, 79, 94, 314, 334
Amaral,
Bispo D. Alberto Cosme do, 29,
173, 200, 281, 286, 294, 341
Angélica,
Madre, 149-150, 169, 200-202,
303, 326
Aparício,
Padre, 280, 315-316, 327
apostasia,
27, 29-30, 37, 39, 98, 121, 140,
168, 171, 173-176, 193, 195,
199, 237, 255, 260, 271, 279,
286, 295, 304, 339
Apelo de
Sergius, 85-86
Arafat,
Yassir, 134
Associação
Católica Patriótica (CPA),
120-122, 124
von
Balthasar, Hans Urs, 56, 73-74,
78, 83
Bandas,
Monsenhor Rudolf, 52, 76
Barthas,
Cónego, 9, 26, 313, 323
Baum,
Gregory, 53
Bento XIV,
Papa, 139
Bento XV,
Papa, 278
Bertone,
Arcebispo Tarcisio, 101-103,
105, 109-110, 113-114, 116, 128,
131-135, 142, 144, 149, 153-154,
157-159, 163-164, 167-168, 174,
201-219, 234, 239, 243-246, 257,
269, 281-282, 285, 299-301, 307,
316, 323-329, 341
Bianchi,
Padre Luigi, 201-202, 212, 341
Blondel,
Maurice, 54
B'nai
B'rith, 134
Bolchevismo, 19, 50
Bonifácio
VIII, Papa, 65, 319
Bouyer,
Padre Louis, 47, 56-57, 315
Bugnini,
Arcebispo Annibale, 59, 317 –
Maçon, 317
Caillon,
Padre Pierre, 25, 91, 148, 156,
162, 285, 288, 290, 293, 316,
323
Carbonários, 35
carismáticos, 57
Casaroli,
Cardeal Agostino, 95, 116-118,
133, 241, 324, 336
Cassidy,
Cardeal Edward, 68, 241
Cerejeira,
Cardeal D. Manuel Gonçalves,
20-22, 313
Chardin,
Pierre Teilhard de, 59
Chenu,
Dominique, 53-59, 76
China, 50,
87, 105, 116, 120-122, 230, 308,
315
Ciappi,
Cardeal Mario Luigi, 29, 173,
177, 193, 295, 342
“civilização do Amor”, 70,
77-78, 124, 197, 221
Coelho,
Padre Messias, 91-92, 112, 285,
286, 290, 323
colegialidade, 59
Comissão
Ecclesia Dei, 120, 339
Comissão
Trilateral, 134
Comunhão
reparadora, 2, 3, 17, 339
Comunismo,
xiii, 19-20, 23, 43, 49-50, 58,
60, 68, 79, 86-87, 92, 98, 100,
118, 121-122, 133, 135-136, 144,
192, 229-230, 237, 280, 316-317
Concílio
de Trento/Tridentino, 52, 57,
76, 179-181, 183, 191
Concílio
Vaticano I, 57, 142, 183-184,
188, 328
Concílio
Vaticano II, xiii, xiv, xvii,
xxvi, 33, 35, 48-51, 53, 55-58,
73, 76, 83, 86-88, 93, 95, 98,
120, 124, 136, 140, 147, 182,
184, 188-189, 199, 227, 238,
242, 270, 274, 280, 319, 328,
339, 343 – concílio pastoral,
71-72, 188-189
Congar,
Yves, 53, 55-56, 60-61, 78,
317-318
Congregação dos Bispos, 68
Congregação do Clero, 56 –
persegue o Padre Nicholas
Gruner, 115-116, 295, 297, 339,
342-343
Congregação para a Adoração
Divina e a Disciplina dos
Sacramentos, 104
Congregação para a Doutrina da
Fé (CDF), 24, 26, 29, 62, 94,
101, 104, 133, 154, 158, 167,
197, 212, 217, 220, 240, 241,
243, 281-282, 290, 316 –
implicada na perseguição do
Padre Nicholas Gruner, 297
Consagração Colegial: ver
Consagração da Rússia
Consagração do Mundo, xii,
xxvii, 111-112, 159, 203, 210,
212-213, 231, 244, 249, 270,
277, 283-285, 287, 291, 293,
302-303, 307, 316 – A
consagração de Pio XII rejeitada
por Nossa Senhora, 110
Consagração de Portugal, 18-21,
34, 127, 249, 273
Consagração da Rússia, x, xi,
xii, xiii, xvi, xvii, xviii,
xxii, xxvii, 2, 17-18, 21, 34,
48, 50, 85, 88, 90-93, 96, 106,
108-115, 123-124, 127-128, 135,
138, 144, 148, 159, 199, 203,
210-212, 214, 217-218, 221-222,
224, 238-240, 243-244, 246,
248-250, 252, 253-255, 260,
263-264, 270, 272-273, 276, 279,
281-288, 290-291, 293-294, 297,
300-303, 307-309, 316, 343 – o
pedido de Nossa Senhora em 1952,
110 – Aviso de Jesus, 255, 276
Conselho
Pontifical para os Leigos, 88
Conselho
Pontifical para a Promoção a
Unidade dos Cristãos, 65, 68
Cordes,
Bispo Paul Joseph, 88
Crétineau-Joly, Cardeal, 35, 314
“Cristandade anónima”, 78
Cronologia
do Encobrimento de Fátima,
275-310
Cúria
Romana, 51, 93-94, 154, 201-202,
238, 240, 322, 339-341
Dalai
Lama, 134
Daniélou,
Padre Jean, 54
Declaração
de Balamand, 68, 74, 81, 87,
241, – aprovada pelo Papa João
Paulo II, 320
Declaração dos Direitos do Homem,
39
Devoção
dos Primeiros Sábados, 2, 3, 17,
138, 248, 250, 252, 256-257,
264, 274
Dhanis,
Padre Edouard, 9, 32, 107-109,
204, 219-220, 245, 251, 280,
300, 312, 323
Dimitrios
I, Patriarca, 134
Dodd,
Bella, 43-44, 50-51, 57, 79,
315, 337
Dulles,
Cardeal Avery, 63-64
Dzerzhinsky, Felix, 230
Dziwisz,
Bispo Stanislaw, 305, 306
ecumenismo
/ diálogo inter-religioso, 42,
57-59, 65, 67, 70, 79, 81, 87,
112-113, 123, 133, 139, 183,
199, 221, 224-227, 238, 248-249,
253, 254, 257, 261, 270, 319
encontros
interconfessionais de paz de
Assis, 70, 224
Etchegaray, Cardeal Roger,
120-121
Eugénio
IV, Papa, 65, 319
Eusébio,
186
Evaristo,
Carlos, 294
Exército
Azul, 285, 288, 311, 332
Faber,
Padre Frederick, 80
Felici,
Cardeal Pericle, 71
Fètal,
Maria do, 288, 291, 293
Flores,
Arcebispo Patrick, 259-260
Forte,
Bispo Antonio, 295, 298, 342 –
persegue o Padre Nicholas
Gruner, 295
Francisco
(Marto), x, 1-2, 7, 14, 28, 48,
96-97, 99, 102, 122, 153,
165-166, 172, 174, 189, 224,
233, 236, 278, 280, 298, 317,
324, 328, 333, 342
Fraternidade Sacerdotal de S.
Pedro, 119-120, 124, 225, 324,
335
FSB, 230
Fuentes,
Padre Agustín, 27, 30, 171, 175,
190, 193, 233, 240, 279-281,
313, 342
Gagnon,
Cardeal Louis, 288, 290
Galamba,
Cónego: ver Oliveira, Cónego
José Galamba de
Gantin,
Cardeal Bernardin, 296
Garabandal, 190
Garrigou-Lagrange, Padre
Reginald, 54, 338
Gaudium et Spes, 55, 59,
61, 183
Golitsyn,
Anatoliy, 43, 50, 292
Gorbachev,
Mikhail, 29, 93, 105, 116, 119,
124, 133-134, 136, 173, 200,
241, 253, 294, 324, 336, 344 –
recebido com honras no Vaticano,
117-118
governo
mundial, 36
Greenstock, Padre David, 54,
317, 320, 337
Gregório
XVI, Papa, 35, 347
Grochelewski, Arcebispo Zenon,
296, 298, 302
Gruner,
Padre Nicholas, xviii, xix,
xxiii, 56, 90, 95-96, 98,
115-116, 123-124, 133, 142,
198-200, 202, 210, 212, 214,
226, 231, 241, 243, 245-246,
272-273, 275, 285, 290-293,
295-299, 301-305, 307, 322-323,
325, 329, 332, 334-335, 337-338
– fisicamente atacado por
funcionários do Santuário de
Fátima, 294
Guerra,
Mons. Luciano, 294
Guerra
Civil de Espanha, 19-20
Guerra
Mundial, Primeira, 48, 135, 138,
147, 278
Guerra
Mundial, Segunda, 20-21, 23,
48-49, 53, 108, 135-136, 138,
147, 204, 213, 251, 264, 276
Guimarães,
Atila Sinke, 74, 316-317,
319-320, 332, 336
Heresia
ariana, 125, 178, 185-188, 191,
194, 233, 235, 238, 240, 263
Honório,
Papa, 184, 328
Hoyos,
Cardeal Dario Castrillón, 56,
119, 125, 128, 234, 245, 249,
260-261, 269, 298, 302-303, 341
– perseguição do Padre Nicholas
Gruner, 123-124, 246-247, 272,
301
Hyde,
Douglas, 43, 50
inculturação, 124
Índice
de Livros Proibidos, 53-54,
79
infiltração comunista/maçónica
da Igreja, 35, 43-44, 49, 50,
54, 57-59, 122, 315
Innocenti,
Cardeal Antonio, 291-292, 298,
302
Inocêncio
III, Papa, 65, 319
Instrução Permanente: ver
Alta Vendita
Irmã
Lúcia: ver Lúcia, Irmã
Jacinta
(Marto), x, 1, 7, 14, 16, 28,
48, 96, 99, 165, 172, 174, 189,
233, 278, 280, 298, 313, 342
Jiang, 121
João XXII,
Papa, 184-185, 186
João
XXIII, Papa, 47-49, 52-53, 55,
76, 87, 136, 184, 189, 280, 290,
348
João Paulo
I, Papa, 138, 174, 342
João Paulo
II, Papa, vi, xii, xxi, xxiii,
xxvii, 29, 63, 65-66, 70, 97-98,
112, 113-114, 121, 133-134, 144,
149, 158-159, 163-164, 167-168,
173-175, 177, 189-190, 193-194,
198, 200-201, 206, 212, 222,
227, 239, 243-244, 248, 267,
278, 281-285, 287, 293, 295,
303, 305, 308, 320, 335, 341-343
– censurado pelo Secretariado de
Estado, 105 – instituiu a festa
de Nossa Senhora de Fátima,
251-252, 269 – louvou a Missa
Tridentina, 104-105
Johnson,
Manning, 315
Jongen,
Padre, 25, 160-161
Kasper,
Cardeal Walter, 65-66, 227
KGB,
43-44, 49, 86, 227, 230, 292
Kondrusiewicz, Arcebispo
Tadeusz, 88, 227-229
Kramer,
Padre Herman B., 98-99, 322, 332
Kung,
Cardeal, 122, 325, 336
Küng,
Hans, xiv, 53, 55-57, 65, 78,
318, 325, 333, 344
Kyrill,
Metropolita, 227
Lacerda,
Dr., 112, 283, 285
Laurentin,
Abbé René, 113, 281, 323
Law,
Cardeal Bernard, 225, 228,
259-260, 297, 315, 320, 322, 330
Leão II,
Papa, 184
Leão XIII,
Papa, xxiv, 35-36, 43, 49, 67,
70, 127, 140, 256, 280, 314, 332
Lefebvre,
Arcebispo Marcel, 58, 67, 119,
122, 124-125, 317-318, 324-325,
332
Lénin, 19,
43, 84, 91, 230, 340
Levada,
Arcebispo William, 122, 325
liberalismo, 19, 34, 38-40,
60-62, 70, 76, 79, 182, 237,
242, 270 – anti-liberalismo, 79
Libério,
Papa, 185
Liga das
Nações, 69
Lubac,
Padre Henri de, 53-54, 56, 76,
78
Lúcia,
Irmã (Lúcia dos Santos), vi, ix,
xxvi, 1-4, 14, 16-18, 20-21,
23-28, 30-32, 34, 46, 48-49, 74,
79, 81-82, 88, 90-91, 100-103,
107-108, 110-114, 123, 125-127,
132-136, 142, 144-146, 150-152,
154-162, 164-168, 171-178,
188-190, 193, 200-217, 219-222,
233, 237, 239-240, 243-245, 247,
252-253, 256, 265, 271-273,
276-285, 288, 290-294, 299-301,
305, 307, 309, 311-316, 325-329,
332-333, 341, 344 –
desacreditada pelo Cardeal
Ratzinger, 142, 144 – o seu
livro sobre Fátima, 216-218 –
sobre a conversão da Rússia ao
Catolicismo, 117-118 –
silenciada pelo Vaticano desde
1960, 48-49, 273, 280-281, 309,
315-316, 326
Lumen
Gentium, 63-64, 71, 319,
320
Maçonaria,
1, 4, 11-13, 16, 18, 35-36, 38,
42-43, 57-58, 62, 77, 94,
127-128, 309, 322 – Lojas de
Fátima, 12-13
Mao
Tse-Tung, 121
Marsaudon,
Yves, 57-58, 317
Martin,
Padre Malachi, 112, 190,
311-314, 326-327, 332, 336
Mayer,
Cardeal Paul Augustin, 288
Melinge,
Abbé, 42, 79
Michaelappa, Mon. D. Francis,
294
Michel de
la Sainte Trinité, Frère, 24-25,
150-152, 155-156, 162, 164-165,
311-313, 315, 323, 326, 327,
329, 336, 342
Missa
Latina Tradicional (Missa
Tridentina), 104-105, 119, 339
Mitrokhin,
Vassili, 43-44, 50
Mitterand,
Jacques, 58
Modernismo, 40-41, 47, 53-54,
57, 61, 76-77, 108-109, 194,
205, 233, 280, 300, 312, 317 –
anti- modernismo, 79 – Juramento
Anti-Modernista, 41, 53
Morris,
Bispo Thomas, 71, 320
Movimento
dos Padres Operários Católicos,
48
Movimento
do Sillon, 62
Murray,
John Courtney, 53
Nações
Unidas, 105, 221
Navarro-Valls, Joaquín, 114,
158, 281-282, 285, 294
Nestório,
186
Neves,
Cardeal Lucas Moreira, 68
Newman,
Cardeal John Henry, 178,
194-195, 232, 263, 317, 329,
330, 337
Nikodim,
Metropolita, 49, 86-87
“Nova
Evangelização”, 123-124, 246,
249, 325
“nova
teologia”, 51-54, 63-64, 71, 74,
76, 81, 83, 317
Oddi,
Cardeal Silvio, 29, 173, 343
Oliveira,
Cónego José Galamba de, 23, 25,
157, 160, 342
Ostpolitik, xiii, 50, 95,
116, 118, 121, 133, 227, 238,
241, 261, 280, 302, 320, 338,
341
Ottaviani,
Cardeal Alfredo, 24-26, 47, 155,
190, 211, 217, 281, 329, 348
Pacheco,
Padre, 294
Pacto de
Metz: ver Acordo
Vaticano-Moscovo
Padiyara,
Cardeal Antony, 294
Partido
Comunista dos Estados Unidos, 44
Partido
Comunista Italiano, 58
Pasquale,
Padre Umberto Maria, SDB, 111,
283, 291, 343-344
Pasqualina, Madre, 162-163
Paulo VI,
Papa, vi, xxiv, 27, 57-60, 70,
72, 75-76, 87, 91, 93, 97, 109,
123, 126, 129, 147, 154, 194,
214, 233, 237-238, 240, 244,
253, 271-272, 280-281, 293, 301,
317, 320, 329, 342, 348
Petição ao
Papa João Paulo II, 265, 269-274
Pierro,
Bispo Gerardo, 95, 348
Pio V: ver
S. Pio V
Pio IX,
Bem-Aventurado, Papa, xix, 39,
49, 59, 61-62, 127, 181-182,
328, 333
Pio X,
Papa: ver S. Pio X
Pio XI,
Papa, x, 2, 20, 25, 27, 30, 41,
48-49, 53, 60, 63, 67, 69-70,
127, 133, 147, 192, 277, 280,
316-318, 320, 333
Pio XII,
Papa, 20, 27, 30-31, 33-35, 47,
51-54, 63-64, 66, 72, 74-79,
80-81, 112, 127, 154, 162, 171,
174-175, 192, 213, 272, 276,
279-280, 312, 318-319, 323, 329,
333, 343 – consagração do mundo
rejeitada por Nossa Senhora, 110
– consagrou a Rússia sem os
Bispos, 277
Popian,
Padre Linus Dragu, 68, 319, 333,
348
Portalupi,
Arcebispo Sante, 112, 285, 316
Prelot,
Marcel, 58
Putin,
Vladímir, 227, 229-230, 308
Rahner,
Karl, 53-56, 67, 78
Ratzinger,
Cardeal Joseph, xv, xxiii, 29,
31-32, 55, 59, 61-64, 66-67,
72-74, 76, 80, 94, 101-103,
105-110, 113-116, 125, 128-129,
131-133, 136-145, 147, 149, 153,
158, 164, 166-168, 173-174,
176-178, 182, 185-186, 201-202,
204-210, 212, 218-220, 222, 234,
239, 242-243, 246, 248, 250,
257, 269-270, 281, 285, 286,
288-290, 297, 299-301, 305,
307-308, 313, 316-317, 319-320,
324, 326, 328, 333-334, 343 – O
Relatório de Ratzinger
censura o Tercedo Segredo de
Fátima, 288, 290
Religiões
Ortodoxas, 68, 85, 87-88, 105,
227, 229 – Igreja Ortodoxa
Russa, xii, 49, 85-86, 89, 113,
227, 238-239, 243, 249, 254-255,
270, 280, 302 – rejeita o dogma
da Imaculada Conceição, 242
Revolução
Francesa, 36, 38, 40, 61-62, 76,
80, 182, 306
Roca,
Cónego, 42, 44, 79, 314
Rosacruzes, 42
Rosário,
3-4, 123, 125, 197, 256,
263-264, 268, 293 – o Vaticano
omite a oração acrescentada por
Nossa Senhora de Fátima, 256
Ruffini,
Cardeal Ernesto, 47
Salazar,
António de Oliveira, 19, 312
Sánchez,
Cardeal José, 295, 298, 302 –
persegue o Padre Nicholas
Gruner, 294, 295, 298
Santo
Agostinho, 92-93, 235, 267
Santo
Atanásio, 186, 187, 195, 233
Santo
Ofício, 26-27, 47, 52, 66-67,
93-94, 132, 154, 159, 162,
163-164, 168, 240, 277, 319,
328, 339, 343
Santos,
Artur de Oliveira, 12-13
Santos,
Lúcia dos: ver Lúcia
São
Basílio, 125, 233, 240
São Félix
III, Papa, 236, 266
São
Gregório Magno, Papa, 266
São João
Gualberto, 258-259, 260
São
Maximiliano Kolbe, 94
São Pio V,
Papa, 104
São Pio X,
Papa, xxiv, 40-41, 49, 53, 57,
61-62, 68, 76, 80, 119, 124,
127, 182, 193, 225, 242, 280,
314, 317, 321, 328, 329, 333,
335
São
Roberto Belarmino, 78, 236, 330
São Tomás
de Aquino, xxvii, 78, 92, 141,
146, 235, 326, 330
Schillebeeckx, Padre Edward, 53,
55, 64, 67, 78, 318-319
Schweigl,
Padre Joseph, 27, 161, 171, 277,
343
Secretariado / Secretário de
Estado, 30, 35, 50, 52, 56, 68,
93-97, 99, 104-105, 115, 128,
136, 198, 231, , 238-240, 291,
295, 297-298, 301, 308 –
superintendeu na perseguição ao
Padre Nicholas Gruner, 241, 295,
297, 304
Segredo de
Fátima, x, xvi, xxvi, 2, 3, 11,
23, 25, 48, 95, 99-101, 107,
127, 129, 134, 138, 147, 150,
152-153, 156, 157-158, 163-164,
166, 171, 174, 176, 192,
194-195, 197, 200, 204, 225,
237, 247, 255, 261, 271, 273,
276-277, 281, 290, 293, 298-299,
313, 326-327
Sepe,
Arcebispo Crescenzio, 294-296,
298, 302 – persegue o Padre
Nicholas Gruner, 294-295
Seper,
Cardeal Franjo, 159
Serafim,
Bispo: ver Silva, Bispo D.
Serafim de Sousa Ferreira e
Sergius,
Metropolita, 86-87
Serrou,
Robert, 162
Serviço de
Documentação Judeo-Cristã: ver
SIDIC
SIDIC, 67,
319, 336
Silva,
Bispo D. José Alves Correia da
(de Leiria-Fátima), 20-21,
23-26, 150-152, 155, 157,
160-161, 277, 342-343
Silva,
Arcebispo D. Manuel Maria
Ferreira da (titular de Gurza),
24, 151
Silva,
Bispo D. Serafim de Sousa
Ferreira e, 200
Silvestrini, Cardeal Achille,
116, 241
sinarquia,
36
sincretismo, 12, 36
Socialismo, 19, 36, 42-43
Sociedade
de S. Pio X, 119, 124, 225
Sodano,
Cardeal Angelo, 56, 95-96,
99-106, 108-110, 113-117, 122,
124, 128, 136, 140, 149, 153,
167-168, 175, 178, 197-198, 200,
202, 206-207, 212-213, 223, 229,
231, 238, 240-241, 243-246, 256,
257, 263, 266, 269, 298-299,
301, 304-305, 326, 343-344 –
supervisou a perseguição ao
Padre Nicholas Gruner, 56, 241,
272, 303-305
Stálin,
23, 85-86, 90, 105, 227, 229,
230
Stalinização da Igreja Católica,
85, 92, 120, 124
Steiner,
Dr. Rudolph, 42
Stickler,
Cardeal Alfons Maria, 290
Suárez,
Francisco, 236
Suenens,
Cardeal Leon-Joseph, 56-57, 61
Suhard,
Cardeal Emmanuel, 54
Syllabus de Erros, 39,
61-62, 76, 79, 182, 317
Talantov,
Boris, 85-86, 321, 336
Tara,
Vasana, 134
Teofania
Trinitária, 18
Terceiro
Segredo de Fátima, x, xvi, xxvi,
3, 23-31, 48, 95, 99-103, 127,
132-138, 147, 150, 152-153,
158-159, 163, 166-169, 171-179,
192-197, 208-212, 225, 237-242,
247, 255, 270-273, 276-283, 290,
293, 298-303 – e Garabandal, 190
Tisserant,
Cardeal Eugèn, 49
Trento:
ver Concílio de Trento
Tribunal
Criminal Internacional, 105,
231, 344
Valinho,
Padre José dos Santos, 174, 212,
344
Vaticano
I: ver Concílio Vaticano I
Vaticano
II: ver Concílio Vaticano II
Venâncio,
Bispo D. João Pereira, 24-26,
155-156, 160, 164, 278, 280,
341, 344
Venezia,
Bispo Pasquale, 299, 344
Villot,
Cardeal Jean, 68, – Maçon, 93,
238
Wycislo,
Bispo Aloysius J., 51-53, 316,
334
Yeltsin,
Boris, 89, 228
FONTE OFICIAL :
http://www.devilsfinalbattle.com/port/content2.htm
Divulgação :http://www.arcanjomiguel.net
Clevinho Maia (Combatentes de São Miguel Arcanjo) |